quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

A vida de Maria de Lourdes Pintasilgo na RTP2, no sábado, dia 16



Fonte: Ecclesia
Documentário sobre  Lourdes Pintasilgo

A sensação que fica quando os créditos finais do documentário deslizam sob o nosso olhar tem algo de semelhante com a que eu tinha, ainda miúda, quando Maria de Lourdes Pintasilgo emergiu na cena política nacional: a de uma dimensão intangível. Adivinhava no documentário um ponto de partida para a conhecer mas não a pequenez desse ponto, não por desgraça da obra cinematográfica em si, antes pela grandeza sugerida na obra humana do seu objecto.

Testemunhada por personalidades de diferentes disciplinas, sensibilidades e quadrantes, o retrato de Maria de Lourdes Pintasilgo traça-se em sessenta minutos enquadrando os primeiros rabiscos numa família beirã de mãe doméstica e pai industrial de lanifícios, com registo de uma separação e uma figura talvez de substituição paternal marcante para a sua vida: um tio dedicado, de uma elevação artística e cultural invulgares.

Neve em Ílhavo...há 23 anos...

A propósito do meu escrito sobre a neve, Ana Maria Lopes teve a gentileza de me enviar mais uma das suas suas privilegiadas recordações, o que agradeço. A dona do Marintimidades é forte em datas. Eu não consigo organizá-las no meu disco rígido cerebral. Se calhar, a neve que caiu há anos na Gafanha da Nazaré era irmã da que cobriu os telhados de Ílhavo.


Faz hoje precisamente vinte e três anos que nevou em Ílhavo.
O tema não é bem o habitual no Marintimidades, mas anda lá por perto.
Há quem nunca tenha visto o mar e fique horas a olhá-lo, pela primeira vez, na ânsia de transpor o horizonte. Nós, que temos a benesse de usufruirmos das dádivas do litoral, pelo contrário, não podemos apreciar, com frequência, o espectáculo da neve a cair e a matizar de branco montes, vales, bosques, animais praças e pessoas.
E eu, às vezes, até sem querer, parece que tenho uma atracção por datas. É terrível. Sem grande esforço, recordo factos com facilidade e o meu arquivo fotográfico, normalmente, não me deixa ficar mal. Procurei e rapidamente encontrei as imagens catalogadas de Neve em Ílhavo – 14.1.1987.

Ana Maria Lopes


Veja a neve aqui

Absolutizar qualquer sistema político poderá ser bem perigoso

O não-referendo em Ano da República



1. Lá mais para meados deste ano, como que em preparação próxima para a comemoração do centenário da República, certamente que se vai dos vários modos, ouvir muito falar de «ética republicana». Este um refrão que foi crescendo e que poderá simbolizar o que de melhor pode, ainda assim, atingir o modelo político vigente. Pelos percursos da história das ideias e da ciência política poderíamos retratar tanto o desenvolvimento das éticas nestes terrenos como, no caso da absoluta isenção, os “enganos” matreiros das próprias repúblicas. Tem-se falado de que este ano pode ser uma oportunidade de esclarecimento cívico, de aprofundamento da consciência política colectiva, da necessária revisão isenta daquilo que é a história que nos precede para que os dias de amanhã consigam sempre mais e melhor…

A Natureza, que tanto de bom e belo nos dá, também traz a morte




As catástrofes provocadas pela Natureza, quando menos se espera, deixam-nos aturdidos. De repente, um sismo arrasa um país e mata tudo sem dó nem piedade. Os cientistas dão as suas explicações, mas não conseguem acertar no dia e hora do desastre. Humanamente falando, não conseguimos compreender como a Natureza massacra gente paupérrima e indefesa. O Haiti, destroçado, chora os mortos, os sem casa, sem pão, sem água, sem futuro à vista.
O que sabemos é que nas horas difíceis temos de avançar, sem demora, com a nossa solidariedade e caridade. Hoje os haitianos amanhã outros quaisquer. A Natureza não tem alma, nem sentimentos, nem escritórios para receber as queixas. A Natureza, que tanto nos dá, de bom e de belo, também traz, encapuzada, a morte e a destruição.

FM

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Ainda a questão dos casamentos gays



Sempre houve homossexuais
desde que o mundo é mundo


Encontrei hoje um amigo que não via há meses. Ao cumprimentá-lo, notei logo que não vinha bem. Na minha idade não é bom perguntar pela saúde a quem se cruza comigo. Pode ser um estímulo muito grande para ouvir queixas e mais queixas de quem se sente com as doenças todas. É certo que às vezes também vou na onda, mas procuro evitar. Procuro evitar, sobretudo quando um amigo meu me contou o aviso de seu pai: “não devemos falar de doenças para as não acordar.”
Ora o meu amigo, de voz cansada e ar abatido, confessou-me de imediato as razões do seu desânimo. Esta coisa de os homossexuais casarem e de virem a poder adoptar crianças, deixou-o desiludido.
“Como é possível que isto aconteça na nossa sociedade, quando a grande maioria dos países do mundo não seguem esta opção civilizacional, no dizer do nosso primeiro-ministro?”. E num desabafo sentido confessou que nem lhe apetece viver…
Lá tentei animá-lo com palavras que o levassem a entender que estas leis não são para todos seguirem obrigatoriamente, sendo garantido que muitos homossexuais não quererão saber disso para nada. Agora andam alguns muito eufóricos, para televisão ver, mas daqui a uns dias já ninguém fala disso. Até porque, acrescentei eu, com os graves problemas que o País atravessa, não se pode perder tempo com questões ditas secundárias.

A nossa democracia exige uma revisão urgente, honesta e séria



Solução ou subversão?


O dever dos governantes, e também dos legisladores, como é óbvio, é encontrar soluções válidas para que cada cidadão, tendo em conta a sua realidade, circunstâncias que o envolvem, exigências do conjunto nacional, se sinta acolhido no seu país.
Porém, não se fazem leis para pessoas singulares ou pequenos grupos, mas sempre para o conjunto dos cidadãos, tendo em vista o bem comum. Esquecer esta exigência é subverter e não solucionar, porque um erro atrai sempre outros erros mais gravosos.
A capacidade de quem governa e de quem legisla, ao ter em conta a realidade presente, não se pode separar da história e do maior bem da comunidade, porque sem memória jamais haverá projecto válido e consistente para todos. Quem governa e legisla não pode agir por mimetismo preguiçoso ou seguidismo acrítico. Recebeu mandato para o país e não para favorecer correligionários ou para copiar o que se faz noutros lados. Seja a que pretexto for. Quem governa e legisla não pode prometer o que o ultrapassa, o que não é seu, faz parte de um património nacional a respeitar e a promover. Nenhum poder é arbitrário, nenhum poder gera moralidade.

Alberto Vaz da Silva apresenta «EVOCAÇÃO DE SOPHIA»



«Alguém tinha de ser Sophia. Foi a Sophia»


Alberto Vaz da Silva foi o responsável pela Evocação de Sophia, tornando mais público a sua amizade e profunda admiração pela poeta maior da nossa geração. Juntou ao que escreveu, a partir de vivências e cumplicidades, no meio de silêncios e viagens, comungando emoções, escritos de Maria Velho da Costa e José Tolentino Mendonça.
Maria Velho da Costa assina um prefácio que é um poema de evocações enredadas em diálogos e saudades. «Falávamos na noite, no alpendre quase morno, sem tom nem som. Nenhuma das duas era desesperadamente musical. Não havia música nem nos fazia preciso. Falávamos mais de todos do que de tudo; do tudo eram a arte e a poesia — nem política, nem mundos a mudar.»
José Tolentino Mendonça, no posfácio, fala da «evocação intensa, dilectíssima e discreta» como Alberto Vaz da Silva se abeira de Sophia, apoiando-se na visão inaugural de um jardim E mais adiante diz que «Este é, se quisermos, um livro sobre jardins. Os que nos precedem, os que formam sem sabermos a nossa alma e os seus declives, os que silenciosamente se avistam nas várias formas de grafia, desde aquela que cintila na vastidão silenciosa dos céus (e que também nos pertence), à nossa grafia íntima, feita de arranhões, de registos digitais, de textos, crateras».
Alberto Vaz da Silva quis assinalar, com esta publicação, o terceiro aniversário da morte de Sophia. Seguiu, religiosamente, as passadas da poeta nos caminhos da sua vida desde menina. Recordações e poesia que brotam sem hora marcada, em qualquer canto, estão neste livro. Mas também há registos de viagens, conversas familiares, reflexões e militância política que a levaram a cantar hinos à liberdade sonhada e vivida. E a sua obsessão pelo mar tão presente no seu espírito e nos seus poemas.

«O sol rente ao mar te acordará no intenso azul
Subirás devagar como os ressuscitados
Terás recuperado o teu selo a tua sabedoria inicial
Emergirás confirmada e reunida
Espantada e jovem como as estátuas arcaicas
Com os gestos enrolados ainda nas dobras do seu manto»

In Geografia

Termina assim Alberto Vaz da Silva «Alguém tinha de ser Sophia. Foi a Sophia».

E ainda

«Assim pudesse o tempo regressar
Recomeçarmos sempre como o mar!»


In Musa


Fernando Martins

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Semana de Oração pela unidade dos cristãos! Vamos juntos ouvir Mozart?

Os passos mais consistentes no caminho
 ecuménico foram sempre sustentados
por histórias concretas de amizade




Talvez devêssemos ouvir Mozart juntos

Os passos mais consistentes no caminho ecuménico foram sempre sustentados por histórias concretas de amizade. E se há um desafio urgente a acolher, em vista dessa oração que Jesus faz («que todos sejam um» Jo 17, 22), é precisamente esse: o do mútuo conhecimento entre os cristãos, o da relação franca, tecida na gratuidade, na descoberta, no prazer de estarmos juntos, em trocas criativamente cordiais que avizinhem não só a razão.
No significativo património ecuménico que o século XX construiu, destacam-se, como pilares, histórias assim. Recordo aquela vivida por dois nobilíssimos teólogos: Hans Urs von Balthasar, católico, e Karl Barth, da Igreja Reformada. Conheceram-se em Basileia, nos anos 40, e certamente conversaram muito sobre as suas visões teológicas, sobre os grandes mestres da tradição cristã que revisitavam, sobre conceitos, distinções e distâncias. Conheceram-se a esse nível tão a fundo, que Balthasar escreveu uma introdução ao pensamento de Barth, hoje unanimemente considerada na bibliografia crítica daquele autor. Mas talvez essa sintonia não fosse possível, se a uni-los não estivesse também uma arrebatada paixão pela música de Mozart, que escutavam juntos naqueles anos tão carregados de incerteza, vendo (ou melhor, ouvindo) nela um sinal palpável da Redenção.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Farrapitos de neve que mal cobriram o recreio





A BRANCURA QUE CAI DOS CÉUS

A beira-mar tem os seus encantos: os horizontes largos dão-nos margem aos sonhos. Há décadas, um amigo meu do interior do País, de passagem pela Gafanha da Nazaré, quedava-se tardes inteiras sentado com os olhos fitos na linha longínqua que definia o oceano. Nunca tinha visto o mar, que não havia posses para passear até ao litoral. Nem sequer havia televisão na aldeia onde vivia.
Espantado com tanta obsessão pelo nosso mar, perguntei-lhe, como quem não quer a coisa, por que razão por ali ficava tanto tempo. Respondeu-me, com alguma candura, “que esperava ver, ao longe, sinais de terra”.
Vem isto a propósito dos terríficas mas simultaneamente belas paisagens nevadas, que o frio tem provocado por algumas zonas do País. Terríficas porque causam transtornos e podem mesmo meter medo a quem viaja. Belas porque nos mostram imagens raras como aquelas que os nossos olhos contemplam via televisão.
Eu, que nasci ao som do mar e com o cheiro a maresia a entrar-me por todos os poros, nunca pude apreciar ao vivo, em plena serra, o espectáculo da neve a cair e a pintar de branco puro montes e vales, florestas e pessoas. Apenas visitei uma vez a Serra da Estrela, e neve, a sério, por aqui, nunca. Apenas um dia, na escola onde leccionei, há muitos anos, caíram uns farrapitos de neve que mal cobriram o recreio. E todos, professores, empregada e alunos, deixaram livros e cadernos, problemas e leituras, para se deslumbrarem com a pureza que naquele dia nos levou a sorrir com gosto. Pudesse eu sentir o palpitar de um nevão e talvez ficasse como o meu amigo, extasiado, a apreciar a Natureza com tudo o que ela tem de bonito e de raro, em dias purificados pela brancura que cai dos céus.

Fernando Martins

Helo! - Gémeos verdadeiros




Finalmente aconteceu
o milagre na Quinta das Covadas!

Na tarde do dia 11 de Janeiro, após a celebração dos Reis no domingo anterior, duas coisinhas fofas apareceram ao lado da mãe Lia. Gémeos que se presume serem verdadeiros, pois as diferenças entre eles são difíceis de encontrar. A dona foi encontrá-los despidinhos, apenas cobertos com a roupa que Deus lhes deu, isto é, um casaquinho minúsculo de pele fina e castanha. Mal se sustinham nas pernitas delgadas e já queriam imitar os adultos, a andar, a siriquitar por ali. Várias cambalhotas presenciadas pela dona, sinal da pouca força que tinham nos seus membros. Um balido intenso saía daquelas boquinhas miniatura, sempre que sentiam alguma ameaça à sua integridade. Ah! Mas a mãe extremosa ali estava para acudir aos gritos dos filhotes!
Várias fotografias foram tiradas, momentos após o parto, como prova de que o tão ambicionado milagre ocorrera!
Augúrios de uma feliz vidinha, sob o olhar enternecido da dona, que até pensa que lhe saiu a sorte grande!

M.ª Donzília Almeida

Cortejo de Reis na Gafanha da Encarnação





De registar o ar intimidatório
dos soldados romanos

Realizou-se este domingo, dia 10 de Janeiro, mais um cortejo de Reis, cumprindo-se assim a tradição, que perfaz hoje um século.
Com condições meteorológicas adversas, chuva e frio de rachar, nada fez demover dos seus intentos, as inúmeras pessoas que integraram o desfile.
Com paragens em locais estratégicos da nossa vila, o espectáculo iniciou a sua actuação, no extremo sul da Gafanha da Encarnação, com a representação do auto dos reis. Com a sua origem no teatro das moralidades da Idade Média, temos aqui a recriação de cenas bíblicas relacionadas com o acontecimento histórico que acabámos de festejar — o nascimento de Jesus. A Anunciação do Anjo a Maria, a fuga para o Egipto, o temor do rei Herodes perante o nascimento de um rei que o pudesse destronar, etc, foram cenas que os actores amadores dramatizaram perante a audiência fiel de todos os anos.

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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