sexta-feira, 28 de fevereiro de 2025

EFEMÉRIDES DE MARÇO


Av. José Estêvão

Se pensarmos um pouco, descobriremos que uma terra, qualquer que ela seja, tem sempre efemérides que preenchem a sua história. E a Gafanha da Nazaré está carregada de eventos que ouso lembrar de quando em vez. Em março de 1860, no dia 12, foi iniciada a construção da primeira estradaque atravessou a região da Gafanha até ao Forte, tendo sido batizada, em data posterior, com o nome Av. José Estêvão. Contudo, é justo lembrarque esta estrada, bem como outras que se construíram naquela época, se ficou a dever à influência de José Estêvão, o ilustre parlamentar que ficou na história de Aveiro como um dos seus maiores.
Curioso será imaginar o movimento que esta longa estrada teve, em épocas de veraneio, com destino às praias da Barra e Costa Nova, sobretudo aos fins de semana. Na altura, dizia-se que era a estrada rural com maior trânsito no país. Seria exagero, mas ouvi essa afirmação inúmeras vezes. Também neste mês, no dia 24 de 1862, se iniciou a construção da ponte que ligava Ílhavo à Gafanha. E em março de 1885 iniciou-se a construção do nosso Farol, que foi inaugurado em 31 de agosto de 1893.

FLORES DA PRIMAVERA


A PRIMAVERA vem a caminho para dar mais alegria à nossa vida. E vamos recebê-la com fé em melhores dias.

Figueira da Preguiça?

 

Quando por lá passar, confirme ou desminta!

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025

O meu amigo Jerónimo

Vi hoje o Jerónimo. Já não o via há muito. Estava à mesa do café a dormitar, como dormitam todos os velhos. Em qualquer sítio e a qualquer hora. Cá para mim, o Jerónimo estava a ensaiar mais uma das
suas muitas estórias, para contar a quem se sentasse com ele à mesa do café. O Jerónimo é um conversador nato. Basta uma palavra dita por um amigo, em qualquer circunstância, para logo ele disparar:
— Não te esqueças do que estás para dizer…
A partir daí, começava mais uma estória de um rol enorme de recordações que não tinham fim. Mas as estórias até lhe saíam com graça.
Uns esgares faciais, expressivos, e mãos que enriqueciam os pormenores davam-lhe uma dimensão única. Por vezes, os ouvintes, que outra coisa não podiam ser junto dele, ainda suportavam umas palmadinhas, mais ou menos pesadas, conforme a força das convicções do orador por vocação.

UM POEMA DE DANIEL FARIA

 Quando a embarcação lançava o seu lugar

Quando baixava a sua âncora, a raiz
Da rosa nos ventos que a desfolham — corola marítima
Pétala a pétula ela perdia o movimento

As velas
Desciam — de noite o sopro
Deve ser dado aos astros

Acendia-se a escura ondulação dos que regressam
Ao sono. Mergulhavam —
Ao tocarem a noite é que se levantam

As estrelas

NOTA: Do livro "POESIA"

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2025

PAPA FRANCISCO - A AUTOBIOGRAFIA



Tenho à minha frente a autobiografia do Papa Francisco. Tem por título ESPERANÇA. Neste momento, o Papa Francisco está a sofrer, contrastando com o sorriso sereno do Santo Padre, que admiramos desde sempre. O seu carisma não nos deixa indiferentes. E estou ansioso por começar. Contudo, ao fixar os olhos no livro de capa branca fico emocionado.
Ao longo da vida senti a presença de todos os Papas que deixaram marcas indeléveis na minha vida e na História da Igreja e do mundo. Escusado será sublinhar o porquê, mas nasci envolvido pelos seus ensinamentos e carismas. Todos diferentes, mas também todos dignos da nossa atenção, sobretudo pelos testemunhos que nos legaram, de fé, esperança e caridade.
«Uma autobiografia não é a nossa literatura privada, é mais o nosso saco de viagens. E a memória não é apenas o que recordamos, mas o que nos circunda. Não fala unicamente do que foi, mas do que será. Parece que foi ontem, mas afinal é o amanhã. Tudo nasce para florir numa eterna primavera. No final diremos apenas: não recordo nada em que Tu não estejas», lê-se na obra.
Então, leiam o a autobiografia do Papa Francisco.

FM

MANUEL ANTÓNIO PINA - OS LIVROS


OS LIVROS

É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente
inocente a toca,
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?
É isto um livro,
esta espécie de coração (o nosso coração)
dizendo “eu” entre nós e nós?

NOTA - Do livro "Como se desenha uma casa"

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025

A ALEGRIA DO REENCONTRO

 A pressa da vida rouba-nos o tempo todo e nem damos por isso. Chego à conclusão de que é preciso saber distinguir o essencial do supérfluo-o, o que não será fácil. Tenho de me auto-educar.
Vem isto a propósito da falta de tempo que estou a sentir para ler, reler e apreciar tanta informação que me inunda por variadas vias.
Eu sei que já não possuo capacidades para tanta agitação, mas também reconheço que no dia em que me afastar do mundo cairei num poço sem fundo e por ali, no isolamento escuro da vida, me tornarei inútil.
Hoje passámos (eu e a Lita) por Aveiro e apreciámos o corre-corre do povo. Encontrámos antigos e atuais amigos com quem conversámos e lembrámos tempos idos. Foi muito agradável, quando uns tantos se abeiraram de nós para nos saudar, confirmando tempos que já lá vão. E a minha pergunta era sempre a mesma: Como te chamas? E a alegria inundava os nossos rostos.
Para todos, até um dia destes.

FM

FLORIU UM DIA DESTES


Parecia adormecida e esquecida, mas de repente acordou para a vida. As plantas são assim. E as pessoas também. Quem dera que as pudéssemos imitar no nosso dia a dia, libertando-nos de mágoas e dissabores!

Ares puros da floresta


Há anos, não resistimos aos odores puros da floresta. Íamos a caminho de umas férias reconfortantes em plenos  ares serranos. Parámos para saborear a paisagem verdejante. Sentimos o ar fresco do ambiente. Reconfortados, seguimos viagem. Tantas vezes o fizemos por aqui e por ali. E agora recordamos tudo com saudades.

FM

domingo, 23 de fevereiro de 2025

Silva Peixe - Desanimado


 NOTA: Por aqui não há só livros.Este poeta do Silva Peixe foi-me oferecido pelo autor há anos. Não seis se já o partilhei. Pelo sim, pelo não, aqui fica. 

Há horas felizes

Na vida, há horas felizes, quando menos se espera. Tenho andado a arrumar uns livros. Apesar de ter dado lições a bibliotecários, nunca consegui ordenar a minha biblioteca, que não é tão grande como desejaria. Os meus livros, à medida que chegam, vão para os espaços mais livres, normalmente. De modo que, quando preciso urgentemente de um, nem sempre acerto com a estante ou a prateleira.
Hoje foi um dia desses. E de repente, os meus olhos dão com o livro “Dr. Vasco de Campos - Obras completas”, adquirido no museu de Piódão, quando por lá passei, há 20 anos. Como o tempo corre, meu Deus.
Li no Prefácio que “A vida e a obra do Dr. Vasco de Campos não se conformam num livro ainda que este seja o repositório de todos os seus escritos”. Vasco de Campos foi um médico à antiga. “Disse adeus à glória” e foi para onde o chamava a voz longínqua das raízes”. Estabeleceu-se em Avô, o lugar “mais pobre do concelho e o mais difícil de servir”. Por ali encontrou “um povo sofredor”, tendo lutado “contra a ignorância, a miséria e a morte”.
E assim passei a tarde deste Domingo.
Boa semana para todos…

FM

DOMINGO



O domingo é o primeiro dia da semana. É tido como ponto de partida para mais um período de seis dias de trabalho e canseiras. Para muitos é um direito ao descanso, à reflexão, ao divertimento. Mas não falta quem o dedique à oração, à reflexão e à partilha.
Outros saboreiam umas leitura, conversam e viajam pela Internet e conseguem contactar com outras civilizações por formas muito diversas. Hoje apetece-me sugerir uns passeios pelos arredores. E não faltarão motivos para nos enriquecermos.

FM

sábado, 22 de fevereiro de 2025

A ditadura da imagem e a pobreza do símbolo


No século VIII, no contexto da ameaça militar e religiosa do islão a Bizâncio, a tradição cristã viu-se confrontada com a pureza radical do monoteísmo islâmico e a sua proibição das imagens. Os imperadores bizantinos mandaram destruir as imagens e os seus defensores foram perseguidos como idólatras. Embora esta luta dos iconoclastas tenha acabado com a vitória dos iconódulos (veneradores das imagens), pois Jesus Cristo é a imagem visível de Deus, nunca deveria esquecer-se que Deus é infinitamente transcendente e, se o Homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, Deus não é à imagem do Homem.
Diz-se perante certas imagens: vale mais uma imagem que milhares de palavras. Pense-se, por exemplo, naquelas imagens televisivas das crianças esfomeadas no mundo — pequenos andaimes de ossos a soçobrar, num olhar suplicante e quase morto —, e o soco que nos dão no estômago e na alma.

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2025

Ainda há tempo para nos precavermos



O asteroide 2024 YR4 está a caminho da Terra e tem a maior probabilidade de impacto jamais registada. Tenhamos calma porque o impacto só ocorrerá em 2032. A haver o impacto, poderá destruir uma cidade inteira, pondo em risco a vida de milhões de pessoas.

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2025

Dia tranquilo

Não será, garantidamente, uma afirmação de todos os dias. Há sempre tarefas a desempenhar e respostas a dar a amigos que me contactam. A estes, digo sempre que estou bem, no sentido exato da palavra. Durmo muito tranquilo, levanto-me quando acordo e inicio o meu dia procurando saber como vai o mundo. Este bem precioso é possível graças às novas tecnologias da informação, às quais estou ligado há bons anos. Sem estas possibilidades, seria um analfabeto num mundo em permanente evolução, com surpresas a cada segundo.
Olha para as minhas estantes e pego num livro para ver o que poderei recordar de leituras feitas há muito tempo. Há sempre curiosidades e memórias que saltam para o meu cérebro, o que me obriga a parar para pensar. E depois, o dia corre tranquilamente sem preocupações.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2025

Faleceu o Padre Manuel Carvalhais

Faleceu o Padre Carvalhais que foi diretor do semanário Correio do Vouga, a quem sucedi. Na altura, deu-me os conselhos da praxe, dizendo--me que não tinha vocação para jornalista. A sua vocação estava no sacerdócio, para o qual tinha sido ordenado.

Contudo, tanto quanto posso testemunhar, cumpriu com muita dignidade e saber as funções que lhe foram confiadas pelo nosso Bispo de então, no semanário diocesano.

Em posteriores encontros, tinha sempre para comigo palavras de simpatia e apreço. 

Que Deus o aconchegue no seu regaço maternal, são os meus votos.


Fernando Martins



terça-feira, 18 de fevereiro de 2025

Cabo elétrico subterrâneo entre Forte e Praia da Barra


A Administração do Porto de Aveiro e o Município de Ílhavo anunciaram a assinatura de um protocolo de cooperação, com vista à instalação de um cabo elétrico subterrâneo em substituição da linha aérea existente entre o Forte da Barra e a Praia da Barra.

FONTE - Terra Nova

A Escrita de um Ícone


O Salão de S. Domingos, por cima da Livraria Santa Joana, acolhe mais uma exposição promovida pela Comissão dos Bens Culturais da Igreja, da diocese de Aveiro, até 12 de maio. 
Com sala aberta nas tardes de 5ª feira e sábados, e outros dias por marcação, a exposição tem à disposição do visitante mais de 50 ícones distribuídos por 3 setores: a iconografia de Cristo, a iconografia da Virgem Maria e imagens de Santos e Dias de Festa
Uma mostra de rara beleza que põe à disposição do visitante ícones do século XVIII ao século XXI, podendo assim compreender a "escrita de um ícone" que se mantém fiel ao longo dos séculos.

Em memória de Valdemar Aveiro

“No Grande Norte, a Natureza é pródiga, isso sim, em campos de gelo derivante, em ondas de frio que queimam, em ventos uivantes furiosos que afundam navios, mesmo assim incapazes de rasgar o manto negro da noite que nos envolvia continuamente, como se o Sol tivesse sido desterrado ou deixado de existir.
Foi por aqui, por estas paragens desoladas, que passei alguns dos anos mais válidos da minha vida.
Só nas recordações da família longínqua, espécie de prece entranhada nas profundezas da alma, todos os dias murmurada com emoção, se entranhava a chama intensa e crepitante a lareira acesa, fonte de luz e calor, que tanto ansiávamos partilhar, sentir na face… mas… dia após dia, sempre adiada, sabia-se lá por quanto tempo!”

In "Ecos do Grande Norte"


sábado, 15 de fevereiro de 2025

Pinto da Costa faleceu

Pinto da Costa, o carismático dirigente do FCP, faleceu hoje, deixando de luto dirigentes, atletas e associados de um dos mais expressivos clubes portugueses. 
Como sportinguista, curvo-me perante a sua memória, sublinhado a conhecida coragem  e determinação nos campos dos mais variados desportos.
Jorge Nuno Pinto da Costa foi o 31.º Presidente do Futebol Clube do Porto, cargo que ocupou durante 42 anos, entre 1982 e 2024.
Apresento sentidas condolências aos dirigentes, sócios e simpatizantes do FCP.

A Igreja católica e o protocolo de Estado

Crónica semanal
de Anselmo Borges

Nos Estados, há cerimónias oficiais, sendo natural que se estabeleça um protocolo de Estado. Em Portugal, já houve um debate à volta disso, e a Igreja católica e as outras confissões religiosas deixaram de ter lugar no protocolo.
É assim que deve ser. De facto, a que título é que as autoridades religiosas haveriam de surgir na lista de precedências no protocolo, concretamente num Estado regido pelo princípio da não confessionalidade, portanto, da separação da(s) Igreja(s) e do Estado? “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, foi programaticamente declarado por Jesus Cristo. Esta separação do político e do religioso não tinha sentido na Grécia, que não separava o cívico e o cultual, nem para o judaísmo, que unificava nação e religião. Como escreveu Régis Debray, em Jerusalém, Atenas e Roma, “o ritual cívico é religioso, e o ritual religioso é cívico”. Para as três culturas que estão na base da nossa, alguém que estivesse fora da religião estava fora da Cidade.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

Valdemar Aveiro faleceu

Valdemar Aveiro, o Capitão Valdemar como era conhecido entre os homens do mar, simples marinheiros, oficiais e empresários, foi um cultor da literatura, com o mar, imensas vezes, como pano de fundo.
Visitou-me algumas vezes, sobretudo para me falar dos livros que foi publicando ao sabor da maré, com o amor humano sempre presente.
Toda a obra de Valdemar Aveiro, um ilhavense que se tornou também gafanhão, mostra à saciedade, pelo que escreveu, a vida dura dos nossos homens do mar, mas o autor não se ficou por aí. A sua obra está cheia de estórias quantas vezes fora da história, umas tristes e melancólicas e outras com chiste que baste para alegrar quotidianos difíceis. Tudo isso cabe nos escritos do capitão Valdemar, um homem que nunca fugiu da luta, apesar de horas amargas sentidas tantas vezes na pele e na alma. Emigrou mas regressou, que o mar e as saudades eram imensas.
Tive o prazer de conversar com o Capitão Valdemar, um ilhavense que assumiu, como sua, a nossa Gafanha da Nazaré. Por aqui andou desde menino, brincando com miúdos da sua idade nas ruas da nossa terra, enquanto sua mãe fazia os seus negócios de porta em porta, caiando casas, também, o que fazia com mestria, pois, como me garantiu, não deixava "santos" nas paredes por onde passavam a broxa e os pinceis.
Quem conheceu o capitão Valdemar, como é mais conhecido na região, sabe que a sua vida, de sonhos realizados e por realizar, de lutas insanas, de canseiras teimosamente enfrentadas e de desafios constantes, daria um romance. De qualquer forma, os seus escritos, memorialistas na sua pureza literária, são romances que podem ser apreciados pelo leitor comum. São, indubitavelmente, retratos da sua vida de marinheiro desde jovem, subindo a pulso as escadas íngremes dos navios como na vida.

Fernando Martins

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025

Dia dos Namorados

Celebra-se hoje, 14 de Fevereiro, o Dia dos Namorados, que nos leva a uma reflexão sobre o amor dos casais. Todos e de qualquer condição social e idade. Por experiência própria, garanto que sempre sentimos que o amor verdadeiro se cultiva no dia a dia, quer chova quer faça sol, em momentos de alegria e de tristeza.
Os que se amam sabem, decerto por experiência partilhada, por educação e formação, que o amor necessita de comunhão de sentimentos e partilhas de emoções.
Nós, Eu e a Lita, casados quase há 60 anos, depois de um namoro de dois, saudamos, com muita ternura, os nossos filhos, netos e bisneta, genro e nora e demais familiares e amigos.


Lita e Fernando

O nosso Farol


Hoje foi dia de arrumar fotos antigas. Náo há dúvidas que se trata do nosso Farol, com toda a sua imponência. Não sei o ano, mas que é antigo, lá isso é.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Um conto de vez em quando - Maria do Céu

Com os anos a pesarem, a varredora arrasta-se no seu labor mecanizado na busca das folhas caídas do arvoredo. Empregada da empresa encarregada do asseio citadino, vejo-a com frequência da esplanada do bar onde matinalmente costumo saborear o café de mistura com o ar puro que o parque me oferece. A mulher deambula de um lado para o outro indiferente aos olhares de quem está ou passa. Baixa-se com dificuldade, puxa com as poucas forças que lhe restam o saco preto de plástico semicheio de lixo, ergue-o a custo para o despejar no carro de mão e volta à cata de mais folhas, mas também de papéis atirados para o chão por gente graúda e miúda que corre apressada, sem cuidar de saber das recomendações que periodicamente se badalam para haver respeito pela limpeza do ambiente, que é casa de todos.
De quando em vez, o capataz lá aparece para dar as suas ordens: — Olhe ali; quero isto limpinho como um brinco; não quero queixas de quem paga!
Maria do Céu, assim se chama a mulher que me prende a atenção e os sentimentos nascidos à sombra de quem sofre e luta, obedece apressada sem mostrar enfado, num gesto mecânico de quem está habituada a cumprir ordens.

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Monos e humanos origem e originalidades


O que é o Homem?
Ao longo dos séculos, foram-se sucedendo, numa lista quase interminável, as tentativas de resposta: animal que fala, animal político (Aristóteles); animal racional (os estóicos e a Escolástica); realidade sagrada (Séneca); um ser que pensa (Descartes); uma cana pensante (Pascal); um ser que trabalha (Marx); um animal capaz de prometer (Nietzsche); um ser que cria (Bergson); um animal que ri, um animal que chora, um animal que sepulta os mortos... Saído da gigantesca aventura cósmica com uns 13.700 milhões de anos, o Homem tem, segundo Edgar Morin, “a singularidade de ser cerebralmente sapiens-demens” (sapiente-demente), ter, portanto, com ele “ao mesmo tempo a racionalidade, o delírio, a hybris (a desmesura), a destrutividade”.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Um poema de Miguel Torga - A Largada



A largada

Foram então as ânsias e os pinhais
Transformados em frágeis caravelas
Que partiam guiadas por sinais
Duma agulha inquieta como elas...

Foram então abraços repetidos
À Pátria-Mãe-Viúva que ficava
Na areia fria aos gritos e aos gemidos
Pela morte dos filhos que beijava.

Foram então as velas enfunadas
Por um sopro viril de reacção
Às palavras cansadas
Que se ouviam no cais dessa ilusão.

Foram então as horas no convés
Do grande sonho que mandava ser
Cada homem tão firme nos seus pés
Que a nau tremesse sem ninguém tremer.

Miguel Torga

Memorial Floresta

  

NOTA: Porque gostei de reler, aqui fica mais uma vez. Serra da Boa Viagem na Figueira da Foz.

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

O quarto rei mago

Há uma lenda que, sem fazer parte da Revelação, nos ensina o que Deus espera de nós.
Conta-se que havia um quarto Rei Mago, que também viu brilhar a estrela no firmamento e decidiu segui-la. Como presente pensava oferecer ao Menino um cofre cheio de pérolas preciosas. Contudo, no seu caminho, foi encontrando diversas pessoas que iam solicitando a sua ajuda.
Este Rei Mago ajudava-as com alegria e diligência, e ia deixando uma pérola a cada pessoa. Isso foi atrasando a sua chegada e esvaziando o cofre. Encontrou muitos pobres, enfermos, condenados e miseráveis, e não podia deixar de os atender. Ficava com eles o tempo necessário para lhes aliviar os seus sofrimentos e, depois, retomava o seu caminho, que era interrompido, inevitavelmente, por outro desvalido.

Pelos Arredores de Aveiro

João Evangelista de Lima Vidal
Veio a ser o primeiro Bispo de Aveiro

D. João Evangelista 

«À Gafanha, a Verdemilho, a São Bernardo e à Presa eram os passeios que eu mais preferia nas minhas férias de professor de Coimbra.
Quem me levava sobretudo à Gafanha era a água que, taumaturga por excelência, com o seu contacto, com o seu murmúrio, com as suas frescas exalações, me aquietavam brandamente os nervos, mais ou menos fora do ritmo pela continuidade das excitações académicas; e para tal ela não precisava mais do que duma sessão: à primeira vez era logo.
O que era necessário, porém, era que por acaso não se agarrasse como uma carraça aos lombos de um boi, a pessoa que ao tempo tinha em Aveiro a fama mais bem merecida e autenticada de maçador. Nesse caso estava perdido. Não mais nos largava.
Podíamos nós fazer menção, abrindo o breviário e pondo na devida ordem os registos, erguendo seraficamente os olhos ao céu como quem implora os seus auxílios para a oração, podíamos nós fazer menção por essa límpida forma de adiantar as Horas canónicas enquanto era dia, não sortia o expediente resultado absolutamente nenhum, já que o algoz não dava conta ou pelo menos não parecia dar conta destas manobras da sua vítima; continuava implacavelmente a mó a moer.

domingo, 9 de fevereiro de 2025

Efemérides de Março



Se pensarmos um pouco, descobriremos que uma terra, qualquer que ela seja, tem sempre efemérides que preenchem a sua história. E a Gafanha da Nazaré está carregada de eventos que ouso lembrar de quando em vez. Em março, no dia 12 de 1860, foi iniciada a construção da primeira estrada que atravessou a região da Gafanha até ao Forte e que foi batizada, em data posterior, com o nome de Av. José Estêvão. Contudo, é justo lembrar que esta estrada, bem como outras que se construíram naquela época, se ficou a dever à influência de José Estêvão.
Curioso será imaginar o movimento que esta longa estrada teve, em épocas de veraneio, com destino às praias da Barra e Costa Nova, sobretudo aos fins de semana. Na altura, dizia-se que era a estrada rural com maior trânsito no país. Seria exagero, mas ouvi essa afirmação inúmeras vezes. Também neste mês, no dia 24 de 1862, se iniciou a construção da ponte que ligava Ílhavo à Gafanha. E em março de 1885 iniciou-se a construção do nosso Farol, que foi inaugurado em 31 de agosto de 1893

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2025

Casas Flutuantes


Ter uma casa sobre águas deve ser interessante, mas tem os seus quês. Todavia, há países onde tal é possível, nomeadamente, em Inglaterra ou na Holanda. É claro que não será muito prático para o dia a dia de quem trabalha. Não direi o mesmo para quem está livre de horários. Aliás, os nossos moliceiros viviam nos barcos quando tinham de conjugar o trabalho (apanha do moliço) com as horas das marés. Contudo, vamos admitir que umas férias num  espaço para meditação ou reflexão, uma casa dessas daria jeito.

Minha Mãe

«A minha mãe morreu faz um ano: 7 de Junho de 2009, duas horas da tarde. Desde então, não paro de a recordar, de a reter, de a reaver, de a recuperar, de a restituir, de a reviver, de a reerguer. Estes 12 meses têm sido a serigrafia de um original. Nele, vejo o seu rosto em todas as estações interiores. Vivi este ano como se vivesse o anterior em reverso, em negativo, em ausência. Estou nos lugares que foram dela. Toco os objectos que eram seus. Recordo os acontecimentos que foram nossos. Esse caminho não tem regresso. É por isso que se faz. Repete-se, mas já não é o mesmo. Gasta-se. Gasta-nos.»

José Manuel dos Santos, 
no suplemento Actual do EXPRESSO


Nota: Faço minhas as palavras do autor deste texto.

ABUSOS SEXUAIS: Conhecer Prevenir Agir

 

Prémio - Cultura do Mar



A 7.ª edição do Prémio de Estudos em Cultura do Mar - Octávio Lixa Filgueiras, promovido pelo Município de Ílhavo, através do Museu Marítimo de Ílhavo, tem candidaturas abertas até 31 de maio.
O prémio, com um valor pecuniário de 3.000 euros, distingue autores de dissertações académicas ou de trabalhos de investigação inéditos e realizados no âmbito da cultura marítima-fluvial, nomeadamente nas áreas da História, Antropologia e Etnografia Marítima, Arquitetura Naval, Arqueologia Naval e Subaquática, Patrimónios Marítimos e Museologia.
Pretende-se com este prémio, instituído em 2012 pelo Museu e pela Câmara Municipal de Ílhavo, evocar e divulgar a obra e memória do Professor Arquiteto Octávio Lixa Filgueiras, um dos mais reconhecidos investigadores portugueses em temas de Cultura do Mar.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

Arbusto na noite


Na noite escura sobressai a beleza do arbusto.

Figueira da Foz - Recordações - 1


Estou ligado à Figueira da Foz por laços muito especiais. Desde o ano 2000, comecei a frequentar aquela linda cidade com praia extensa e muito acolhedora. Por lá passei com a família inúmeras temporadas, ao sabor dos apetites pessoais e familiares, sem tempo para dar azo a qualquer cansaço.
Nos princípios, sentimos a necessidade de conhecer cada recanto, praça, instituições e muita gente. Além da nossa região, Gafanhas e arredores, passámos a apreciar os ares figueirenses como nossos, também. Mas se o ambiente me agradou, cansou outros, o que é legítimo. E agora, só de passagem, que não é a mesma coisa.

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2025

Pescadores da Ria


Os pescadores da nossa Ria lá andam na safra da pesca à linha com anzóis. Aqui está um ambiente sereno, sem ondulação e sem sinais de vento. Mas o que mais me impressiona é a paciência dos protagonistas.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2025

Sorri sempre


Sorri! Sorri sempre
Ainda que o teu sorriso
Seja triste…
Porque mais triste
Que o teu sorriso triste
É a tristeza
De não saber sorrir!...


Recordando Bento XVI - Maio de 2010

Eu estive lá!



Foi com grande emoção, contida com esforço, que ouvi hoje (12 de maio de 2010), ao vivo, o Santo Padre Bento XVI, no principal auditório do Centro Cultural de Belém (CCB).
Um silêncio profundo encheu a sala antes da entrada do Papa, e quando «o homem vestido de branco» assomou ao pano de fundo do palco, os aplausos explodiram de alegria.
Não era o filósofo apresentado nos mais recentes debates e escritos nem o teólogo proclamado ainda antes de se sentar na cadeira de Pedro. Não era o alemão frio e tímido que toca piano e se debruça sobre os clássicos. Não era o Papa fechado sobre si mesmo e que come à mesa sozinho. Não era o homem carismático continuamente comparado com o seu predecessor João Paulo II. Quem chegou afinal?
Chegou ao CCB o sucessor de Pedro, o que traiu o Mestre, mas a quem Jesus recomendou que nos confirmasse na fé; chegou o continuador da cadeia apostólica, que carrega aos ombros as certezas e dúvidas das comunidades católicas em caminhada de busca e de aprendizagem da vivência da compaixão e do perdão; chegou o pastor universal com a missão de guiar todos os homens e mulheres de boa vontade rumo a uma sociedade mais fraterna.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Marcas fundamentais de um moliceiro



Os painéis da proa e da ré são marcas fundamentais e típicas dos moliceiros da Ria de Aveiro, onde se destaca a malícia e o colorido. Apreciem, por favor.

As «alminhas»

As «alminhas», isto é, pequenos altares de oração e misericórdia dedicados às almas do purgatório, começaram por aparecer em Portugal – especialmente na região norte e centro do país – a partir do século XVIII. 
Construídos à beira da estrada, nos cruzamentos dos caminhos, nas paredes das casas ou junto às pontes ou margens dos rios, traduziam tentativas de debelar inseguranças e medos próprios do quotidiano, especialmente sentidos nesses locais. 
Relativamente à sua localização, passaram igualmente a sinalizar, mais tarde, espaços onde tragédias, desastres, mortes ou outros tipos de crime ocorreram. Enquanto exemplos de uma piedade devocional popular, construídas por rústicos artesãos-artistas, materializavamse em pequenos nichos ou capelinhas miniatura com grades de ferro. 
Habitualmente compostas por um painel, nele produziam-se composições em azulejo, pintadas a óleo, de baixo-relevo em madeira ou modeladas em barro vermelho, representando o fogo purificador do Purgatório e as almas em súplica, aparecendo como intercessores Cristo, a Virgem, Santos ou Anjos. Possuíam ainda inscrições implorando por esmolas e orações aos que por elas passavam.

Nota: 
1 - Publicado na Revista Agenda-Fevereiro da CMI;
2 - Foto do meu arquivo.

Merece um passeio


Esta ponte merece um passeio, mas escolham a hora da maré cheia. Tem outra graça, sobretudo para sonha com uma passagem pela Ria.

sábado, 1 de fevereiro de 2025

Flores do nosso quintal


 Flores do nosso quintal fotografadas por mim, que não sou artista. O Google resolveu dar uma ajuda e aqui apresento o resultado.

Salina




Já por aqui afirmei que as Salinas (marinhas de sal) estão a desaparecer. Cntudo, houve o bom senso de manter uma para turista ver. Entre as minhas fotografias encontrei esta que aqui fica para memória futura.

Donald Trump. Que Deus?

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Ao terminar a minha colaboração semanal no DN, quero deixar uma homenagem sentida a uma mulher, a bispa episcopaliana Mariann Edgar Budde, e a tantas e tantos que, com inteligência e coragem, continuam a missão do Evangelho de Jesus.

1. No passado dia 20, no seu discurso de tomada de posse, Donald Trump declarou triunfalmente que começava “a era de ouro” da América. Fora salvo por Deus da bala assassina, “para fazer a América grande outra vez”; a partir de agora, “há apenas dois géneros: masculino e feminino” e um novo sistema de imigração nas fronteiras e a deportação massiva de imigrantes ilegais, delinquentes...

Para começar o dia

Para começar o dia na esperança de que o Sol nos visite e aqueça, aqui publico uma foto de Aveiro, com o objetivo de nos desafiar a estudar a história da nossa capital do Distrito.

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Propriedade agrícola dos nossos avós

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