Falar em fracasso ou pessimismo quando se fala de Europa tornou-se um dos chavões do nosso tempo. É pois nesse clima de impasse - haverá algo pior que o impasse? - que, mais uma vez, se reúnem, em Bruxelas, os líderes dos 25.
Mais uma vez angustiados porque o modelo europeu, seja ele social ou económico, está em crise e, verdadeiramente, ninguém sabe como dela sair.
O mais curioso é que, quando olhamos a última década, percebemos que, cada um ao seu ritmo, cada um com as suas prioridades, todos os países foram fazendo internamente pequenas revoluções, na lei e nas práticas, na economia e na estrutura social.
Blair prepara-se para sair deixando um país muito mais apetrechado para enfrentar os desafios do mundo de hoje do que aquele que Thatcher lhe deixou. Merkel prossegue na Alemanha uma política iniciada por Schroeder, que tem vindo a abalar um sistema com meio século de existência. A Espanha deu um tal salto nos últimos anos que todos os dias nos espanta e nos deixa mais para trás. Mesmo a França, permanentemente acusada de imobilismo e de outros pecados, tem tentado novos caminhos de adaptação, de que é exemplo a nova legislação sobre emprego de jovens. E mesmo por cá parece começar a vislumbrar-se um ímpeto reformista de amplitude considerável.
É claro que os problemas existem. Que os Estados Unidos já resolveram melhor alguns dos problemas e que outras zonas do globo têm índices de crescimento incomparavelmente mais interessantes.
É verdade. Mas a complexidade da realidade europeia, das várias realidades europeias com todo o seu peso histórico, é incomparável com a relativa juventude da América. E as comparações com países como a China, Singapura ou Índia têm as suas limitações, incluindo no plano político.
O que os europeus conseguiram nos últimos anos, da livre circulação ao euro, por exemplo, seria impensável noutras zonas do globo. E tem sido factor claro de desenvolvimento.
O pessimismo europeu é, à boa maneira dos europeus, um enfado de elites e intelectuais. O mundo real move-se. Exemplo? Os grandes negócios que, à sombra das bandeiras nacionais ou europeia (e há lados positivos e negativos em ambas as abordagens), estão a fazer-se como há muito não se via. Querem mais dinamismo?