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Bento Domingues |
1. Falou-se durante muito tempo do milagre económico alemão. Quando se deseja criticar uma gestão económica e financeira diz-se: não há milagres! Em clima de religião barata vem o velho ditado: fia-te na Virgem e não corras! São apelos sensatos para que as iniciativas humanas sejam pensadas e planeadas a tempo, executadas com rigor. Não deixar as nossas decisões ao Deus dará, pois Ele ajuda quem se sabe ajudar. Afirmar que não há milagres nem sempre significa uma atitude ateísta ou negação da providência divina. Pode ser apenas respeito pela responsabilidade humana com uma conotação teológica: não invocar o Santo nome de Deus em vão.
Não é aconselhável dar demasiada importância à linguagem do quotidiano que, raramente, é fruto de grandes cogitações como, por exemplo, eu cá sou ateu graças a Deus. Usa-se o vocabulário mais disponível, marcado pelo contexto social e cultural de uma população. Há zonas do país nas quais um palavrão é, apenas, um recurso simples e rápido, para acabar com uma conversa que não leva a lado nenhum.