sábado, 30 de janeiro de 2021

O sentido da vida. 3. Sofrimento e sentido

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

A nossa vida não tem sentido, quando não vale para ninguém. No entanto, suportamos e superamos sofrimentos e fracassos, se alguém nos reconhece

Há uma vivência radical que põe o pensamento em sobressalto. Cada um de nós sabe que não esteve sempre no mundo, isto é, que nem sempre existiu e que não existirá sempre. Houve um tempo em que ainda não existíamos, ainda não vivíamos, e haverá um tempo em que já não existiremos, já não viveremos cá, deixaremos de viver neste mundo. Nesta constatação, experienciamos que somos de nós, somos donos de nós - essa é a experiência da liberdade -, mas não nos pertencemos totalmente, não somos a nossa origem nem temos poder pleno sobre o nosso fim. Viemos ao mundo sem nós - ninguém nos perguntou se queríamos vir - e um dia a morte chega e leva-nos pura e simplesmente. Não nos colocámos a nós próprios na existência nem dispomos totalmente do nosso futuro, não somos o nosso fundamento. Aqui, perante a certeza de que nem sempre estive cá e de que não estarei cá para sempre, pois morrerei, ergue-se, enorme, irrecusável, a pergunta: donde vim?, para onde vou?, qual é o sentido da minha existência?, que valor tem a minha vida?
Esta pergunta formula-se em relação a todos os seres humanos, à vida em geral, a toda a realidade: porque é que há algo e não nada?, perguntaram Leibniz e Heidegger, entre outros, mas ela diz respeito concretamente a cada um, a cada uma, de modo existencial e tem carácter ao mesmo tempo teórico e prático, uma vez que implica a liberdade. Ela é a pergunta mais originária e fundamental, como bem viu Albert Camus: "Se a vida tem ou não tem sentido, essa é a questão metafísica". De facto, o ser humano não pode viver sem sentido. Aliás, a existência humana está baseada na convicção do sentido.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Acompanhar as famílias no luto

Carta Pastoral do Bispo de Aveiro
sobre os dramas da pandemia 

O cristão deve agir com amor, sinceridade, equilíbrio e fé

O Bispo de Aveiro, D. António Moiteiro, acaba de publicar na página  da Igreja Aveirense uma Carta Pastoral, onde reflete a visão cristã sobre os dramas causados pela pandemia do Covid-19. A Carta — VEDE COMO ERA SEU AMIGO…— dá pistas para todos acompanharmos as famílias enlutados, cujo número não cessa de crescer. “É necessário estar atento àquilo que possa ajudar a conviver com a perda de uma pessoa querida: consolar a quem está em situação debilitada, para que possa restabelecer o equilíbrio e elaborar o processo de luto”, afirma o Bispo de Aveiro, acrescentando que “o cristão deve agir com amor, sinceridade, equilíbrio e fé”, mas ainda explica que “a morte do corpo é somente o começo da vida eterna”.
D. António diz que a perda de alguém traz, inevitavelmente, muita dor e sofrimento. E frisa que “ajudar as famílias a viver o luto envolve um olhar amplo sobre a realidade que vivemos, mas também se inspira no Evangelho, como possibilidade de delinear ações que elevem o ser humano e a sua dignidade perante as perdas”. Reconhece que “cada um vivencia o luto de acordo com a sua personalidade, com as suas perceções, resiliência, e de acordo com os laços que se estabeleciam com a pessoa que partiu,”  adiantando que a comunidade cristã, “precisamente por ser comunidade, deve estar presente e acompanhar estes momentos e passos decisivos da vida dos seus membros, manifestando comunhão e solidariedade”.
Chama ainda a atenção para a necessidade de se “refletir e atualizar o modo como acompanhamos as famílias enlutadas nas nossas comunidades”, estando atentos “àquilo que possa ajudar a conviver com a perda de uma pessoa querida: consolar a quem está em situação debilitada, para que possa restabelecer o equilíbrio e elaborar o processo de luto”. E sublinha que um grupo constituído na paróquia “pode servir de grande conforto e ajudar a superar a dor”.

F. M.

Pode ler a Carta Pastoral aqui

O agir de Jesus provoca admiração e espanto

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo IV do Tempo Comum

"E com o Papa alarguemos o nosso olhar e credenciemos o nosso agir, juntando-nos a tantos/as que todos os dias plantam uma semente de um mundo melhor" 

Com o núcleo dos discípulos recém-chamados – é significativo que sejam irmãos, sinal da fraternidade, Jesus dirige-se a Cafarnaum, cidade que lhe serve de base para a missão que vai iniciar. Marcos, o autor do relato, após fazer a apresentação do Messias, traz para primeiro plano a situação religiosa das pessoas envolvidas nos episódios narrados. Designa-a por cegueira e vai dizendo de quem: das autoridades, do mundo/multidão, dos discípulos. Mc 1, 21-28. 
Elabora um texto emblemático, com as cenas ocorridas na sinagoga onde Jesus, como bom judeu, tinha ido em dia de sábado e começou a ensinar. A primeira, refere a reação das pessoas à sua “homilia”. “Ficaram admiradas com o seu ensinamento” porque “ensinava como quem tem autoridade”. A segunda, relata o exorcismo feito a um possesso que ali se encontrava e bradava: “Eu sei quem Tu és: Tu és o Santo de Deus!”. Jesus responde-lhe: “Cala-te e sai dele”. E assim acontece. A assembleia fica assombrada e pergunta-se: “O que é isto? Um ensinamento novo, dado com autoridade. Ele manda até nos espíritos maus e eles obedecem”. E Marcos acrescenta: “A sua fama espalhou-se por toda a parte, em todas as redondezas da Galileia. 

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

COVID-19: Situação dramática em Portugal

Da mensagem  ao país do Senhor Presidente da República 


«O que verdadeiramente importa nestes momentos mais difíceis, e mesmo mais dramáticos, é não perder a linha de rumo, não perder a determinação, não perder a capacidade de resistir, de melhorar e de agir.
Se for verdade que, desta vez, a vaga começou a Ocidente e Portugal é dos primeiros e não dos últimos a sofrer a pandemia, então é preciso agir depressa e drasticamente.
É esse o sentido das medidas, hoje, mesmo, tomadas ao abrigo do decreto que assinei logo após a autorização da Assembleia da República.
Temos de ser mais estritos, mais rigorosos, mais firmes no que fizermos e no que não fizermos – ficar em casa, sair só se imprescindível e com total proteção pessoal e social. Só assim será, efetivamente, viável testar a tempo e rastrear os possíveis infetados. Diminuindo a disseminação do vírus.
Temos de continuar a vacinar sempre melhor e ainda mais depressa. E sem criar especulações que nos enfraqueçam.»

Ler toda a mensagem aqui

Cada dia nos dê o nosso pão



Cada dia nos dê o nosso pão
e comê-lo nos abra aquela casa
de inteligência e coração
onde sentar-se é mesa rasa
de ver quantos não estão
sentados nessa casa.
E comer se ilumina, e abre-se portão,
ou qualquer coisa de brasa
entra no movimento e na palavra,
como se cada gesto e cada som
fosse uma leitura que se abra
dentro da história de não haver senão
a de estarmos à mesa da palavra,
transparentes, à luz de se partir o pã
o.

Fernando Echevarría

In “Obra Inacabada”, 
Afrontamento, 2006

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Dia Internacional do Vinho do Porto




Celebra-se hoje, 27 de Janeiro, o Dia Internacional do Vinho do Porto, porventura o mais renomado vinho de Portugal e até de muitas outras terras do mundo. Estou a falar do que ouço e tenho lido porque não sou, nem de perto nem de longe, pessoa abalizada para classificar bebidas alcoólicas.
Esta celebração tem por finalidade convidar as pessoas a provar um cálice de Vinho do Porto, de preferência acompanhado por familiares e amigos, sem descurar as restrições impostas pela pandemia.
A data foi estabelecida em 2012 pelo Center for Wine Origins, uma instituição dos Estados Unidos da América, da qual o IVDP (Instituto dos Vinhos do Douro e Porto) faz parte, segundo li no Google.
Curiosamente, a 10 de setembro também se comemora o Dia do Vinho do Porto (Port Wine Day), desde 2014, uma vez que foi a 10 de setembro de 1756 que foi criada pelo Marquês de Pombal aquela que é considerada a primeira região demarcada e regulamentada do mundo, o Douro Vinhateiro.
Vamos então comemorar o Dia Internacional do Vinho do Porto, com a certeza de que saborearemos um néctar único no mundo.
Eu vou beber um cálice do vinho da garrafa aqui exibida com décadas de vida em nossa casa. Não posso convidar ninguém porque mal chega para a família.

Fernando Martins

Só à volta da fogueira


Diz-se que falamos do tempo quando não temos mais nada para falar. Porém, eu tenho o tempo por tema somente quando ele me agrada muito ou me desagrada. No caso de hoje, tenho mesmo de falar dele porque sofro  muito com o frio. Talvez seja pela idade que tenho dito e redito, cá por casa, que nunca senti tanto frio na minha vida como este ano. É facto que já sou octogenário e isso deve ser a causa do frio que me tolhe os movimentos.
Contudo, não será novidade para ninguém que há imensa gente no nosso país e até à nossa volta que tem de suportar as consequências do mau tempo, sem meios para se defender. Enquanto eu e muitos outros temos possibilidades de recorrer a diversas formas de criar condições para debelar o frio, muitíssimas famílias têm mesmo que sofrer as consequências deste  e doutros invernos agrestes. E que fazemos nós? Só à volta da fogueira, se houver lenha para manter a chama acesa. 

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