Convertido
ao cristianismo
arrisca-se
à pena de morte
A notícia da eventual condenação à morte de um convertido ao cristianismo veio hoje no “PÚBLICO”, sem grande destaque. Um afegão, que se converteu ao cristianismo, foi detido e arrisca-se a ser condenado à morte se não voltar à sua fé original, de acordo com a "sharia", a lei islâmica, anunciaram as autoridades judiciais em Cabul.
O homem, Abdul Rahman, – sublinha aquele diário – foi preso há duas semanas depois de familiares terem revelado à polícia a sua conversão, segundo revelou um juiz do Supremo Tribunal do Afeganistão, Ansarullah Mawalavizada. “Este homem converteu-se ao cristianismo e está a ser julgado por isso desde a semana passada” num tribunal ordinário, acrescentou o magistrado.
Abdul Rahman poderá ser condenado à pena capital se não abjurar e voltar ao islamismo. A "sharia" proíbe a qualquer muçulmano a conversão a outra religião. E a constituição afegã, adoptada em Janeiro de 2004, estipula que “nenhuma lei pode ser contrária aos princípios da religião sagrada do Islão”. Se for condenado – diz ainda a notícia – Abdul Rahman será o primeiro afegão a ser castigado por se ter convertido a outra religião desde a queda, em 2001, do regime dos taliban.
Em pleno século XXI, ainda é possível encontrar no mundo quem possa ser condenado por simplesmente se converter a outra religião. Luta-se pela defesa da democracia, pelos direitos humanos, contra a corrupção e contra as ditaduras, mas poucos se interessam por leis sem sentido, como estas, que condenam unicamente por se optar por uma qualquer religião. Ou por não se ter a religião que regimes políticos impõem aos seus cidadãos.
É certo que a Igreja Católica, inspiradora de governantes ou de braço dado com eles, também já fez coisa semelhante… mas isso foi há séculos, e já evoluiu, também há muito tempo, para a cultura e para a defesa da civilização do amor e para a liberdade de consciência.
Afinal, os afegãos ficaram livres do regime fundamentalista islâmico dos taliban, mas continuam com leis intolerantes e incompreensíveis. A pena de morte por se mudar de religião é inadmissível nos nossos dias. E mais não digo…
Fernando Martins