domingo, 8 de abril de 2012

As mulheres na Páscoa

Texto de Bento Domingues no PÚBLICO



Miguel Torga - Páscoa

Páscoa 

Um dia de poemas na lembrança
(Também meus)
Que o passado inspirou.
A natureza inteira a florir
No mais prosaico verso.
Foguetes e folares,
Sinos a repicar,
E a carícia lasciva e paternal
Do sol progenitor
Da primavera.
Ah, quem pudera
Ser de novo
Um dos felizes
Desta aleluia!
Sentir no corpo a ressurreição.
O coração,
Milagre do milagre da energia,
A irradiar saúde e alegria
Em cada pulsação.

Miguel Torga
In Diário XVI

Os Ciganos: 8 de abril

Texto de Maria Donzília Almeida


 

Há uns dias atrás, quando me encontrava, no jardim, num hobby que me preenche algum tempo livre, ouvi chamar:_Professora! Não se lembra de mim? Fiquei surpreendida, pela figura inesperada duma ciganita, que me interpelava, com uma criança ao colo. - Sou a S...! De imediato, a memória me trouxe, à tona, aquele ano de 2000 e..., em que um casalito de ciganos integrava a turma do Ensino Recorrente de adultos. 
Era uma criança com um olhar irrequieto que vinha frequentar o curso, num programa de integração. Ao lado, como companheiro de carteira e de jornada, estava o Ma.... A Sab... tinha catorze anos, o Man... tinha dezoito. Viviam num acampamento, na Gafanha, onde várias gerações coabitavam no mesmo espaço, numa promiscuidade que se adivinha pouco compatível com a privacidade duma vida íntima. Mesmo assim, nestas condições de vida e de habitabilidade, a ciganinha estava grávida! Aos catorze anos! Recordo o desvelo com que a tratávamos, especialmente, o presidente da equipa pedagógica, que mais parecia um médico de família! Era a nossa menina, que andava a aprender... para ser mãe! 

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 285


PITADAS DE SAL – 15


AS TÉCNICAS


 Caríssima/o: 

Andava com as palavras às voltas sem bem saber que dizer e escrever sobre as técnicas usadas na fabricação do sal, quando li estas de alguém que sabia do que falava:



«O sal de Aveiro não nasce, como nascem e medram os frutos silvestres. 
É feito pelo marnoto, com o seu talento, sofrimento e dedicação. 
Sem estes, que sintetizam toda a valorização desta figura regional tão típica, o sal de Aveiro não mostraria aquele seu reluzir inebriante quando o Sol lhe cai em cima e o afaga. 
O sal de Aveiro tem os seus pergaminhos, e ostenta uma linhagem que o distingue e o torna preferido, – quer, ainda pela delicadeza dos seus cristais, provinda da delicadeza com que o acariciam as mãos do nosso marnoto! Dele colhe, ao nascer, os carinhos indispensáveis à sua fina estirpe, não vão as suas mãos feri-lo e conspurcá-lo quando é retirado do seu leito natalício que um ténue lençol de água cobre docemente... 
...É então que o seu progenitor revela toda a sua arte, rendo-o mansamente na terna preocupação de o trazer para a luz do dia são e escorreito. Este pormenor da natalidade e da vivência do sal de Aveiro, – com os seus épicos ressaibos de drama e de glória – põe em evidência toda a grandiosa epopeia do trabalho do marnoto de Aveiro e o singular merecimento do nosso sal.» [“Sal de Aveiro ─ epopeia dos marnotos”, dr. Victor Manuel Machado Gomes] 

Acompanhámos a botadela na marinha da «Novazinha das Canas» e observámos o trabalho, a canseira e a experiência postos à prova nas tarefas mais exigentes, que só o marnoto executava. Pois bem, não imaginamos o que foi preciso até se chegar a este dia; e estamos tentados a dizer que o marnoto e os moços mereciam agora um descanso reparador... 

Ora, por Março ou Abril se inicia(va) a safra, observando os estragos da invernia e fazendo: escoamento das águas da marinha, reparação dos estragos, limpeza e reconstrução da marinha, estrangedura e cura. 

Agora a marinha está preparada para a botadela.
E sem qualquer intervalo ou interrupção (a não ser provocado pelo tempo menos próprio...) seguem-se a gestão das águas, recolha, acumulação e transporte do sal. 

Resta desejar boa sorte e esperar que seja um ano de colheita abundante!

Mas para isso, além da arte, talento e dedicação do marnoto é preciso que o “S. Pedro dê uma ajudinha”, com sol e vento de feição! 

Santa e feliz Páscoa!

Manuel

sábado, 7 de abril de 2012

O CRUCIFICADO RESSUSCITOU. ALELUIA!

Reflexão de Georgino Rocha




A manhã da Páscoa contrasta profundamente com as trevas que se abatem sobre a terra aquando da morte do Nazareno. Com as trevas, vem o silêncio profundo. Com a aurora da manhã surgem a correria, a agitação, a comunicação e outros dinamismos de vida em efervescência. Protagonizam este processo Maria Madalena, o discípulo que Jesus amava e Pedro. A este primeiro círculo, outros cada vez mais amplos se sucedem. Todos assumem atitudes que se tornam paradigmas do itinerário da fé cristã contagiante: trazer ao coração a memória do sucedido, abrir-se à surpresa da ocorrência, ir em busca de sinais credíveis, examinar os vestígios, deixar-se iluminar pela Escritura, reconhecer a novidade do acontecimento, partilhar com outros a energia transformante e o sentido transcendente que comporta, fazer comunidade.

Teólogo condenado: da criação à ressurreição

Texto de Anselmo Borges, no DN

Andrés Torres Queiruga.


Enquanto o Papa, em Cuba, fazia apelo à liberdade, a Comissão para a Doutrina da Fé da Conferência Episcopal Espanhola publicava uma Notificação - na prática, para a opinião pública, a condenação de mais um teólogo, Andrés Torres Queiruga. Como se a liberdade fosse para os outros e não devesse vigorar também no interior da Igreja.
Para muitos - também para mim -, A. Torres Queiruga é um dos maiores teólogos católicos vivos. No meu entendimento, foi e é o teólogo que de modo mais profundo e conseguido enfrentou o cristianismo com a modernidade e a modernidade com o cristianismo. Desgraçadamente, alguns teólogos e bispos espanhóis não pensam assim.
O que aí fica é tão-só, na medida em que o permite uma crónica de jornal, o que considero nuclear no pensamento de A. Torres Queiruga.

Dia Mundial da Saúde: 7 de abril


Texto de Maria Donzília Almeida




"A objecção, o desvio, a desconfiança serena, 
a vontade de troçar são sinais de saúde: 
tudo o que é absoluto pertence à patologia." 

Friedrich Nietzsche



Segundo a OMS, (Organização Mundial da Saúde), a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de doenças. 
Quando, nos tempos da monarquia, a saúde se pagava em reis, ter “dez reis de saúde”, significaria ser saudável? 
Devemos pensar a saúde, como profilaxia da doença e não como o tratamento dela. É claro que este está tão enraizado, dando lucros a tanta gente que a mudança de paradigma é hoje uma tarefa hercúlea. Discutem-se sempre tratamentos, investimento em medicação e vemos a factura da saúde inflacionar, de forma alucinante. 
A saúde começa na educação dos seus utentes, na responsabilização pela sua qualidade de vida. Vêem-se pessoas recorrer aos hospitais, para fazerem um check-up "gratuito"... Não terão as pessoas desresponsabilizado o seu papel na saúde, transferindo-o para os profissionais?

PESQUISAR

DESTAQUE

Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

https://galafanha.blogspot.com/

Pesquisar neste blogue

Arquivo do blogue