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O dito e o feito

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"Qualquer pessoa com bom senso e uma mente perspicaz irá tomar a medida de duas coisas: o que é dito e o que é feito" S. Heaney, escritor Publicado em ESCRITO NA PEDRA do PÚBLICO 

Assim foi o nosso Agosto de outras eras

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Chaves - Ponte romana Lita comigo em Chaves O mês de Agosto aí está na sua reta final. Faltam algumas horas e já pressinto a tristeza de muitos com o adeus a este mês, com tudo o que ele proporcionou de bom. As férias naturais dos portugueses estão de partida, deixando-os livres para o romance da vida. Agosto é mês de férias desde que me conheço. Escolares, as primeiras, em várias fazes da minha vida, seguindo-se as outras, de trabalhos e canseiras. Por fim, as definitivas. Aquelas que nos segredam sem ninguém ouvir: Descansa que trabalhaste bastante. Bastante? Tanto quanto o necessário, mas garanto que não estou nada arrependido. Se voltasse atrás, talvez percorresse os mesmos caminhos, risonhos, uns, para esquecer, outros. E agora, quando acordo e salto da cama, relógio no pulso sem dele precisar, entro na azáfama de dar corda à roda do dia, que parar é morrer, dizem, decerto com razão. Depois, meses e meses a pensar nas próximas férias, minhas e dos demais, que por contágio mexem co...

Festa em honra da nossa Padroeira

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Com as limitações impostas pela pandemia do Covid-19, a festa em honra de Nossa Senhora da Nazaré ficou circunscrita à Eucaristia. Não houve procissão, que teria passado pelo largo do Cruzeiro com arranjo dignificante, e muito menos foi possível o arraial, com músicas, concerto de banda e foguetório próprios do último domingo de agosto na Gafanha da Nazaré. Contudo, estamos em crer que em 2022 tudo se normalizará, para gáudio do nosso povo. A Eucaristia festiva foi celebrada às 10h30 pelo nosso prior, Padre César Fernandes, que tinha a ladeá-lo, no espaço do altar-mor, a Irmandade e os mordomos da festa, bem como diversos colaboradores. As autoridades civis, Câmara e Junta de Freguesia, e outras instituições também se associaram, como é habitual. Os cânticos entoados pelo grupo coral estavam em sintonia com a homenagem à nossa Nossa Padroeira. O nosso prior agradeceu a presença de todos e formulou votos de que no futuro possamos congregar todo o povo em torno dos festejos que vêm dos n...

AVEIRO: Artes no Canal

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Aveiro é uma cidade bonita.  Em cada canto há motivos para apreciar e sentir o palpitar dos aveirenses.  Quem passa a correr jamais a descobrirá na sua plenitude.  No segundo sábado de cada mês, há Artes no Canal.  Arte e artesanato variados dão vida ao centro de Aveiro.  Muita gente para passear, ver e comprar.  Há de tudo para todos os gostos de ambos os lados do canal central.  O dia lindo convidava a sair de casa. Os moinhos da minha meninice e infância ali estavam.  Como recordo a arte de os fazer!  Um avô passa com netinho que corre para os moinhos,  que giravam alimentados pelo ventinho.  Teve direito a um que ergueu ufano.   Para quem se esqueceu do chapéu no carro,  aquela tenda terá valido a muita gente.  Eu tive direito a um boné fresquinho para o verão que temos. A nossa Gafanha não podia faltar.  João de Mello, quase meu vizinho, que não via há anos, é  artesão por paixão.  Lá estava com as...

CRUZEIRO - Espaço foi dignificado

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     Cruzeiro da Gafanha da Nazaré                  O Cruzeiro da Gafanha da Nazaré, cuja história pode ser lida aqui , beneficiou de um melhoramento significativo. Foi requalificado o espaço com a aquisição de um terreno. Na minha ótica, ficou assim dignificado um espaço com muitas memórias dos nossos maiores. Apenas um reparo: Não seria possível eliminar os fios eléctricos que se cruzam  naquela zona?

O mistério de um rosto, de um olhar, e a burqa

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Crónica de Anselmo Borges  no Diário de Notícias (Foto das  redes socias) A beleza estonteante do riso num rosto nunca será explicada pela física. Penso que a química nunca há-de explicar as lágrimas de alegria, de dor, de horror, de compaixão, que nascem da fonte do olhar e descem por um rosto. 1 - Um rosto é um milagre. Há hoje no mundo quase 8 mil milhões. Nenhum igual a outro: cada rosto é único. Um rosto é a visita do infinito e a sua manifestação viva no finito. Nunca ninguém viu o seu rosto e o seu olhar a não ser num espelho e sobretudo no olhar de outro rosto. Para rosto há muitos nomes: rosto, cara, face, aspecto, máscara-pessoa. De um modo ou outro, todos indicam a visibilidade de um alguém. Que é um rosto senão alguém que se mostra na sua aparição? O rosto é a nossa exposição, o nosso estar voltados para os outros e para a frente, para diante. O que vai na alma vem ao rosto. Há o rosto sereno, ou amargurado, ou severo, ou alegre, ou rancoroso, ou triste, esfarrapad...

Correspondência ao mar

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Mar dos Açores - São Miguel Quando penso no mar A linha do horizonte é um fio de asas E o corpo das águas é luar, De puro esforço, as velas são memória E o porto e as casas Uma ruga de areia transitória. Sinto a terra na força dos meus pulsos: O mais é mar, que o remo indica, E o bombeado do céu cheio de astros avulsos. Eu, ali, uma coisa imaginada Que o Eterno pica, Vou na onda, de tempo carregada, E desenrolo… Sou movimento e terra delineada, Impulso e sal de pólo a pólo. Quando penso no mar, o mar regressa A certa forma que só teve em mim ‑ Que onde acaba, o coração começa. Começa pelo aro das estrelas A compasso retido em mente pura E avivado nos vidros das janelas. Começa pelo peito das baías A rosar-se e crescer na madrugada Que lhe passa ao de leve as orlas frias. E, de assim começar, é abstrato e imenso: Frio como a evidência ponderada. Quente como uma lágrima num lenço. Coração começado pelos peixes, És o golfo de todo o esquecimento Na minha lembrança que me deixes, E a rosa ...

Camada de pó e cultura

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"Pela grossura da camada de pó que cobre a lombada dos livros de uma biblioteca pública pode medir-se a cultura de um povo" John Steinbeck,  EUA, (1902-1968) Escrito na Pedra  do PÚBLICO de hoje

Tolentino Mendonça: Rezar de olhos abertos

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Tenho andado a ler, sem pressas, mais um livro de José Tolentino Mendonça — REZAR DE OLHOS ABERTOS —, poeta, cronista, ensaísta e cardeal, com edição da QUETZAL. Na minha ótica, trata-se de uma obra que toda a gente pode ler, mesmo os não crentes. Os textos, curtos e expressivos, abordam os temas mais diversos dos nossos quotidianos, levando-nos a refletir sobre a vida, numa perspetiva das nossas relações connosco próprios, com os outros e com Deus.  “Recebemos a aurora e o verde azulado dos bosques. Recebemos o silêncio intacto dos espaços. Recebemos a música do vento. Mas recebemos igualmente a sofrida marcha da história”, assim nos desperta numa primeira página, em jeito de desafio para iniciarmos a leitura. Textos curtos, uma página para cada um, que são, no fundo, desafios à reflexão e à descoberta da nossa sensibilidade, rumo ao encontro dos outros que podem ser os caminhos de Deus. Sobre a utilidade de um livro deste género, Tolentino Mendonça diz na apresentação que “Ele fo...

Cuidar o coração, viver em sintonia com Jesus

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Reflexão de Georgino Rocha   para o Domingo XXII do Tempo Comum “Há maneiras de viver a fé que facilitam a abertura do coração aos irmãos, e essa será a garantia de uma autêntica abertura a Deus”. Jesus é um homem livre entranhavelmente apaixonado por instaurar na terra o reino de Deus. Defende a autêntica tradição de Moisés, anuncia a novidade de que é portador e não teme que o contradigam ou reajam contra. Vive em liberdade interior plena no contacto com os excluídos da sociedade, os pecadores, os impuros legais: leprosos, prostitutas, enfermos, pagãos. Acolhe as oportunidades ou provoca-as para “marcar posição” e anunciar a verdade. É o caso narrado, hoje, no Evangelho, dos fariseus e dos doutores da lei que, mais uma vez, lhe saem ao caminho. - Mc 7, 1-8. 14-15. 21-23 Os primeiros, muito zelosos em manter as tradições e em as observar escrupulosamente; os segundos, conhecedores da Lei e das suas centenas de normas que examinam até ao pormenor. Reúnem-se à volta de Jesus, ...

Amanhã também é dia

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Os meus leitores e amigos hão de estranhar a minha pouca participação no ciberespaço, mas compreenderão que a vida tem altos e baixos, sem que isso signifique qualquer incómodo de saúde. Este tempo incerto e morno dá azo a alguma apatia, o que provoca uma certa vontade de nada fazer. Hoje, quando me dispunha a descansar para criar ânimo, encontrei um gatinho vadio no meu lugar, bafejado pela sombra do guarda-sol e pelo cheiro a lenha seca da primeira remessa que nos há de aquecer no Inverno que não tarda aí. E não tive coragem de incomodar o gatinho. Amanhã também é dia.