domingo, 29 de novembro de 2020

EM TEMPO DE PANDEMIA; ADVENTO DA ESPERANÇA

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO


1. Muita gente sente que este longo tempo de pandemia lança uma incerteza corrosiva sobre o nosso quotidiano e sobre o futuro. Os alertas diários contra o desleixo e o pânico são indispensáveis, mas sem alimentar as fontes e as razões humanas e divinas da esperança, não conseguiremos renovar as nossas resistências físicas e psicológicas.
Os meios de comunicação social insistem, a toda a hora, em nos dizerem quantos já morreram, quantos são os infectados, quantos os internados em UCI e quantos os recuperados. Receio que esse contínuo exercício de tabuada acabe por saturar e anestesiar a sensibilidade para a gravidade da covid-19 e para os comportamentos exigidos em todas as situações de risco.
Como vencer, em casa e na rua, no trabalho e no lazer, a ansiedade e o medo de ser infectados? Não sei. Mas, para além das questões de saúde e das dificuldades psicológicas de cada um, o caminho mais adequado e menos heróico parece ser o da prática das medidas mais recomentadas, como a distância física, o uso da máscara e a lavagem das mãos.

sábado, 28 de novembro de 2020

AS ROSAS DE SOPHIA


As rosas 

Quando à noite desfolho e trinco as rosas
É como se prendesse entre os meus dentes
Todo o luar das noites transparentes,
Todo o fulgor das tardes luminosas,
O vento bailador das Primaveras,
A doçura amarga dos poentes,
E a exaltação de todas as esperas.

Sophia

Publiquei em Dezembro de 2004 no meu blogue 

O SENTIDO DA VIDA. 1. QUEM SOU?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias 



A presente crise, gigantesca, deveria ser uma oportunidade para pôr de modo mais profundo a questão decisiva do sentido da vida. 
Sentido tem a ver com viagem, direcção, meta. Nas estradas, encontramos placas em seta a indicar o caminho para alcançar um destino. Agora, até programamos o GPS que nos levará lá. 
Qual é o sentido da vida e a sua meta? Num primeiro momento, a resposta parece clara: a vida é um milagre e o seu sentido é ela mesma. O sentido está nela, no viver plenamente, na criatividade do dar e receber, em plena e total inter-relação. 
Mas em nós a vida torna-se consciente. O ser humano é autoconsciente, consciente de si mesmo e, por causa da neotenia — ao contrário dos outros animais, não vimos já feitos ao mundo, mas por fazer, sendo a nossa missão fazermo-nos a nós mesmos, uns com os outros —, a questão do sentido da vida torna-se uma questão pessoal, essencial e inevitável. Não é uma questão adjacente, que possa colocar-se ou não. Ela é constitutiva: ser ser humano é levar consigo esta questão: quem somos?, donde vimos?, para onde vamos?, que devemos fazer?, que sentido dar à existência? 
Somos uns com os outros e frente aos outros, mas cada um de nós vive-se a si mesmo como presença de si a si mesmo como um eu único: eu sou eu e não outro. Coincidimos, portanto, connosco, mas, por outro lado, experienciamo-nos como ainda não plenamente idênticos: somos nós mesmos e somos chamados a ser nós mesmos; num apelo constante a fazermo-nos, estamos ainda a caminho de nos tornarmos nós mesmos. Lá está a tarefa paradoxal que nos pertence, segundo Píndaro:

sexta-feira, 27 de novembro de 2020

CONFINAMENTO CONVIDA SAUDADES

O confinamento, qualquer que ele seja, convida sempre saudade de tempos idos. Pensa-se no presente, conjugado no passado. Hoje, a minha saudosa mãe, Rosita Facica, saltou para a minha memória. Coisa normal, dirão os meus amigos. É certo. Contudo, há dias em que as recordações transportam mais expressão, mais cor, mais vida. Vêm com outra carga, inspiram desafios e até nos comovem.
E daí este poema da Aida Viegas para tornar a minha mãe mais real na minha alma. Se eu fosse poeta!...



MÃE

É aquela que tem:
Esperança ilimitada
Fé que move montanhas
Luz que rompe as trevas
Força para virar o mundo
Energia sempre renovada
Enorme capacidade de sofrimento
Coragem de nunca desistir.

Firmeza na palavra.
Lucidez no pensamento
Discernimento na decisão
Amor sem limites.

Bravura à flor da pele
O sonho na palma da mão
A alma vestida de esperança
O sol guardado no bolso.

Na voz, melodia inexcedível
Doçura e perfume nos gestos
Ternura infinita no olhar.

O bálsamo num beijo
Calor revigorante no colo
A magia num afago
No abraço o perdão desmedido
Na palavra o estímulo
Ao seu redor, a paz.

Aida Viegas

ACAUTELAI-VOS E VIGIAI, DIZ-NOS JESUS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo I do Advento do Natal


Era costume dos judeus abastados e ricos, quando tinham de se ausentar, confiar os seus bens aos cuidados dos servos, atribuindo-lhes responsabilidades concretas. Deviam desempenhá-las bem, até que os patrões regressassem, não deixando ou enviando qualquer pré-aviso. O proceder dos servos manifestava a qualidade da relação com os seus senhores. 
Jesus conhece bem os usos e costumes dos seus conterrâneos. Recorre frequentemente a eles, dando-lhes novas dimensões, enriquecendo-os com elementos que abrem horizontes mais vastos e interpelantes. Com estes recursos pedagógicos, os discípulos podem captar mais facilmente a mensagem que lhes quer transmitir. Hoje, lança mão da parábola do dono da casa que a confia aos seus empregados e parte de viagem. Deixa duas recomendações: cumprir responsavelmente a tarefa atribuída e estar vigilantes. Ê adianta uma breve explicação: O regresso pode acontecer a qualquer hora. “O que vos digo a vós, digo--o a todos”. Mc 13,33-37. 
“A vigilância, adianta Manicardi, é a fidelidade à terra na plena consciência de estar na presença de Deus. A vigilância nasce de uma unificação da pessoa diante do Senhor, o que a leva a ser lúcida, atenta a si própria e aos outros.” 
A vinda do senhor da casa polariza a atenção comum, dá sentido ao comportamento de cada um, desperta energias que tendem a adormecer, mantém em todos a espera vigilante e activa. É o futuro que introduz, no presente, dinamismos de intervenção, fruto da análise crítica das situações e das atitudes que condicionam a conservação da casa e a realização das tarefas. 

quinta-feira, 26 de novembro de 2020

LER A REVISTA LER

 


A revista LER, que assino desde o número um desta segunda fase, chegou-me há dias com uma carrada de informação sobre o que há para ler para todos os gostos. A capa brinda-nos com vários títulos, qual deles o mais desafiante, desde a entrevista feita a José Ferreira Fernandes, colunista do PÚBLICO e ex-diretor do DN, até ao texto de de José Tolentino Mendonça, Em defesa do livro, figura ilustre da Igreja e escritor multifacetado. 
A revista LER vive à sombra das estações do ano, quatro números anuais, e o seu conteúdo diz tudo. Sugere, propõe, defende e divulga o que há para ler, em sintonia com o mercado livreiro e com as propostas dos mais variados colaboradores, complementares entre si. Lendo-a, ficamos informados do que há nas livrarias, enquanto somos desafiados e estimulados a procurar o que mais nos interessa. Em tempo de confinamento, a leitura é sempre um desafio a ter em consideração. Eu falo por mim.

Na badana da capa pode ler-se: 

POESIA PARA O TRIMESTRE 


O ÚLTIMO GRÃO DA NOITE 

O que escapa à mão de Deus 
é o desmoronado horizonte 
a vacilação das coordenadas 

Como pode a aranha de areia 
erguer a torre do extremo 
com o último grão da noite 
mais obscuro do que exílio 

Será preciso inventar 
a paciência infinita do nada 
para que o enigma desperte 
com a graça de uma boca dupla 

António Ramos Rosa [1924-2013] 

Obra Poética II 

Assírio & Alvim, 2020

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

E CÁ ESTOU DE VOLTA...

Depois de um dia cheio, tão cheio que ainda nem estou refeito, cá estou de volta. Dia de aniversário é dia que mexe comigo. São lembranças de tantas celebrações, por mais modestas que elas tenham sido, sejam passeios que me deram gozo, sejam os encontros de família que é o melhor a que podemos aspirar, sejam gestos fraternos de tantos amigos. Tive um pouco de tudo este ano, menos as saídas que o confinamento não permite. 
A família, de máscara armada, passou por cá, às pinguinhas, não vá o diabo tecê-las, mas foi bom mesmo assim. Para o ano, se Deus quiser, tudo entrará nos eixos e no respeito pela tradição, que família unida é mais protegida, como diria o meu sobro, um homem que viveu para a boa disposição. 
Os amigos não se esqueceram, atitude esta que vem das redes sociais, mas não só. Tantos que excluí logo à partida a hipótese de responder a cada um com um simples gesto fraterno. Fiquem sabendo todos que jamais esquecerei a ternura e o carinho com que todos me distinguiram neste meu 82.º aniversário. E fico à espera de outros. Até para o ano, se por cá andarmos. 

Fernando Martins

segunda-feira, 23 de novembro de 2020

HOJE ESTÁ UM DIA LINDO


Hoje está um dia lindo. Analisei-o pela janela, logo ao amanhecer, e confirmei o que os primeiros raios de sol prenunciavam. Dia luminoso, mas amanhã voltará a chuva, segundo a informação periódica que regularmente entra no meu e-mail. A natureza está bem calibrada para sobreviver, oferecendo-nos, em cada época do ano, tudo o que cada estação tem no seu programa. E assim correm os dias entre sol e sombra, dia e noite, alegrias e alguns incómodos, que a força e coragem de cada um sabem gerir. Votos de uma semana serena para todos.

domingo, 22 de novembro de 2020

TAREFAS DO CONFINAMENTO - PEDRA BOLIDEIRA

 


É óbvio que o confinamento, nas suas mais diversas variantes que às vezes até nos confundem, é fruto da pandemia a que todos, no mundo, não podemos escapar. Uns respeitam e outros fazem ouvidos de mercador. Vai daí, os que respeitam, cumprindo a lei, ficam em casa mas precisam de ser criativos para equilibrar a cabeça e a paciência. Os outros, que se consideram espertos, contribuem para o alastramento do contágio. Eu pertenço ao primeiro grupo, mas não quero cruzar os braços à espera que o drama acabe depressa. Então, para não ser ferido pela pasmaceira, procuro conviver com saudáveis recordações, como esta que aqui partilho.
Partindo de Chaves, eu a Lita e a Aidinha, seguimos a rota de Bragança, cuja meta distava 100 Km. A dada altura deparámos com a Pedra Bolideira, a tal que estava em posição instável. A Lita e a Aidinha aproximaram-se, corajosas, para pôr a rocha a dançar. Eu, de máquina em punho,  registaria o facto. Os telemóveis não eram sonhados.  Mas o pedregulho, ou metade dele, mais ou menos, não reagia. Aproxima-se um vizinho, solícito,  e exemplifica  como seria fácil pôr a Pedra a bulir. E depois, seguindo a explicação, a Lita e a Aidinha cantaram vitória. O segredo estava, realmente, na descoberta do ponto ideal. 

NOTA: Dedico esta foto aos meus amigos que, durante anos, nos acolheram em sua casa: António Fernandes (já falecido mas presente na nossa memória) e Nazaré Chaves, mas também aos seus filhos, netos e noras. Um filho, o José Carlos, também falecido, ocupa um recanto especial no coração da nossa família. 

IREMOS A TRIBUNAL

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO



Quem procura desqualificar as ousadias do Papa Francisco diz que ele não é apenas um ingénuo, mas um atrevido ignorante: fala do que não sabe e faz o que não deve. Mas que irão dizer, agora, com o que aconteceu na semana passada?

1. Para o pensador alemão Peter Sloterdijk, os factos da vida científica e da criação artística nos tempos modernos provam, sem a menor ambiguidade, o fim da era das revelações puramente passivas. Os devotos à antiga têm como missão compreender até que ponto sobrestimaram a revelação religiosa, fazendo dela a chave da essência de todas as coisas e subestimando a iluminação do mundo pela vida desperta, a ciência e as artes. Esse dado coloca a teologia sob a obrigação da aprendizagem, pois ela não tem o direito de deixar romper a ligação com o mundo do saber do outro campo.
Termina o seu livro sobre A loucura de Deus [1] com um credo: “A globalização significa que as culturas se civilizam umas às outras. O Juízo final desemboca num trabalho quotidiano. A revelação torna-se a relação com o ambiente e o relatório sobre a situação dos direitos do homem. Volto assim ao leitmotiv desta reflexão, que se funda na ética da ciência universal da civilização. Repito-o, como um credo, e desejo que tenha suficiente energia para se propagar mediante línguas de fogo: o caminho da civilização é o único que ainda está aberto.”
Escreveu isto em 2007. Não perdeu actualidade, embora a alternativa à velha arrogância teológica não pode ter agora uma simétrica arrogância na ciência que seria, por natureza, pouco científica. Mas o seu desejo está a cumprir-se onde, talvez, menos o esperasse. O alegado obscurantismo dos três monoteísmos já não se apresenta como um bloco impenetrável com medo das dúvidas. Algumas manifestações de diálogo entre religiões começam a focar-se na condenação da violência e da guerra em nome de Deus.

sábado, 21 de novembro de 2020

DIA MUNDIAL DA TELEVISÃO


O Dia Mundial da Televisão foi proclamado pelas Nações Unidas em 21 de Dezembro, após o Fórum Mundial da Televisão realizado em 21 de novembro de 1996. Em Portugal, a televisão começou a emitir em 1957. E a partir daí, começou a dar passos significativos no sentido dominar o mundo da comunicação no nosso país, tal como aconteceu a nível global.
Não vou tecer quaisquer considerações sobre o poder da televisão, por tão conhecido ele ser, mas gostaria de aconselhar que não nos sentíssemos escravos dos programas que se espraiam pelas 24 horas do dia, com imensos canais dos mais variados quadrantes. 
Todos sabemos que é muito difícil vivermos alheios à força atrativa que as TV exercem sobre nós. Há programas imperdíveis a par de outros medíocres, conforme os gostos, mas nem só de desafios televisivos vivem as pessoas.  Há outras fontes informativas, formativas e de diversão que urge explorar. Os nossos horizontes podem ser mais variados e há momentos para tudo. Todavia, aproveitemos os bons programas, que os há, sem dúvida.

F. M. 

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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