terça-feira, 13 de novembro de 2007

Semana dos Seminários








Seminário de Santa Joana Princesa, uma jóia a preservar…

O Seminário de Santa Joana Princesa, em Aveiro, é uma jóia a preservar, para dar vida a projectos de formação, que enriqueçam quantos acreditam que nem só de pão vive o homem.
Estamos a viver, até domingo, a Semana dos Seminários, o que nos obriga a pensar um pouco na importância destes edifícios, onde há décadas a alegria esfuziante de muitos jovens, a reflexão e o estudo se tornavam imagens de marca. Desse ambiente e de quantos se envolveram nos projectos de formação dos Seminários nasceram os padres que hoje servem o povo de Deus, mas também muitos outros que, sentindo que a sua vocação não era o sacerdócio, partiram para a vida com hábitos de trabalho, cultura e valores humanos que são, sem dúvida, uma mais-valia para a sociedade.
Hoje, com projectos e formações muito diversos, mas também com menos jovens a aderirem à vocação da disponibilidade total para servir as comunidades católicas, os Seminários sentiram a premência de se reconverterem, sem, porém, abdicarem dos caminhos que levem a valorizar quantos desejam saber mais, para mais eficientemente contribuírem para a elevação moral, espiritual e cultural da sociedade. Por isso, se não há tantos jovens, eventualmente, a caminho do sacerdócio, há outros jovens, de todas as idades, à procura do saber. Em Aveiro, o ISCRA (Instituto Superior de Ciências Religiosas) assumiu a tarefa de dar mais vida ao Seminário de Santa Joana Princesa, proporcionando formação a clérigos e a leigos, da diocese e de outras regiões do País. Para além disso, os serviços diocesanos garantem ali a realização de várias acções abertas a todas as pessoas ou apenas aos seus membros, o que mostra, à evidência, que, afinal, o edifício do Seminário, com mais de meio século de existência, tem certezas de sobrevivência, na plenitude da razão de quem o sonhou.
Uma sugestão aqui fica, dirigida a todos: vale a pena passar por lá para apreciar o edifício, belo e típico exemplar da arquitectura dos anos 50 do século passado, mas também para sentirem e constatarem o palpitar de vida cultural e espiritual que enche claustro (há exposições permanentes e temporárias) e salas de aula.

Fernando Martins

Arte Nova


CASA MAJOR PESSOA VAI SER ABERTA AO PÚBLICO
Por notícia da Rádio Terra Nova, a Casa Major Pessoa vai ser aberta ao público, passando, em breve, a Museu da Arte Nova, em Aveiro. O empreiteiro, depois de ter concluído as obras de recuperação e restauro, já entregou as chaves à Câmara Municipal de Aveiro, pelo que num futuro próximo aquele edifício ficará à disposição dos aveirenses e dos turistas, sobretudo dos admiradores da arquitectura e da Arte Nova, em particular. Esta é, sem dúvida, uma boa notícia, ou não tivesse sido a Casa Major Pessoa, no Rossio, durante muitos anos, um triste exemplo do abandono e da degradação.

segunda-feira, 12 de novembro de 2007

AÇORES: Ilha de S. Jorge


FAJÃ DO OUVIDOR
Aqui está mais um postal que me chegou dos Açores, mais concretamente da ilha de S. Jorge. Fajã do Ouvidor fica em Velas e oferece, a quem por ali aparecer, vistas bonitas, que são um desafio a artistas, de várias áreas, para que as mostrem ao mundo... Por mim, limito-me a apresentar o que me vai chegando por empenho do meu leitor João Paulo, o que agradeço. Seria tão bom que outros leitores do meu blogue colaborassem... Mas esse dia há-de chegar, estou em crer.

Na Linha Da Utopia



“PORQUE NÃO TE CALAS!”

1. O original da frase é em espanhol. Este é mais um “refrão” que fica da diplomacia internacional destes dias. Na recente cimeira ibero-americana, diante da não respeitabilidade de regras civilizadas pelo presidente venezuelano, o verniz estalou; mas, ao mesmo tempo parece que tudo vai continuar na mesma, não se notando tanto qualquer mudança de atitude. Quem aplaude é o (pai Filed) presidente cubano que sente o legado garantido de uma linha de pensamento e acção para quem os males sociais são o discurso triunfante… E como em todos os sistemas e sociedades esses males (da pobreza e da desigualdade) infelizmente estão sempre garantidos, então parece mesmo que essa perpetuação de algumas figuras ditatoriais no poder persistem; é o que vamos assistindo no progressivo fechamento da Venezuela…
2. Hugo Chávez vai copiando Fidel Castro, tanto na longevidade do discurso que quebra todas as regras das sessões comuns (da vida em comunidade política), como na irreverência perturbadora da ordem da normalidade. Diante da má educação sempre espectacular para dar vida à Cimeira dando nas vistas gritando umas coisas, nesse momento, várias vezes o primeiro-ministro espanhol apelou ao respeito dos princípios do “diálogo”, todavia, esta uma palavra que se vai asfixiando no dicionário dos lados venezuelanos. No feio panorama, o rei de Espanha procura salvar a honra da pátria, em palavras na generalidade aprovadas pelo bom senso da análise mesmo internacional. Quanto ao resto e aos outros presentes, o “silêncio diplomático” e o salvar da pele pessoal da sua própria nação, continua a imagem da marca política, demonstrativa que estamos muito longe de uma Verdade democrática efectivamente conhecida e reconhecida…
3. Mas o mais importante no meio de tudo isto será mesmo o verbo “calar”, que nos desperta para as fundamentais condições do diálogo. Este exige momentos de silêncio e de palavra. O entrelaçar desordenado, e nada educado, do corte da palavra do outro deita a perder toda a democracia eleita que se representa. Para esses lados da Venezuela “eleição democrática” também parece conceito em perigo, e o espectáculo internacional de Chávez vai sendo reflexo do caminho prolongado no poder onde se pretende chegar. Pior ainda (e existe quem o absolva por tal razão), será dizer-se que só por Bush ser “mau” e por Chávez ser contra-americano, então está tudo bem. Para mal dos pecados, o rei de Espanha terá de ter razão (no conteúdo): o calar, o fazer silêncio, o ouvir, será de ser uma base mínima para o “jogo” político-democrático. A Venezuela de Chávez ainda terá esses mínimos?! Não chega minimamente iludir-se e dizer que os portugueses na Venezuela estão bem. Como se estivessem…!

Alexandre Cruz

domingo, 11 de novembro de 2007

ARES DO OUTONO


ORAÇÃO


O Outono é Primavera
Frutificada. E o sentimento
Do amor,
Cristalizando,
Tornou-se incandescente.
É o coração aceso
De Cristo,
O novo Sol.

Teixeira de Pascoaes


In “Últimos Versos”

CONVÍVIO NO STELLA MARIS




ENCONTROS LEVAM-NOS A OUTROS TEMPOS E LUGARES


Realizou-se ontem, no Stella Maris, o anunciado encontro de convívio, promovido pela direcção daquela instituição da Igreja Católica, vocacionada para o apoio, a vários níveis, aos homens do mar e da ria e suas famílias. Foram muitos os que aderiram a esta iniciativa, ou não houvesse, como mesa de fundo, um jantar à moda serrana, animado por belíssimos fados de Coimbra, interpretados por quatro gafanhões de gema, que há muito teimam, conseguindo, manter vivo o gosto pela canção coimbrã na região.
A organização sentou-me numa mesa, onde foi fácil cultivar amizades, à roda da sopa de castanhas e da vitela à serrana. Com vinhos também daquelas bandas, mais doces, fruta e castanhas assadas, que as vésperas do S. Martinho recomendavam. Digo que foi fácil cultivar amizades porque um casal, que ali me foi apresentado, era mesmo um casal caramulano, com gosto pela serra de tantos matizes e de tantas lendas e tradições. Não foi difícil, por isso, falar do Caramulo e lembrar passeios e vivências experimentados por mim, com o prazer que me vem de procurar uns ares bem diferentes dos ares marinhos que respiro desde o nascimento, aqui na Gafanha da Nazaré, terra que o mar e a ria beijam por todos os lados.
O Caramulinho, um golfinho magicamente feito pedra granítica, que certo dia fugiu do mar sem se saber como nem porquê (não teria o mar andado por ali?), os tempos dos muitos tuberculosos, também gafanhões, que procuraram cura nos sanatórios caramulanos, hoje todos desaparecidos, com um reconvertido em lar e outros em unidade hoteleira, as aldeias que insistem em existir em qualquer recanto serrano, as lendas de lutas entre cristãos e sarracenos, com a festa das cruzes a assinalar e a manter viva e expressiva uma certa união, as pessoas e os sabores e saberes de gente que ainda vai tendo todo o tempo do mundo para recordar, de tudo um pouco se falou neste jantar de convívio do Stella Maris.
Ainda houve espaço para trazer à memória Jaime de Magalhães Lima e o seu livro “Entre Pastores e nas Serras”, onde sobressaem as belezas do Caramulo, que o multifacetado escritor calcorreou pelo deleite do contacto com a serra e pessoas com quem se cruzou. Mas disso falarei noutro momento, já que é uma pena não ser conhecido este belo escrito intemporal do “franciscano eixense”, que foi, sem dúvida, um precursor do espírito ecológico entre nós. E no fim da azáfama da conversa, enquanto se comia e bebia, sem exageros que não estamos em tempos disso, vieram as canções coimbrãs, de melodias simples, de que todos gostam, e de poemas cheios de sabedoria, que outrora interiorizámos, ao ponto de todos as trautearmos com vozes nem sempre afinadas. Mas que importa essa desafinação, se afinados estavam os nossos propósitos de ajudar o Stella Maris, de âmbito diocesano e com sede na Gafanha da Nazaré, a unir pessoas, de todas as idades, para melhor servir os homens do mar e da ria e seus familiares, como sublinhou o presidente da direcção, o diácono Joaquim Simões?
Fernando Martins

Na Linha Da Utopia


E os Idosos (que seremos)?



1. Temos de conjugar na primeira pessoa do plural. A abordagem à realidade da pessoa idosa (em Portugal), para ser integral e mais capaz, terá de ser realizada numa envolvência afectiva em que ao falarmos da pessoa idosa falamos de “nós”, do presente ou das expectativas futuras. Tantas vezes, arrepia a “frieza” insensível com que se abordam estas questões relacionadas com a comummente designada “terceira idade”, numa visão prática e quantitativa das coisas como se de pessoas (de nós próprios, dos que falamos e dos que decidimos!) não se tratasse.
2. Há dias foi notícia que, em Portugal, em média, as autoridades competentes, encerram um Lar de Idosos por semana. Nessa mesma notícia (Diário de Notícias, 9 de Novembro), revela-nos o presidente do Instituto de Segurança Social, Edmundo Martinho, que “a esmagadora maioria são ilegais, sem qualquer tipo de alvará”. Solução encontrada: Lar fechado e distribuição dos utentes pelas instituições na área de proximidade, parecendo que tudo fica resolvido… Segundo aquele responsável, este ano o Instituto “já fechou cerca de cinquenta casas”.
3. Se esta é uma problemática emergente nas nossas sociedades (de longevidade) ditas de ocidentais que começa a ser acompanhada em termos de estudos (gerontologias e geriatrias), já a resposta social continua nos moldes antigos, assente numa boa vontade e numa confiança que nem sempre merece esses créditos. Ao abandono da pessoa idosa, uma triste ‘imagem de marca’ da pobreza da nossa sociedade, muitas vezes corresponde também um oportunismo negocial que não garante uma dignidade correspondente... Área muito sensível, mas em que mesmo situações de “esquecimentos” nessas casas também têm sido detectadas pelas entidades. Mas, seja dito, a sua decisão “encerradora” não acrescenta qualquer solução para as “vítimas” de todo este complexo mundo que é o acompanhamento da pessoa idosa.
4. Quantos idosos nos lares sem visitas de familiares há tantos anos (já foram feitas as partilhas!)?! E como outras sociedades (por exemplo, africanas e islâmicas) nos dão a lição de não tirar de casa aqueles que a construíram e que são os depositários da cultura e da tradição das histórias e dos valores que garantem a ponte com as novas gerações! E quanta gente (sem qualquer apoio significativo nesse trabalho heróico) dá a sua vida nessa generosidade incansável, dia e noite, nesse aconchego caloroso da companhia matando a solidão gerada por um sistema de sociedade por vezes tão competitivo quanto frio! E como são tão complicadas as “papeladas” das promessas de subsídios político-financeiros, papéis que fazem os irmãos idosos desistir dessa gota de água para o seu “oceano” dos medicamentos!...
5. Como vamos estamos habituados, “fechar” é fácil, e depois?! Não haverá mais tempo, apoio, formação, …para as transições de regimes?... Heróicas as instituições e as casas que nestas décadas são a “casa de família” dessa multidão silenciosa que nos deu a vida e que de outro modo mergulhariam, resignadamente, na solidão que mata!... Não (os) esqueçamos, nestes assuntos, estamos a falar de “nós” e do futuro social. Só semeando poderemos colher… Há qualquer coisa de injusto, perturbador e de inconsequente na nossa sociedade (de todos) a este respeito...

Alexandre Cruz

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS – 46



A VELHA DA CHANQUINHA

Caríssima/o:

Como todo o jovem que se prezava à época, fui convocado para a tropa – avancei para Mafra! Feito o COM, passei fugazmente por Tancos e fiquei sediado na Ota, de onde, a um mês da disponibilidade, me enviaram para S. Jacinto.
Mas ainda hoje – e saiba-se lá porquê?! - Mafra se sobrepõe e apaga a memória dos outros lugares.
Será que as lendas nos ajudam a compreensão?

1. A Velha da Chanquinha - « A criação da Tapada Real de Mafra deu origem a várias lendas, entre as quais se pode referir a história da Velha da Chanquinha.
Diz-nos esta lenda que havia uma velha que vivia no seio da Tapada, num local a que hoje se chama "Currais da Chanquinha".
O Rei, com o objectivo de a convencer a sair dali, ofereceu-lhe um barrete cheio de moedas de ouro. Por sua vez a velha, como gostava muito das suas terras, ter-lhe-á oferecido dois barretes cheios de moedas de ouro para de lá não sair.
Porém, ainda segundo a lenda, a velha lá foi obrigada a abandonar aquele local, tendo ido viver fora da Tapada para uma povoação que, devido à sua teimosia, ainda hoje é chamada A-da-Perra (Lugar da Teimosa). » (de uma publicação da Câmara Municipal de Mafra)
2 . Ratos e túneis gigantes - Muitas são as lendas em torno do Palácio de Mafra mais ou menos aterradoras. A da existência de enormes ratazanas nos subterrâneos é a mais popular, e aquela que mais se confunde com a realidade. Quando se fala no Palácio, logo há quem conte histórias tenebrosas com ratos à mistura, como a dos dois soldados que teriam sido devorados pelos roedores quando tentavam exterminá-los - não teria sobrado nada, nem mesmo o metal dos lança-chamas que empunhavam. Ou como a do pessoal da Escola Prática de Infantaria que alimentava os ratos com cadáveres de gatos e cães, e até com o de uma vaca pendurada por cordas, a qual teria ficado reduzida a esqueleto em escassos minutos. Para descanso de uns e, quiçá, desencanto de outros, os subterrâneos do Palácio de Mafra foram explorados à exaustão e não deram mostras de serem habitados por ratazanas fora do normal. Um ou outro ratinho, mas não mais do que seria de esperar numa zona de esgotos.A existência de um túnel que, supostamente, ligaria o Convento de Mafra à Ericeira e por onde teria escapado o Rei D. Manuel II rumo ao exílio a 5 de Outubro de 1910, pertence também ao domínio do imaginário. De facto o túnel existe, mas não passa da Vila de Mafra, tendo sido construído para escoar os esgotos do Palácio.»

[In Blog da Sabedoria]

Lendas magníficas sairiam do bornal do Ângelo e de outros Amigos que em paragens mais longínquas militaram. Venham elas!

Manuel

TODOS SOMOS CO-RESPONSÁVEIS PELO CRESCIMENTO DA IGREJA



Pediu Bento XVI aos bispos portugueses

É preciso mudar o estilo de organização e a mentalidade dos membros da Igreja Portuguesa


“É preciso mudar o estilo de organização da comunidade eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo do Concílio Vaticano II, na qual esteja bem estabelecida a função do clero e do laicado, tendo em conta que todos somos um, desde quando fomos baptizados e integrados na família dos filhos de Deus, e todos somos co-responsáveis pelo crescimento da Igreja” – pediu esta manhã (10 de Novembro) Bento XVI aos bispos portugueses.

Leia mais na Ecclesia

sábado, 10 de novembro de 2007

QUASE LHES PERDOO OS 80 MILHÕES



Não sei o que se passou exactamente em Fátima em 1917. Sei que os "videntes" não viram Nossa Senhora no sentido do nosso ver terreno, como quando vemos as plantas ou o céu ou as pessoas.
Embora se possa ser católico e não acreditar em Fátima - pude constatar que teólogos estrangeiros eminentes, de visita a Portugal, não manifestaram interesse em ir lá -, não me custa aceitar que tenha havido aí uma experiência religiosa, mas, evidentemente, no horizonte de compreensão próprio de crianças e no quadro de esquemas de uma religiosidade popular. Assim se explica, por exemplo, que Nossa Senhora tenha "mostrado" os horrores do inferno aos pastorinhos, o que não é uma atitude particularmente maternal, quando se pensa em crianças de 10, 9 e 7 anos. Aí está um exemplo de religião sacrificial e dolorista, como se transmitia nas pregações da altura. Isto significa que o Evangelho é que deve ser a medida crítica de Fátima e não o contrário.
Seja como for, Fátima impôs-se, e de modo impressionante, a nível nacional e internacional. Ali se congregam multidões de milhões de pessoas. A quase totalidade dos portugueses já passou por lá, e as peregrinações são diárias. Há pouco tempo, um jornalista atirou-me, provocatoriamente: "Nossa Senhora de Fátima é a maior mulher de Portugal, a mais influente." Eu diria que sim, sendo depois preciso analisar essa influência.
Em princípio, é uma influência positiva. Há excessivo sofrimento no mundo: físico, material, moral, psíquico, espiritual... E Fátima, como diz frei Bento Domingues, é o cais de todas as lágrimas dos portugueses. Ali vão buscar alguma paz, alívio, conforto, conselho, esperança. Ali desabafam as suas mágoas. Quem melhor do que "a Mãe" poderá entender o que se passa no coração dos homens e das mulheres? E aí está a razão por que, pelo menos em parte, Fátima passa ao lado do "controlo" da hierarquia. As pessoas vão lá numa relação muito íntima, pessoal e única, com Nossa Senhora e com Deus. E ninguém tem nada com isso. Ainda estou a ver na televisão: quando o cardeal Sodano começou a "revelar" o "terceiro segredo de Fátima", os peregrinos continuaram, serenos, nas suas devoções e nos seus diálogos com "a outra dimensão".Inaugurou-se no dia 13 de Outubro a igreja da Santíssima Trindade. Fui confrontado com a pergunta do escândalo: Como é possível gastar ali 70 milhões de euros (80, com os acessos)? Não há tantos pobres? (É realmente uma vergonha nacional haver dois milhões de pobres - desses, 700 mil têm de (sobre)viver com seis euros por dia).
Costumo responder que se deveria ser mais contido nos gastos. Como diz Carlos Fiolhais, os portugueses gostam de conjugar o verbo derrapar, e até em Fátima houve derrapagem de 40 para 70-80 milhões de euros.
Mas também não tenho uma visão miserabilista da existência. O Homem não vive só de pão. Depois, quem pagou são os peregrinos, que têm direito a algum conforto. Que dizer do desperdício do excesso de estádios de futebol vazios?
Acima de tudo, foram convocados artistas de renome, nacionais e estrangeiros, e o que resultou é simplesmente belo. Agora, Fátima é um conjunto harmonioso no seu todo, que alguém já comparou a um barco. Ah!, aquele Cristo crucificado no interior da igreja, meio selvagem, fixando, de olhos abertos, cada um: ele é a mensagem de convocação para a Vida e a Liberdade; aquela Virgem, finalmente uma jovem rapariga airosa, de braços abertos acolhedores; aquele grande painel do presbitério, símbolo da Jerusalém Celeste: a esperança da Humanidade com Deus e a sua glória!
Jesus foi confrontado com o luxo de uma libra de perfume de nardo puro - o seu preço correspondia a um ano de salário - que uma mulher lhe derramou sobre a cabeça. Os discípulos ficaram indignados: "Para quê este desperdício? Podia vender-se por bom preço e dar-se o dinheiro aos pobres." Jesus respondeu que não faltariam oportunidades a quem lhes quisesse fazer bem.
A religião sem a beleza é inverdadeira. Sem o gratuito - a graça -, é uma desgraça.

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

POR CADA SEMANA É ENCERRADO UM LAR DE IDOSOS

Presidente de IPSS escuta utente de lar (foto do meu arquivo)

As notícias de hoje dão conta de que por cada semana encerra um Lar de Idosos. Inexistência de alvará e falta de condições para ser desenvolvido um trabalho competente e digno do respeito de que precisam os utentes estarão na base das decisões dos departamentos do Estado que superintendem nestas questões.
Paralelamente a estas situações, há registo de maus-tratos e de explorações em alguns lares, onde se esperava que houvesse um ambiente acolhedor, marcado pela bondade, pela compreensão, pela atenção sem limites, pela disponibilidade caritativa. O idoso, que tanto deu, normalmente, à sociedade, em geral, e à família, em particular, precisa de carinho e de cuidados especiais e próprios de quem se sente retirado do seu “cantinho”. Não está numa pensão qualquer, muito menos num armazém de velhos que esperam simplesmente pela morte. Pode ter sido abandonado pela família e pelos amigos, o que acontece frequentemente, mas não pode nem deve ser esquecido pela sociedade. Aqui, portanto, o Estado tem a obrigação de estar atento a casos muito tristes de exploração a tantos níveis de que sofrem alguns idosos.
Já visitei, em trabalho jornalístico e de dirigente da solidariedade social, muitos Lares de Idosos. Uns que são autênticos modelos de bem tratar os utentes, mas outros que não passam de caixotes do lixo, para onde atiraram os idosos, quais trapos velhos que urge arrumar num canto, para que ninguém mais os veja. Para que sejam pura e simplesmente esquecidos. Para que se tornem mortos vivos, com os olhares perdidos em horizontes sem luz… e sem vida digna. Por isso, o meu aplauso para quem trata os idosos como pessoas, mas também para os serviços que estão atentos a quem não respeita os utentes dos Lares.
Fernando Martins

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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