quarta-feira, 15 de julho de 2009

Um soneto de Domingos Cardoso

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Retrato incompleto
Gente que lavra a água igual ao chão Penteando os seus cabelos de moliço É o povo que mantendo a tradição, Dá vida ao moliceiro e ao seu feitiço. Gente ousada na dura emigração, Voltando à terra, findo o compromisso, É o povo que, p’ra ter mais farto o pão, Deixou, p’l mundo, a juventude e o viço. Tomando em suas mãos o seu destino A si mesmo se fez, desde menino, Este povo de história tão grandiosa. Peito aberto à saudade do futuro, De coração honrado e gesto puro, É gente boa, é gente da Murtosa! Domingos Freire Cardoso

Crónica de um Professor

Mesmo em férias, o professor
não se demite das suas funções


Mesmo em férias, o Professor não se demite das suas funções! A sua veia pedagógica nunca o abandona! Continua a incentivar, reprovar, avaliar... situações, actos, contextos! Deambulava num destes dias ensolarados, à beira ria, nesta terra, abençoada por Deus e bela por natureza, sentindo o cheiro salgado a maresia! Neste cenário relaxante, tão libertador da mente, dá consigo a meditar na evolução que a língua tem sofrido ao longo dos tempos.
No domínio das relações humanas, profundas alterações se têm dado. Há palavras que na sua polissemia adquiriram outros significados, novos, estranhos, na sua análise de pessoa oriunda do século passado. A primeira que lhe veio, à mente, foi a palavra camarada, que o seu pai tantas vezes utilizou, para se referir aos colegas, na instituição das forças de segurança, na qual trabalhou um grande período da sua vida.
Os seus camaradas, aqueles cujas vidas o tinham marcado, pela boa camaradagem partilhada, eram os seus colegas e amigos de mister. Hoje, volvidos 35 anos após a revolução de Abril, o significado da palavra afunilou, perdeu a amplidão, ganhou uma conotação restrita e muito politizada. Perdeu... a seu ver! Companheiro/a, no seu tempo era o amigo da escola, o colega de carteira, num contexto restrito e bem claro! Hoje, no final da primeira década do século XXI, companheiro adquiriu uma enorme amplitude!
De simples colega, compincha de escola, adquiriu uma conotação nova. Não recorda outra palavra que tenha feito uma viragem de tanta abrangência! Companheiro de jornada... ainda que numa 2ª ou 3º via! Nunca como nos dias de hoje, se ouviu proferir, com tanta frequência, “o meu/minha companheiro/a”! Noutros tempos a palavra marido/mulher tinham peso, numa sociedade que privilegiava os valores da fidelidade, da integridade, em suma, da instituição família! Hoje, a cada dia que passa, ficam mais restritos no seu campo de aplicação! A este ritmo......qualquer dia, os..... cônjuges, ficarão circunscritos à sua condição de arcaísmos!!!
Conservadora como é, a teacher, continua a fazer jus aos seu código linguístico anquilosado, arcaico (!?), sem sequer ter aderido ao acordo ortográfico! Assim, nesta senda linguística, continua a ser fiel ao seu antigo léxico e a chamar, com toda a propriedade, companheiro de caminhada... ou até de maratona, ao seu cannis de estimação, que não trocaria por nenhum substituto, qualquer que fosse o nome pomposo que lhe atribuíssem! Deve dizer, a título de curiosidade, que o recíproco também é verdadeiro!
Os amigos de verdade, são pérolas preciosas nas relações humanas, tão conturbadas, dos dias de hoje! E... a propósito de amizade, emerge do torpor morno em que se encontrava, um termo quase esquecido na gaveta do léxico, nos bons velhos tempos da outra senhora!
Agora, mercê das Novas Oportunidades desta efervescente e promissora democracia, (!?) subiu à ribalta, revigorado, cheio de novas nuances conotativas e de um largo espectro semântico – amigos do alheio! Sem se perder em elucubrações sobre o tópico... deixa aos nossos governantes e aos especialistas em Linguística, a análise e (de)composição da palavra! Bom exercício gramatical!


Mª Donzília Almeida 1


5 de Julho de 2009

terça-feira, 14 de julho de 2009

A nossa gente: João Teixeira Filipe

João Teixeira Filipe
João Zagalo, um doryman aguerrido - I
Na semana passada, marquei um encontro na seca com João Teixeira Filipe, homem de boa têmpera, trabalhador fiel de Testa & Cunhas, durante 59 anos, desde 1943 até 2002.
João Zagalo (alcunha), seu nome de guerra, nasceu na Gafanha da Nazaré, a 28 de Agosto de 1924. Foi no início e crepúsculo da vida, carpinteiro naval, mas, no seu auge, foi um grande pescador do bacalhau, um audacioso, sabedor e afortunado homem do dóri. Tem um certo orgulho nas categorias que teve a bordo e no apreço que capitães, colegas e empresa nutriam por ele.
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Ana Maria Lopes
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Leia mais aqui
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Nota: Texto e foto de Marintimidades

Uma Encíclica que irrita

Lembro-me muitas vezes da banda-desenhada cheia de humor de Quino, em que a irrequieta e incisiva Mafalda está com um ar abstracto e imperscrutável e diz que está a parecer-se com uma Encíclica Papal. É uma forma engraçada de pôr o dedo na ferida, pois o grande risco é, de facto, o da recepção "abstracta e imperscrutável"que fazemos de textos que são afinal de uma impressionante concretude, agudeza e profecia. Por vezes sinto que fazemos das "Encíclicas Papais" um género literário, altamente respeitável, mas inofensivo. A vida continua a correr com o pragmatismo do costume, indiferente quanto baste ao horizonte ideal que a tradição cristã nos aponta. Talvez por isso, me apeteça saudar um pequeno texto de Henrique Raposo, que me incomodou muito, mas que, não posso negar, me tornou mais atento no acolhimento da Encíclica ("Expresso" -11/07/2009). Diz o seguinte: «Não tenho problemas com o Papa, e até gosto de católicos. Mas há uma coisa que me irrita no Papa: é quando ele se põe a trazer Marx para o Evangelho. Aquilo que o Papa tem dito sobre a - suposta - falta de ética do capitalismo não ficaria mal na colectânea dos Summer hits de Francisco Louçã. Não vou aqui desconstruir a falácia antiliberal que está presente na Igreja Católica. Deixo somente uma pergunta: no "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" qual é a parte que o Papa não entende?». É evidente que este autor entende muito pouco do cristianismo. Em vez de Marx, ele deveria perceber que o Papa liga-se à tradição bíblica e Evangélica mais genuínas, aos Padres da Igreja e a todo o extraordinário património de pensamento e acção no campo da solidariedade humana de que a Doutrina Social da Igreja tem sido esteio. Mas numa coisa Henrique Raposo tem razão: Bento XVI irrita e esta sua encíclica, "Caridade na Verdade" é um texto altamente irritante. É isso mesmo: um manual para o desassossego. José Tolentino Mendonça

17 maneiras de rezar

Ouvir música Ouvir música A Missa em Si menor de Bach, por exemplo, especialmente Incarnatus, Crucifixus, Resurrexit ou então outra coisa não necessariamente música religiosa mas escutar na profundidade escutar o canto do novo Orfeu presente em toda a música humana incarnação, crucifixão, jubilação Se pudermos cantar nós mesmos e tocar um instrumento, é ainda melhor! Ler mais aqui

Descobrir a música com os bebés

No próximo sábado, dia 18, pelas 14.30 horas, vai haver, no Centro Cultural de Ílhavo, a apresentação de caminhos para descobrirem o prazer de fazer música. Esses caminhos passam por um ateliê, onde se pode aprender a fazer ritmos, a cantar, a dançar, a brincar com rimas infantis… e a imaginar momentos de festa e de repouso para uma interacção musical entre adultos e bebés. Trata-se de uma acção destinada a pais, tios, avós, educadores-de-infância e professores de música.

Confraria Gastronómica do Bacalhau assina protocolo para aquisição da nova sede


No dia da apresentação pública da Regeneração Urbana do Centro Histórico de Ílhavo, feita pelo Presidente da Câmara, Ribau Esteves, no Centro Cultural, realizou-se, nas antigas instalações da Música Nova, a assinatura do protocolo entre a Confraria Gastronómica do Bacalhau, Câmara Municipal e Música Nova, no qual esta última cede à Confraria a sua anterior sede, situada nos Sete Carris, enquanto a Autarquia se compromete a manter a Música Nova nas antigas instalações da Escola Preparatória, junto ao Museu Marítimo, até à construção da Casa da Música, na antiga Escola Primária n.º1, na Rua Ferreira Gordo, onde ficará definitivamente a banda Ilhavense. Presentes nesta cerimónia elementos da Direcção da Música Nova, dirigentes da Confraria Gastronómica do Bacalhau e o Presidente da Câmara.

O mundo em reinvenção

Amin Maalouf
1. Recentemente esteve em Portugal um autor que tem merecido uma redobrada atenção, Amin Maalouf. Pensador libanês de 60 anos, reside em França há longa data. Na condição de ocidental e de árabe escreveu o livro: «Um mundo sem regras». Maloouf destaca que estamos no final de um tempo de modos de vida anteriormente padronizados pelas culturas fechadas sobre si próprias. E que algo de novo está a chegar, já sentido no mundo on-line, num tempo global único, numa consciência universal que se vai expandido. Diante deste novo cenário abrem-se diversas encruzilhadas a que ninguém pode escapar, quer se esteja em Portugal quer do outro lado do mundo. Os problemas da humanidade (como a grande questão ambiental) revelam-se “comuns”, sendo as soluções obrigação de todos…
2. O autor defende claramente uma reinvenção do mundo, tarefa não fácil nem linear. No seu olhar, existe hoje apenas “uma civilização e ou morremos juntos ou nos salvamos juntos”. Podendo ser de questionar, como em todas as opiniões, a elaboração do pensamento e mesmo da opção literária de unidade global, a verdade e que salta à vista de todos é que estamos diante de um encontro de civilizações, sendo o maior desafio da humanidade actual a harmonização das diversidades de pensamento e de cultura; «preservar as culturas, mas unificar os valores», defende Maloouf. A mudança de cenários no mundo que se vive dia-a-dia não poderá, assim, ser algo comandado pelas tecnologias; elas simplesmente colocam-nos em comunicação. O desafio é humano.
3. Talvez por essa costela errante e intercultural (Maloouf compara a Líbia a Portugal no sentido universalista), o autor ergue «o primado da cultura e uma relação com as comunidades imigrantes» como algumas das suas chaves de leitura do mundo. Pensar global e agir local, o desafio provindo das águas ecológicas hoje conduz-nos a uma capacidade inevitável de interagirmos para, de facto, nos compreendermos e nos salvarmos.
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Alexandre Cruz

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Cultura popular


No próximo domingo, dia 19, pelas 15 horas, no salão paroquial da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado um espectáculo por um grupo de seniores, do “Espaço de Convívio”, apoiado pela Junta de Freguesia, alusivo a tradições da cultura popular portuguesa, de conteúdo socioeducativo. Convidam-se todos os gafanhões, de todas as idades. A entrada é livre.

XXVI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré

Miguel Almeida, à esquerda, cumprimenta o Grupo Etnográfico
"Os Esparteiros de Mouriscas", Abrantes
O século XXI vai ser uma grande desafio para a nossa identidade cultural
Miguel Almeida é visiense e conselheiro técnico da Federação do Folclore Português (FFP). Há 26 anos que apresenta o Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré. Tantos quantos os festivais organizados pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que nasceu, oficialmente, em 1 de Setembro de 1983. Miguel Almeida é habitualmente convidado para em palco falar das danças e cantares dos mais diversos festivais de grupos e ranchos folclóricos e etnográficos, denunciando um conhecimento muito grande da cultura popular do nosso País. Ouvimo-lo, no sábado, antes do XXVI Festival Nacional da Gafanha da Nazaré. E do muito que nos disse aqui deixamos algumas respostas a perguntas que lhe fizemos. - Qual a importância dos Festivais de Folclore no século XXI? - Estes festivais servem, sobretudo, para mantermos vivas as nossas tradições. Nós estamos inseridos numa aldeia global, que é a Europa, e somos um ponto no meio de uma imensidão de pontos. Mas este ponto pequenino pode ser um ponto grande, se mantivermos a nossa cultura. Penso que no século XXI se abrem perspectivas do alargamento da UE, que se torna mais globalizante, ainda. - Ficam mais diluídas as culturas… - Exactamente. Por isso, no século XXI, os grupos folclóricos têm de se manter unidos para mostrarem a esses países que nós somos diferentes. Estamos todos dentro do mesmo saco, mas somos diferentes e com direito a essa diferença. Mas essa diferença só será possível através dos grupos folclóricos que organizam estes festivais, que são encontros de culturas. - Culturas diversas dentro do mesmo País… - O nosso País, tão pequeno, tem culturas muito diferenciadas e essa diferenciação tem de se manter viva. Penso que o século XXI vai ser um grande desafio para a nossa identidade cultural. - Seremos uma reserva da Europa, a esse nível? - Somos, de facto, uma reserva da Europa, porque ainda estamos, neste aspecto da cultura popular, diferentes dos outros povos. Por exemplo, para dançar o Vira ou o Fandango, só gente portuguesa o faz. - Qual é a dança genuinamente portuguesa? - Para mim, o Vira é a dança que melhor caracteriza o povo português. É uma dança espontânea, que pode ser dançada apenas por um par e por todos os pares. Até pode ser dançada por uma multidão. - Onde nasceu essa dança? - O Vira nasceu em terras de Entre Douro e Minho, mas logo passou por Portugal abaixo. E por onde passou foi aculturado, isto é, as pessoas pegaram nele e adaptaram-no à sua maneira de ser. - Então há muitos Viras… - É verdade. Há o Vira de meia volta e de volta inteira, há o rodado e trespassado, há o falseado e outros. Tantos quantas as regiões de Portugal. - Para mostrarmos a nossa identidade, é importante, então, que os nossos grupos apresentem no estrangeiro o nosso folclore? - Pois é verdade. Mas nem sempre o Estado apoia essas saídas. De vez em quando patrocina uma ou outra. Contudo, nem sempre apoia os melhores grupos, os que se apresentam com coerência, com autenticidade, o que temos de bom. - Mas a FFP não dá o seu parecer? - Dá o seu parecer quando lho pedem. A FFP não é, infelizmente, parceira do Estado para a cultura; é um parente pobre. - E os grupos que andam nestes festivais são mesmo genuínos? - A FFP tem os seus grupos, que são a sua imagem de marca. Isto cria a concha, isto é, guardam as costas uns dos outros. Num festival de um grupo federado, normalmente, não entram grupos não federados, porque não têm, à partida, aquela segurança para entrar num festival de qualidade, com garantia de autenticidade do povo que representam. Fernando Martins

Uma Ideia para Portugal

“Nesta época em que muito se fala de identidade, de ser português, para quando um Tratado de Amizade com a CPLP para facilitar a ponte nos dois sentidos? Ou seja, quando é que os povos da CPLP terão o estatuto de igualdade similar ao que se fez com o Brasil? Isso iria mudar muita coisa. Há um grande número de pessoas da CPLP que têm interesses iguais e que se identificam com Portugal mas que, no entanto, não conseguem a nacionalidade.” Jorge Andrade, Jogador de Futebol No jornal i

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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