O bar de praia do Jardim Oudinot já começou a ser construído, como pude testemunhar ontem de manhã. Pelo que vi, os trabalhos estão a ser desenvolvidos em ritmo muito lento. Indaguei no local sobre a possibilidade da sua inauguração e entrada em funcionamento ainda durante este Verão, mas vislumbrei, no olhar de um encarregado das obras, uma réstia de alguma dúvida. É pena... porque quem vai ao Jardim precisa, normalmente, de tomar um café ou de saborear um refresco. Eu sou um desses. Portanto, façam lá um esforçozinho, por favor.
sexta-feira, 10 de julho de 2009
quinta-feira, 9 de julho de 2009
“Florinhas do Vouga” atacam a crise económica junto dos mais pobres
“Mercearia & Companhia”
para 120 famílias de Aveiro
A rampa de acesso à zona de distribuição do cabaz “Mercearia & Companhia”, destinado a família carenciadas, já está bem composta. São 14.30 horas, de quarta-feira, dia em que as “Florinhas do Vouga” abrem as portas do espaço destinado a esta operação, de resposta concreta à crise económica que se tem agudizado nos últimos tempos, atacando de forma intensa os mais fragilizados da vida. Este corrupio começou em Março e não há sinais de que tenha de acabar em breve Durante a semana, as técnicas do serviço social da instituição vão analisando os casos e determinam a quantidade e variedade de produtos alimentares a fornecer a cada agregado familiar para um mês. As “Florinhas do Vouga” ajudam deste modo 120 famílias devidamente recenseadas e outras que, na emergência, não podem ficar com fome. Tudo isto, garante-nos a directora-geral da instituição, Fátima Mendes, graças à generosidade de empresas e particulares da região e, ainda, do Banco Alimentar Contra a Fome. A título de exemplo, uma empresa de congelados, da Gafanha da Nazaré, oferece, semanalmente, refeições pré-confeccionadas, um lavrador da Vagueira, freguesia da Gafanha da Boa Hora, dá legumes e fruta, e particulares entregam outros géneros alimentícios e dinheiro. Como sublinha o presidente da direcção das “Florinhas do Vouga”, com sede em Aveiro, Padre João Gonçalves, “nós, aqui, somos apenas intermediários, entre as pessoas que dão e as pessoas que precisam”. Segundo Fátima Mendes, a ideia da “Mercearia & Companhia” surge com a crise económica que se instalou no País. No Bairro de Santiago, a instituição tem ao dispor dos mais pobres uma “Cozinha Social”, com refeições a 1,50 euros para os que podem pagar e gratuitas para os outros, “a maioria”. Serve, em média, por dia, 100 almoços, e ao jantar um pouco menos. Recentemente, por razões que todos adivinham, o número dos que precisam de comer, sem possibilidade de pagar seja o que for, começa a aumentar. Esta situação torna-se incomportável para os serviços da “Cozinha”, sem capacidade para atender tanta gente. A opção passa a seguir por fornecer às famílias os géneros alimentícios, para confeccionarem as refeições em suas próprias casas.
Caudal de pedidos de ajuda
não tem diminuído
De forma tão simples, como à primeira vista parece, a “Mercearia & Companhia” nasce assim. Até hoje, sem haver indícios de diminuir o caudal de pedidos de ajuda, garante-nos Fátima Mendes. Fátima, mãe de sete filhos, divorciada há sete anos, tem ainda quatro ao seu cuidado, de 18, 10, 8 e 7 anos, todos a estudar. Trabalha, mas os encargos familiares absorvem-lhe tudo quanto ganha. “E não chega, porque a renda de casa e outras despesas, que não posso evitar, levam quanto ganho”, disse. Não tem ajudas de ninguém e quando precisa recorre às “Florinhas”. “A vida está cada vez mais difícil e se algum de nós adoece, tudo se complica; todos os meses venho aqui para em casa não se passar fome”, referiu. E seguiu para o balcão de atendimento, porque estava na sua vez. Refeições pré-confeccionadas, arroz, massas, couves, açúcar, feijão e outros produtos que lhe encheram o saco que carrega nos braços. Muito chorosa está Encarnação Oliveira, com o saco ainda vazio. Mas as lágrimas não são pela espera. É que no dia 17 de Junho morreu-lhe o seu “menino, Ricardo Miguel, de 26 anos, deficiente e muito doente”. Tempos antes, a sua história, em que pedia uma cadeira de rodas para o seu filho, noticiada no Jornal de Notícias, chega a Macau, onde um leitor se compromete a pagá-la. Já não foi preciso, com tristeza para toda a gente envolvida no caso. Agora, só gostaria de pagar a campa onde o seu “menino” está sepultado. Diz ela que são uns 1500 euros. E lá foi para o balcão onde são distribuídos os alimentos, por solícitas empregadas que tratam todas as pessoas pelo nome. Para o director das “Florinhas do Vouga”, esta instituição nasceu há quase 70 anos, para responder aos problemas sentidos pelas pessoas pobres e desde essa altura não mais esqueceu a sua missão prioritária. “Durante muito tempo, pensou-se que a pobreza de há décadas não era como a pobreza de hoje; mas a verdade é que voltamos a encontrar pessoas verdadeiramente com fome, com necessidades; pessoas desempregadas, pessoas com péssimos recursos”. E adianta: “É certo que temos o RSI (Rendimento Social de Inserção), que beneficia muita gente, mas há sempre despesas que ultrapassam esse subsídio; aliás, o problema da fome vive-se cá em Aveiro, muito perto de nós.”
As “Florinhas do Vouga” estão
onde estão os mais pobres
O Padre João, que conhece a região como as suas mãos, não deixa de afirmar que as “Florinhas do Vouga” “estão onde estão os mais pobres; estamos exactamente na ponta da linha, para responder às necessidades primárias, e a alimentação é uma dessas necessidades”. Lembrando o conhecido ditado de que é melhor dar a cana e ensinar a pescar do que dar o peixe, o director desta IPSS esclarece que está tudo muito certo, mas logo explica que “é preciso que haja peixe e rio para pescar com qualidade”, sendo garantido que “hoje temos tudo muito poluído: não há trabalhos, não há possibilidades de as pessoas singrarem sozinhas; por isso, estas realidades exigem respostas imediatas”. Facilmente se verifica a proximidade existente entre quem recebe e quem dá. “Quem pede, não são pessoas anónimas, porque todas estão identificadas e têm nome; são pessoas realmente carenciadas”, adiantou o Padre João Gonçalves. E refere: “Claro que isto é uma ajuda; também encaminhamos as pessoas, quando sentimos que é preciso e urgente, para outros serviços e para outro tipo de respostas sociais.” A directora-geral afirma ao nosso jornal que esta acção mobiliza quatro pessoas, na recolha e distribuição dos cabazes. Depois dos contactos durante a semana com os eventuais fornecedores, às quartas-feiras, de manhã, deslocam-se onde for preciso para levantar as dádivas. À tarde, tudo tem de estar preparado, para receber as famílias com problemas económicos, fundamentalmente marcadas pelo desemprego. “Se lhes fosse dada uma oportunidade de trabalho, não precisariam de nos procurar”, disse. E sobre o nível social destas pessoas, o Padre João especifica: “São pessoas de nível social médio; pessoas que tinham trabalho e que agora não têm; não são os tradicionais pedintes.”
Fernando Martins
NOTA: Texto publicado no jornal SOLIDARIEDADE
Vencer as cegueiras étnicas

1. A cidade Xinjiang, no noroeste da China, tem vivido dias de confrontos mortíferos. O presidente chinês Hu Jintao foi obrigado a cancelar as suas visitas pelo exterior (G8 e a visita oficial a Portugal), regressando à capital chinesa para pôr ordem ao tenso ambiente. Os confrontos são de cariz étnico, entre as etnias han e uigure e têm causado a mortandade, já para números de 165 mortos e mais de 1100 feridos. O contributo legal não é melhor, já que segundo a lei chinesa o crime de homicídio é punível com a pena de morte. Para os confrontos étnicos são apresentadas razões que acabam por não ter razão quando a intolerância deita a perder o sentido básico de humanidade e de respeito.
2. Entretanto, a complexidade do cenário traz para a cena o pensar do líder do partido comunista que afirma: «aqueles que cometeram crimes por meios cruéis vão ser executados», tendo já sido detidas pessoas e estudantes para esse efeito. Os “hans” são a etnia maioritária da China, sendo os “uigures” a minoria de etnia turquemena e de religião muçulmana. Não se sabe ao certo de que etnia terá padecido mais gente, sabe-se da veemência de Pequim na afirmação da vontade de “limpeza” dos responsáveis pelas mortes de Xinjiang. Centenas de forças policiais vêm como socorro para diminuir a crueldade da desumanidade que parece não querer terminar…
3. A meditação sobre as limitações da humanidade eleva-se bem alto nestas circunstâncias. Seria de prever que as potencialidades crescentes de tecnologia e comunicação gerariam maiores capacidades de aceitação inclusiva das diferenças, sejam elas étnicas, políticas, religiosas. Quantas vezes estes sobressaltos de intolerâncias deitam a perder as apostas decisivas nos diálogos que se querem promover. Também teremos de dedicar mais tempo a compreender as “razões”, as etnias, as culturas. O diálogo intercultural e multiétnico pode ser esse antídoto que evite as cegueiras dos banhos de sangue. Esperança!
Alexandre Cruz
Viagem poética pela Ria de Aveiro: Sábado, 11 de Julho, à tarde
Universidade Sénior Fundação Prior Sardo: real mais-valia para as nossas gentes

Ninguém é tão rico que não possa receber
e tão pobre que não possa dar
A Fundação Prior Sardo, sedeada na Gafanha da Nazaré mas aberta a toda a gente, acaba de criar uma Universidade Sénior. A sua abertura está agendada para o próximo mês de Setembro.
Num mundo em que, felizmente, a esperança de vida continua a aumentar, gerando, muitas vezes, por razões várias, solidão e até uma certa exclusão social, esta iniciativa, como outras semelhantes, tem de ser acarinhada por toda a gente. A sua sobrevivência dependerá da existência de professores e alunos, mas também de quem possa contribuir, por variadíssimas formas, para a sua manutenção, porque, como é natural, haverá, indubitavelmente, despesas a que ninguém pode fugir.
Estou certo de que a Universidade Sénior Fundação Prior Sardo vai ter sucesso. Porque há no concelho muitas pessoas disponíveis, porque o saber não ocupa lugar, porque a vida assenta na busca permanente de conhecimentos, porque não falta quem goste de ensinar e quem precise de saber mais.
Há um velho ditado que diz que ninguém é tão rico que não possa receber e tão pobre que não possa dar. Porque esta asserção também se aplica ao domínio dos conhecimentos, é de crer que nesta Universidade se vai processar uma rica troca de experiências, ora dando ora recebendo, tanto de saberes empiricamente construídos como academicamente recebidos.
Daqui resulta, a meu ver, uma mais-valia para os ílhavos e gafanhões, mas também para todos os que fizeram destas terras as suas próprias terras.
Fernando Martins
UNIVERSIDADE SÉNIOR NO CONCELHO DE ÍLHAVO

E PARA PROPORCIONAR A POSSIBILIDADE
DE APRENDER E ENSINAR
Por iniciativa da Fundação Prior Sardo, o concelho de Ílhavo vai ter a sua Universidade Sénior, aberta a todos os cidadãos com mais de 50 anos de idade. Os professores serão voluntários, assentando essa colaboração no princípio de cidadania. “O programara terá uma abrangência que permita atingir as expectativas do maior número possível de pessoas”, conforme refere um comunicado que me acaba de chegar.
Segundo o mesmo comunicado, “os objectivos passam por proporcionar um espaço cultural, educativo e formativo àqueles que encaram o aprender como uma procura natural de permanente e constante crescimento”.
Pretende-se, como é óbvio, “desenvolver o convívio salutar e útil entre os cidadãos, combater a exclusão social e proporcionar a possibilidade de aprender ou ensinar, promovendo um processo de aprendizagem ao longo da vida”.
A Universidade Sénior Fundação Prior Sardo aposta numa abrangência municipal, sendo certo que as aulas serão ministradas em Ílhavo e nas Gafanhas da Nazaré e Encarnação. O programa será anunciado no website da Fundação Prior Sardo, www.fpriorsardo.org, durante a presente semana. A sua abertura está prevista para Setembro, pelo que as inscrições podem começar a ser feitas.
Para este projecto, a Fundação Prior Sardo estabeleceu parcerias com a Câmara Municipal de Ílhavo, Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, Junta de Freguesia de São Salvador, Junta de Freguesia da Gafanha da Encarnação, Rádio Terra Nova, Cooperativa Cultural e Recreativa da Gafanha da Nazaré e, ainda, com a Escola Profissional de Aveiro.
quarta-feira, 8 de julho de 2009
Uma vida que deixou marcas e continua a ser sinal: João Maria Baptista Vianney
.
Os cristão devem ser mais fraternos
com os seus padres
Foi em 1957. Já lá vão muitos anos. Um tempo de trabalho pastoral, em França, durante o mês de Agosto, para que o pároco de uma pequena cidade pudesse ter uns dias de férias, deu-me ocasião para ir em peregrinação a Ars. Uma aldeia pequena e pobre, cuja história é de um pároco humilde e santo.
Respirei ali a presença e a acção de um padre, simples e discreto, grande, como são sempre os santos. O seu rasto, que nunca se apagou, cento e cinquenta anos depois, ilumina agora mais. Entrou na história da Igreja como padroeiro dos párocos, título que não é de somenos. Agora, por decisão do Papa, o Ano Sacerdotal tem-no como grande referência a atender.
Templo, casa paroquial, tudo tão pobre, tão pequeno e tão humilde! Dizem-me, e assim leio, que, hoje, Ars já não é a pequena aldeia escondida na montanha. Recebe muita gente que vai no encalço do seu famoso “cura”, e dispõe de meios adequados para a acolher e albergar. Posso testemunhar agora que então não era assim.
Para um padre novo de vinte e sete anos, destinado a formar padres ao regressar a Portugal, foi muito importante palpar em Ars a pobreza de tudo, para perceber melhor a riqueza de uma vida que se gasta a servir os outros, por amor, para perceber que os obstáculos a andar para a frente estão dentro de nós. Não fora nem nos outros.
Tinha lido, com entusiasmo incontido, a biografia de João Maria Baptista Vianney, assim se chamava o Cura de Ars. A visita à que fora a sua paróquia, teve, por isso, um sabor especial. Uma peregrinação discreta, que deixou marcas. Andei pelas mesmas ruas, rezei na igreja paroquial, onde ele rezou, celebrou e foi confessor, horas sem conta, entrei na casa, onde viveu, guardada como no seu tempo e embelezada apenas com a baixela da maior pobreza, ouvi gente que trazia no coração o padre que alimentou a fé de seus avós e trouxera a Ars gente de toda a França à procura de perdão e de paz.
São assim os santos que nem sabem que o são, porque não perdem tempo a olhar para si. Todo o tempo é pouco para contemplar, serenamente, o rosto de Deus e para escutar, com o coração, apelos vindos de todo o lado. E, mais ainda, os apelos de muitos para quem o padre antes era indiferente, mas que, depois, já não dispensável, amigo e sábio conselheiro, com o seu irresistível fascínio e o seu jeito de acolher, compreender e amar.
Volto de novo a ler e a saborear, com calma e tempo, “O Cura de Ars” de Francis Trochu, uma obra premiada pela Academia Francesa. Releio com novo gosto, ao mesmo tempo que recordo os párocos que foram passando na minha vida, ao longo dos anos, e foram deixando, também eles, sinais de zelo generoso e de santidade a toda a prova. Cabouqueiros silenciosos de muitas vidas cristãs, heróicas e consistentes, moldadas pelo Evangelho por eles testemunhado, e capacitadas, assim, para traduzirem a força e a riqueza da sua fé, muitas vezes no meio de dificuldades e incompreensões.
No dia 4 de Agosto celebra-se a festa litúrgica do santo Cura de Ars. Jamais me esqueço nesse dia, e noutros se tal se proporciona, de indagar dos cristãos presentes, se alguma vez se lembraram de agradecer a Deus os padres que passaram e estão passando nas suas vidas e de lhes dar lugar na sua oração. Não faltam surpresas. E, caso mais raro, gestos de gratidão e fé, para recordar sempre, como o daquela velhinha que me dizia que rezava todos os dias pelos padres que, em nome de Deus, lhe absolveram os seus pecados durante a vida.
O padre é, normalmente, mais criticado do que amado. Sobre ele recaem mais exigências que gratidão.
O Ano Sacerdotal deve ajudar os cristãos a serem mais fraternos com os seus padres. O padre não existe para si. Guarda consciência que sempre cairão sobre ele olhos de exigência. Mas olhos que o estimulem. A sua vida e a sua história interfere na vida e na história de muitos jovens e adultos, que no padre amigo encontraram um rumo que os dignifica e os torna úteis aos outros.
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António Marcelino
Neda, nome para a eternidade

1. O nome é simbólico, pois «Neda» significa «voz» em Farsi. Neda é o nome de uma jovem como tantos jovens deste mundo que clamam e reclamam pela reconciliação e paz em ordem ao justo desenvolvimento que supere a cegueira dos poderes ou a escravidão dos sistemas. A 22 de Junho Neda foi gravada em dois momentos no decorrer das manifestações da oposição iraniana: o primeiro momento era o decorrer em Teerão do movimento pacífico e independente pela democracia, pela liberdade de opinião e oposição e pela igualdade na justiça; o segundo momento, após ser atravessada por uma bala, foi o dramático derramamento de sangue…
2. As imagens deste martírio, através das novas formas de comunicação como o Youtube, correram o mundo. As mensagens de indignação pelo acontecimento nas ruas de Teerão foram divulgadas pela internet e geraram uma onda de comoção que reflecte o contraste entre a liberdade pacífica e a crueldade dos sistemas quando têm em vista outras finalidades que não o autêntico serviço às pessoas. No passado fim-de-semana sites como o twitter e o facebook espelharam bem como a comunicação global pode tornar o mundo em sintonia, afirmando-se como um potencial de sensibilização mundial. Diante da sua morte muitos foram os apelos ao silêncio e contenção por forma às manifestações não se tornarem em banhos de sangue.
3. O nome da jovem simples, Neda, é como que uma «voz» da humanidade: esperançosa nas capacidades humanas de construir pontes de paz, mas sofredora de tiros violentos que destroem vidas e futuros. A única vontade de Neda, independentemente de todos os sedentos poderes, era viver e ser feliz num mundo belo. Essa vontade na terra foi desfeita. Só mesmo a eternidade pode compensar o desejo simples de quem procura na terra dar tudo pela paz. Lembramo-nos daquele livro e filme: Thomas Moro, uma vida para a eternidade. Infelizmente a história repete-se.
Alexandre Cruz
Se eu largo, para o mar, pescando o pão...

Crónica de um Professor:“Gafanhoto”
.
NO CENTRO DO MUNDO
.
Agora, num tempo de mais serenidade, de certo relaxamento até, a saborear as delícias do Verão, na antecâmara das férias, deixa a memória divagar.... E, não é raro ocorrerem-lhe à mente, recordações dos seus tempos de estudante! Sinal de velhice, em que o espírito se compraz na evocação da juventude? Será, mas não lhe dá muito crédito!!!
Quando na década de 60 do século passado, iniciou os estudos no venerável L.N.A, Liceu Nacional de Aveiro, deparou com um pequeno, que na altura se configurava como grande problema – o seu linguajar de “Gafanhota”, pois era este o gentílico utilizado para nomear os habitantes da Gafanha.
A esse tempo, o Liceu era frequentado por uma elite social, da qual não fazia parte aquela aluna! Seria, digamos assim, a excepção que sempre confirmou a regra.
Daí, que o seu discurso oral fosse, marcadamente, de cariz regionalista, destoando da linguagem urbana e mais padronizada das suas colegas de turma. Sentiu isso na pele, pois ainda não estava reconhecido como agora, o valor das especificidades linguísticas locais. Ainda se lembra da vergonha que passou, quase se sentindo marginalizada, por usar um léxico e uma dicção típicas da gente da beira-mar.
Hoje, tudo mudou! “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades...”, parafraseando Camões! A prova está, na recente publicação do livro “Língua e Costumes da Nossa Gente”, em que o tema central é a recuperação e fixação por escrito, dos regionalismos das referidas épocas passadas, antes de os mass media terem uniformizado a língua portuguesa.
Nunca a teacher se assumiu como Gafanhota e a palavra Gafanhão também não lhe soa muito bem! Associa-a a fanfarrão, comilão, aldrabão! E por que razão não se chama pela mesma lógica, Ilhavão ao habitante de Ílhavo? Aveirão ao de Aveiro? Portão ao do Porto? Ilhavense, Aveirense, Portuense, assim mandam as regras! Então, chamemos aos nativos das Gafanhas, Gafanhenses, para evitar conotações pejorativas e mal sonantes!
Contudo e apesar desta dissertação sobre o termo Gafanhoto, este ainda perdura na memória de todos, especialmente dos professores. É uma palavra que soa a música e é pronunciada com muito agrado e algum sentido de urgência! Sim, sobretudo a determinada hora do dia, especialmente quando se aproxima a hora do almoço! Gafanhoto foi preterido como gentílico e passou a designar um local que fica no CENTRO DO MUNDO! Assim dizem os cartazes publicitários que anunciam o local de repasto, situado nas imediações de duas escolas, na Gafanha da Encarnação. É uma palavra muito grata aos professores, que se organizam em peregrinação, para irem saciar a sua fome, no mais literal sentido da palavra. Dada a proximidade da escola, nem precisam de autocarro para a sua devoção... vão a pé e em jejum, para receberem a bênção dos deliciosos petiscos, lá confeccionados!
É isso mesmo, aquele restaurantezinho aconchegado com vistas para o norte, nascente, sul e poente, numa orientação solar magnífica que a todos seduz. É ali que os docentes vão recobrar energias e fazer uma pequena pausa, depois de uma manhã a dar cabo das cordas vocais e... do sistema nervoso central!
Honra seja feita ao Sr Paulo e Dª Gina, pois saciam aquelas famintas criaturas com a simpatia e eficácia que são já, marca da casa!
Sucede em catadupa, no filme mental, aquela variedade de pratos que fazem as delícias dos comensais. E... aquele caldo feijão, evocando memórias antigas, numa tentativa de recuperação da gastronomia gafanhense do século passado? Ah! Quem não gosta de saborear o prato, único, mas substancial, que os lavradores comiam antigamente, depois da árdua freima dos trabalhos agrícolas?
E para dar um toque cosmopolita ao local, os donos ainda acumulam a virtude de serem falantes da língua de Sua Majestade, a rainha Isabel II, sendo a Dº Gina uma exímia praticante!
Que melhor ambiente para a teacher se sentir como peixe na água, em todos os sectores da sua vida? Ali mesmo... naquele centrinho do universo, onde o stress docente... faz uma pausa para almoço!
Mª Donzília Almeida
05.07.09
terça-feira, 7 de julho de 2009
Fundação Prior Sardo aposta na prevenção das drogas lícitas e ilícitas na Praia da Barra
Praia da Barra
É PRECISO APOSTAR EM DIVERSÕES MAIS SAUDÁVEIS
Neste Verão, até Setembro, a Fundação Prior Sardo (FPS), da Gafanha da Nazaré, está a desenvolver acções de prevenção contra as drogas lícitas e ilícitas, nos bares e noutros espaços nocturnos da Praia da Barra. Aos fins-de-semana, a começar em Julho, uma equipa, constituída por uma técnica do serviço social, uma psicóloga e uma animadora sociocultural, vai tentar criar empatia com os jovens, distribuindo porta-chaves, autocolantes, crachás, espelhos, T-shirts e esferográficas, entre outros brindes, todos portadores de mensagens preventivas da toxicodependência.
Fuma-(+Curte), Liberta-te+(-bebe) e previne.tua.vida… atreves-te? vão ser mensagens inseridas nas T-Shirts, em folhetos e nos brindes, desafiadoras e estimulantes para o diálogo entre os membros da equipa e os jovens frequentadores dos cafés e bares, apostando em alternativas de diversões mais saudáveis.
A equipa, tão jovem como muitos jovens frequentadores da “noite”, vai mostrar que a diversão é possível e até aconselhável sem álcool, tabaco e demais drogas, substâncias altamente perigosas para a saúde. Ainda tentará propor bebidas, mais refrescantes, sem álcool, preparadas na hora pela própria equipa, que conta com o apoio dos proprietários dos bares, que aceitaram colaborar com este desafio da FPS.
A ideia destas acções surge como resposta ao desafio lançado pelo último diagnóstico territorial do concelho de Ílhavo, que sugere a necessidade de intervir nas áreas da prevenção e da reinserção social, junto dos adolescentes e jovens. Nessa linha, nascem dois projectos, “previne.tua.vida” e “segue.com.vida”, que suportam o trabalho em curso no Município de Ílhavo.
A Praia da Barra, na Gafanha da Nazaré, com vida nocturna mais intensa, foi escolhida para uma intervenção mais directa e mais personalizada durante o Verão.
Todo o trabalho é feito, aliás, em sintonia com o PORI (Plano Operacional de Respostas Integradas), do IDT (Instituto da Droga e Toxicodependência), que financia a Fundação, neste sector.
.
Maria Cândida Silva, directora da FPS
“O tempo está bom, os jovens estão de férias e tudo lhes desperta outros tipos de interesses; os bares, cafés e demais estabelecimentos nocturnos são preferenciais pontos de encontro da juventude; os exageros são frequentes e a FPS quer contribuir para reduzir a experimentação, evitando e retardando os riscos do consumo de drogas lícitas e ilícitas”, explica Maria Cândida Silva, directora técnica da instituição.
Elaborado o projecto da acção a desenvolver, a equipa passou por uma fase de conhecimento do diagnóstico concelhio, recebeu formação específica para trabalhar no sector da toxicodependência e assume, agora, “a experiência de campo”, aos fins-de-semana.
Foram estabelecidos contactos com os bares, cafés e outros estabelecimentos similares, no sentido de se conseguir a colaboração adequada. “Todos aceitaram muito bem a acção”, garante-nos a directora técnica da FPS.
“Não vamos com moralismos para estes adolescentes e jovens, mas vamos tentar fazer passar a mensagem, informando-os que é possível divertirem-se sem terem que cometer excessos”, afirma Maria Cândida Silva. E logo esclarece: “Nem todos os jovens têm comportamentos de excesso de álcool e drogas, mas a maioria tem.”
A equipa já foi a esses bares enquanto observadora, para perceber como é que funcionam e uma coisa é certa: “tínhamos tudo muito bem delineado, mas os ambientes que fomos observar já nos ensinaram que devemos actuar enquanto os jovens estão sóbrios.”
Maria Cândida Silva reconhece que há espaços da “noite” mais familiares, onde não há situações de risco, mas também há os outros que não podem ser ignorados, se é que queremos apostar num estilo de vida mais saudável. Nesse sentido, esta intervenção, que se insere no projecto “previne.tua.vida”, terá continuidade, se necessário, no projecto “segue.com.vida”. Neste último, a FPS, em parceria com a Câmara Municipal de Ílhavo, Centro de Saúde, CPCJ (Comissão de Protecção de Crianças e Jovens), CERCIAV (Cooperativa para a Educação e Reabilitação dos Cidadãos Inadaptados de Aveiro) e Grupo Desportivo da Gafanha, procura ajudar na busca de emprego para toxicodependentes em tratamento e facilitar a integração sociofamiliar. Quer, deste modo, melhorar as condições para o bem-estar e para a vida activa dos indivíduos, reforçando competências sociais e promovendo a sua independência económica.
A FPS é uma instituição sedeada na Gafanha da Nazaré e foi escolhida para fazer a prevenção e promover a reinserção social dos ex-toxicodependentes, na área do concelho de Ílhavo.
Fernando Martins
Nota: Texto publicado no jornal SOLIDARIEDADE
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