domingo, 14 de fevereiro de 2021

Deus enfraquece a energia humana?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Quero deixar, aqui, o testemunho de uma grande obra literária, na qual a religião é a própria cura de quem a pratica.

1. Carlos Drummond de Andrade, no grande poema-crónica Prece do brasileiro, por ocasião da Taça do Mundo (1970), termina: “Nem sei como feche a minha crónica.” Eu, pelo contrário, não sei como abrir a minha. Não por falta de assunto, mas por excesso de motivações religiosas contraditórias.
Chegam-me, continuamente, pedidos para rezar por doentes em situações extremas e pelas famílias que não puderam acompanhar os últimos momentos das pessoas que mais amavam, por causa da covid-19.
Recebi também alguns telefonemas, culpando a religião e a Igreja pelas cedências do Presidente da República, dos deputados e do Governo ao sentimentalismo piegas do Natal. Cedências responsáveis por muitas mortes e o completo descontrole no combate à difusão da pandemia.
Esta conversa, embora muito repetida, parece-me bastante descontrolada.
Para certas correntes culturais, as religiões foram, são e serão sempre, em toda a parte, fontes e sistemas de alienação da responsabilidade humana. Não vale a pena reconhecer o bem fundado de muitas das acusações e das suspeitas desenvolvidas, no longo processo contra as religiões; nem adianta mostrar que esse processo talvez esteja mal desenhado, semeado de confusões e de esquecimentos essenciais à condição humana.

Enquanto o tempo é tempo


Por gentileza de Aida Viegas 

Enquanto o tempo é tempo
Eu quero aproveitar
Cada segundo mais
Que tenho, para amar.

Enquanto posso olhar o céu
Sentir bater meu coração
Ouvir a voz de quem eu amo
Ouvir cantar as aves
Cair a chuva, zoar o vento
Quero desfrutar de cada instante
Tonar cada momento deslumbrante.

Enquanto eu me poder expressar
Quero dizer que sou feliz
Dizer que a vida é bela
Dizer quanto te amo
Falar, olhar, sorrir e abraçar
Contar estrelas
Espreitar a lua, ver o seu luar
Olhar o céu, ouvir e ver o mar.

Não quero chorar
A água que correu
O tormento que senti
O vento que passou
Palavras que esperei e não ouvi
Mas desejo esquecer
Tudo o aquilo que tive e que perdi.

Não vou desperdiçar
Elogios, sorrisos, saudações
Ternura, abraços, beijos
Para tornar claros
Rasgar e por a nu
Meus secretos desejos.

Não quero levar penas
Não quero levar mágoas
Nem segredos nem tristezas
Nem raivas nem remorsos
Só quero as alegrias
Dos dias que vivi
Alegres venturosos
No tempo em que sorri.

Enquanto eu for dona
Do uso da razão
Não vou deixar passar
A vontade de, a todos
Estender a minha mão
A quem me ofendeu
A quem me fez chorar
A quem me fez sofrer
Ou me roubou o pão
Quero o gosto e a alegria
De oferecer o meu perdão.

Quero dizer: Senhor
Obrigada pela vida
Que me deste pra viver
Como a geri, aproveitei
Desperdicei, ou joguei fora
Só Tu o sabes em pormenor
Os propósitos que falhei
As lutas que travei
As batalhas que perdi
Só Tu podes julgar
Sabendo que ao viver
No âmago do meu ser
Na esperança do meu crer
Estava, esteve sempre
O desejo ardente de Te amar.

Aida Viegas 
 17/Abril/2020

 

sábado, 13 de fevereiro de 2021

A beleza da vida e dos sonhos

Flores do nosso quintal

Azeda-flor

Jasmim

Jarro

Orquídeas 

Acordei assim-assim. Não descortinei razões plausíveis para tal. Olhei à volta e saí até ao quintal. O sol, que tem andado amorfo e arredio, surgiu e iluminou tudo. A natureza até parecia outra. Tudo brilhava, nem vento incomodava. E fotografei umas flores, mas um gatinho preto e branco escapuliu-se. Vadio que é, come cá por casa, mas não admite aproximações. Até ver.
Quem está obrigado a ficar por casa, limitado nos horizontes terrestres, terá tempo para sondar o infinito e o divino. Mas é preciso esperar a maré. Tenho cá um palpite que o dia acabará por me dar ânimo para me sentir mais humano e mais aberto à beleza da vida e dos sonhos.
Bom fim de semana para todos.

Fernando Martins

Educação para a ecologia

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias


«E quem pensa nas gerações futuras?
Impõe-se pensar e agir. É da sobrevivência da Humanidade que se trata. Como escreveu o Papa Francisco, "a educação será ineficaz e os seus esforços estéreis, se não procurar também aprofundar um novo paradigma sobre o ser humano, a vida, a sociedade e a relação com a natureza".»

O étimo das palavras pode abrir-nos portas aparentemente difíceis de abrir. Neste caso da ecologia, temos oikos, palavra grega para casa, e logos, razão, tratado: o tratado da casa, da casa de cada um, de cada família, de cada país, da casa comum da Humanidade. A ecologia está inevitavelmente ligada à economia, e lá está de novo oikos, casa e nomos, lei, governo: cada um deve governar a sua casa, as famílias também, os países têm um governo que deve governar, e hoje, sendo todos interdependentes mais do que nunca, por causa da globalização, precisamos de uma governança global para a casa de todos, a casa comum da Humanidade. Em conexão com ecologia e economia está a ética, que tem um duplo étimo: ethos, que, segundo se escreva, em grego, com épsilon ou eta, significa, respectivamente, uso, costumes, e habitação. Assim, ligando as três palavras, a questão é esta: que comportamento ter para podermos todos habitar bem na casa comum da Humanidade?

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Ir. Nathalie Becquart: "Nunca Imaginei"

A primeira mulher subsecretária
do Sínodo dos Bispos: «Nunca o imaginei»

«Nunca o imaginei; experimentei que o Espírito Santo está cheio de surpresas. Estou muito sensibilizada e ao mesmo tempo recebo esta nomeação como um chamamento da parte da Igreja e do papa Francisco, que se une a um chamamento interior que sinto desde há anos para me colocar ao serviço da sinodalidade.» Foi desta forma que a religiosa francesa Ir. Nathalie Becquart reagiu à sua nomeação, pelo papa Francisco, para subsecretária do Sínodo dos Bispos, tornando-se a primeira mulher a ocupar o cargo.

Ler todo todo o texto aqui 

NOTA: As mudanças na Igreja Católica são, realmente, muito lentas. O Papa Francisco vai abrindo umas frinchas nas portas do Vaticano, mas já não terá idade para as escancarar às mulheres. Que Deus o ajude, são os meus votos.

Aldeias e Vilas Medievais - Sortelha

 

Parece tirada de um livro de história medieval, tal é a imagem com que Sortelha recebe quem a visita. A arquitetura de origem continua bem presente, com as casas, igrejas e principais monumentos feitos em pedra que resistiu à passagem do tempo.
O Castelo de Sortelha, construído no séc. XIII, dá as boas-vindas a quem se aproxima daquele da aldeia, com muralhas inseridas na paisagem montanhosa.
Passando por uma das quatro entradas, entra num mundo onde a época medieval é contada, quase sempre em silêncio.

NOTA: Sugestão de visita da Via Verde

A nossa gente: Armando Ferraz

Leituras para o confinamento



Hoje proponho um livro que merece ser lido nesta época de prolongado confinamento por imposição da pandemia. Trata-se de um livro pequeno, 32 páginas apenas, ilustrado, que tem por título “Armando Ferraz”. Foi editado pelo Município de Ílhavo e está integrado na coleção “Nossa Gente – Biografias”. Foi escrito por Sara Dias Santos e Pedro Silva, do CDI (Centro de Documentação e Investigação de Ílhavo) da autarquia ilhavense.
Os mais idosos sabem bem quem foi Armando Ferraz, homem humilde, trabalhador da JAPA, hoje APA  (Administração do Porto de Aveiro), mas muito dedicado à nossa e sua terra, Gafanha da Nazaré. Distinguiu-se como artista popular, com um dom especial para o Teatro de Fantoches, entre outras artes, que me dispenso de referir aqui, pois quero crer que todos os gafanhões hão de comprar e ler esta homenagem que a Câmara de Ílhavo lhe prestou, atribuindo  ainda o seu nome a uma rua da nossa terra.
Na apresentação do livro, Fernando Caçoilo, presidente da Câmara de Ílhavo, sublinha que o biografado foi um homem de vários ofícios. “Com a sua arte, os seus fantoches, Armando Ferraz criava histórias e enredos, sempre com alguma sátira e muita comédia”, disse o autarca.
Enquanto recordo com saudade este nosso conterrâneo, felicito a autarquia pela sua iniciativa e os autores da investigação pelo trabalho realizado.

Fernando Martins

Homem Leproso, meu irmão, arauto da Boa Nova

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo VI do Tempo Comum


CARTA ABERTA

Não estranhes, homem com lepra, receber por correio eletrónico a mensagem de um padre católico. Vivo junto ao mar Atlântico, numa região a que deram o nome de Lusitânia. Leio com frequência as Escrituras e vou-me informando do estatuto social e religioso das pessoas que sofrem de lepra. Sei também que os rabinos multiplicam as regras protectoras de quem tem saúde, agravando a situação de quem sofre de doença. Estás escorraçado da sinagoga e da sociedade. Em “nome de Deus”! Vives a “monte” ou em esconderijos, à distância, para nem sequer seres visto. Tal o medo de contágio!
Olha, meu Irmão, ao ver a tua situação, nós os que vivemos em 2020-2021, podemos compreender melhor o que significa a pandemia e o possível contágio: doença grave, isolamento, rigor nos cuidados de higiene, sofrimento atroz e outros males que nos ameaçam de morte. E isto sofre-se, hoje, em quase todo o mundo, provocando uma distância aflitiva entre as pessoas. A distância não é apenas geográfica, mas afectiva, familiar, social e religiosa. Como bem sabes, todos somos humanos, temos coração, precisamos de laços de união e de pertença, sentimos necessidade de ser apreciados e reconhecidos.
Por isso, quero dizer-te, meu irmão, o que me vai na alma, o que faz nascer em mim o teu encontro com Jesus de Nazaré, na sua itinerância pelas tuas terras da Galileia. Mc 1, 40-45.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

Dia Mundial do Doente



Celebra-se hoje, 11 de Fevereiro, o Dia Mundial do Doente, instituído naquele dia e mês de 1992 pelo Papa João Paulo II. Na carta que o saudoso Papa João Paulo II publicou, refere que a data representa “um momento forte de oração, de partilha, de oferta do sofrimento pelo bem da Igreja e de apelo dirigido a todos para reconhecerem na face do irmão enfermo a Santa Face de Cristo que, sofrendo, morrendo e ressuscitando, operou a salvação da humanidade”.
Para além das celebrações promovidas pela Igreja Católica, é de supor que todos, crentes ou não crentes, devemos olhar para os doentes, sejam eles familiares, vizinhos ou conhecidos, com o espírito de apoio a vários níveis.
Na sua mensagem, para este dia, o Santo Padre lembra que a atual pandemia “colocou em evidência tantas insuficiências dos sistemas sanitários e carências na assistência às pessoas doentes. Viu-se que, aos idosos, aos mais frágeis e vulneráveis, nem sempre é garantido o acesso aos cuidados médicos, ou não o é sempre de forma equitativa”. E tudo isto nos deve alertar e mobilizar para  cooperarmos  com as instituições e famílias, no sentido de ajudar quem está a sofrer. 
Sabemos que num tempo como o que estamos a viver, padecendo,  direta ou indiretamente, os efeitos da pandemia, será muito difícil visitar quem precisa das nossas palavras ou ações fraternas, mas um simples telefonema pode ser muito oportuno.
Os crentes podem em qualquer altura dirigir a Deus uma simples oração por todos os que sofrem no corpo e na alma.

Praça Padre João Gonçalves



Padre João e Inês Leitão
Por decisão da Câmara Municipal de Ílhavo, o "Jardim Central" da Gafanha da Carmo passa a designar-se "Praça Padre João Gonçalves". Trata-se de uma justa homenagem ao conhecido Padre das Prisões, filho da terra, onde nasceu em 28 de Março de 1944. Foi ordenado presbítero em 21 de Dezembro de 1969 e faleceu em 8 de Dezembro de 2020.
Entre outros cargos, foi pároco da Sé aveirense, capelão do Hospital e do Estabelecimento Prisional de Aveiro. Também coordenou a pastoral penitenciária nacional. É oportuno  realçar as suas responsabilidades ao nível das Florinhas do Vouga, uma IPSS com diversas valências, onde o padre João implementou serviços de apoio aos mais desfavorecidos, sem esquecer os sem-abrigo.
Um filme das irmãs Daniela e Inês Leitão, denominado "O Padre das Prisões", sublinha bem a missão deste sacerdote no meio de nós. Inês Leitão ainda escreveu um livro com o mesmo título.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2021

Professor Manuel Nunes Carlos

A nossa gente 


Manuel Nunes Carlos nasceu na Gafanha da Nazaré, a 20 de abril de 1898. Filho de António Nunes Carlos e de Ana de Jesus Vergas. O Pai de Manuel Nunes Carlos era um alfaiate que se tornou famoso pela confeção dos seus gabões, atividade esta que era complementada com a profissão de barbeiro.
Em 1916, terminou o Curso do Magistério Primário, com 16 valores, na Escola Normal de Aveiro. Da sua formação académica consta também o Curso de Pilotagem da Escola do Departamento Marítimo do Norte. Porém, apesar da sua formação como piloto, pouco tempo dedicou à vida no mar.
Antes de lecionar na Gafanha da Nazaré, passou por diversas escolas, como S. Bernardo, Oliveirinha, Lousã, Lobão (Santa Maria da Feira), Vera Cruz, Oiã, Argoncilhe e Tamengos (Anadia).
Em 1932, concorreu ao lugar da Escola Primária da Chave e em 1933 foi transferido para a Cale da Vila.
Além da atividade docente, foi também Presidente da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré (1938) e Vereador na Câmara Municipal.
Em 1931 contraiu matrimónio com Maria do Carmo Simões, filha do proprietário da Pensão Curia. Deste casamento nasceram duas filhas, Maria Manuela e Maria Albertina.
Faleceu a 24 de junho de 1956, com 58 anos de idade. Encontra-se sepultado no Cemitério da Gafanha da Nazaré.

Informação Histórica do Topónimo

1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo), da Câmara Municipal de Ílhavo, no âmbito do projeto "Se esta rua fosse minha";
2. Em relação a este topónimo não encontramos qualquer referência à sua criação nos documentos camarários.

Informação Memorial sobre o Topónimo

Sabemos que o Professor Manuel Nunes Carlos, conhecido por Senhor Professor Carlos, era muito querido pelos seus alunos. Numa conversa que tivemos a 5 de dezembro de 2019, com o professor Fernando Martins, ficámos a saber que foi o professor Manuel Nunes Carlos que lhe fez o exame da terceira classe.

NOTA: Não haverá na Gafanha ou à sua volta quem possua uma  fotografia do Professor Carlos? Agradeço cedência por empréstimo. Obrigado.

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