É tão fundo o silêncio entre as estrelas.
Nem o som da palavra se propaga,
Nem o canto das aves milagrosas.
Mas lá, entre as estrelas, onde somos
Um astro recriado, é que se ouve
O íntimo rumor que abre as rosas.
In “Provavelmente Alegria”
Há já alguns anos, o meu bom e ilustre amigo, o eurodeputado Paulo Rangel, e eu tivemos uma conversa muito agradável para mim sobre (imagine-se) Deus e a tentativa de dizê-lo e nos relacionarmos com Ele. Dela resultou um texto de Paulo Rangel, com o significativo título Deus é Aquele que está. Numa longa entrevista recente a Inês Maria Meneses, voltou ao tema, confessando a sua fé no Deus de Jesus, o Emmanuel, o "Deus connosco". Para ele, Deus é "Aquele que está", Deus não é "esse ser distante e estático" construído a partir da ontologia grega , o Deus que é, "mas antes o ser próximo e interactivo que está e estará connosco, Aquele que acompanha, Aquele que não abandona. Deus é Aquele que está, o Emmanuel."
Reflexão de Georgino Rocha
para esta época
Fé que não se faz cultura não chega a ser fé cristã. Festa que não ajuda a crescer em humanidade, não é festa cristã.
O nascimento de Jesus suscita um dinamismo extraordinário que Lucas narra de forma sóbria e discreta. Maria e José aconchegam o Menino e vêem realizadas as promessas feitas há meses pelo enviado de Deus. Contemplam-no, mais com o coração do que com os olhos, e deixam que seja o silêncio a falar. Acolhem quem O visita e ouvem quanto se diz a respeito do recém-nascido. Lc 2, 1-20.
Os pastores acorrem apressados e expectantes. Querem confirmar o que lhes havia sido anunciado. Os magos, despertos e orientados na sua curiosidade, põem-se a caminho e, errantes, vagueiam até chegar ao local do encontro. Herodes e os seus conselheiros reúnem de emergência e, temendo o pior, armam ciladas a quem os consulta e procuram eliminar a presumida ameaça ao poder. O Céu une-se à terra em admirável exultação festiva e maravilhosa coincidência.
Para nos pedir contas do nosso tempo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
tem no ano dois mil a idade de Cristo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos pedir contas do nosso tempo
David Mourão-Ferreira
NOTA: Enquanto por ali andava encolhido a tentar fugir do frio, saltou-me da memória este lindo poema (para mim, claro) de David Mourão-Ferreira, que partilho com os meus amigos amantes da poesia, com votos de Bom Natal.
O Cortejo dos Reis é bem mais do que uma tradição rotineira. Foi, é e deverá continuar a ser um acontecimento que envolve todo este povo, crente e não crente, em ambiente de festa, desde os grupos de catequese, os Conselhos Económico e Pastoral, a Cáritas, os mais diversificados grupos paroquiais, os jovens, os escuteiros, a juventude de Schoenstatt, os cantores, os figurantes e todos os que se envolvem nesta atividade cultural que é fundamental para sermos uma comunidade mais feliz. Como refere ainda o antigo prior José Fidalgo, a cultura modela deixando-se tornar expressão de vida; recria sem devastar o passado; extasia a vida, não dando lugar ao marasmo; faz crescer, mas sem solavancos; numa palavra, a cultura é a verdadeira alma de um Povo.
Nota: Do Editorial do nosso Prior, Pe. César Fernandes, no TIMONEIRO
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