quarta-feira, 27 de maio de 2020

PRIMEIRO BATIZADO NA GAFANHA DA NAZARÉ

Alexandrina Cordeiro - 11 de setembro de 1910

Alexandrina Cordeiro 
No livro dos assentos dos batizados realizados na Gafanha da Nazaré, obviamente depois da criação da paróquia, consta, como n.º 1, o nome de Maria, sem qualquer outra anotação no corpo da primeira página. Porém, na margem esquerda, debaixo do nome referido, tem a informação de que faleceu a 28-11-1910. Nada mais se sabe. 
O que se sabe e foi dado por adquirido é que o primeiro batizado, celebrado pelo nosso primeiro prior, Pe. João Ferreira Sardo, no dia 11 de setembro de 1910, foi Alexandrina Cordeiro. Admitimos que o nosso primeiro prior tomou posse como pároco no dia 10 de setembro de 1910, data que o Pe. João Vieira Rezende terá considerado como o da institucionalização da paróquia, criada por decreto do Bispo de Coimbra em 31 de agosto do referido ano. 
Diz assim o assento: «Na Capella da Cale da Villa, deste logar da Gafanha e freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, do mesmo logar servindo provisoriamente de Egreja parochial da freguesia de Nossa Senhora de Nazareth, concelho d’Ilhavo, Diocese de Coimbra, baptisei [Pe. João Ferreira Sardo, pároco encomendado] solenemente um indivíduo do sexo feminino a quem dei o nome de Alexandrina…» 
Alexandrina, a primeira pessoa batizada na nova paróquia, com o assento n.º 2, nasceu em 26 de Agosto de 1910, sendo filha legítima de Domingos Ferreira e de Joana de Jesus, jornaleiros, naturais desta freguesia e nela residentes e recebidos na freguesia de Ílhavo. 
A nova batizada era neta paterna de Manuel Ferreira e de Maria d’ Oliveira e materna de Jacinto Sarabando e de Rosa de Jesus. Foram padrinhos António Cova, solteiro, jornaleiro e Maria de Jesus, casada, criada de servir, todos desta freguesia. 

F. M.

terça-feira, 26 de maio de 2020

UM SONETO DE CAMÕES PARA VARIAR


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões

HELENA ROSETA EVOCA RIBEIRO TELES

Ribeiro Teles (Foto da rede global)

Em artigo de opinião, no PÚBLICO, Helena Roseta evoca, com ternura, a figura consensual de Gonçalo Ribeiro Teles, que hoje completa 98 anos. O texto, intitulado “O mais novo de todos nós”, recorda o homem que foi «o grande pioneiro português das causas que mobilizam milhões de jovens de todo o mundo». 
Helena Rosita, arquiteta e política desassombrada, sublinha que Gonçalo Ribeiro Teles foi «Capaz de aliar um profundo conhecimento e amor pela natureza aos seus ideais democráticos e de justiça social», ensinando-nos a todos «a importância de respeitar os equilíbrios físicos e biológicos dos territórios». Diz ainda que «Criou as bases dos conceitos de reserva agrícola e reserva ecológica nacionais, que considerava fundamentais para a salvaguarda da nossa independência». 
Esta minha curta nota visa apenas manifestar a admiração que sempre nutri pelo arquiteto paisagista Ribeiro Teles, um político que fez parte da Aliança Democrática, ao lado de Sá Carneiro e Freitas do Amaral, deixando marcas indeléveis da sua paixão pela natureza, neste recanto que se impôs ao mundo quase há nove séculos.

F. M. 

segunda-feira, 25 de maio de 2020

Sem arte o mundo seria uma seca


Sem artistas, o mundo seria uma seca e nem sempre percebemos isso. Usufruímos do muito que eles nos dão, pelas mais diversas formas, mas raramente valorizamos os seus contributos para a beleza da vida de cada um de nós, enquanto membros de uma sociedade de culturas e de artes. 
Não direi nada de novo se afiançar que as artes estão em toda a parte: na ruas, nos edifícios e monumentos, nos livros, revistas e jornais, no cinema e no teatro, nas rádios e televisões, na pintura e na escultura, no que vestimos e calçamos, no que comemos e bebemos e em tudo o que nos envolve. 
Veio a crise, sentimos o desemprego, lamentamos os que passam fome, compreendemos que o Estado não tem mãos a medir para acudir aos mais pobres e debilitados, mas nunca pensamos, admito eu, que há artistas com carências de variadíssima ordem. E deles veio um gesto que nos deve fazer pensar. Ver aqui

A VIDA PLENA JÁ NOS ENVOLVE

Praia da Barra - Foto do meu arquivo 
Apesar de todos os condicionalismos impostos pelas circunstâncias bem conhecidas de todos, penso que podemos admitir o regresso à vida normal. Ainda se fala do Covid-19 e dos seus números nos mais diversos momentos noticiosos, os mais variados, mas o nosso gosto pela vida normal dá-nos coragem para admitir que a vida tem mesmo de continuar. Não será como dantes, mas a capacidade de adaptação às realidades concretas do ser humano é suficientemente forte e inteligente para se impor. 
Afirmo esta minha certeza pela experiência que tenho do que vivi ao longo do tempo. De preferência com máscara e com as regras sanitárias impostas e aceites em todos os meios que tenho visitado, mesmo que timidamente ainda, admito que estamos no bom caminho, afugentando os medos que o nosso consciente e inconsciente interiorizaram. Ainda bem, porque tudo se torna muito mais fácil. 
A higiene seguida ou sugerida já ocupou um lugar especial no nosso íntimo e, quando assim é, jamais haverá conflitos. Eu quero crer que a vida plena já nos envolve a todos. Ainda bem. 

Fernando Martins

PARA COMEÇAR A SEMANA


Garantidamente, o sol está de volta, segundo dizem os entendidos. Ainda bem, que dele estávamos todos desejosos. E com ele vem o gosto de caminhar na praia, descontraidamente, em conversa amena, respirando os ares enriquecidos pela maresia. 
Boa semana para todos.

domingo, 24 de maio de 2020

 DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS


Celebra-se hoje, Domingo da Ascensão, o 54.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que tem por tema, na Mensagem do Papa Francisco, «Para que possas contar e fixar na memória. A vida faz-se história». Na minha ótica, esta é uma boa oportunidade para todos refletirmos sobre a importância dos órgãos de comunicação nas nossas vidas. São eles que nos formam e informam, nem sempre com a oportunidade e a equidade necessárias à vida de todos, em geral, e de cada um, em particular, não dispensando, contudo, direta ou indiretamente, a nossa colaboração. 
A comunicação social (CS) é demasiado complexa e não pode deixar de o ser, ou não abrangesse o mundo inteiro, com as suas múltiplas formas de viver, de pensar e de agir. Ela reflete, logicamente, quem a concebe e a dirige, quem a faz e quem a procura, mantendo na sua base interesses económicos, sociais, políticos e religiosos, entre muitos outros, nomeadamente de pessoas de princípios sadios, de mistura com outras desonestas e de moral duvidosa. 
O leitor tem de se esforçar por descobrir onde está a verdade e a ética, onde residem os princípios sãos, as sugestões oportunas, enfim, tudo o que possa contribuir para a construção de um mundo onde valha a pena viver com dignidade, com alegria e com otimismo, recusando a mentira, as tiranias, os ódios, as vinganças e as raivas, que muita CS transporta. 
A todos, crentes e não crentes, aconselho a leitura da mensagem do Papa Francisco para este dia.

VIVER E AJUDAR A VIVER

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

«É tempo de acabar com todas as guerras: as guerras contra a natureza e as que nos destroem mutuamente. Há quem diga que têm proporcionado grandes avanços científicos e tecnológicos. Parece que ninguém está interessado numa vacina contra a guerra e ela existe: mudar de vida.»

1. Gostei muito, por várias razões, da entrevista a Ben Ferencz, o único procurador vivo do célebre tribunal de Nuremberga, publicada na Revista Expresso [1]. Quando participou nesse tribunal tinha 27 anos. Atingiu, agora, os 100, cheio de vigor, de humor e de esperança. Não resisto a deixar aqui, num breve apontamento, o eco deste testemunho.
Foi confiada a Ben Ferencz, pelo referido tribunal, a tarefa de investigar os crimes dos Esquadrões da Morte dedicados a procurar e matar todo o judeu que encontrassem – homem, mulher ou criança – e fazer o mesmo aos ciganos e a todos os inimigos do Reich.
Nesta entrevista, sem negar a importância do dever da memória, confessa que não quis ficar colado a esmiuçar o horror desse passado. Voltou-se para o futuro e dedicou a sua vida a lutar para erguer leis e tribunais, para que os crimes de guerra, crimes contra a humanidade, não possam ficar impunes.
Quem começa as guerras são pessoas e os crimes são cometidos por indivíduos que devem ser responsabilizados pelas suas acções. Quando foi procurador do tribunal de Nuremberga, o genocídio ainda não estava nos códigos. Usou esse termo, mas verificou que os nazis não podiam ser julgados por esse crime, enquanto tal, por falta de lei aplicável.
Não desistiu e, em 1948, a Convenção sobre Genocídio foi adoptada pelas Nações Unidas. Comenta: “É uma vergonha que os EUA tenham demorado 40 anos para assinarem essa Convenção. Só aconteceu em 1998.” Desde 2002, existe o Tribunal Penal Internacional, mas os EUA ainda não o reconheceram!
Adianta, no entanto, que Trump devia ser julgado nesse tribunal. Este Presidente dos EUA, no seu primeiro discurso, na ONU, atreveu-se a dizer acerca da Coreia do Norte: “Se nos ameaçarem, destruir-vos-emos totalmente.”
Como se atreve a ameaçar com a destruição um país inteiro e toda a sua população? Foi precisamente isso que os alemães fizeram com os judeus. Agora, ao levantar um muro nas fronteiras com o México, separa as mães dos seus próprios bebés! Não é isto um crime contra a humanidade?

CARÍCIAS DE DEUS

Crónica de Anselmo Borges no Diário de Notícias

«Estou convencido de que o bispo de Bragança não é caso único. Mas é um excelente exemplo da Igreja em saída, que olha para o Céu, com os pés assentes na Terra, distribuindo “carícias de Deus”. Para que se concretize um mundo melhor.»

1. Hoje celebra-se, na liturgia católica, a festa da Ascensão de Jesus ao Céu. Evidentemente, quando se fala em ascensão, não se está a fazer descrições geográficas; trata-se tão-só de tentar expressar simbolicamente que Jesus entrou na plenitude da Vida que é Deus. 
Antes da despedida, prometeu aos discípulos o Espírito Santo, o Espírito de Deus, que é Amor, aquela luz e força que ilumina, vivifica, dá ânimo, consolação, confiança, coragem. E disse-lhes, segundo os Actos dos Apóstolos, de São Lucas: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, por toda a Judeia e Samaria e até aos confins do mundo.” Desapareceu da sua vista e “como estavam com os olhos fixos no céu, para onde Jesus se afastava, surgiram de repente dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: “Porque estais assim a olhar para o céu?” E observou-lhes que agora a sua missão era partir, para cumprir a missão que Jesus lhes entregara. 
Esta é a missão da Igreja. Sim, olhar para o Céu, anunciar o sentido da vida, o Sentido último da existência humana, que não caminha para o nada, mas para a plenitude da Vida em Deus. A missão da Igreja, essencial, é ser a multinacional do sentido de todos os sentidos, do Sentido último. Ao mesmo tempo, e por isso mesmo, não pode ficar parada a olhar para o Céu. Não pode abandonar o mundo, a Terra, criação de Deus. É aqui que vivemos e a missão da Igreja é continuar o projecto de Jesus, concretizá-lo, aqui, porque queremos, como é desígnio de Jesus, viver num mundo que é de todos e que deve ser para todos, na justiça, na igualdade radical, na dignidade livre e na liberdade digna, num mundo onde todos possam viver em paz e realizar a sua dignidade humana e divina. 
A missão da Igreja tem esta dupla vertente: olhar, na Terra, para o Céu. A igreja de Marco de Canavezes, de Siza Vieira, di-lo como só um artista o sabe dizer. Tem uma porta com 10 metros de altura e, quando se sai da celebração, ela abre-se e continuamos com os pés assentes na Terra, mas, diante de nós, abre-se o Céu. 

sábado, 23 de maio de 2020

D. JOÃO EVANGELISTA NOMEADO BISPO DE VILA REAL

1923-23-Maio

D. João chega a Vila Real - Foto da Ilustração Moderna
“O insigne aveirense D. João Evangelista de Lima Vidal foi nomeado pelo Papa Pio XI como primeiro bispo da nova Diocese de Vila Real de Trás-os-Montes, cuja bula foi assinada nesta data” 
(João Gonçalves Gaspar, Lima Vidal no seu Tempo, II, pg. 135) — J. 

In Calendário Histórico de Aveiro 
de António Christo e João Gonçalves Gaspar

À ESPERA DA MARÉ


Para quebrar a monotonia do dia, nada melhor do uma foto que me conduza à nossa ria. O marinheiro espera a maré para seguir viagem rumo a novos pesqueiros. Ali, as três canas de pesca não dão sinal de peixe, mas o marinheiro não desespera. A sua hora há de chegar.

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