domingo, 28 de junho de 2020

Poesia


"A história provou a capacidade demolidora da poesia 
e nela me refugio incondicionalmente"

Pablo Neruda (1904-1973), poeta

Publicado hoje no PÚBLICO, 
em Escrito na Pedra

Quase simetria

Jardim 31 de Agosto na Gafanha da Nazaré

Quase simetria para quem gosta de algum equilíbrio na vida. Votos de excelente domingo com sol que já  aquece o corpo e a alma.

A minha aldeia

Um poema de António Gedeão
para este domingo

Marina do Forte da Barra - Gafanha da Nazaré
Minha aldeia é todo o mundo.
Todo o mundo me pertence.
Aqui me encontro e confundo
com gente de todo o mundo
que a todo o mundo pertence. 

Bate o sol na minha aldeia
com várias inclinações.
Ângulo novo, nova ideia;
outros graus, outras razões.
Que os homens da minha aldeia
são centenas de milhões. 

Os homens da minha aldeia
divergem por natureza.
O mesmo sonho os separa,
a mesma fria certeza
os afasta e desampara,
rumorejante seara
onde se odeia em beleza.

Os homens da minha aldeia
formigam raivosamente
com os pés colados ao chão.
Nessa prisão permanente
cada qual é seu irmão.
Valência de fora e dentro
ligam tudo ao mesmo centro
numa inquebrável cadeia.
Longas raízes que imergem,
todos os homens convergem
no centro da minha aldeia.

António Gedeão


NOTA - Durante a arrumação de papéis e livros encontrei este poema num caderninho (6 Poemas de António Gedeão) oferecido pelo PÚBLICO, provavelmente em 1995. Aqui o partilho em homenagem a um grande poeta. 

sábado, 27 de junho de 2020

Aldeia abandonada...

Aldeia do Caramulo

Estávamos longe da crise que presentemente vivemos, envolvidos pelo mistério do seu fim ou do início do recomeço sem temores, quando registei a minha passagem pelo Caramulo em férias. A aldeia, cujo nome não consegui averiguar, dá sinais de ter sido abandonada, decerto por outras crises de que pouco se fala. Crises de desemprego, de vontade de mudar de vida, porventura de fome, de aventura com sonhos de um futuro melhor. Ali abundava em sossego o que faltava na mesa do dia a dia. O nosso interior oferece belezas ímpares sob vários pontos de vista. Porém, não consegue esconder o atraso a que foi votado durante séculos. O progresso estabeleceu-se no litoral, onde o mar convida a outros desafios.

F. M.

Desconfinar a Igreja. 1

Crónica de Anselmo Borges 

Chegam-me vozes a cantar esperança no novo presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), José Ornelas, bispo de Setúbal. Eu próprio disse a Natália Faria, do Público, quando imediatamente a seguir à eleição me perguntou se a sua escolha constituía garantia de rejuvenescimento: “Neste momento em que, no meu entender, a Conferência Episcopal precisa de um novo impulso, ele será capaz de assegurar o rejuvenescimento necessário. Trata-se de uma figura destacada do ponto de vista intelectual, e, por outro lado, dedicado aos outros e à sociedade. E tem uma gigantesca experiência internacional.” Tendo vivido em Roma como superior-geral dos padres dehonianos, presentes em 38 países, conhece o que se passa também no Vaticano e, sobretudo, vive o espírito do Papa Francisco. Anima-o o desprendimento pessoal e uma “Igreja em saída”, em desconfinamento, no sentido do abandono de estruturas de poder medieval, como insiste Francisco. 
Quando se lê a sua primeira longa entrevista, ao jornal Público, as esperanças não são defraudadas. Pelo contrário. As suas declarações têm duas vertentes: uma ad intra, para dentro da própria Igreja; a outra ad extra, para fora, para a sociedade em geral, como voz político-moral. 
Declarações ad intra. 

Museu de Ílhavo volta a navegar

Museu Marítimo de Ílhavo 
reabre em 1 de Julho


«Depois de um período de "capa", o Museu volta a "navegar" em segurança, a partir de 1 de julho. A pandemia Covid-19 trouxe novas formas de estar e de conviver nos espaços públicos e no Museu Marítimo de Ílhavo a prioridade, após a reabertura, será também a segurança de todos os visitantes e colaboradores. Para isso, há um conjunto de normas para poder "embarcar".»

Há garantias de que não haverá  perigo, se todos respeitarem as normas estabelecidas para evitar o contágio do Covid-19. 

Ver horário aqui 

sexta-feira, 26 de junho de 2020

A Igreja e a cultura


Painel da Igreja de São Jacinto/Nossa Senhora das Areias. 
Design de Jeremias Bandarra; Execução cerâmica de Zé Augusto

O arcebispo de Braga, Jorge Ortiga, afirmou,  no ciclo “Espiritualidade, Arte e Poesia”, a decorrer até 9 de Julho,  por videoconferência, que,  “Por vezes pensa-se que a Igreja, se não é hostil à cultura, pelo menos é indiferente, quando é o contrário: a Igreja foi sempre não só favorável à cultura, como a promoveu e a foi sustentando ao longo dos séculos».
Qualquer catedral, sé, igreja simples, ornamentação, música, escultura, poema e outros sinais de espiritualidade e  arte de expressão cristã retratam a componente cultural do catolicismo através dos séculos. 

Ler mais aqui 

Sísifo



Sísifo

Recomeça...
Se puderes
Sem angústia
E sem pressa.
E os passos que deres,
Nesse caminho duro
Do futuro
Dá-os em liberdade.
Enquanto não alcances
Não descanses.
De nenhum fruto queiras só metade.

E, nunca saciado,
Vai colhendo ilusões sucessivas no pomar.
Sempre a sonhar e vendo
O logro da aventura.
És homem, não te esqueças!
Só é tua a loucura
Onde, com lucidez, te reconheças...

Miguel Torga, Diário XIII.

Livres para seguir Jesus

Reflexão de Georgino Rocha 
para o XIII Domingo do Tempo Comum

"Seguir Jesus em tempos de pós-pandemia é evitar desigualdades gritantes" 

Jesus termina, segundo Mateus, o discurso da missão com uma série de exortações, de que se destaca a liberdade. A expressão “quem quer”, usada várias vezes, indica bem o sentido do seguimento. A liberdade de escolha traduz-se em preferência radical. Antepor Jesus a tudo, mesmo o mais querido ao coração humano, designadamente pai ou mãe, filho ou filha. Seguir Jesus é deixar-se envolver pelo seu amor e, assim, revigorado impregnar todas as acções pessoais e todas as relações humanas, religiosas e sociais. É tomar a cruz da vida e aceitar consumi-la, como a vela acesa, e perdê-la como na morte por martírio portadora de sementes da ressurreição.
“Quem ama o pai ou a mãe mais do que a Mim, não é digno de Mim”. E o Papa Francisco comenta: “O afeto de um pai, a ternura de uma mãe, a amizade meiga entre irmãos e irmãs, tudo isto sendo muito bom e legítimo, não pode ser anteposto a Cristo. Não significa que Ele nos quer sem coração ou privados de reconhecimento, pelo contrário, mas que a condição do discípulo requer uma relação prioritária com o mestre…. Talvez a primeira pergunta que devemos fazer a um cristão seja: Mas tu encontras-te com Jesus? Tu rezas a Jesus?”

quinta-feira, 25 de junho de 2020

Dia do Marinheiro


Sagres - Símbolo da nossa tradição marítima

Arte da Xávega - Vagueira
Porto de Pesca Longínqua - Gafanha da Nazaré

Celebra-se hoje, 25 de Junho, o Dia do Marinheiro, também denominado Dia da Gente do Mar, criado pela Organização Marítima Internacional e oficializada pela ONU. Pretende-se homenagear todos os marinheiros, navegadores e trabalhadores marítimos do mundo, mas também  para mostrar como todos  são importantes para o progresso da humanidade. 
Como terra de marinheiros e de gente que do mar vive e dele depende, direta ou indiretamente, este dia poderia ser evocado e celebrado de forma mais sentida e contagiante. Como o mar é palco de muitas aventuras e de sonhos sem limites, aqui deixo, como filho de marítimo e como gafanhão, a todos uma saudação muito amiga. 

Fernando Martins

A Nina



OS GATOS

Há um deus único e secreto
em cada gato inconcreto
governando um mundo efémero
onde estamos de passagem

Um deus que nos hospeda
nos seus vastos aposentos
de nervos, ausências, pressentimentos,
e de longe nos observa

Somos intrusos, bárbaros amigáveis,
e compassivo o deus
permite que o sirvamos
e a ilusão de que o tocamos

Manuel António Pina

NOTA: A Nina, a nossa gata, tem carta branca para cirandar pela casa e arredores. Um pouco vadia, ou não fosse essa a sua origem, gosta de dar as suas voltas pelo quintal, mas regressa sempre. Dorme bem, que os gatos, pelos vistos, são dorminhocos, e quando acorda aprecia a companhia das pessoas, mantendo um silêncio misterioso. Hoje, depois do passeio matinal, procurou-me no sótão. Olhou-me fixamente, talvez a tentar descobrir o meu estado de espírito neste tempo frescote e de confinamento, e desandou para a janela. Olhou a paisagem, mirou quem passava, voltou-se para mim e deu-me ordens para lhe tirar o retrato. E como não sou poeta, lembrei-me deste poema de António Pina que diz tudo o que eu não seria capaz de dizer.

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