quarta-feira, 10 de junho de 2015

A nossa Gente: João Resende


João Resende



Neste mês de maio, em que a Câmara Municipal de Ílhavo promove a Feira da Saúde, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a João Resende, médico e ex-delegado de Saúde de Ílhavo, atualmente reformado.
Nascido a 6 de Novembro de 1944, João Resende vive, desde sempre, em Ílhavo, onde iniciou estudos na Escola de Cimo de Vila. Anos mais tarde prosseguiu para o Liceu de Aveiro, ingressando, depois, na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, onde, em 1980, completou a formação em Medicina, com a especialização em Saúde Pública. 
Ainda durante os estudos foi chamado à tropa, tendo-se tornado professor, após esse período. Ao longo da sua carreira, deu aulas de saúde pública, ciências e educação física, em várias escolas: no Ciclo Preparatório e na Escola Secundária Dr. João Carlos Celestino Gomes, no Magistério Primário e no ISCIA (Instituto Superior de Ciências da Informação e Administração). 
Durante 23 anos, entre 1985 e 2008, foi delegado de saúde de Ílhavo, tendo colaborado com a Câmara Municipal de Ílhavo. Foi médico no Centro de Saúde de Ílhavo, no Hospital Distrital de Aveiro e em três empresas (onde ainda exerce): a Teka, a Heliflex e a Torbel. 
Durante cerca de 16 anos, João Resende foi médico da equipa B e da equipa sub21 da seleção nacional de futebol, com quem foi aos Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004. Ao longo de mais de uma década, foi médico do Beira Mar, bem como de vários clubes ilhavenses, como o Illiabum Clube e A.C.D. “Os Ílhavos”, com colaborações pontuais no Grupo Desportivo da Gafanha e no NEGE. No Illiabum Clube desempenhou quase todas as funções, inclusive jogador de basquetebol, tendo sido campeão nacional pela equipa principal, na época de 1963-1964.
A nível associativo, foi presidente do Illiabum Clube e dos Ílhavos, bem como presidente da Assembleia Geral dos dois clubes, da A.R.C. Chio Pó-Pó e dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo (função que ainda desempenha). Também como médico, colaborou com quase todas as Instituições Particulares de Solidariedade Social de Ílhavo, como o CASCI (onde chegou a pertencer à direção) e o Lar de S. José. 
João Resende demonstrou sempre muita iniciativa, tendo sido uns dos médicos fundadores do CAT (Centro de Apoio a Toxicodependentes) de Aveiro, onde trabalhou durante 15 anos. Foi, ainda, sócio fundador e primeiro presidente do Rotary Club de Ílhavo e foi um dos sócios-fundadores dos Amigos do Museu de Ílhavo. 
A nível político, foi candidato independente a presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, nas eleições de 1983, tornando-se vereador, após essas eleições. Foi, também, candidato pelo Partido Socialista a presidente da Assembleia Municipal. 
Atualmente com 70 anos, reformado desde 2008, continua a ser presidente da Assembleia Geral dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo, é médico de três empresas, e encontra-se em recuperação física, após uma amputação de um membro inferior, na sequência de uma infeção agravada pela diabetes. “Há doenças que se não forem descobertas e tratadas atempadamente, nem os médicos escapam”, alerta João Resende.

Fonte: Agenda "Viver em..." de maio, da CMI

NOTA: Os restos mortais de João Resende vão hoje a enterrar em Ílhavo, sua terra natal. O seu historial, como médico e como cidadão, rico e variado, diz bem do seu empenhado envolvimento na nossa sociedade, e mesmo para além dela, tal a natureza da sua participação em prol do povo a que pertence e a que se deu de corpo e alma. Homem afável e compreensível, irradiava simpatias e facilmente criava amizades, nomeadamente, entre os diversos quadrantes da nossa vida politica local. Todos, tanto quanto me apercebi, o estimavam, também pela sua faceta de homem bom, atento, disponível e solidário.
Estou certo de que Deus já o tem no seu regaço maternal.

segunda-feira, 8 de junho de 2015

Os ovos-moles de Aveiro têm de ser respeitados

Tribunal defende 
genuinidade dos ovos-moles 
de Aveiro

(Foto de Paulo Ramos, no Diário de Aveiro)
«O Tribunal acaba de proibir a produção de ovos-moles e a comercialização em hóstias idênticas ou iguais às que prevê o Caderno de Especificações e não permite a utilização da expressão ou designação Ovos-moles na comercialização deste produto. As empresas comerciais autoras do processo utilizam figuras de hóstia com outros formatos: signos, ovos, amêndoas, pai natal, cachos de uvas, milho, ânforas, cordeiros ou pintainhos, semelhantes em aspecto de apresentação, tamanho e cor aos modelos tradicionais com motivos marítimos.
Após quatro anos de luta judicial, a APOMA congratula-se com a decisão judicial e informa que “os ovo-moles continuarão a ser berbigões, ameijoas, navalheiras, peixes, conchas, mexilhões, barricas, barricas de aduela, bóias marítimas, nozes e castanhas” e, em comunicado, vai mais longe, “as imitações que tentaram confundir os consumidores, diluir a histórica e tradicional marca identificativa de Aveiro e desrespeitar o cumprimento da legislação nacional e comunitária viram proibida a sua presença no mercado”.»

Li e transcrevi, com  a devida vénia, do Diário de Aveiro

NOTA: Concordo, obviamente, com a decisão do Tribunal, que peca por tardia. Tenho muitas dificuldades em perceber as razões de tanto tempo de atraso para resolver um assunto tão simples e tão importante. Tão importante, porque os milhares de turistas não saborearam os genuínos ovos-moles de Aveiro durante todo este período. 

As aulas de EMRC, um projeto de vida

Nota Pastoral do Bispo de Aveiro



«A tarefa da educação é missão específica da Família, por isso, lançamos o desafio aos pais para que não prescindam e desperdicem este tempo e este espaço da aula de EMRC, que é, sem dúvida, um excelente complemento à educação recebida em casa e na comunidade paroquial. Com a mesma sistematização e métodos dos outros saberes escolares, a disciplina de EMRC entra em diálogo com as demais aprendizagens e fornece ao aluno instrumentos para melhor compreender a realidade pessoal e social, e para nela intervir com comportamentos éticos e morais que o dignificam como pessoa.»



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Na morte pode haver vida



Mesmo na morte pode haver vida. Como é o caso destes pedaços de árvore, ressequidos, cortados e para ali atirados, ao acaso, à espera de outro destino. Fui a tempo de os ver partir para a espera do inverno, onde terão de alegrar a nossa existência com o calor reconfortante.

domingo, 7 de junho de 2015

RETIRO II


«Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo.»

Canto  IX dos Lusíadas


1. A literatura de fim de semana está cheia de propostas para dias bem passados. Porque descontrair é preciso, que a azáfama da vida é por demais cansativa e stressante. Os jornalistas especializados da área do lazer e cultura, que os temos de muito nível, brindam os seus leitores com propostas aliciantes que nos arrebatam. 
Leio com gosto o que escrevem e aprecio as ilustrações que acompanham os textos, embora saiba que muito do que apregoam não se adequa à minha bolsa, nem à do comum cidadão. Contudo, consola-me conhecer o que vai pelo mundo de belo e original. Ouvindo Camões, no canto IX, dou-me por satisfeito:
"Melhor é experimentá-lo que julgá-lo,
Mas julgue-o quem não pode experimentá-lo."

RETIRO



Hoje, domingo, estou em retiro. Frequentemente preciso de estar em silêncio. Mas os meus retiros não são muito exigente, ou talvez sejam. Não preciso de me recolher em conventos ou em casas criadas para isso. Basta-me o aconchego de um recanto com natureza à vista. O resto sai da minha sensibilidade. 
Está um dia maravilhoso. Sol quanto baste, o arvoredo que tenho por companhia reforça o oxigénio puro de que preciso e o arrulhar das rolas e o chilrear da passarada garantem-me a sinfonia que tranquiliza. 
A cadeira em que me recosto, oferta da minha Lita, permite-me a posição adequada para o repouso na hora própria. Umas leituras para não perder o hábito que em mim se instalou há muitos anos, ainda miúdo, completam o esquema que durante a noite idealizei. Que mais quero eu? 
Se me aprouver, de algumas coisitas darei nota durante o dia. Bom domingo.

ESPÍRITO CRIADOR

Crónica de Frei Bento Domingues 

Frei Bento Domingues


1. Há pessoas que fazem profissão de optimismo. Olham sempre, ou fingem olhar, para o “lado positivo” de tudo e, perante qualquer desgraça, repetem: ainda podia ter sido muito pior! São capazes de recuar até à pedra lascada para mostrar que agora estamos no melhor dos mundos. Se alguém, mais sensível à questão social, por exemplo, observa que 20% da população detém 80% dos recursos mundiais, a resposta já está pronta: as desigualdades são a principal fonte de progresso para todos.
Quem não quer ser acusado de negativista refugia-se no prestigiado casamento do pessimismo da inteligência com o optimismo da vontade. Por não apreciar esses tranquilizantes, o filósofo espanhol, Xavier Zubiri, apressa-se a declarar que durante toda a sua vida só conheceu a emoção do puroproblematismo.
Um dos alimentos principais da filosofia são as interrogações. Mas a problematização contínua é o luxo de quem não tem que decidir. As decisões não podem esperar ver todas as dúvidas resolvidas. A concepção aristotélica da prudência – virtude da decisão bem ponderada – recomenda-se tanto aos “tontos com iniciativa”, como aos eternos hesitantes.

sábado, 6 de junho de 2015

A grande evasão

Crónica de Vasco Pulido Valente

"O futebol, a obsessão com a cozinha e os concertos de música popular são três maneiras de resistir à realidade doméstica e ao desespero a que ela nos reduziu"




A geoestratégia de Deus

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges

Na sequência dos trágicos acontecimentos de Paris, o jornal australiano Weekend Australian publicou um desenho com humor sábio. Intitula-se "Rezemos". Jesus segura o Alcorão e diz a Maomé: "Já te disse que o Alcorão precisa de um segundo volume, como nós temos o Antigo Testamento seguido do Novo Testamento." Maomé, que segura um jornal declarando em letras garrafais: "O mundo em guerra", atira a Jesus: "Ir lá abaixo, à Terra, escrever o segundo volume? Seria crucificado."

No contexto do meu livro Deus ainda Tem Futuro?, realizei recentemente, no Porto, um debate, com a participação do general Ramalho Eanes e do eurodeputado Paulo Rangel, sobre o tema em epígrafe: "A geoestratégia de Deus".
A geoestratégia de Deus pode ser vista no enquadramento do genitivo subjectivo, isto é, no sentido de perceber qual é a geoestratégia que Deus tem. Ora, olhando para o Novo Testamento, percebe-se que essa geoestratégia, a partir de Deus, é o amor, a compreensão universal entre todos, na justiça e na paz, a plena realização da humanidade, o Reino de Deus.

sexta-feira, 5 de junho de 2015

FESTA DO CORPO DE DEUS

Reflexão de Georgino Rocha



TOMAI E COMEI O PÃO DA VIDA


A ceia pascal de Jesus com os seus discípulos é narrada por Marcos de modo sóbrio e substancioso. Mc 14, 12-16 e 22-26. Nada a mais é dito que possa distrair do seu núcleo central e dos seus gestos significativos, bem como da disposição radical do seu único protagonista. Tudo se conjuga e converge na entrega do corpo e no derrame do sangue feitos generosamente por Jesus em prol de um mundo novo, fruto de uma nova aliança. Tudo se centra no pão que é partido e repartido e no vinho que é tomado e bebido. Pão e vinho, frutos da terra e do trabalho humano que, pela força do Espírito Santo, se convertem no corpo e no sangue do Senhor Jesus. Que maravilha de simplicidade e clareza! Que beleza de atitudes e sentimentos! Que riqueza de sentido intencional e de discreta presença amorosa!

quarta-feira, 3 de junho de 2015

UMA JANELA PARA O SAL

Um livro de Ana Maria Lopes|Etelvina Almeida
|Paulo Godinho – Fotografia




UMA JANELA PARA O SAL é um livro de Ana Maria Lopes|Etelvina Almeida|Paulo Godinho – fotografia que se lê com muito prazer. Pelas informações que presta, pelo que nos leva a recordar, pelo texto e pelas fotos «recolhidas nos anos 80». Mas o texto, em prosa poética de muita sensibilidade, só próprio de quem sente de modo muito especial a Ria de Aveiro, a nossa serena laguna, esse merece ser lido e relido para dele extrairmos as cores, os cheiros, os gestos, as alegrias e as dores dos que viveram a safra salgada. 
As janelas que nos mostram o sal, quais vitrais multicoloridos bem definidos, espelham o céu que se mistura com os cristais salinos, refletindo na  região aveirense uma paisagem única com montes pontiagudos feitos à custa de esforço e arte de marnotos e moços. Há anos, antes da morte do salgado, nunca nos cansávamos de contemplar os cones de sal, como riqueza para alguns à custa de canseiras sobre-humanas para muitos.
Tudo ou quase tudo se foi. Porém, se não houvesse estudiosos de vários quadrantes e apaixonados pelas nossas culturas, esse património que faz parte integrante das raízes lagunares aveirenses perder-se-ia para sempre. Mas afinal temos quem nos ofereça marcas indeléveis desse património, que pode ser lido, recordado e mantido à tona das agradáveis memórias de quem nasceu à borda-d’água e não só.
O poema, como o classifiquei no início deste modesto texto, sai enriquecido em todo o livro, desde a abertura até à Nota final e ainda ao glossário sucinto, pelo que me dispenso de retirar dele alguma frase ou expressão. É que nele se incluem, nos vinte capítulos, palavras, expressões, notas históricas e termos técnicos, tudo a condizer com a safra do sal que nos tempera a nossa identidade.
Os meus parabéns aos autores.

Como isco dirigido aos meus amigos ou para abrir o apetite a toda a gente, aqui deixo um curto poema que ilustra no livro a foto que  encima este meu escrito:



Mãos de moço-homem és, rasoila!

E é com ele que, todos os dias mergulhas na moira, e te arrastas por essas praias de sal num vaivém interminável.
São ambos matéria que se curte e entranha em duro ambiente, entre elementos de água, sol e vento — entre o sal.
Ai moço, quão belo, mas cruel é esse salgado que te rouba a inocência, que te corrói o corpo e a alma, mas que te dá o pão da vida e te faz homem — são as «chagas da vida», dizem…
Ao tempo, com o tempo, curtes a tua cútis, endureces-te e moldas-te ao sal — só assim sararão essas feridas, que agora tingem de vermelho o branco sal.
É esse sal, que escorre entre teus pés, que te tempera, te corta, te marca, te retesa essa pele de tenro menino e a enruga antes do tempo, curtindo-a de bronze salgado.
A seu tempo, moço, «homem de sal» serás!


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NOTA: Este livro vai ser lançado em Aveiro, na quinta-feira, à noite, dia 4, pelas 21 horas  e trinta, no edifício da antiga Capitania.

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