quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

É tão fundo o silêncio


É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.

José Saramago 

In “Provavelmente Alegria”


E por aqui fico uns dias até  as roseiras florirem. 
Bom ano de 2023 para todos.

Fernando Martins

terça-feira, 27 de dezembro de 2022

METAMORFOSE NECESSÁRIA — RELER SÃO PAULO

Um livro de José Tolentino Mendonça
 


METAMORFOSE NECESSÁRIA — RELER SÃO PAULO é o mais recente livro de José Tolentino Mendonça, com edição da Quetzal de novembro deste ano. O autor é um poeta, cronista e biblista, mas ainda Cardeal, por nomeação do Papa Francisco, com elevadas responsabilidades no Vaticano. Prolífero escritor, ofereceu aos seus leitores e ao público em geral, crentes ou não crentes, um estudo sobre São Paulo, em que nos propõe “A redescoberta de um dos pensadores fundamentais do ocidente”, como se lê na contracapa. Na mesma área, sublinha-se que “é uma viagem pela história intelectual do cristianismo”.
No Prólogo, o biblista frisa, entre outras considerações pertinentes, que “um pensador como Paulo de Tarso interessa a todos”, adiantando que escreveu esta obra “a pensar em tantos amigos não crentes e em como a aproximação a São Paulo poderia ser um estímulo para o seu caminho de questionamento e procura”. 
O autor apresenta Paulo como o primeiro escritor cristão e “um dos autores fundamentais do património espiritual e filosófico da humanidade”. E lembra ainda que foi com ele que “o cristianismo ganhou a amplidão que o próprio Jesus prometera”.
Podia continuar a citar frases e ideias fundamentais deste livro do Cardeal Tolentino, que me têm fascinado, mas prefiro deixar neste espaço do nosso Timoneiro apenas o desafio a todos os cristãos e não cristãos da nossa comunidade para que leiam esta obra. Os diversos temas dos 11 capítulos, leem-se com muito prazer. 

Fernando Martins

segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas

António Mega Ferreira faleceu hoje


Tem sido notícia o falecimento de António Mega Ferreira, escritor, gestor e jornalista, talvez mais conhecido por chefiar a candidatura de Lisboa à Expo’98, de que foi comissário executivo. Depois desempenhou diversas funções de grande relevo cultural e social, tendo publicado ao longo da vida 40 obras de ficção, ensaio, poesia e crónicas.
Não sendo grande conhecedor da sua obra, andava presentemente com um livro em mãos, publicado em Setembro deste ano, “Roteiro Afetivo de Palavras Perdidas”, que me ofereceram há dias e que me deixa fascinado. Lê-se, portanto, com muito agrado.
Mega Ferreira dá-se ao luxo de estudar «o mistério que envolve o envelhecimento e a obsolescência das palavras» que caíram em desuso, dissecando-as ao pormenor, para enriquecer o leitor com referências por muitos nunca imaginadas. Cada palavra é uma crónica que permite aos mais idosos recordar tempos idos.
Aqui ficam algumas como desafio: Atenazar, Bota de elástico, Capelista, Desaustinado, Emplastros, Famigerado, Galheta, Hombridade, Infernizar, Jucundo, Lhaneza, Merenda, Olvido, Pileca, Sumiço, Telefonia, Utopia, Vate, Xerazade, Zorba.

Fernando Martins




ABUSOS 

A sensação de abusos alimentares é norma nestes tempos festivos. Toda a gente sabe. Mas hoje fiquei mais tranquilo quando li que o pior é quando abusamos durante todo o ano. Garanto que vou pensar seriamente nisso e só vou abusar na próxima passagem do ano. Façam como eu. 

Que a paz do Deus-Menino permaneça em todos

Notas do meu diário

Hoje, Dia de Natal, Festa da Família, foi momento esperada com ansiedade como é da tradição. Por nós e pelos que nos cercam desde que nos casámos, em 7 de Agosto de 1965. Já passaram tantos anos! A Família cresceu, ramificou-se, mas ainda é possível confirmar que persiste o desejo da união e da partilha, traduzido nas lembranças que hão de recordar os momentos de alegria suscitados. É próprio do Dia de Natal, festa do nascimento do Menino que veio para estar no meio de nós, como símbolo da paz e da fraternidade universais, ano a ano renovado.
Que a paz do Deus-Menino permaneça em todos os meus amigos e leitores.

Fernando Martins

domingo, 25 de dezembro de 2022

Natal de Deus, Nosso Natal: Deus Connosco

Crónica de Bento Domingues
no PÚBLICO

Teimamos em contrariar o desígnio de Cristo e seguir o reino da estupidez, o império da guerra. Continuamos, no entanto, a acreditar que a paz vencerá. Por isso, Boas Festas!
 
1. Quase todos os anos, quando chegava o Natal, procurava e procuro não confundir o Jesus da história e o Cristo da fé. Por Jesus histórico, a obra monumental de John P. Meier (1942-2022) referia-se ao Jesus que podemos resgatar ou reconstruir, utilizando os instrumentos científicos da moderna pesquisa histórica. Considerando-se o estado fragmentário das nossas fontes e da natureza, muitas vezes indirecta, dos argumentos que devemos usar, este Jesus histórico será sempre um constructo científico, uma abstracção teórica que não coincide, nem pode coincidir, com a realidade plena do Jesus de Nazaré que, de facto, viveu e trabalhou na Palestina, no primeiro século da nossa era. Com a iluminação da fé sentimo-lo como nosso contemporâneo e vida da nossa vida mais profunda. O Jesus histórico não é o Jesus real. A própria noção de real é enganosa. Como observa o investigador citado, com humor, existem tantos livros sobre Jesus que dariam para três vidas e um budista pecador poderia muito bem ser condenado a passar as próximas três incarnações lendo-os todos [1].

sábado, 24 de dezembro de 2022

Natal: o Emmanuel

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Há já alguns anos, o meu bom e ilustre amigo, o eurodeputado Paulo Rangel, e eu tivemos uma conversa muito agradável para mim sobre (imagine-se) Deus e a tentativa de dizê-lo e nos relacionarmos com Ele. Dela resultou um texto de Paulo Rangel, com o significativo título Deus é Aquele que está. Numa longa entrevista recente a Inês Maria Meneses, voltou ao tema, confessando a sua fé no Deus de Jesus, o Emmanuel, o "Deus connosco". Para ele, Deus é "Aquele que está", Deus não é "esse ser distante e estático" construído a partir da ontologia grega , o Deus que é, "mas antes o ser próximo e interactivo que está e estará connosco, Aquele que acompanha, Aquele que não abandona. Deus é Aquele que está, o Emmanuel."

Natal de ontem, natal de hoje

A maravilha de crescer em humanidade

Reflexão de Georgino Rocha
para esta época

Fé que não se faz cultura não chega a ser fé cristã. Festa que não ajuda a crescer em humanidade, não é festa cristã.

O nascimento de Jesus suscita um dinamismo extraordinário que Lucas narra de forma sóbria e discreta. Maria e José aconchegam o Menino e vêem realizadas as promessas feitas há meses pelo enviado de Deus. Contemplam-no, mais com o coração do que com os olhos, e deixam que seja o silêncio a falar. Acolhem quem O visita e ouvem quanto se diz a respeito do recém-nascido. Lc 2, 1-20.
Os pastores acorrem apressados e expectantes. Querem confirmar o que lhes havia sido anunciado. Os magos, despertos e orientados na sua curiosidade, põem-se a caminho e, errantes, vagueiam até chegar ao local do encontro. Herodes e os seus conselheiros reúnem de emergência e, temendo o pior, armam ciladas a quem os consulta e procuram eliminar a presumida ameaça ao poder. O Céu une-se à terra em admirável exultação festiva e maravilhosa coincidência.

Litania para o Natal de 1967

 

Para nos pedir contas do nosso tempo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos pedir contas do nosso tempo

David Mourão-Ferreira  


NOTA: Enquanto por ali andava encolhido a tentar fugir do frio, saltou-me da memória este lindo poema (para mim, claro) de  David Mourão-Ferreira, que partilho com os meus amigos amantes da poesia, com votos de Bom Natal.

NATAL DE 2022

Notas do meu diário

24 de Dezembro, dia de consoada, encontro e convívio da Família mais próxima, mas alargada quando possível. Há sempre compromissos que impedem a presença de todos. Normalmente com novos grupos familiares que entretanto as leis da vida tecem.
Pela nossa parte assim é, mas não faltam os contactos, esperados uns e nunca sonhados outros. Aconteceu comigo este ano. Do outro lado da linha, ouvi uma voz que não ouvia há dezenas de anos. Foi muito bom. Bom Natal para o meu amigo e sua família.
À mesa, o bacalhau de sempre. Boa posta, que os gafanhões sabem apreciar o fiel amigo bem regado com bom azeite. Couve portuguesa, batatas escolhidas a dedo, ovos cozidos, alho bem picado e tudo regado com vinho a condizer.
Nunca faltam as opiniões, bem pensadas, para não estragar a festa. E depois, aquilo que toda a gente gosta de saborear, os doces natalícias onde  sabedores do ofício põem o melhor de si na confeção. Rabanadas e bilharacos de fazer crescer água na boca. Apreciei-os à distância pelas redes sociais e classifiquei-os com notas muito altas. 
De permeio, há conversas para mais tarde recordar e lançamos votos para que no próximo ano por cá continuemos todos. E antes do fecho da consoada, alguém cá de casa dá o Menino a beijar, com muito cuidado que o covid-19 ainda anda à solta. É que a vida vale mesmo a pena ser vivida.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

A cultura é a verdadeira alma do povo

O Cortejo dos Reis é bem mais do que uma tradição rotineira. Foi, é e deverá continuar a ser um acontecimento que envolve todo este povo, crente e não crente, em ambiente de festa, desde os grupos de catequese, os Conselhos Económico e Pastoral, a Cáritas, os mais diversificados grupos paroquiais, os jovens, os escuteiros, a juventude de Schoenstatt, os cantores, os figurantes e todos os que se envolvem nesta atividade cultural que é fundamental para sermos uma comunidade mais feliz. Como refere ainda o antigo prior José Fidalgo, a cultura modela deixando-se tornar expressão de vida; recria sem devastar o passado; extasia a vida, não dando lugar ao marasmo; faz crescer, mas sem solavancos; numa palavra, a cultura é a verdadeira alma de um Povo.

Nota: Do Editorial do nosso Prior, Pe. César  Fernandes, no TIMONEIRO

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