“O mundo nunca foi tão parecido com a descrição de Marx. Nunca estivemos numa civilização tão alienada e alienante. O marxismo que encarnou não foi capaz de superar isso. Mas continua a ser válido e interessante.”
“Lamento que o catolicismo se refugie em coisas arcaizantes que têm efeitos éticos e sociais deploráveis. Não sei se está condenado a morrer, mas está condenado a transformar-se.”
“As minhas contradições são de bradar aos céus.”
Eduardo Lourenço, “Cartaz do Expresso”, 31.V. 2008
sábado, 7 de junho de 2008
PONTES DE ENCONTRO

Estatísticas, correcções e os males de sempre
Os últimos dados do Eurostat (Gabinete de Estatísticas da União Europeia), conhecidos no passado mês de Maio, não deixam margem para dúvidas: se compararmos os rendimentos acumulados dos 20% mais ricos com os dos 20% mais pobres, verificamos que, em 2004, os portugueses mais favorecidos tinham ganhos 7,2 vezes superiores aos dos mais necessitados. Este rácio representa um ligeiro decréscimo em relação a 2003 (7,4), mas nem por isso deixa de estar muito longe da média europeia, de vinte e cinco países (Bulgária e Roménia não entraram neste estudo), que era de 4,6 em 2003 e 4,8 em 2004.
Qualquer que seja a forma de medir a desigualdade, Portugal é, sempre, o pior país da UE e um daqueles em que a pobreza é mais extrema. Ainda segundo o Eurostat, 9% dos portugueses vivem com menos de 10 euros por dia, enquanto, na Europa, a média ronda os 5%. O retrato agrava-se, se tivermos em conta que, em 2007, 21% dos portugueses estavam em risco de pobreza, mesmo depois de contabilizados os apoios sociais.
Um risco que atinge as populações mais vulneráveis: 23% dos menores de 16 anos e 29% das pessoas com mais de 65 anos, de acordo com dados referentes a 2004.
Outra das questões que aparece associada à exclusão social, no Relatório do Eurostat, é referente ao abandono escolar precoce. E, também, aqui, é traçado um quadro negro para Portugal: no ano passado, 38,6% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não tinham mais do que o nono ano de escolaridade.
Quem trabalha no terreno, acusa o debate em torno da exclusão social em Portugal de ser demasiado teórico e alerta para a necessidade de se reforçarem as medidas, sobretudo nas áreas da educação e do emprego. De facto, é na educação e no emprego que tudo se joga, para o bem ou para o mal. Salvo melhor opinião, já começa a saturar falar tanto nas iniciativas e nos vários trabalhos na área da exclusão social, na medida em que a sua banalização, um dia destes, torna-se num hábito pernicioso. É evidente que é um “mal” necessário, quantas vezes, a única tábua de salvação para se ir sobrevivendo, mas só por si não basta.
Mas onde estão os empregos prometidos? Onde estão os empresários que investem e criam riqueza para eles e para o país? Onde está uma escola que ensine, eduque e prepare os jovens para a vida? Onde estão as Universidades que formem as elites e a massa crítica do país? Onde está uma formação profissional séria, que não desperdice, em brincadeiras, os milhões de euros para ela canalizados, sem ser capaz de formar profissionais competentes? Onde é que está a agricultura e a indústria portuguesa, áreas estruturais de qualquer país, de forma a não o tornar tão dependente do exterior?
Bem pode este ou outro Governo dizer que os dados estão desactualizados, por serem de 2004, e até corrigir alguns dos indicadores que estejam incorrectos, mas, no essencial, o que muda? Claro que estão todos a fazer um grande esforço e a preocupação é grande, como dizem, mas que sinal é que se quer dar quando pessoas que têm menos de 400,00 euros de reforma recebem 1,6% de aumento, para o ano de 2008, quando a inflação (mal) calculada pelo Governo é de 2,1%? Será que já ganham muito e há que lhes baixar a reforma, por via da inflação, que se prevê, agora, nos 2,4%?
Afinal, já temos trinta e quatro anos de democracia e um longo e profundo oceano de promessas feitas, ao longo de todo este tempo. Por isso, com mais décimas ou menos décimas de correcção, é este o país que somos. Saber porque tudo isto nos acontece parece ser um mistério que ninguém quer ou consegue desvendar. A não ser que a sua chave não esteja só na incompetência, que já não se pode escamotear, da classe dirigente do país (especialmente, políticos e empresários), mas também na dos portugueses que, no geral, podem já não conseguir ou não quererem viver de outra maneira.
Os últimos dados do Eurostat (Gabinete de Estatísticas da União Europeia), conhecidos no passado mês de Maio, não deixam margem para dúvidas: se compararmos os rendimentos acumulados dos 20% mais ricos com os dos 20% mais pobres, verificamos que, em 2004, os portugueses mais favorecidos tinham ganhos 7,2 vezes superiores aos dos mais necessitados. Este rácio representa um ligeiro decréscimo em relação a 2003 (7,4), mas nem por isso deixa de estar muito longe da média europeia, de vinte e cinco países (Bulgária e Roménia não entraram neste estudo), que era de 4,6 em 2003 e 4,8 em 2004.
Qualquer que seja a forma de medir a desigualdade, Portugal é, sempre, o pior país da UE e um daqueles em que a pobreza é mais extrema. Ainda segundo o Eurostat, 9% dos portugueses vivem com menos de 10 euros por dia, enquanto, na Europa, a média ronda os 5%. O retrato agrava-se, se tivermos em conta que, em 2007, 21% dos portugueses estavam em risco de pobreza, mesmo depois de contabilizados os apoios sociais.
Um risco que atinge as populações mais vulneráveis: 23% dos menores de 16 anos e 29% das pessoas com mais de 65 anos, de acordo com dados referentes a 2004.
Outra das questões que aparece associada à exclusão social, no Relatório do Eurostat, é referente ao abandono escolar precoce. E, também, aqui, é traçado um quadro negro para Portugal: no ano passado, 38,6% dos jovens entre os 18 e os 24 anos não tinham mais do que o nono ano de escolaridade.
Quem trabalha no terreno, acusa o debate em torno da exclusão social em Portugal de ser demasiado teórico e alerta para a necessidade de se reforçarem as medidas, sobretudo nas áreas da educação e do emprego. De facto, é na educação e no emprego que tudo se joga, para o bem ou para o mal. Salvo melhor opinião, já começa a saturar falar tanto nas iniciativas e nos vários trabalhos na área da exclusão social, na medida em que a sua banalização, um dia destes, torna-se num hábito pernicioso. É evidente que é um “mal” necessário, quantas vezes, a única tábua de salvação para se ir sobrevivendo, mas só por si não basta.
Mas onde estão os empregos prometidos? Onde estão os empresários que investem e criam riqueza para eles e para o país? Onde está uma escola que ensine, eduque e prepare os jovens para a vida? Onde estão as Universidades que formem as elites e a massa crítica do país? Onde está uma formação profissional séria, que não desperdice, em brincadeiras, os milhões de euros para ela canalizados, sem ser capaz de formar profissionais competentes? Onde é que está a agricultura e a indústria portuguesa, áreas estruturais de qualquer país, de forma a não o tornar tão dependente do exterior?
Bem pode este ou outro Governo dizer que os dados estão desactualizados, por serem de 2004, e até corrigir alguns dos indicadores que estejam incorrectos, mas, no essencial, o que muda? Claro que estão todos a fazer um grande esforço e a preocupação é grande, como dizem, mas que sinal é que se quer dar quando pessoas que têm menos de 400,00 euros de reforma recebem 1,6% de aumento, para o ano de 2008, quando a inflação (mal) calculada pelo Governo é de 2,1%? Será que já ganham muito e há que lhes baixar a reforma, por via da inflação, que se prevê, agora, nos 2,4%?
Afinal, já temos trinta e quatro anos de democracia e um longo e profundo oceano de promessas feitas, ao longo de todo este tempo. Por isso, com mais décimas ou menos décimas de correcção, é este o país que somos. Saber porque tudo isto nos acontece parece ser um mistério que ninguém quer ou consegue desvendar. A não ser que a sua chave não esteja só na incompetência, que já não se pode escamotear, da classe dirigente do país (especialmente, políticos e empresários), mas também na dos portugueses que, no geral, podem já não conseguir ou não quererem viver de outra maneira.
Vítor Amorim
sexta-feira, 6 de junho de 2008
Para pensar…
Cardeal Martini lamenta inveja, vaidade, calúnia e carreirismo na Igreja
A inveja é o “vício clerical, por excelência”, e os outros pecados capitais mais presentes na Igreja são a vaidade e a calúnia. Quem o afirma é o Cardeal Carlo Maria Martini, Arcebispo emérito de Milão, 81 anos, um dos nomes mais respeitados da Igreja Catóica no mundo.
O Cardeal Martini, que ao completar 75 anos, trocou Milão por Jerusalém, está a dirigir os exercícios espirituais na sede dos Jesuítas, na localidade de Ariccia, próximo de Roma.
Segundo ele, muitos dentro da Igreja estão “consumidos” pela inveja. Alguns não aceitam nomeações de outros para Bispo e este não é o único pecado capital entre os homens da Igreja. O Cardeal contou que costumam chegar às dioceses cartas anónimas, desacreditando seus membros. Quando estava em Milão, mandava destruir todas as cartas com calúnias.
D. Carlo Maria Martini denunciou também o vício da vaidade, precisando que na Igreja “é muito grande”.
“Continuamente – disse – a Igreja se desnuda e se reveste de ornamentos inúteis, numa tendência à ostentação, ao alarde”.
O Cardeal italiano citou ainda o “carreirismo” na Igreja, e especialmente, na Cúria Romana, onde “cada um quer ser mais que o outro”.
Fonte: Ecclesia
Bispos preocupados com a situação dos trabalhadores
«D. Manuel Clemente [Bispo do Porto] aponta que “trabalho e capital devem convergir para o bem geral duma sociedade que comporta os dois e ganha com o seu dinamismo mútuo”.
As organizações sindicais são um factor construtivo de ordem social e de solidariedade e, portanto, um elemento indispensável da vida social, indica o Bispo, que apela às associações que assumam uma função de “colaboração com os outros sujeitos sociais” e que se “interessem pela gestão da coisa pública. As organizações sindicais têm o dever de influenciar o poder político, de modo a sensibilizá-lo devidamente para os problemas do trabalho e a empenhá-lo a favorecer a realização dos direitos dos trabalhadores”.
O Bispo do Porto rejeita qualquer determinismo na história, acrescentando que o homem é o árbitro da “complexa fase de mudança”. “O homem é o verdadeiro protagonista do seu trabalho. Ele pode e deve assumir de modo criativo e responsável as actuais inovações e reorganizações que sirvam ao crescimento da pessoa, da família, das sociedades e de toda a família humana”.»
Clique aqui para ler mais sobre este tema
Para rir ou talvez não
Ponte da Barra quase pronta
A ponte veio enaltecer a proximidade reclamada há muito pelas pessoas. Havia uma ponte de madeira que, frequentemente, pregava muitos sustos a quem por ela circulava. Esta, de cimento armado, tranquilizou toda a gente. Mas em determinada altura começou a ceder. Os técnicos diziam que não havia perigo, mas nem sempre é bom confiar cegamente. Feita a reparação há muito exigida, verifica-se que a depressão, no centro, continua. Não há perigo, acredito. Mas não seria melhor terem disfarçado o desnível? Eu penso que sim.
MUNDO RICO, MUNDO POBRE, QUE LUGAR PARA AS PESSOAS?
É no presente que a vida acontece e é nele que se torna possível caminhar para a plenitude que desejamos, porque a ela somos chamados. Quando se recua cinquenta anos na memória do tempo vivido, já pouco se encontra de nós, além de nós próprios que persistimos ainda e das nossas vivências. Iguais, mas diferentes, parecendo que veio de um sonho para viver outro sonho.
Quem não tem passado, tem mais dificuldade em perceber o presente. As pessoas e as coisas, tal como as plantas, têm raízes e estas são quase sempre ocultas. Delas, porém, vem a vida e a sua razão de ser. Nada por acaso, nada a nascer já feito, nada a ser perfeito antes do tempo, nada que dispense a colaboração pessoal.
O mundo de hoje não tem só as desgraças e as coisas de que todos se vão queixando. Está, também, cheio de riquezas naturais e humanas, de renovadas possibilidades e conquistas que antes nem se podiam imaginar, e não passavam de “ficções científicas”, que recheavam romances empolgantes para gente nova e menos nova. A maior das aventuras era para jovens sonhadores a “a volta ao mundo em oitenta dias”, que, então, não passava de um sonho que permitia voar nas asas da imaginação.
Mundo novo, mundo rico de oportunidades alargadas, de riquezas diversas hoje mais acessíveis, mundo globalizado e sem quaisquer fronteiras, possibilidades diversas de usufruir o património cultural, condições para usar a liberdade de opinião e expressão, mundo em que muitas coisas que ontem se mendigavam, hoje se esbanjam…
Se no bojo enriquecido da sociedade em que vivemos vai a riqueza da liberdade, da solidariedade, da cultura multiforme, dos compromissos pela justiça e pela paz, da vontade eficaz do bem, dos valores morais e éticos mais universais, dos apelos de transcendência libertadora, também neste bojo coabitam sementes empobrecedoras de egoísmo, orgulho, desprezo dos outros, insensibilidade a situações dolorosas necessidades básicas, ânsia incontida de ter, poder e gozar, prepotência física e moral sob muitas formas, tentação de pôr o emotivo e o imediato a comandar a vida, não aceitação da dependência pessoal e social, presunção de ser dono dos outros…Tudo até que o coração aqueça e se abra…
Hoje podem ler-se, com melhor compreensão e mais responsabilidade, as ameaças da natureza não respeitada, as manchas incómodas mais graves e preocupantes da pobreza, como a fome que alastra, desemprego que cresce, as doenças sem cura, a crescente e fomentada fragilidade das famílias, a perda de sentido na vida de muita gente, a insensibilidade frente às injustiças, mentiras, prepotências, a violência e todas as formas de exploração do homem pelo homem, o egoísmo na procura do bem estar, os privilégios escandalosos de uns poucos a afrontar as carências injustas de muitos… Num clima assim percebem-se os jogos do poder, o desrespeito pela democracia, a sobreposição dos interesses particulares aos colectivos, as portas e janelas fechadas ao sobrenatural e ao transcendente.
Dar à pessoa humana, em tudo, o lugar primeiro; reconhecer à natureza criada a sua dignidade; alargar o círculo da responsabilidade; hierarquizar, com sabedoria, capacidades e necessidades; colocar de novo o bem comum como objectivo da acção política e social; deixar o espírito soltar-se rumo ao bem; aceitar, com alegria, a força determinante da humildade, do diálogo e do serviço aos outros, será o caminho comum de edificação de um mundo que não seja de ricos ou de pobres, mas de todos.
Apostar nas riquezas pessoais e nas possibilidades da natureza criada, duas dádivas gratuitas e únicas do Criador, tornou-se uma urgência num mundo à deriva. Mas não é menor urgência que cada um de nós olhe à nossa volta as situações graves de pobreza e se interrogue, consequentemente, sobre o que pode fazer, não apenas com palavras.
Quem não tem passado, tem mais dificuldade em perceber o presente. As pessoas e as coisas, tal como as plantas, têm raízes e estas são quase sempre ocultas. Delas, porém, vem a vida e a sua razão de ser. Nada por acaso, nada a nascer já feito, nada a ser perfeito antes do tempo, nada que dispense a colaboração pessoal.
O mundo de hoje não tem só as desgraças e as coisas de que todos se vão queixando. Está, também, cheio de riquezas naturais e humanas, de renovadas possibilidades e conquistas que antes nem se podiam imaginar, e não passavam de “ficções científicas”, que recheavam romances empolgantes para gente nova e menos nova. A maior das aventuras era para jovens sonhadores a “a volta ao mundo em oitenta dias”, que, então, não passava de um sonho que permitia voar nas asas da imaginação.
Mundo novo, mundo rico de oportunidades alargadas, de riquezas diversas hoje mais acessíveis, mundo globalizado e sem quaisquer fronteiras, possibilidades diversas de usufruir o património cultural, condições para usar a liberdade de opinião e expressão, mundo em que muitas coisas que ontem se mendigavam, hoje se esbanjam…
Se no bojo enriquecido da sociedade em que vivemos vai a riqueza da liberdade, da solidariedade, da cultura multiforme, dos compromissos pela justiça e pela paz, da vontade eficaz do bem, dos valores morais e éticos mais universais, dos apelos de transcendência libertadora, também neste bojo coabitam sementes empobrecedoras de egoísmo, orgulho, desprezo dos outros, insensibilidade a situações dolorosas necessidades básicas, ânsia incontida de ter, poder e gozar, prepotência física e moral sob muitas formas, tentação de pôr o emotivo e o imediato a comandar a vida, não aceitação da dependência pessoal e social, presunção de ser dono dos outros…Tudo até que o coração aqueça e se abra…
Hoje podem ler-se, com melhor compreensão e mais responsabilidade, as ameaças da natureza não respeitada, as manchas incómodas mais graves e preocupantes da pobreza, como a fome que alastra, desemprego que cresce, as doenças sem cura, a crescente e fomentada fragilidade das famílias, a perda de sentido na vida de muita gente, a insensibilidade frente às injustiças, mentiras, prepotências, a violência e todas as formas de exploração do homem pelo homem, o egoísmo na procura do bem estar, os privilégios escandalosos de uns poucos a afrontar as carências injustas de muitos… Num clima assim percebem-se os jogos do poder, o desrespeito pela democracia, a sobreposição dos interesses particulares aos colectivos, as portas e janelas fechadas ao sobrenatural e ao transcendente.
Dar à pessoa humana, em tudo, o lugar primeiro; reconhecer à natureza criada a sua dignidade; alargar o círculo da responsabilidade; hierarquizar, com sabedoria, capacidades e necessidades; colocar de novo o bem comum como objectivo da acção política e social; deixar o espírito soltar-se rumo ao bem; aceitar, com alegria, a força determinante da humildade, do diálogo e do serviço aos outros, será o caminho comum de edificação de um mundo que não seja de ricos ou de pobres, mas de todos.
Apostar nas riquezas pessoais e nas possibilidades da natureza criada, duas dádivas gratuitas e únicas do Criador, tornou-se uma urgência num mundo à deriva. Mas não é menor urgência que cada um de nós olhe à nossa volta as situações graves de pobreza e se interrogue, consequentemente, sobre o que pode fazer, não apenas com palavras.
António Marcelino
A NOSSA GENTE: JACINTA

Nascida a 26 de Maio de 1971, na Freguesia da Gafanha da Nazaré, Município de Ílhavo, Jacinta iniciou o seu percurso musical com apenas 4 anos de idade, tendo a sua primeira actuação pública ocorrido em 1982, ao cantar em dueto vocal com a sua irmã.
Determinada em enveredar pelo mundo da música, ingressou no Conservatório de Aveiro em 1983. Sete anos mais tarde começou cantar a solo músicas dos Beatles, Simon & Garfunkel, Sérgio Godinho, Rui Veloso, entre outros. O estudo da música clássica em piano e composição foi posteriormente aprofundado com a Licenciatura em Música na Universidade de Aveiro, iniciada em 1990.
Determinada em enveredar pelo mundo da música, ingressou no Conservatório de Aveiro em 1983. Sete anos mais tarde começou cantar a solo músicas dos Beatles, Simon & Garfunkel, Sérgio Godinho, Rui Veloso, entre outros. O estudo da música clássica em piano e composição foi posteriormente aprofundado com a Licenciatura em Música na Universidade de Aveiro, iniciada em 1990.
“Da janela dos outros”

“Nós não somos melhores do que os outros. No entanto, as coisas correm-nos melhor do que a outros. Nós, a pequena minoria que vive na paz e na prosperidade, temos um caminho para o Céu muito diferente da enorme maioria que sucumbe na miséria e no medo, na dor e na fome. Mas, penso que todos estes oprimidos serão felizes na eternidade, pois são os mais pequenos dos que Lhe pertencem e, portanto, os seus preferidos. Deus entrega-Se a nós através dos nossos irmãos cristãos que sofrem para que, graças aos nossos bens materiais, Lhe dêmos de comer quando tem fome, de beber quando tem sede, que o vistamos quando estiver nu…”
Padre Werenfried (1913-1993), fundador da Ajuda à Igreja que Sofre
PONTES DE ENCONTRO
A verdade (dos combustíveis) vem sempre ao de cima!
No dia 20 de Maio de 2008, a propósito da “velha” questão do preço do petróleo e do relatório que o Ministro Manuel Pinho pediu, na altura, à Alta Autoridade da Concorrência, para averiguar como os preços dos combustíveis são formados em Portugal, tive a oportunidade de escrever, aqui, no “Pela Positiva”, que o Ministro recebia (e recebe), trimestralmente, relatórios da AdC, sobre a informação que pediu, pelo que dizia, a dado passo do texto, de então. “ A ser assim, o que espera o Dr.º Manuel Pinho? Milagres? Parece, isso sim, que estamos perante mais um estudo encomendado para ir iludindo os portugueses.”
Já no dia 31 de Maio, voltava a escrever outro texto, sobre o mesmo assunto, onde a dado passo deste, referia: “é pura hipocrisia e demagogia política aquilo que os responsáveis políticos [europeus] estão a fazer: andarem armados em bonzinhos e vítimas, quando, há três anos e meio (!), pelo menos, nada fizerem para que o choque petrolífero e a especulação, que sabiam estar a acontecer, não fosse tão abrupto e tão longe.” Relembro que, então, o barril de petróleo andava à volta de 40 dólares.
Finalmente, no passado dia 3 de Junho, a AdC divulgou o famigerado Documento, de 96 páginas, a que deu o título de Relatório da Autoridade da Concorrência sobre o Mercado dos Combustíveis em Portugal, no qual se diz: “que a investigação levada a cabo pelo regulador "não conseguiu" encontrar situações ilícitas na formação dos preços dos combustíveis em Portugal, nem situações de abuso da posição dominante por parte das maiores petrolíferas do mercado, nomeadamente a Galp Energia, a BP e a Repsol.
Estamos perante um problema que ultrapassa a dimensão nacional e ultrapassa as questões concorrenciais", disse o presidente da AdC, Manuel Sebastião.
Para além de outras considerações que o relatório descreve, nada de substancial é dito de novo (nem este podia pôr-se a inventar novidades), pelo que, mais uma vez, se andou a brincar com os cidadãos portugueses, com a sua boa fé e com o seu dinheiro.
É esta a dimensão e a dignidade que se vai dando à política em Portugal, hábito que não é só de agora, num permanente jogo do “faz-de-conta”, para gáudio, eventualmente, dos ingénuos ou daqueles em que a “partidarite” já se sobrepôs ao seu discernimento e à sensatez pessoal, perante a realidade preocupante em que o país está envolvido.
Escrevo tão mais à vontade quando se sabe que nem foi o Governo actual que procedeu à chamada liberalização dos combustíveis, em Portugal, facto que ocorreu em Janeiro de 2004. Só que, para se fazer uma liberalização honesta e com seriedade, coisa que os responsáveis políticos de então não fizeram, seja na actividade que for, não se pode ter um único operador dominante (neste caso a Galp), de Norte a Sul do país, em que as refinarias são deste (Sines e Matosinhos) e servem também os concorrentes. A isto chama-se desonestidade e brincar às liberalizações. Havia, pois, antes de se proceder à chamada “liberalização”, que dividir a Galp em várias empresas, definir regras claras e transparentes de regulação deste mercado, desde a refinação, armazenamento, transporte e distribuição e só depois arrancar para a liberalização, propriamente dita. Aliás, o mesmo se passou com a liberalização do mercado das telecomunicações ou da electricidade que, de liberalização só tiveram o nome.
De qualquer modo, nesta altura, face ao contexto internacional da escalada especulativa dos preços do petróleo, tudo isto, que é importante, a nível nacional, passou para uma situação secundária, sem prejuízo de se tomarem medidas, sérias e urgentes, para que a liberalização dos combustíveis em Portugal se torne uma realidade, coisa que eu não me acredito ir acontecer, pelo que tudo, no essencial, vai continuar na mesma.
De resto, continuamos a brincar aos governantes e aos governados e, nestas brincadeiras de maus resultados, sabemos muito bem porque lado parte sempre a corda e quem, no final, tem que pagar uma nova.
No dia 20 de Maio de 2008, a propósito da “velha” questão do preço do petróleo e do relatório que o Ministro Manuel Pinho pediu, na altura, à Alta Autoridade da Concorrência, para averiguar como os preços dos combustíveis são formados em Portugal, tive a oportunidade de escrever, aqui, no “Pela Positiva”, que o Ministro recebia (e recebe), trimestralmente, relatórios da AdC, sobre a informação que pediu, pelo que dizia, a dado passo do texto, de então. “ A ser assim, o que espera o Dr.º Manuel Pinho? Milagres? Parece, isso sim, que estamos perante mais um estudo encomendado para ir iludindo os portugueses.”
Já no dia 31 de Maio, voltava a escrever outro texto, sobre o mesmo assunto, onde a dado passo deste, referia: “é pura hipocrisia e demagogia política aquilo que os responsáveis políticos [europeus] estão a fazer: andarem armados em bonzinhos e vítimas, quando, há três anos e meio (!), pelo menos, nada fizerem para que o choque petrolífero e a especulação, que sabiam estar a acontecer, não fosse tão abrupto e tão longe.” Relembro que, então, o barril de petróleo andava à volta de 40 dólares.
Finalmente, no passado dia 3 de Junho, a AdC divulgou o famigerado Documento, de 96 páginas, a que deu o título de Relatório da Autoridade da Concorrência sobre o Mercado dos Combustíveis em Portugal, no qual se diz: “que a investigação levada a cabo pelo regulador "não conseguiu" encontrar situações ilícitas na formação dos preços dos combustíveis em Portugal, nem situações de abuso da posição dominante por parte das maiores petrolíferas do mercado, nomeadamente a Galp Energia, a BP e a Repsol.
Estamos perante um problema que ultrapassa a dimensão nacional e ultrapassa as questões concorrenciais", disse o presidente da AdC, Manuel Sebastião.
Para além de outras considerações que o relatório descreve, nada de substancial é dito de novo (nem este podia pôr-se a inventar novidades), pelo que, mais uma vez, se andou a brincar com os cidadãos portugueses, com a sua boa fé e com o seu dinheiro.
É esta a dimensão e a dignidade que se vai dando à política em Portugal, hábito que não é só de agora, num permanente jogo do “faz-de-conta”, para gáudio, eventualmente, dos ingénuos ou daqueles em que a “partidarite” já se sobrepôs ao seu discernimento e à sensatez pessoal, perante a realidade preocupante em que o país está envolvido.
Escrevo tão mais à vontade quando se sabe que nem foi o Governo actual que procedeu à chamada liberalização dos combustíveis, em Portugal, facto que ocorreu em Janeiro de 2004. Só que, para se fazer uma liberalização honesta e com seriedade, coisa que os responsáveis políticos de então não fizeram, seja na actividade que for, não se pode ter um único operador dominante (neste caso a Galp), de Norte a Sul do país, em que as refinarias são deste (Sines e Matosinhos) e servem também os concorrentes. A isto chama-se desonestidade e brincar às liberalizações. Havia, pois, antes de se proceder à chamada “liberalização”, que dividir a Galp em várias empresas, definir regras claras e transparentes de regulação deste mercado, desde a refinação, armazenamento, transporte e distribuição e só depois arrancar para a liberalização, propriamente dita. Aliás, o mesmo se passou com a liberalização do mercado das telecomunicações ou da electricidade que, de liberalização só tiveram o nome.
De qualquer modo, nesta altura, face ao contexto internacional da escalada especulativa dos preços do petróleo, tudo isto, que é importante, a nível nacional, passou para uma situação secundária, sem prejuízo de se tomarem medidas, sérias e urgentes, para que a liberalização dos combustíveis em Portugal se torne uma realidade, coisa que eu não me acredito ir acontecer, pelo que tudo, no essencial, vai continuar na mesma.
De resto, continuamos a brincar aos governantes e aos governados e, nestas brincadeiras de maus resultados, sabemos muito bem porque lado parte sempre a corda e quem, no final, tem que pagar uma nova.
Vítor Amorim
quinta-feira, 5 de junho de 2008
O 13 de Maio pelo rádio
"Teria os meus seis anos quando vi e ouvi, pela primeira vez, um rádio. Na altura chamavam-lhe telefonia. Foi na casa do tio João. Num dia 13 de Maio, para ouvir as cerimónias de Fátima.
Mulheres e filhos sentados no chão, numa sala onde a telefonia era rainha, ali se ouvia o que decorria no Santuário de Fátima, com a missa celebrada em latim. Um padre fazia os comentários e um locutor, como então se dizia, dava explicações do que estava a acontecer.
O tio João, sentado ao lado do rádio, de quando em vez acertava a sintonia. Pelos vistos, as ondas sonoras desviavam-se do aparelho e era preciso estar atento, para não se perder pitada do que lá longe acontecia."
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