domingo, 5 de setembro de 2021

As mais belas fotografias - 1


Todos os anos, há uma regata de moliceiros entre a Torreira e Aveiro. Estas embarcações sobrevivem graças à carolice da população apaixonada pelas tradições da ria de Aveiro. Há agora menos de vinte moliceiros nestas condições. Fotografia: José Mariano

NOTAS: 
1. A National Geographic Portugal, que desde há anos  entra em nossa casa, delicia-nos com as suas fotografias e reportagens, que abordam os mais diversificados temas, muitos dos quais de civilizações exóticas;
2. Tentarei  divulgar algumas com regularidade.

A vida é tão curta...


"A vida é tão curta e o ofício de viver tão difícil, que, 
quando começamos a aprendê-lo, temos de morrer"

Ernesto Sábato 
(1911-2011), 
romancista

Nota: Publicado no PÚBLICO, 
hoje, em Escrito na Pedra

sábado, 4 de setembro de 2021

Júlio Dinis - Um escritor da minha adolescência

Num blogue que leio frequentemente, “De Rerum Natura”, li hoje um texto alusivo a Júlio Dinis, um escritor da minha adolescência e juventude, que muito me entusiasmou. Doente pulmonar, doença de que também padeci em duas alturas da minha juventude, esteve em Aveiro e na Gafanha, como já diversas vezes referi nos meus escritos.
Os seus romances deixaram em mim a ideia de que se tratava de um homem em sofrimento, com ânsia de felicidade. Como médico, que, aliás, nunca exerceu, sabia que a morte seria inevitável. Daí, penso eu, a opção pelos cenários de gente boa, trabalhadora, feliz. "A Morgadinha dos Canaviais", "As Pupilas do Senhor Reitor", "Uma Família Inglesa", "Os Fidalgos da Casa Mourisca" e "Serões da Província", entre outas  obras, ocupam o meu imaginário. 
Já lá vão muitos anos. Só esporadicamente releio umas simples páginas. Não seria ocasião para voltar a Joaquim Guilherme Gomes Coelho, o escritor Júlio Dinis? Talvez. 
A Feira do Livro do Porto, em curso, é-lhe dedicada.

Quem não vota nunca terá o direito de criticar

Aproximam-se a passos largos as eleições autárquicas. No dia 26 de setembro, os portugueses que constam dos cadernos eleitorais vão escolher os que nos hão de governar a partir das autarquias locais, Municípios e Freguesias. Sinais mais notórios da proximidade das eleições são a propaganda que os partidos e coligações se afadigam nas campanhas em curso.
A caixa do correio começa a merecer a minha atenção porque, já com alguma frequência, não faltam os folhetos com rostos e posições políticas que conheço. Todos, sem exceção, devem merecer a nossa atenção e o nosso respeito. Realmente, quem se dispõe a servir a comunidade, na política ou noutras áreas, mostra à evidência qualidades de disponibilidade, altruísmo, sentido de responsabilidade e capacidade de se dar e de servir muitíssimo louváveis, em tempos carregados de egoísmos. Os meus parabéns a todos os que, voluntariamente, dão a cara por um ideário ou projeto político,  neste caso.
A decisão de cada um de nós dependerá, necessariamente, não muito daquilo que prometem, mas daquilo que sabemos serem capazes de cumprir, com provas dadas nas áreas profissionais, sociais, culturais ou outras, tendo em conta as necessidades mais prementes das pessoas e comunidades. Votar é um dever. Quem não vota nunca terá o direito de criticar ou reclamar. 
Felicito todos, sem exceção, os que se candidataram, lembrando que os vencidos não poderão cruzar os braços. Há outros horizontes e outras eleições para se darem à sociedade. 

Fernando Martins

A palavra solidão faz-me companhia

Um poema de Álvaro Guimarães 
que publiquei há 15 anos

Praia da Vagueira (foto Via Verde)

O LIMPA-PALAVRAS

Limpo palavras.
Recolho-as à noite, por todo o lado:
a palavra bosque, a palavra casa, a palavra flor.
Trato delas durante o dia
enquanto sonho acordado.
A palavra solidão faz-me companhia.

Quase todas as palavras
precisam de ser limpas e acariciadas:
a palavra céu, a palavra nuvem, a palavra mar.
Algumas têm mesmo de ser lavadas,
é preciso raspar-lhes a sujidade dos dias
e do mau uso.
Muitas chegam doentes,
outras simplesmente gastas, estafadas,
dobradas pelo peso das coisas
que trazem às costas.

A palavra pedra pesa como uma pedra.
A palavra rosa espalha o perfume no ar.
A palavra árvore tem folhas, ramos altos.
Podes descansar à sombra dela.
A palavra gato espeta as unhas no tapete.
A palavra pássaro abre as asas para voar.
A palavra coração não pára de bater.
Ouve-se a palavra canção.
A palavra vento levanta os papéis no ar e
é preciso fechá-la na arrecadação.

No fim de tudo voltam os olhos para a luz
e vão para longe,
leves palavras voadoras
sem nada que as prenda à terra,
outra vez nascidas pela minha mão:
a palavra estrela, a palavra ilha, a palavra pão.

A palavra obrigado agradece-me.
As outras não.
A palavra adeus despede-se.
As outras já lá vão, belas palavras lisas
e lavadas como seixos do rio:
a palavra ciúme, a palavra raiva, a palavra frio.

Vão à procura de quem as queira dizer,
de mais palavras e de novos sentidos.
Basta estenderes a mão
para apanhares a palavra barco ou a palavra amor.

Limpo palavras.
A palavra búzio, a palavra lua, a palavra palavra.
Recolho-as à noite, trato delas durante o dia.
A palavra fogão cozinha o meu jantar.
A palavra brisa refresca-me.
A palavra solidão faz-me companhia.

Pode ver aqui 

"As mulheres sejam submissas aos maridos"

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Sobre o sexo, as mulheres, as religiões e a Igreja já escrevi aqui muitas vezes. Também em livros que publiquei, incluindo o próximo, O Mundo e a Igreja. Que Futuro?, que espero esteja nas livrarias em finais de Outubro. Retomo hoje o tema muito rapidamente, por causa do "alarido" que houve nos media provocado por uma leitura na Eucaristia de um domingo passado, transmitida pela televisão pública. Algum esclarecimento é devido.

1 O que se passou é que foi feita uma leitura bíblica a dizer: "As mulheres sejam submissas aos maridos, como ao Senhor, pois o marido é o chefe da mulher, como Cristo é o Chefe da Igreja."

Previno que o texto é da Carta aos Efésios, atribuída a São Paulo, mas a autoria realmente não lhe pertence. Aliás, é preciso dizer que, no cristianismo, com Jesus, que escandalosamente tinha discípulos e discípulas, São Paulo deu um contributo decisivo para a emancipação feminina: "Não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há homem e mulher, porque todos sois um só em Cristo Jesus", escreveu na Carta aos Gálatas; e na Carta aos Romanos descreve Júnia como ilustre entre os Apóstolos.

2 Todas as religiões se entendem a si mesmas como reveladas. A pergunta é: como sabem os crentes que Deus falou?

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Faz tudo bem feito. Abre-te

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo XXIII do Tempo Comum

Fomos e regressámos da lua, mas temos enorme dificuldade em atravessar a rua para visitar o vizinho

O episódio do surdo-mudo ocorre na região da Decápole, situada além Jordão, território independente, habitada por gente pagã. A missão para Jesus não tem fronteiras nem faz discriminações, não se limita a confirmar o que há de bom no homem, mas visa iniciar uma nova criação. Mc 7, 31-37.
Marcos localiza Jesus na região de Tiro ( costa do atual Líbano) e quer ir para a Galileia. Faz um caminho que passa por Sídon (ainda na costa do Líbano) e pela Decálope («Dez cidades», zona da atual Síria e parte da Jordânia). Caminho que indicia a intenção do evangelista de apresentar Jesus como o missionário do Pai que visita todos os territórios pagãos e, neles, todos os homens que estão à espera de salvação.
O episódio do surdo-mudo constitui uma expressiva mensagem, valiosa para todos os tempos, mas sobretudo para os nossos, tão profundamente marcados pela surdez e incomunicação generalizadas, na era em que torrentes de informação circulam sem limites de qualquer espécie.

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