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Cultura da Vida

COMUNICAÇÃO SOCIAL DEVE DEDICAR TANTO ESPAÇO À DEFESA DA VIDA COMO O QUE DEDICA AO ABORTO  A propósito da declaração do Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, de que a legislação sobre o aborto não seria aplicada naquela região autónoma, o Presidente da República, Cavaco Silva, adiantou que, “quando a legislação não é aplicada, os cidadãos podem recorrer a instâncias próprias, ao sistema de justiça”.  Às destemperadas afirmações do Presidente madeirense costumam os governantes nacionais responder com um silêncio cúmplice e inquietante. Tanto os ligados ao PS como ao seu próprio partido, o PSD. Do mesmo modo se têm comportado os Presidentes da República, que lhe têm tolerado, ao longo dos anos, as ameaças, as pressões, as indelicadezas e as bizarrias.  Alberto João Jardim diz o que quer e o que lhe apetece, muitas vezes dando a entender que a Madeira saberá escolher o seu caminho, se continuar a ser prejudicada pelos políticos do continente. Embora...

Natalidade em Portugal

DAR MAIS SUBSÍDIOS NÃO RESOLVE O PROBLEMA Depois das políticas abortistas, vieram as políticas de apoio às famílias carenciadas e com mais filhos. Não sei se isto aconteceu pelos protestos dos que condenaram o aborto e defenderam políticas de apoio à vida, mas tudo indica que sim. Talvez, também, por influências de uma medida do Governo espanhol, que avançou, recentemente, com um “prémio” de 2500 euros pelo nascimento de cada bebé na vizinha Espanha, e pelo anúncio da quebra assustadora da natalidade em Portugal. O nosso País é já o que tem, na UE, excluindo os países do alargamento, o número de filhos por mulher com idade fértil mais baixo. Temos, em 2007, menos um terço de nascimentos do que tínhamos na década de 80 do século passado. Normalmente, diz-se que a baixa natalidade se deve a dificuldades económicas, mas, pelos vistos, não será tanto assim, até porque as famílias pobres são as mais numerosas, como têm sublinhado alguns entendidos. De qualquer forma, os apoios do Governo...

Um artigo de Anselmo Borges, no DN

SER É SER EM RELAÇÃO Apergunta fundamental - aquela pergunta que, segundo Aristóteles, desde sempre se ergueu, que ainda hoje se ergue e que sempre se há-de erguer, na perplexidade - é esta: o que é o ser na sua ultimidade? Para ele, o ser diz-se de muitos modos. Aparecem então as categorias, que são os modos fundamentais do ser e da predicação. São dez: a substância e os nove acidentes - qualidade, quantidade, relação, lugar, tempo, situação, posse, acção, paixão. Neste enquadramento, a categoria da relação, tradicionalmente, acabou por não ter espessura. Havia cada ser constituído, que, num momento segundo, tinha uma relação (por exemplo, alguém era pai ou mãe). Assim, classicamente, definiu-se a pessoa como "substância individual de natureza racional" (Boécio) e "existência incomunicável de natureza intelectual" (Ricardo de S. Victor). A definição de Boécio ignorava a relação. A modernidade também afirmou o indivíduo - de individuum, indiviso - pondo-se a si me...

José Saramago terá razão?

A IBÉRIA      “Portugal acabará por integrar-se na Espanha... num país chamado Ibéria.” Esta foi a ideia bombástica proclamada pelo Nobel da Literatura José Saramago, há anos a residir em Lanzarote, uma ilha do país vizinho. Em resposta, não faltaram palavras e escritos de indignação, por se considerar tal afirmação como antipatriota e até irrealista. Confesso que não vou por aí.  Portugal, há nove séculos, nem sequer existia e quando nasceu, presumivelmente em 1143, não era nenhuma nação, conceito que talvez nem existisse. O que havia, muito simplesmente, era interesses económicos e de poder de uns tantos senhores de Ribadouro, que gostavam de zelar pelo que era seu, sempre com ânsias de aumentar o seu poderio. 

Os meus contos

MARIA DO CÉU Com os anos a pesarem, a varredora arrasta-se no seu labor mecanizado na busca das folhas caídas do arvoredo. Empregada da empresa encarregada do asseio citadino, vejo-a com frequência da esplanada do bar onde matinalmente costumo saborear o café, de mistura com o ar puro que o parque me oferece.  A mulher deambula de um lado para o outro indiferente aos olhares de quem está ou passa. Baixa-se com dificuldade, puxa com as poucas forças que lhe restam o saco preto de plástico semicheio de lixo, ergue-o a custo para o despejar no carro de mão e volta à cata de mais folhas, mas também de papéis atirados para o chão por gente graúda e miúda que corre apressada, sem cuidar de saber das recomendações que periodicamente se badalam para haver respeito pelo ambiente, que é propriedade de todos. De quando em vez, o capataz lá aparece para dar as suas ordens:  – Olhe ali; quero isto limpinho como um brinco; não quero queixas de quem paga!  Maria do Céu, assim ...

Ares do Verão

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BUGAS Quem chega a Aveiro tem uma boa prenda da cidade. Boa prenda, porque é um convite à descoberta da cidade, sem precisar de gastar dinheiro. Só necessita de tempo e de boa disposição. A prenda, afinal, é a possibilidade de utilizar a BUGA (Bicicleta de Utilização Gratuita de Aveiro), posta à disposição de todos, sem qualquer custo. O visitante salta para o selim, carrega nos pedais e aí vai ele por ruas e ruelas, passeios e largos, ao lado dos canais da ria ou deles afastado, à cata do que Aveiro tem para ver: Edifícios da Arte Nova, bairros populares, palacetes e barcos moliceiros, salinas (quase só para turista ou estudiosos verem) e monumentos diversos, de tudo um pouco. Depois, pode parar em qualquer canto para saborear os ovos-moles e continuar a pedalada. As Bugas, diga-se de passagem, estão em qualquer canto. É só olhar. Boas férias para todos.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 33

COM OS DE FAFE NINGUÉM FANFE Caríssima/o: Muitos de nós se lembrarão do Ti João Bola, o Regedor. Gostaria de o trazer para a nossa companhia por breves minutos já que foi figura marcante na minha vida. Moço, cheio de vida e de ilusões, regressei à Gafanha para dar aulas na Escola da Marinha Velha. Quantas vivências com o Regedor! Homem bom, amigo do seu amigo, mas representante da lei, ele era a autoridade. Uma vez estivemos em campos opostos: foi na altura de passagem de ano e nas lendárias “comemorações” que programámos e realizámos. E justiça se lhe faça: o senhor Regedor nunca aceitou sequer que lhe dissessem que o professor... Isso tudo já lá vai. Mas foi pela sua mão que me vi envolvido no Censo de 1960. Experiência que interpela qualquer um que se lhe dedique. A mim abriu-me os olhos e o coração para as Gentes da nossa Terra. Encontrar no mesmo pátio pessoas oriundas das mais diversas regiões do nosso Portugal, unidas pelos mesmos anseios e cruzando as suas vidas ao ponto de f...

Um artigo de D. António Marcelino

Os não nascidos e os impedidos de nascer A notícia, a princípio bem discreta, só vinha em poucos jornais, se comparada com o grande relevo dado, sem recriminações, à desobediência dos hospitais do Estado sobre os abortos já realizados. “ Mais de 60 abortos só num mês e ainda sem lei” era título do dia. Uma lei, como sabemos, que permite a algumas mães, muitas a custas do erário público, que mandem matar o filho que trazem no seio, se assim o pedirem de harmonia com o que está determinado. Antes da lei, já nada é ilegal. E isso não interessa aos servidores do Estado que lhe dão cobertura e retiram importância, não vão as coisas complicar-se mais. Diz a princípio a tal notícia discreta, depois já em primeira página e devido relevo, que “A natalidade atinge em Portugal o valor mais baixo de sempre”, ou que “Nascimento de bebés em 2006 é o mais baixo desde que há estatísticas”. É o Instituto Nacional de Estatística a fonte. O índice de natalidade foi de 1,36, com tendência a descer e sem ...

As Sete Maravilhas de Portugal

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Fotos, de cima para baixo: Fachada principal, Torre vista do Claustro, Túmulo de D. Pedro I, Túmulo de Dona Inês de Castro MOSTEIRO DE ALCOBAÇA O meu roteiro de férias contempla sempre a vertente história e monumental. Por onde quer que passe, dou comigo à procura do que nos foi legado pelos nossos antepassados. Depois, aprecio, leio o que encontro à mão, fotografo e registo na memória o que tem mais interesse. Do Mosteiro da Batalha, passei a Aljubarrota. A seguir, rumei a Alcobaça, onde repousam os restos mortais de D. Pedro I e de Dona Inês, em túmulos com as suas estátuas jacentes, perpetuando um amor até ao fim do mundo, como reza a lenda. Mas o Mosteiro é muito anterior aos amantes que ali estão à espera dos visitantes que, logo à chegada, muitos, perguntam por eles. A Abadia cisterciense de Santa Maria de Alcobaça vem do tempo de D. Afonso Henriques, pois foi por ele fundada em 1153. Doada à Ordem de Cister pelo nosso primeiro rei, representados por Bernardo de Claraval, a abadi...

Um artigo de António Rego

A OUTRA FACE Estranha, a profissão de crítico. Político, religioso, literário, cinematográfico, generalista. Observador severo, mesmo que se esqueça do bem e do bom, nunca deverá deixar passar o erro sem a análise fria, rigorosa, implacável. E a conse-quente denúncia. Caçador de vermes, diverte-se mais com as gralhas que com o texto escorreito de páginas inteiras. Dirão alguns que é questão de feitio e o mundo precisa de gente sem sorriso nem benevolência para por a humanidade na ordem. Estudioso infatigável do pecado original, pensarão outros, na convicção que não obstante todos os trechos bíblicos de esperança o homem não passa dum ser mesquinho e incurável com necessidade de muitos milhões de milénios para se notar uma ligeira curva de progresso. A esperança é uma virtude sobrenatural, diferente da utopia ou do optimismo que não passa dum volátil estado de alma. Mas a verdade é que o todo da vida e do mundo tem uma outra face que importa observar. Não apenas em nome da tolerância ...

Um artigo de Alexandre Cruz

Porque nos abstemos de participar? 1. Quem ganha as eleições quando quem vence, de facto, é a abstenção? Talvez esta pergunta, sintomática, seja o espelho de tantas eleições em democracia como do recente acto eleitoral para a autarquia de Lisboa. Pelas tendências estudadas da indiferença que se vai generalizando, e que leva já alguns países europeus a “obrigarem” os cidadãos a votarem sob pena de perderem direitos de cidadania, será de salientar que para uma desejada maturidade democrática não haverá nem praia, nem julho, nem sol nem chuva, nem futebol, nem credibilidades ou descredibilidades de candidatos, “nada” existirá que justifique a habitual (e pacífica, não há outro remédio!) ausência da participação eleitoral. 2. As 1001 razões justificadoras da abstenção a que nos vamos acomodando, no presente, ausente e difícil Portugal, só virão pactuar com essa ideia de passividade e conformismo com a nossa pacata forma de ser. Qualquer acto eleitoral – e é uma privilegiada conquista demo...