Os discípulos de Emaús, ao regressarem a casa em Jerusalém, narram a sua experiência de itinerantes que reconhecem Jesus ao partir do pão. O reencontro ocorre num clima denso: Os outros estão reunidos numa sala com as portas trancadas – sobretudo as do coração, apesar de notícias alegres que iam surgindo -, e escutam o testemunho de quem chega. Entretanto, acontece nova surpresa: Jesus aparece, coloca-se no meio deles, saúda-os e dá-lhes provas da sua identidade de Crucificado/Ressuscitado. A transformação é radical: o medo que tolhe a liberdade cede lugar à ousadia; a tristeza que abate os ânimos é superada pela alegria; a dúvida intrigante vê despontar a certeza da fé; a vida encerrada na tragédia do Calvário abre-se ao anúncio jubiloso do Senhor Ressuscitado; as trancas das portas transformam-se em pontes de missão universal.
Os sinais de que Jesus se serve para ser reconhecido como Ressuscitado estão relacionados com a mesa familiar, com os comensais da mesma refeição, com a conversa de amigos e o convívio de quem recupera energias perdidas e se dispõe a ler e a enfrentar as situações da vida, à luz da Escritura; a reganhar força para o futuro que se desenha nos desafios da missão. A experiência da refeição à mesa regenera a dignidade perdida, robustece a identidade, confirma o reconhecimento do que se é e se faz.