terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Solidão natalícia



Neste mundo vandalizado pelo consumismo, deixamo-nos levar pela onda e atiramos para trás das costas a solidão de tantos. A imagem que publico já não fere ninguém, nem mesmo os que pregam a atenção aos que revivem isolados as memórias que são o único consolo de que se consideram donos absolutos. E no próximo Natal será diferente? Não acredito, mas gostaria de ter a coragem de criar um esquema que tornasse o Natal mais fraterno.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

A Palavra de Deus faz-se Homem. É Jesus, o Filho de Maria

A verdade do Natal 


Georgino Rocha
 João, o discípulo amado, abre o seu Evangelho com uma narração, bela e profunda, que faz lembrar o relato da criação no livro de Génesis. Narração que mergulha no seio de Deus e contempla a vida de relação das três Pessoas divinas. Narração que designa a Segunda Pessoa por Verbo de Deus, Palavra de comunicação e vida, de sabedoria e graça, de amor familiar e proximidade humana. Palavra de acesso ao coração de Deus e de entrada na consciência de cada pessoa, santuário da sua habitação. Palavra de garantia da humanidade divina e da divinização humana; Palavra que nos faz filhos e irmãos. Desta fonte inesgotável brota a nossa comum relação fraterna e o respeito devido às demais criaturas.
Jesus, a Palavra de Deus é o filho de Maria. Nasce no tempo, tem uma família estável, convive com os vizinhos, reza com os pais, vai com eles à sinagoga, aprende um ofício de trabalho, e, chegada a altura, deixa a casa paterna para iniciar um novo estilo de vida: a de missionário itinerante.
João narra, de forma bela, o seu agir histórico, dando-lhe a força de sinais da novidade a revelar-se, da glória a brilhar na entrega por amor que desvenda a dignidade humana onde se espelha o rosto divino.
“Jesus, a Palavra de Deus é a luz que ilumina a consciência de todo o homem. Mas para onde nos conduzirá essa luz? A Bíblia toda afirma que Deus é amor e fidelidade. Levado pelo seu infinito amor e sendo fiel às suas promessas, Deus quis introduzir os homens onde eles nunca teriam pensado: partilhar a vida e a felicidade de Deus”, afirma em comentário a Bíblia Pastoral.
Deus quer, e deixa a resposta à pessoa humana livre de coações, aberta à verdade integral. Que alegria, podermos dar uma resposta positiva ao amor que nos ama e nos propõe a felicidade! Que risco, corremos ao dizer não e permanecer nessa atitude, ficando insensíveis à sua oferta e indiferentes ao bem dos outros, nossos irmãos em humanidade!

A solidão e o Natal


“Talvez precisemos de abraçar a solidão de que facilmente fugimos, pois nela, e de uma maneira carregada de prodígio, acontece o Natal”

José Tolentino Mendonça 
na crónica "Que coisa são as nuvens"
da revista E do EXPRESSO

domingo, 23 de dezembro de 2018

A sabedoria que falta

Bento Domingues

 «Por que razão, havendo recursos, ciência e técnica para tornar a vida humana mais feliz, temos este mundo atolado em fomes, doenças, guerras horríveis e conflitos estúpidos?»

1. Deram a um miúdo de Nazaré, de há mais de dois mil anos, o nome Jesus. O pai chamava-se José, com a profissão de carpinteiro [1], e a mãe era Maria, dona de casa. Dizem que naquele contexto, era normal que o filho aprendesse a exercer a profissão do pai. Como viviam a sete km de uma grande cidade em construção, Sephoris, é provável que fosse aí que ambos tivessem mais oportunidades de trabalho [2].
Na exegese bíblica, por boas razões, os chamados Evangelhos da Infância são lidos como transposições das descobertas da vida adulta para os primeiros anos de uma criança.
Paulo, o primeiro escritor cristão, não se demorou em considerações sobre a infância e a adolescência de Jesus. A mesma coisa aconteceu com Marcos e com o Quarto Evangelho. Paulo disse apenas que Jesus era nascido de mulher, ainda sob a Lei mosaica [3]. João introduziu a sua narrativa com um hino muito belo, apontando para a pré-existência e a incarnação da Palavra primordial. Marcos apresenta-o já como adulto no movimento de João Baptista [4].
Não posso expor, aqui, as preocupações que presidiram à elaboração literária dos primeiros anos de Jesus e da sua genealogia. Mateus vê nesse menino o começo da realização simbólica da esperança do antigo Israel; o olhar de Lucas abre-se a toda a humanidade. Enquanto, para Paulo, o importante era não deixar o projecto de Jesus Cristo circunscrito ao chamado povo eleito, a astúcia de Lucas é ainda mais engenhosa: a mensagem de Jesus destina-se a todo o mundo porque ele incarna o sentido da história de toda a humanidade. Na figura simbólica de Adão tem antepassados em todos os povos.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Bom bacalhau na ceia da consoada



Por tradição ancestral, o bacalhau vai estar na mesa de muitos portugueses na próxima noite de consoada, 24 de dezembro. Não faltarão os doces próprios de cada região e outros petiscos, mas o fiel amigo faz jus ao seu apelido, ou não fosse ele, há bons anos, um peixe de pobres, sobretudo o miúdo e corrente. A partir daí, os mais crescidos, graúdos e especiais marcavam presença apenas nas mesas mais fartas.
Escolher o bacalhau para uma boa ceia de natal nem sempre está ao alcance de qualquer apreciador, mas as gentes com raízes nas Gafanhas, Ílhavo e arredores têm obrigação de conhecer umas dicas, não vá dar-se o caso de se comer gato por lebre.
Um gafanhão, António (Tony) Ribau, é especialista do assunto e dá uns conselhos, que a jornalista  Maria José Santana publicou no suplemento Fugas, do PÚBLICO.
Como aperitivo para ler a reportagem daquela jornalista, podem começar pelo texto que segue:

“O nosso vem da Noruega e é pescado por navios russos”, desvenda Tony Ribau. Chega aos Cais dos Bacalhoeiros, na Gafanha da Nazaré, Ílhavo, inteiro (à excepção da cabeça) e congelado. “É aqui que o escalamos, salgamos e secamos”, nota, sem deixar de lamentar que o antigo processo de secagem do bacalhau a céu aberto tenha sido proibido. “No fundo, quando se diz que o bacalhau tem cura tradicional portuguesa não é bem verdade, pois o peixe já não é colocado no exterior”, adverte o empresário, para o qual não restam quaisquer dúvidas: “O bacalhau ficava com outro sabor quando ficava ‘ao tempo’”.

Ler reportagem aqui 

O Natal de Jesus e a dignidade humana

Anselmo Borges

Ernst Bloch, um dos maiores filósofos do século XX, ao mesmo tempo ateu (não acreditava no Deus pessoal) e religioso (estava religado à divina Natureza), quando era professor na Universidade de Leipzig, na antiga República Democrática Alemã, na última aula antes das férias de Natal desejava a todos os estudantes boas-festas, falando-lhes do significado do Natal e terminava, dizendo: "É sempre Advento", querendo desse modo apelar para a esperança: o mundo e a humanidade continuam grávidos de ânsias e de possibilidades, e a esperança está viva e há razões objectivas para esperar. Apesar do Natal, ainda é Advento, porque a plenitude ainda não chegou.
Foi em Tubinga que o conheci, pois Ernst Bloch, embora se confessasse marxista e ateu, acabou por ter de deixar Leipzig e a República Democrática Alemã: as autoridades comunistas acusavam-no de misticismo religioso. Ele defendia-se, sublinhando o carácter único, na história das religiões, do judeo-cristianismo e do seu livro, a Bíblia. Para ele, "a Bíblia é o livro mais significativo da literatura mundial", pois responde à pergunta decisiva do ser humano, que é a questão do fim, do sentido e da finalidade do mundo e da existência. Ir ao encontro da Bíblia "não pode prejudicar" nenhum ser humano que queira bem à humanidade e a si próprio. Concretamente, não é possível compreender o homem europeu e as suas obras literárias e artísticas, sem um conhecimento aprofundado da Bíblia. Os nazis, por exemplo, ao rejeitar a Bíblia como algo estranho que não devia ser estudado, não só não puderam compreender a cultura alemã como caíram na barbárie.

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