domingo, 1 de fevereiro de 2009
Sinal +
1. Os arautos da desgraça continuam a agitar a bandeira da bancarrota, da ingovernabilidade de Portugal, do fim da Nação. A multissecular Pátria portuguesa até parece que caiu ou está para cair nas ruas da amargura, sem políticos à altura de aguentar a barca no cimo das ondas. A barca, pelos vistos, está a meter água por todos os lados.
Clama-se por justiça, mas ela não surge, ou surge tardiamente; clama-se por verdade, mas os mentirosos amarfanham a sociedade; clama-se por uma educação sadia, mas não faltam os promíscuos em cada esquina; clama-se por paz, mas não falta quem alimente guerras. E por aí adiante…
O nepotismo, o compadrio, as negociatas, a mentira, o ódio, a injustiça, o desespero, o desemprego, a miséria, a falta de sentido para a vida e a ausência de horizontes dignos de um futuro de progresso solidário parece que estão a implantar-se entre nós. Mas tudo isto será razão para admitir o fim de Portugal como Estado e como Nação? Julgo que não. O nosso País e os portugueses já enfrentaram inúmeras desgraças, mas continuam a existir. Mais uma crise não será motivo para desânimos. Havemos de sair dela. Temos de conseguir caminhar em frente, rumo a um futuro mais risonho.
2. Celebra-se hoje o Dia do Consagrado na Igreja Católica. Homens e mulheres que, por amor a Deus, deixam o mundo, com todas as suas seduções, para viverem em exclusivo a causa de uma sociedade mais fraterna, onde a paz seja uma aposta de todos os momentos.
Penso que a acção dos consagrados e das consagradas, no dia-a-dia de um labor ao serviço do mundo, onde a espiritualidade nunca perde o seu lugar, carece de ser mais conhecida e mais amada. Porque não é fácil deixar família, amigos e propostas profissionais aliciantes para viver o desafio de construir o Reino de Deus neste tempo de tantas contradições.
Sei que muitos sentem na carne e na alma o desgaste da solidão, a incompreensão da sua entrega generosa, a arrogância dos instalados nos prazeres fúteis. Mas também sei que aos consagrados e consagradas nunca faltará, nas encruzilhadas de outras vidas, a alegria do encontro diário com Jesus Cristo, que é caminho, verdade e vida.
Fernando Martins
TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 116
BACALHAU EM DATAS - 6
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Santa Maria Manuela
CARTAS... E COLÓNIAS
Caríssimo/a:
Depois de termos lido o que escreveu o nosso amigo capitão Valdemar sobre a pesca do bacalhau nesses recuados tempos, iremos constatar que nem só de pesca se tratava e que, pelos vistos, muito mais estava em jogo. Afinal a ciência estava sempre presente e era uma constante nas navegações dos Portugueses...
1500 - «Por volta de 1500, no hemisfério norte, [os Portugueses] terão provavelmente chegado à Gronelândia, ao Labrador e à Terra Nova. Na década de 1520, tentaram estabelecer uma colónia na ilha de Cape Breton e, em meados do século XVI, na Nova Escócia.» [in Um Mundo em Movimento- Os Portugueses na África, Ásia e América (1415-1808), de A. J. R. Russell-Wood, DIFEL- Difusão Editorial, S.A., Lisboa, 1998, pp. 19-20]
1502 - «O planisfério dito de Cantino, de 1502, “é a primeira carta a dar uma incipiente representação da Terra Nova, sob a designação de Terra del Rey de Portugal!”» [Oc45, 77]
«O que assinalamos como importante na viagem de Gaspar Corte Real foi o facto de a partir dela se ter elaborado o planisfério de Cantino pelo qual se divulgava um primeiro mapa menos fantasioso dessas regiões...» [HPB, 20]
1504 - «Carta de Pedro Reinel que representa a Ocidente, no Atlântico Norte, a região da Terra Nova e regiões próximas. Os autores de cartografia defendem que esta carta foi o resultado da viagem de Miguel Corte Real em 1502 e outra que se seguiu em 1503, em busca deste navegador e de seu irmão Gaspar Corte Real, viagens em vão quanto ao objectivo primordial, mas que mantiveram o reconhecimento sistemático da orla marítima oriental da Terra Nova e regiões vizinhas, a norte e a sul, portanto muito importantes como fontes adequadas para os cartógrafos e para a história da geografia.» [Oc45, 32]
«Os primeiros empreendedores quiseram associar-se com alguns da Ilha Terceira, e assim combinados fizeram partir uma colónia para se estabelecer na Terra Nova, e isto com tanta brevidade que quando os Bretões e os Normandos ali chegaram, em 1504, já acharam, segundo J. Verazanni [na relação da viagem que fez à Terra Nova ao serviço da França, publicada em 1525], os portugueses de posse de uma parte da costa; o que os fez contentar com o reconhecimento da outra porção, tanto para Norte como para Sul da que os nossos já ocupavam, e aonde faziam as suas pescarias.» [Oc45, 77 ]
Manuel
sábado, 31 de janeiro de 2009
Um livro de Anselmo Borges
JANELA DO (IN)FINITO
Acabei de ler, há dias, mais um livro de Anselmo Borges, padre e professor de Filosofia na Universidade de Coimbra. Melhor dizendo, reli as crónicas que semanalmente escreve no Diário de Notícias e que eu, com muito gosto, coloco no meu blogue, onde também podem ser lidas e relidas.
Deste autor já conhecia Janela do (In)Visível e Religião: Opressão ou Libertação?, duas obras que, como a que apresento hoje, me ajudaram e ajudam a pensar. Mais: que me oferecem conhecimentos, me encaminham para outras leituras e me suscitam reflexões.
Antes de começar a leitura, crónica a crónica, tive o cuidado de ler, serenamente, o Prefácio de Guilherme d’Oliveira Martins, cujo título, Uma janela que permite olhar o mundo, garante, à partida, a certeza de que sairemos mais enriquecidos quando chegarmos à última página. E assim foi, realmente. A importância das releituras está na descoberta de novas mensagens, novas ideias e novas pistas, por paradoxal que possa parecer.
Como a “janela” volta à liça, o que denota um certo mistério do autor pelo vocábulo, aproveitei a Palavra de Abertura, de Anselmo Borges, para ficar esclarecido. Diz ele que “O fascínio de uma janela está em que se vê de fora para dentro e de dentro para fora, mas de tal maneira que as duas visões não são coincidentes”. Depois continua com o porquê desse fascínio, talvez muito próprio dos filósofos, mas não adianto mais para deixar aos seus leitores, sobretudo aos que ainda não pegaram nesta obra, o prazer de lerem tudo, de fio a pavio.
Voltando ao Prefácio, permitam-me que sublinhe uma curta passagem de Oliveira Martins: “Basta ler com atenção. Eis o apelo permanente que estes textos contêm. Longe da placidez ou da facilidade. Anselmo Borges põe o dedo nas feridas, põe-nos em causa e põe-se em causa. E, longe das receitas, apela constantemente para a liberdade e responsabilidade.”
E noutra passagem, refere que os textos deste livro “são excelentes motivos de reflexão sobre um conjunto vasto de temas relacionados com o fenómeno religioso, com o diálogo entre religiões, com a relação entre fé e razão, com a diversidade das culturas, e também com a evolução da humanidade num mundo globalizado”.
Janela do (In)Finito é, pois, um livro para ter sempre à mão. A qualquer momento, o esclarecimento pode estar lá.
Fernando Martins
DOCUMENTO DE MUMADONA EM EXPOSIÇÃO NO MUSEU DA CIDADE

Até 26 de Abril
A "Exposição 'BI Aveiro' conta já com os originais que estavam em falta, nomeadamente, o documento de doação da Condessa Mumadona Dias ao mosteiro de Guimarães de vários bens patrimoniais, entre os quais se encontra a referência a “Alauario et salinas” com data de 26 de Janeiro de 959.
A mostra, patente no Museu da Cidade até ao dia 26 de Abril, é um reflexo da identidade de Aveiro, os documentos expressam bem essa perspectiva. Neste sentido, as peças seleccionadas prendem-se, em boa parte, com um cariz administrativo tendo subjacente a organização do território, a sua definição e valorização ao nível local e por reconhecimento de instâncias superiores. A mostra pode ser visitada de Terça a Domingo, das 10 às 12.30 horas e das 14.30 às 19 horas. Tem entrada livre.”
Ler mais aqui
A BARRICA foi remodelada

Embora atravessando graves problemas económicos, A Barrica, com a colaboração da Câmara Municipal de Aveiro e da Federação Portuguesa de Artes & Ofícios, remodelou o seu posto de venda, situado na Praça Joaquim de Melo Freitas, em Aveiro. A reabertura foi hoje, sábado, 31 de Janeiro, pelas 10 horas da manhã. Isto significa que os apreciadores do artesanato já por lá podem passar, com a certeza de que haverá novidades a ter em conta.
GAFANHA DA NAZARÉ: Residências paroquiais
"Quando o padre José Francisco Corujo (Prior Guerra) veio para a Gafanha da Nazaré, foi necessário, então, preparar-lhe uma residência. A comissão da paróquia arrendou, por isso, uma casa, na Chave, pertencente ao proprietário Manuel Cravo. Mais tarde, o prior Guerra mudou-se para uma outra casa, que ainda existe, na actual Av. José Estêvão, e que era pertença do mestre José Lopes Conde, conhecido por mestre José Lázaro. Ali residiu até deixar de ser prior da nossa terra, em 1947."
Ler mais aqui
O sol brilhou
Não sei se por muito tempo, mas o sol brilhou hoje. Deu, para já, para sair de casa, porque cansado de estar fechado andava eu. Respirei um ar mais fresco, encontrei amigos, cavaqueei com alguns, senti-me outro. Foi bom andar por aí, fotografar umas coisas úteis para mais um texto nos meus blogues. Registei o palpitar de gente apressada e gostei de ansiar por dias agradáveis, sem frio, sem vento e sem chuva. Eles hão-de vir para poder usufruir dos ambientes que me acalentam há sete décadas.
SIMONE WEIL: FILÓSOFA E MÍSTICA

SIMONE WEIL: FILÓSOFA E MÍSTICA
Faria 100 anos na próxima terça-feira. Nasceu no dia 3 de Fevereiro de 1909, mas morreu jovem, com 34 anos apenas. Chamava-se Simone Weil, e era de ascendência judaica. Figura complexa, filósofa de formação - as Obras Completas, na Gallimard, completarão sete volumes -, professora de Filosofia, viveu intensamente os dramas da primeira metade do século XX.
No seu número de Janeiro, Philosophie Magazine consagrou-lhe um dossier, sublinhando "a originalidade" da sua filosofia, na confluência articulada de experiência real, reflexão e acção. Aí se relata como a foram encontrar, com 11 anos apenas, no meio de uma manifestação de grevistas no boulevard Saint-Germain. Simone de Beauvoir refere nas suas Memórias um encontro na Sorbonne: Weil jura apenas pela Revolução que "daria de comer a toda a gente" e a Beauvoir, que sustenta que o verdadeiro problema é o de "encontrar um sentido" para a existência", replica: "Vê-se bem que nunca passaste fome!"
Para perceber a alienação dos operários, tornou-se ela própria operária e sindicalizou-se: "Enquanto nos não tivermos colocado do lado dos oprimidos, para sentir com eles, não se pode tomar consciência." Esgotada pela incapacidade de seguir a cadência infernal da produção, dirá que aí "o pensamento se encarquilha como a carne diante do bisturi". Visionária, viu claramente que a libertação não viria nem do fascismo nem do comunismo, abstracções "ávidas de sangue humano" que remetem para "duas concepções políticas e sociais quase idênticas".
Denunciou a exploração da classe operária e o colonialismo, mas manteve-se crítica face ao comunismo. Pôs-se ao lado da Resistência, reivindicando "uma forma de ofensiva", mas excluindo a violência das armas. Comprometida com a liberdade e a libertação, manteve-se distante dos partidos políticos e da Igreja.
Sobre os partidos escreveu que se trata de "organismos, publicamente, oficialmente constituídos de modo a matar nas almas o sentido da verdade e da justiça". Quanto à Igreja, temia a sua intolerância. Ficou, pois, à porta, pensando que a sua vocação era permanecer "cristã fora da Igreja".
Embora educada no agnosticismo, viveu intensamente à "espera de Deus". Deus não deve ser tanto procurado como esperado como graça. Essa graça consiste em "morrer para si mesmo", ser "des-criado" e depois "re-criado" em Deus.
Nesta espera, foi determinante uma experiência em Portugal em 1935, na Póvoa de Varzim. Ela que sabia o que era o sofrimento, assistindo a uma procissão em honra da padroeira, com velas e cânticos de uma tristeza pungente - "Eu nunca escutei nada mais pungente" -, teve repentinamente "a certeza de que o cristianismo é por excelência a religião dos escravos, que os escravos não podem não aderir a ele, e eu também".
Fui reler a sua obra Carta a um Homem Religioso, onde levanta a lista dos obstáculos que a mantiveram fora da Igreja. Tudo se resume nesta afirmação: "A Verdade essencial é que Deus é o Bem. Ele só é a omnipotência por acréscimo." Por isso, "é falsa toda a concepção de Deus incompatível com um movimento de caridade pura. Todas as outras são verdadeiras, em graus diferentes". Os únicos milagres são os do amor, de tal modo que "Hitler poderia morrer e ressuscitar 50 vezes que eu não o veria nunca como filho de Deus". "A forma de pensar de Cristo era a de que devíamos reconhecê-lo como santo porque ele fazia o bem perpétua e exclusivamente."
A Igreja centrou-se no dogma, que levou ao anátema e, assim, "estabeleceu um início de totalitarismo". "Os partidos totalitários formaram-se devido ao efeito de um mecanismo análogo ao da fórmula anathema sit. Esta fórmula e o seu uso impedem a Igreja de ser católica, a não ser de nome." A parábola do bom Samaritano "deveria ter ensinado a Igreja a nunca mais excomungar quem quer que fosse que praticasse o amor ao próximo".
Só o amor salva: "Qualquer pessoa que seja capaz de um gesto de compaixão pura para com um infeliz (coisa, aliás, muito rara) possui, talvez implicitamente mas sempre realmente, o amor de Deus e a fé."
Anselmo Borges, in DN
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
Presidente da República critica em Fátima a Lei do Divórcio

Cavaco Silva afirmou, esta tarde, em Fátima, que a Lei do Divórcio, aprovada em Abril de 2008 e que entrou em vigor no final do mesmo ano, se trata de uma lei causadora de novos casos de pobreza e, a propósito da mesma lei, manifestou a sua "perplexidade" quanto à forma como se legisla em Portugal.
“Dos contactos que tenho mantido com dirigentes de instituições de solidariedade, recolho a informação de que a maioria dos casos de ‘novos pobres’ está associada a situações de divórcio”, revelou.
Recorde-se que por ocasião da promulgação presidencial da Lei, em Outubro de 2008, em uma mensagem publicada na página oficial da Presidência da República na Internet, Cavaco Silva, que havia vetado inicialmente esta lei a 20 de Agosto, referia que o diploma, incluindo as alterações introduzidas depois do veto à primeira versão, "padece de graves deficiências técnico-jurídicas" e iria introduzir, em sua opinião, “profunda injustiça”, sobretudo para os mais vulneráveis, como são as “mulheres de mais fracos recursos e os filhos menores”.
No Centro Pastoral Paulo VI, no momento inaugural do IV Congresso da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, falou sobre o novo tipo de pobreza em Portugal, agravada pelo desemprego e pelo sobreendividamento de muitas famílias.
Pediu especial atenção para com as crianças e os jovens, para que se reforce a atenção a esta camada da população, para que possa manter as suas condições de bem-estar.
“ (É) o melhor que poderemos fazer pelo futuro do nosso país", disse.
Cavaco Silva destacou que, com esta nova realidade social, "é urgente mobilizar a força solidária dos portugueses" e, neste sentido, as organizações e instituições de solidariedade são "catalisadores" de iniciativas solidárias.
O Chefe de Estado português terminou o seu discurso com um apelo "por um Portugal mais justo e solidário".
Fonte: Santuário de Fátima
TERESA MACHADO: A atleta gafanhoa que chegou mais longe no desporto
A única atleta nacional olímpica na disciplina do Disco
Teresa Machado, com quem toda a gente se cruza na Gafanha da Nazaré, porque nesta terra nasceu e sempre aqui viveu, é, até hoje, a única atleta olímpica das Gafanhas. E a nível nacional, é a única atleta olímpica, na disciplina do Disco.
Com resultados muito bons, tanto nos quatro Jogos Olímpicos em que participou (Barcelona, Atlanta, Sidney e Atenas), como em Campeonatos da Europa e do Mundo, para além de bastantes “meetings”, esta atleta gafanhoa não esquece quanto o desporto lhe deu. Considera, como muito valiosos, os benefícios que recebeu, quer no âmbito desportivo e social, quer cultural e económico. Também não esquece a riqueza humana que os contactos internacionais lhe proporcionaram.
Começou cedo a sua paixão pelo Atletismo, quando venceu, em representação da escola do 2.º Ciclo do Ensino Básico, uma prova de lançamento de Peso, em 1986. A seguir esteve no Galitos e em 1987 Júlio Cirino (ver Timoneiro do mês de Janeiro) passa a ser seu treinador, nas disciplinas de Peso e Disco. Ainda foi atleta do Sporting e da Junta de Freguesia de S. Jacinto.
Confessa que se sentia com “capacidade para chegar longe no desporto”, coisa rara para uma menina da época. Nessa altura, “as meninas das minhas idades inclinavam-se mais para “o ballet, a natação e a ginástica artística”, disse. Os resultados começaram a entusiasmá-la, apesar das improvisadas condições de treino, que a obrigavam a andar com o seu treinador de um lado para o outro. A prática do lançamento de Disco exigia amplos espaços, não fosse dar-se o caso de atingir alguma pessoa ou automóvel que passassem perto.
Com resultados muito bons, tanto nos quatro Jogos Olímpicos em que participou (Barcelona, Atlanta, Sidney e Atenas), como em Campeonatos da Europa e do Mundo, para além de bastantes “meetings”, esta atleta gafanhoa não esquece quanto o desporto lhe deu. Considera, como muito valiosos, os benefícios que recebeu, quer no âmbito desportivo e social, quer cultural e económico. Também não esquece a riqueza humana que os contactos internacionais lhe proporcionaram.
Começou cedo a sua paixão pelo Atletismo, quando venceu, em representação da escola do 2.º Ciclo do Ensino Básico, uma prova de lançamento de Peso, em 1986. A seguir esteve no Galitos e em 1987 Júlio Cirino (ver Timoneiro do mês de Janeiro) passa a ser seu treinador, nas disciplinas de Peso e Disco. Ainda foi atleta do Sporting e da Junta de Freguesia de S. Jacinto.
Confessa que se sentia com “capacidade para chegar longe no desporto”, coisa rara para uma menina da época. Nessa altura, “as meninas das minhas idades inclinavam-se mais para “o ballet, a natação e a ginástica artística”, disse. Os resultados começaram a entusiasmá-la, apesar das improvisadas condições de treino, que a obrigavam a andar com o seu treinador de um lado para o outro. A prática do lançamento de Disco exigia amplos espaços, não fosse dar-se o caso de atingir alguma pessoa ou automóvel que passassem perto.
Treinou em terrenos baldios da Gafanha da Nazaré, no Rossio e na actual zona do Centro Cultural e de Congressos de Aveiro, na Mata de S. Jacinto e em áreas cedidas onde agora existe o actual Porto de Aveiro, entre outras. Aqui, chegou a perder alguns discos, que ficaram mergulhados na ria. A sua grande experiência olímpica, por ser a primeira, aconteceu em Barcelona, em 1992. “Só me apetecia chorar, com as sensações de ver um estádio cheio, com as pessoas a aplaudirem e a baterem os pés, incitando os atletas a darem o máximo”, contou-nos a Teresa. E acrescentou: “É que eu estava habituada a ver, em Portugal, pouca gente a assistir; víamos, normalmente, familiares, namorados e amigos.”
A Teresa confessa-nos que desde o início se sentiu muito apoiada e estimulada pelo seu treinador Júlio Cirino, um amigo que “se actualizava constantemente, estudando e participando em muitas actividades”. Aliás, também reconhece que lucrou em estágios da Federação Portuguesa de Atletismo, “onde contactou e aprendeu com ensinamentos e conselhos de outros treinadores”.
Com a experiência de Barcelona, o lançamento de Disco passou a ser a sua modalidade prioritária, conseguindo bons resultados em Atlanta (10.º lugar) e Atenas (6.º). E porque seria fastidioso indicar tudo o que fez nas inúmeras provas em que participou, para além dos campeonatos da Europa e do Mundo, é justo referir que subiu ao pódio em Itália, Brasil, Espanha, Argentina, Irlanda, Bélgica, Holanda, Áustria, Grécia, Marrocos, Chipre, Noruega, Alemanha e Portugal. No nosso País, continua recordista nacional de Peso (17,26 m) e Disco (65,40 m).
Teresa Machado, graças ao seu esforço nos treinos, chegou a ser considerada, por especialistas, a atleta “mais tecnicista na disciplina do Disco”. A nossa entrevistada adiantou, nesta altura em que decidiu mudar de vida, que não tem visto, com pena, atletas que ocupem o seu lugar. Diz que é fácil atingir bons níveis até à faixa etária de juniores, mas as maiores dificuldades surgem nos escalões seniores. “Aqui, é mesmo preciso muita dedicação, muito esforço, muito treino, muita vontade, muita coragem e muita força, para chegar onde eu cheguei”, explicou.
A Teresa confessa-nos que desde o início se sentiu muito apoiada e estimulada pelo seu treinador Júlio Cirino, um amigo que “se actualizava constantemente, estudando e participando em muitas actividades”. Aliás, também reconhece que lucrou em estágios da Federação Portuguesa de Atletismo, “onde contactou e aprendeu com ensinamentos e conselhos de outros treinadores”.
Com a experiência de Barcelona, o lançamento de Disco passou a ser a sua modalidade prioritária, conseguindo bons resultados em Atlanta (10.º lugar) e Atenas (6.º). E porque seria fastidioso indicar tudo o que fez nas inúmeras provas em que participou, para além dos campeonatos da Europa e do Mundo, é justo referir que subiu ao pódio em Itália, Brasil, Espanha, Argentina, Irlanda, Bélgica, Holanda, Áustria, Grécia, Marrocos, Chipre, Noruega, Alemanha e Portugal. No nosso País, continua recordista nacional de Peso (17,26 m) e Disco (65,40 m).
Teresa Machado, graças ao seu esforço nos treinos, chegou a ser considerada, por especialistas, a atleta “mais tecnicista na disciplina do Disco”. A nossa entrevistada adiantou, nesta altura em que decidiu mudar de vida, que não tem visto, com pena, atletas que ocupem o seu lugar. Diz que é fácil atingir bons níveis até à faixa etária de juniores, mas as maiores dificuldades surgem nos escalões seniores. “Aqui, é mesmo preciso muita dedicação, muito esforço, muito treino, muita vontade, muita coragem e muita força, para chegar onde eu cheguei”, explicou.
Durante a entrevista, pudemos testemunhar a alegria e a emoção que lhe inundavam o semblante, ao recordar a sua exemplar carreira de atleta, sem grandes meios à partida. Contudo, não deixámos de registar algumas mágoas. “Quando eu estava no auge, não faltava gente que me incitava e me dava pancadinhas nas costas, prometendo-me mundos e fundos para quando eu abandonasse as competições; depois, na fase descendente, a que ninguém pode fugir, os amigos de outrora começaram a deixar de me conhecer”, sublinhou.
Presentemente, trabalha como Técnica Auxiliar de Fisioterapia numa clínica de Taboeira, não vendo, ao fundo do túnel, qualquer hipótese de voltar a dedicar-se ao Atletismo, em novas funções. Precisa de estar mais livre, ao fim de tantos anos de sacrifícios.
Fernando Martins
Presentemente, trabalha como Técnica Auxiliar de Fisioterapia numa clínica de Taboeira, não vendo, ao fundo do túnel, qualquer hipótese de voltar a dedicar-se ao Atletismo, em novas funções. Precisa de estar mais livre, ao fim de tantos anos de sacrifícios.
Fernando Martins
NOTA: Texto publicado no TIMONEIRO
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