sexta-feira, 6 de julho de 2018

Alegrai-vos e exultai

Anselmo Borges

«A vida é uma missão, que se cumpre na contemplação e na acção. O que não santifica é "um compromisso movido pela ansiedade, o orgulho, a necessidade de aparecer e dominar", "as novidades contínuas dos meios tecnológicos, o fascínio de viajar, as inúmeras ofertas de consumo", menosprezando os momentos de quietude, solidão e silêncio para estar consigo e diante de Deus, ou quando "tudo se enche de palavras, prazeres epidérmicos e rumores a uma velocidade cada vez maior; aqui não reina a alegria, mas a insatisfação de quem não sabe para que vive".»


1. Estava eu numa aula sobre uma compreensão holística de saúde e, dirigindo-me a uma aluna, perguntei: "Gostava de ser santa, não gostava?" E ela, aflita e cortante: "Não, nem pensar nisso!". Acrescentei: "No entanto, se pensar bem, é isso que todos queremos ser." E comecei a explicar, começando pelo tema em questão: o da saúde. Eu estou bem, mas bastaria uma unha encravada no dedo mindinho do pé esquerdo para já me sentir mal. A saúde está no funcionamento harmónico de todos os órgãos do corpo. Mas não basta, pois se eu não me der bem comigo, também me sinto mal. Há gente que não pode ver certas pessoas, só de vê-las ficam doentes. Para estar são, é necessária uma relação boa com os outros. E se o que há para contemplar for apenas lixeiras? A saúde requer também uma relação bela e sadia com a natureza. Ah, e com a transcendência... Isso é dito, aliás, nas próprias palavras, no seu étimo. Saúde vem do latim salute, que significa simultaneamente saúde e salvação.

Astrologia, horóscopo e outras tretas



Os meus amigos já sabem que não acredito em  astrologia, horóscopos, tarot e outras tretas que de ciência nada têm, nem nunca tiveram. Mas sei que muita gente segue e consulta quem teima em brincar com a crendice do povo ignaro. E não há pessoas ditas cultas que alinham no mau gosto de ler os horóscopos que surgem em alguns órgãos de comunicação social, alinhavados por um qualquer estagiário, candidato a jornalista?
Também fico espantado com os anúncios publicitários dos profissionais do setor, mesmo nas TV. Como é possível as autoridades estatais permitirem tais embustes em pleno século XXI? 

NOTA: O título e a ideia de voltar ao tema está aqui

Estranha reação ao chegar a casa

Georgino Rocha

"A fé faz-nos conhecer Jesus e acolher a sua novidade que nos abre os olhos à verdade da realidade, nos leva a descobrir a presença oculta de Deus nos sofrimentos e fracassos da vida, como afirma São Paulo; que nos mostra portas abertas e caminhos longos onde se fecham as portas da sinagoga."

Jesus, após a primeira experiência da missão pública, regressa a casa, à terra natal, a Nazaré, aldeia onde se havia criado. Vem acompanhado pelos discípulos e o evangelista Marcos ( 6, 1-6)  deixa em aberto o leque de hipóteses para este regresso. Saudades da Mãe? Dar uma justificação a José, seu pai segundo a lei? Rever amigos? Apresentar a sua nova família, a dos discípulos? Reganhar forças porque sentia já alguma rejeição da parte dos ouvintes? Ou ainda outra que provavelmente será a mais verdadeira e ponderada, como a de anunciar o reino de Deus aos seus conterrâneos?

Que indicação preciosa nos dá esta atitude de Jesus. De vez em quando precisamos de regressar a casa, de mergulhar na memória, de procurar o calor dos vizinhos e amigos, de rever com novo olhar rostos familiares e o espaço onde nos criámos, de libertar sonhos que, então, acalentámos e estão em realização. Que humanidade nos deixa e que desafio nos faz! Que forma admirável de viver o tempo de modo saudável! Regressar “ao berço” faz-nos encontrar a identidade e realimentar a esperança, faz-nos realinhar a imaginação e empreender novas ousadias.

quinta-feira, 5 de julho de 2018

Preservação dos oceanos e educação para o Mar


A defesa e a preservação dos oceanos e a educação para o Mar são o mote para a consciencialização ambiental que a Câmara Municipal de Ílhavo promove durante o mês de junho. O “Mês Azul” decorre entre os dias 8 e 30 de junho e tem um conjunto significativo de atividades projetadas pela Autarquia. Sendo a proteção dos recursos naturais uma preocupação central deste Município, que se reflete na oferta educativa regular do Museu Marítimo e do Centro de Educação Ambiental, o “Mês Azul” reforça esta preocupação pedagógica da Autarquia com a natureza, através de ações de sensibilização ambiental, tendo como público-alvo não só a comunidade escolar, como as famílias. A programação tem como tema central a preservação dos oceanos e é constituída por oficinas, concertos e circo contemporâneo, destacando-se ainda a 14.ª edição do seminário “As escolas e o Coastwatch”.

Nota: Texto e imagem da CMI

Ver programa aqui 

Andreia Hall, professora da UA

“Um bom professor faz os olhos dos alunos brilharem, 
provoca-lhes um sorriso nos lábios e ilumina-lhes o caminho”

Andreia Hall

Andreia Hall é professora do Departamento de Matemática da Universidade de Aveiro. Atualmente, dá aulas na licenciatura em Educação Básica e no mestrado em Educação e Formação. O que mais a fascina na sua atividade é a “possibilidade de ajudar os outros no seu percurso de crescimento e aprendizagem”. A docente é também coordenadora do Circo Matemático da Universidade de Aveiro, iniciativa para tornar a Matemática uma ciência divertida. Andreia Hall deixa um conselho aos seus alunos: “Pensem bem nas qualidades que se esperam num professor e mudem de curso se não as reconhecerem em si próprio´"

Ler entrevista aqui 

Faltará muito?


Ainda não será esta semana... segundo rezam as crónicas. Eu sei que pode chover em Aveiro quando o sol brilha na praia. Ainda faltará muito para cenas como esta na Praia da Barra? Vamos ter fé, que o verão acabará por nos bater à porta. E se assim for, com que prazer lhe abriremos a porta da nossa alegria!

Flor que não dura


Flor do meu jardim

Flor que não dura
Mais do que a sombra dum momento
Tua frescura
Persiste no meu pensamento.

Não te perdi
No que sou eu,
Só nunca mais, ó flor, te vi
Onde não sou senão a terra e o céu.


Fernando Pessoa,

No "Cancioneiro"

O maior navio de sempre no Porto de Aveiro





NOTAS:

1. Para quem, como eu, viu nascer e crescer o Porto de Aveiro, com a estrutura das últimas décadas, é sempre um prazer ler notícias destas.
2. Pessoalmente, assisti, há 10 anos, ao primeiro maior navio de sempre no Porto de Aveiro.

Eu conheço aquela cara de qualquer lado

Uma saudação a todos os nossos emigrantes 
que passam férias este ano entre nós

Em férias, minhas ou de outros, há muitos encontros inesperados. Em qualquer esquina, há rostos que me levam a pensar: — Eu conheço aquela cara de qualquer lado. É o tal déjà vu, reação do cérebro, julgo eu, que o leva a processar a questão para chegar a uma conclusão sobre os tais encontros inesperados. 
Ontem aconteceu-me precisamente isso. Numa grande superfície, quando me sentei para ler uma revista sobre assuntos de história, o N. olhou-me tão fixamente que me levou  a questioná-lo sobre se me conhecia. Mesmo antes de lhe lançar a pergunta, disse-me: — É de… no Canadá! Respondi que não. E a esposa, à sua frente, que apenas tinha visto de costas, logo acrescentou: — Foi confusão, desculpe. 
O sol obrigou-me a mudar de lugar e agora, voltado para a senhora, tirei uma conclusão, fruto do tal processamento do meu cérebro, que, como todos os cérebros, deve funcionar como os computadores. Os psicólogos saberão explicar melhor o que se passou. 
De imediato, levantei-me e dirigi-me ao casal. — Estou cá a pensar que vos conheço mesmo. Por favor, digam-me: — Moram por aqui perto de Aveiro? E a resposta foi pronta e em simultâneo: — Somos da Gafanha da Nazaré e estamos cá de férias, pois vivemos no Canadá. 

Fernando Martins 

quarta-feira, 4 de julho de 2018

Férias — Escrever


Escrever
por prazer, por gosto, para ver
escrever para escutar o que o barulho comum encobre ou confunde
incluindo o barulho das palavras
Lavar as palavras até que elas fiquem
completamente puras e redondas e lisas
ou então ir pelos caminhos abundantes
ou então refazer, refazer indefinidamente
para abordar um pouco mais o que falta e insistir
escrever para chegar àquele ponto
que comunica com o que está para além e aquém de toda a palavra.


Maurice Bellet
In Cahiers pour croire aujourd'hui, Novembro 1993)
Trad.: MLPV/JTM

terça-feira, 3 de julho de 2018

"A Vida no Campo" — Leitura saborosa


Li, com a serenidade possível, “A Vida no Campo”, de Joel Neto, escritor que tive o prazer de conhecer no Porto, no lançamento do seu mais recente livro, “Meridiano 28”. Escusado será dizer que foi um prazer enorme saborear uma prosa tão escorreita, ou não fosse o autor um escritor de referência no panorama da literatura atual do nosso país. 
Joel Neto deixou Lisboa para fixar residência nos Açores, de onde é natural, concretamente na Terceira, local privilegiado para, no silêncio que convida à reflexão, escrever os seus livros e as suas crónicas que tem publicado no Diário de Notícias. Interrompeu essa colaboração há dias, para a retomar, porventura em janeiro, em moldes diferentes. Lia-as regularmente e muitas delas fazem parte do livro “A Vida no Campo”. O “Arquipélago” e “Meridiano 28” estão à espera de leitura em estante cá de casa. Serão, garantidamente, grandes momentos de satisfação interior. 
Das referências que li ao livro “A Vida no Campo”, registo a do crítico literário Pedro Mexia, publicada o Expresso, cujas sugestões sigo quando posso. Aqui fica: 

«A escrita é concisa, cuidadosa, composta palavra a palavra, sob pressão, de uma tranquilidade melancólica, atenta às mutações, aos hiatos, ao que fica do que passa. (...) "A Vida no Campo" é um "poema à duração". Um elogio da transmissão geracional, das boas pessoas, dos objectos herdados, da felicidade pela agricultura, do viver habitualmente. A Terra Chã desenha-se como uma hipótese de salvação pela Humanidade comum.» 

PEDRO MEXIA 

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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