Futuro sem projecto ou projecto sem futuro?
O futuro ou é um projecto que se constrói tendo em conta o passado e a reflexão no presente sobre o que nos foi transmitido e a realidade que se vive, ou então é um vazio e apenas se traduzirá uma sucessão de acontecimentos, imediatos e sem nexo.
Quando se diz “ano novo, vida nova”, não estamos a auspiciar um resultado automático. A vida nova é construída por nós com atitudes e gestos que exprimem vida.
O confronto sério entre o já vivido e o que se deseja viver é fundamental para projectar o futuro, com critérios válidos, tanto para as pessoas, como para as instituições. A menos que se pense que tudo esteve e continua bem e não vale a pena mudar nada, nem sonhar nada diferente. De uma atitude de morte não se pode esperar vida. Cada um sabe de onde parte e o que é que anima os seus votos e desejos de futuro.
Há, porém, um espaço comum de que todos podemos falar, com os elementos públicos de que dispomos e a seriedade que o tema comporta. Falo do futuro do país que somos.
O passado recente traz até nós a percepção de que ele não constituiu, a seu tempo, um futuro programado. A não ser que a programação tenha sido inspirada numa cultura à revelia da vida e da realidade, só ao gosto de alguns, para os quais o bem comum e as suas indeclináveis exigências nada dizem.