terça-feira, 1 de junho de 2021

Miguel Torga para o Dia da Criança

 BRINQUEDO

Foi um sonho que eu tive:
Era uma grande estrela de papel
Um cordel
E um menino de bibe.

O menino tinha lançado a estrela
Com ar de quem semeia uma ilusão;
E a estrela ia subido, azul e amarela,
Presa pelo cordel à sua mão.

Mas tão alto subiu
Que deixou de ser estrela de papel.
E o menino, ao vê-la assim, sorriu
E cortou-lhe o cordel.

Miguel Torga

Andanças: Palácio do Buçaco

Palácio do Buçaco na serra do mesmo nome.  Sugestão para um passeio onde pode apreciar uma paisagem verdejante com história para recordar. Há museu sobre a Batalha do Buçaco que merece uma visita. 


Fazei isto em minha memória

Reflexão de Georgino Rocha 
para a Festa do Corpo de Deus 


“Ámen” – responde o cristão a quem lhe apresenta o “corpo de Cristo” no rito da comunhão, expressando a sua fé orante no pão eucarístico que vai receber. É o corpo de Cristo real e não virtual, ressuscitado e não físico ou meramente aparente e convencional, sacramental e não carnal. É corpo pessoal sacrificado que, tendo nascido da Virgem Mãe, se faz “corpo entregue e sangue derramado” na ceia da instituição da eucaristia, corpo eclesial na assembleia convocada para a celebração, corpo cósmico nas realidades temporais que se vão conformando aos valores do projecto de Deus que quer ser tudo em todos. Tudo concentrado na pequena hóstia!
A Igreja nasce e vive da eucaristia e, por mandato de Jesus, realiza-a como fonte e o cume de toda a sua missão. “Fazei isto em minha memória” – ordena Ele aquando da instituição. E a Igreja assim faz, conservando o memorial eucarístico nas diversas formas de celebração e acolhendo modos vários de manifestar a “ressonância” suscitada na piedade popular.
A festa do Corpo de Deus foi instituída em meados do século XIII, época em que se comungava muito pouco e se levantavam dúvidas sobre a «presença real» de Jesus na hóstia consagrada depois da celebração da Eucaristia. “A Igreja respondeu, não com longos discursos, mas com um ato: sim, Jesus está verdadeiramente presente mesmo depois do fim da missa. E para provar esta fé, criou-se o hábito de organizar procissões com a hóstia consagrada pelas ruas, fora das igrejas”.

segunda-feira, 31 de maio de 2021

O meu irmão

Armando Grilo
Estou numa fase da vida em que saboreio as boas memórias, as que estão bem aconchegadas no coração, com um prazer inolvidável. As más, que as há, por vezes intrometem-se comigo, mas de imediato são repudiadas. Não tenho tempo livre para elas. Mas as boas, essas sim. Acolho-as e até as embalo como quem embala um bebé, na esperança de as ver crescer para me animarem na vida.
Vem esta reflexão a propósito do Dia do Irmão que hoje se celebra, como se tal Dia não fosse todo o tempo do mundo. Os irmãos, como os pais e depois os filhos e netos, fazem parte integrante do nosso ser e das nossas vivências quotidianas, felizes os menos felizes. Por isso, para alguns, celebrar o Dia Disto ou Daquilo, não faz sentido. Contudo, temos de reconhecer que as celebrações de datas marcantes têm um lado positivo. Como acontece hoje. Embora o meu irmão Armando, que eu amorosamente tratava por Menino, esteja sempre na minha vida, a realidade é que, se não houvesse o Dia do Irmão, talvez eu não estivesse aqui, no meu blogue, a evocá-lo, partilhando com os meus leitores o amor fraterno que nos unia. 
Se fosse vivo, o meu irmão teria hoje 79 anos (nasceu em 25 de Outubro de 1941 e faleceu em 27 de Março de 2007). Talvez trocássemos felicitações por telefone, talvez lhe enviasse um e-mail com um abraço, talvez conversássemos um pouco sobre a vida, talvez evocássemos momentos felizes, talvez falássemos dos nossos pais, talvez trocássemos impressões sobre as nossas famílias, talvez nos ríssemos das brincadeiras, sorrisos e marotices dos nossos netos. Que o meu irmão, o Menino, tinha uma rara habilidade para contar histórias dos netos. Era um autêntico ator. Estaria no palco da vida, que ele tanto amava, para a animar. E por aqui me fico. Hoje vou passar o dia com ele.

Um abraço

Fernando, 
o teu mano, como tu dizias

domingo, 30 de maio de 2021

Fazer acontecer

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Esta é a primeira vez que um Sínodo começa a partir da base. Isto pode significar que entrámos numa nova fase da vida da Igreja.


1. O Papa Francisco acaba de fazer oito anos de pontificado. Não é no espaço desta crónica que me atreveria a fazer o balanço do que representaram e representam esses anos no interior da Igreja católica, no movimento ecuménico, no diálogo inter-religioso, nas iniciativas para desenvolver uma nova ética económica, social, política e ecológica.
Teve de enfrentar resistências organizadas à reforma da Cúria romana, estancar os escândalos da banca do Vaticano e aplicar medidas drásticas para erradicar o cancro da pedofilia. Retomou de forma criativa as grandes intuições do Concílio Vaticano II. Mediante gestos, palavras, acções e iniciativas exemplares, mostrou o que deve ser uma Igreja de saída para todas as periferias. É a partir dessas periferias que a Igreja encontra o seu caminho e a sua missão no Mundo contemporâneo.
Os documentos que publicou abrangem as questões fundamentais do nosso tempo. Não é por acaso que vários líderes mundiais desejam que o Papa Francisco participe na Cimeira de Glasgow sobre a crise climática, em Novembro, pela “autoridade moral” da sua voz em relação à matéria e também por estar “acima da política e fora dos conflitos nacionais”.

Um poema para este domingo de Vitorino Nemésio

Senhor, nas minhas veias
Trago a morte medida.
Sou lâmpada de pobre:
Nem toda a noite a vida.

Já meu sangue estremece;
Veio uma asa ao lago.
Minha mão arrefece
Nestas coisas que afago.

Que maneira de amor
Fui, no menino ido!
Agora, seja o que for
Já no homem cumprido.

Até ao último fio
Poupei o dote divino.
O homem de Deus perdi-o;
Só salvei o menino.

Esse me leva e enche
Como uma onda do mar:
Minhas fraquezas preenche,
Que a grande força é brincar.

Já vai escurecendo;
O sangue pára de arder.
Agora, o que digo acendo
Para me não perder.


Vitorino Nemésio 

In VERBO - Deus como interrogação na poesia portuguesa 
 


ANDANÇAS: Farol do Cabo Mondego

 


O Farol do Cabo Mondego é mais antigo do que o Farol da Barra da Aveiro. O primeiro foi inaugurado em 1858 e o segundo em 1893.
O Farol do Cabo Mondego pode ser visto e visitado na Serra da Boa Viagem, onde nos oferece uma paisagem digna de registo.

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