terça-feira, 12 de abril de 2022

Um poema de Miguel Torga para este tempo


HOSSANA

Junquem de flores o chão do velho mundo:
Vem o futuro aí!
Desejado por todos os poetas
E profetas
Da vida,
Deixou a sua ermida
E meteu-se a caminho.
Ninguém o viu ainda, mas é belo.
É o futuro...

Ponham pois rosmaninho
Em cada rua,
Em cada porta,
Em cada muro,
E tenham confiança nos milagres
Desse Messias que renova o tempo.
O passado passou.
O presente agoniza.
Cubram de flores a única verdade
Que se eterniza!

Miguel Torga

In POESIA COMPLETA



Miguel Torga

segunda-feira, 11 de abril de 2022

Vivo bem com os meus silêncios

Quem levou uma vida superativa, com família em crescendo, profissão desgastante e atividades sociais e eclesiais envolventes, estranha agora uma relativa tranquilidade, que não leva, contudo à preguiça. Há sempre algo para fazer, com ou sem horário, que me garante ser a vida para viver à medida  do que surge.
Vem isto a propósito das horas do dia que são as mesmas de sempre. Mas se não tenho horas marcadas praticamente para nada, quando me levanto sinto necessidade de me envolver, física e emocionalmente, em tarefas do meu agrado: leio livros que não faltam por aqui, escrevinho umas notas, olho de soslaio para a TV, se ligada, ouço música gravada, estou atento às notícias, leio jornais e revistas e converso com quem está em casa ou nos visita.
Por estranho que pareça, não sinto que o isolamento pandémico ou procurado, neste caso tão do meu agrado, não me incomoda nada. Vivo bem com os meus silêncios, embora aprecie uma boa cavaqueira de vez em quando 

F. M. 

"Esquecer os deveres básicos da solidariedade é uma violência,
uma cobardia escondida em nome do bom senso.”

Mia Couto, escritor

Em Escrito nas Pedra
do jornal PÚBLICO de hoje

Semana Santa ou Semana da Coligação Assassina?

Crónica de Bento Domingues 


Frei Bento Domingues
Os poderes judaicos procuraram encostar Pilatos à parede e Pilatos responsabiliza-os por tudo o que aconteceu. Agora, temos na própria Europa, novas narrativas de destruições e massacres incríveis, mais precisamente na Ucrânia.

1. Com o Domingos de Ramos começa a Semana Santa e é proclamada a Paixão de Cristo, segundo S. Lucas [1]; na Quinta-feira, a leitura da Última Ceia é de S. João [2] ; é do mesmo evangelista a leitura da Paixão na Sexta-Feira [3]. Esta é uma selecção. De facto, existem quatro narrativas, tantas como os Evangelhos. São textos essenciais porque é em torno das razões da condenação de Jesus à morte, da teimosia experiencial em dizer que Ele ressuscitou, que pelo seu Espírito reúne e anima todos os que acolhem o seu projecto de abertura universal, que se afirmaram os movimentos cristãos.
Importa ter presente que a escrita dos textos do Novo Testamento recolhe várias tradições orais. É feita bastante depois dos acontecimentos. Não são escritos de reportagem. São interpretações de comunidades que viviam e celebravam a certeza de que, com Jesus, participavam no advento de um céu novo e uma nova terra [4]. Celebravam, faziam memória e viviam, no seu presente, o que depois foi passado a texto. Os exegetas, de várias gerações e com problemáticas diferentes, têm trabalhado para encontrar os traços do Jesus histórico e o Cristo da fé.

sábado, 9 de abril de 2022

Domingo de Ramos para abrir a Semana Santa

Fora dos meus espaços habituais, com o portátil senti-me em casa. O burburinho era próprio dos ambientes públicos onde uma brusca corrente de ar me levou a espirrar. Olharam para mim como se o espirro fosse próprio do Covid-19. Mas não será. Ainda ontem um teste acusou negativo. Contudo, nunca estaremos livres de perigo.
É sábado com temperatura amena, perspetivando-se um simpático fim de semana. Pressinto esse desejo no rosto das pessoas. E as crianças brincam alegremente alheias às guerras. Deus queira que nunca sofram diretamente os dramas provocados por homens loucos, que os houve em todos os tempos. A felicidade das crianças é bonita de se ver pela espontaneidade das suas brincadeiras e atitudes. Uma recusou-se a subir pelo tapete normal. Conseguiu avançar pelo que era de descer. E ficou feliz pela sua vitória.
Há pessoas assim. Gostam de remar contra a maré, embora essa teimosia lhes exija muito mais esforço.
Amanhã é domingo. Para os cristãos, é Domingo de Ramos. Começa a Semana Santa que culminará com a Páscoa da Ressurreição. Como cristão, vou procurar vivê-la em espírito de serena reflexão.

F. M.

Para os céticos, há sempre um mas...

Todos temos assistido em direto à guerra que a Rússia inventou e dinamizou para dramatizar e aterrorizar o mundo, já de si tão complexo e sofredor em tantos recantos do globo. Desde a época em que nasci, fui dando conta de guerras por perto e por longe que me deixavam espantado e inquieto sobre a incapacidade de os povos se entenderem por palavras e atitudes de bem e de justiça, capazes de gerarem fraternidade. Mas afinal, não tem sido possível nem será viável na minha geração, pelo que posso concluir.
A guerra cruel que a Rússia inventou com a sua megalomania e levou a cabo para tristeza da humanidade gerou  gente desesperada em fuga, deixando para trás familiares e amigos, uns em luta contra o invasor e outros mortos sem dó nem piedade. Tudo isto em pleno século XXI, era de tantos atos civilizacionais e humanistas que enformam e unem povos de etnias várias e culturas diversificadas, a par de imensas descobertas que nos espantam e nos sugerem caminhos de tantas felicidades.
As atrocidades, hora a hora exibidas nos órgãos de comunicação social, graças ao trabalho possível, competente e corajoso de profissionais experientes, não consegue convencer gente de ideias feitas, mas incapazes de abrir os olhos e as mentes à realidade dos factos. Para estes céticos, há sempre um mas...

Fernando Martins

OPI ANSELMO BORGES Francisco vai a Kiev?

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias

1 - Depois de uma invasão injustificável e uma uma guerra cruel, com milhões de deslocados e refugiados, crianças traumatizadas para sempre, prédios arrasados, o que fica para trás, após a retirada russa de perto de Kiev, nomeadamente em Butcha, é de uma atrocidade de pesadelo: corpos de civis com as mãos atadas e assassinados, valas com cadáveres ao abandono, mulheres violadas, num cenário de tragédia indescritível. Não há palavras. E alguém beneficia com estas atrocidades? Aqui, veio-me à mente um livrinho famoso. O seu autor: Carlo M. Cipolla (1922-2000), historiador da economia O seu título: As leis fundamentais da estupidez humana, de que fica aí uma resumo.

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Ferry "Cale de Aveiro" já operacional

 
O “Cale de Aveiro” esteve em manutenção durante o último mês, mas já voltou a fazer a ligação a São Jacinto,  no passado dia 6 deste mês. Ainda bem para quantos vivem ou trabalham em São Jacinto, uma freguesia do concelho de Aveiro.

Humilhado na Morte, Glorificado na Ressurreição

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo de Ramos, 
Pórtico da Páscoa



"A paixão de Jesus consiste em viver para os outros, correr os riscos desta opção e pagar a respectiva factura de incompreensão e morte. Não é simples compaixão ou ingénua comiseração."

Hoje, domingo de Ramos, não somente recordamos um feito histórico, mas um acontecimento de fe; fazemos solene profissão de fe em que a cruz e morte de Cristo são, definitivamente, uma vitória. Palmas e ramos, sinais populares de vitória, manifestam que a morte na Cruz é caminho de vitória. Lc 22, 14 – 23, 56
A paixão de Jesus condensa e realiza, de forma sublime, o seu amor pelo bem dos outros. Mostra, com clareza, o centro da sua vida e missão. Une, de modo feliz, a dedicação às pessoas, com o desejo intenso de Deus Pai salvar a todos/as. Leva ao extremo a capacidade de doação que perdoa aos verdugos, suporta o abandono dos amigos, vibra e chora com a dor da multidão, aceita a ajuda dos que o acompanham na caminhada pública, solidariza-se com a sorte dos excluídos e condenados e condói com toda a humanidade.

quinta-feira, 7 de abril de 2022

PÁSCOA — Primeiro domingo depois da Lua Cheia


A Páscoa é uma festa móvel. Celebra-se sempre na Primavera, a partir de 21 de Março (Equinócio da Primavera  — dia igual à noite). A Páscoa é sempre no primeiro domingo depois da Lua Cheia. Confira num calendário lunar. A partir daí, procura-se o início da Quaresma  — 40 dias antes da Páscoa. E o Entrudo, na terça-feira que antecede o tempo de caminhada para a Páscoa, festa da Ressurreição de Jesus Cristo.
Boa Páscoa para todos, com saborosos folares.

quarta-feira, 6 de abril de 2022

Deus ajuda a quem se ajuda

Oportuna reflexão 
de Manuel Alte da Veiga

“Rezar” só para pedir que tudo corra a nosso gosto faz lembrar a crítica de Jesus, na linha de tantos salmos e avisos de profetas: “Este povo louva-me com os lábios mas o seu coração está longe de mim.”

À pandemia seguiu-se a seca e rebentou Putin. O mais grave, porém, é que todos nos comportámos como sentinelas ensonadas – até por conveniência pessoal.
Ao pedir ajuda a Deus, será que damos a devida importância ao reconhecimento da culpa que nos cabe – por actos, pensamentos e omissões?
Em vez de encobrir os erros e comportamentos irresponsáveis do passado, precisamos de palavras sinceras e reflectidas sobre como deles tirar a devida lição. Ou será que achamos não valer a pena arranjar coragem para enfrentar a verdade e agir coerentemente? Ou que nos paralisa o medo de desagradar aos fanáticos e poderosos adoradores do Dinheiro – esses que são o mais terrível flagelo da Humanidade?
Contudo, sabemos que cada qual recebe de Deus um ou mais “talentos”, que hoje significam capacidades de trabalho produtivo. Esta imagem traduz o sentimento de que viemos a este mundo e dele saímos sem sermos previamente consultados – mas com a missão de pôr a render a “energia vital” que transparece em cada ser humano.
Ao longo da História, só muito lentamente nos fomos dando conta de que todos nós, por mais insignificantes ou inúteis que pareçamos, somos imprescindíveis para a evolução da Humanidade. Todos somos transmissores dessa energia vital. E todos concorremos para mutuamente estimular a capacidade intelectual, criativa e afectiva, que permita analisar e intervir nos graves problemas que nos afectam.

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