terça-feira, 29 de outubro de 2019

Filarmónica comemora aniversário



Ainda falta quase um mês, mas é bom lembrar que a Filarmónica Gafanhense vai celebrar o 183.º aniversário no próximo dia 24 de Novembro com romagem ao cemitério, missa de ação de graças na igreja matriz, concerto na Fábrica das Ideias e jantar comemorativo num restaurante. 
Sobre esta efeméride, direi mais numa próxima ocasião. Para já, aqui vão os meus votos de que tudo seja celebrado e aplaudido pelo muito que a Filarmónica tem feito em prol da cultura musical, levando longe, também,  a nossa terra e as nossas gentes.

A Igreja move-se


"Para muitos, quiçá para uma maioria, a Igreja Católica, com os seus 1,2 milhões de fiéis, não se move ou quando o faz é com imensa lentidão. Mas a história já demonstrou por várias vezes que tal não é inteiramente verdade, e o Papa Francisco tem feito um esforço de atualização e adequação da Igreja aos tempos que vivemos. O Sínodo da Amazónia, que, entre 6 de outubro e este domingo, reuniu no Vaticano quase três centenas de participantes, é um acontecimento de grande relevância. Convocado por Francisco para debater a ecologia e a depredação que assola a Amazónia, e as dificuldades de evangelização numa das mais vastas áreas do planeta, os olhares da discussão acabaram por se centrar na questão da ordenação de casados. O tema causa divisões dentro da Igreja e a todos os níveis, entre os sectores mais conservadores e os mais progressistas, mas é hoje incontornável e é bom que haja capacidade de o colocar em cima da mesa, mesmo que as conclusões finais possam não vir a agradar aos mais reformistas."

Li no  EXPRESSO

Gafanha da Nazaré - Vila há 50 anos

Para memória futura
Forte da Barra 
Sendo presidente da Junta da Freguesia o comerciante da nossa terra Albino Miranda, a autarquia iniciou o processo do pedido ao Governo da elevação a vila da Gafanha da Nazaré, título a que aspirava há muito. Os documentos a apresentar incluíam a indicação das infraestruturas sociais, culturais, desportivas, religiosas e recreativas, bem como tudo o que dissesse respeito ao desenvolvimento e ao progresso demográfico, económico, social, comercial e industrial. 
Paralelamente a essa vertente oficial, em que colaboraram alguns amigos, nomeadamente o Prior Domingos e eu próprio, fiquei responsável pela divulgação do projecto através da comunicação social. Era também uma forma de difundir o sonho dos habitantes da Gafanha da Nazaré. 
O vespertino “Diário Popular” foi o primeiro jornal, que se saiba, a fazer uma reportagem sobre a pretensão das nossas gentes, feita pelo jornalista Ângelo Granja e publicada em 21-12-1966. No antetítulo sublinhava «Do deserto nasceu um oásis…» e no título «A Gafanha da Nazaré luta pela sua elevação à categoria de vila». Numa caixa, destacava «Aspirações de uma aldeia conquistada às dunas e transformada numa das mais importantes do País». Acompanhei a equipa de reportagens e recebi-a em minha casa. 
Seguiu-se o Comércio do Porto, graças à excelente colaboração do jornalista Daniel Rodrigues, correspondente, em Aveiro, daquele matutino portuense, que aproveitou as suas reportagens, inclusivamente, para se lançar na Gafanha da Nazaré aquele diário, onde apenas tinha um leitor, que a loja de jornais e revistas do ilhavense José Quinteles Pereira, antecessora do actual Quiosque Terramar, lhe vendia diariamente, perto da igreja, em espaço arrendado, que foi dos pais de Dona Maria da Luz Rocha. 
O decreto da elevação a Vila, assinado pelo Presidente da República, Américo Thomaz, em 29 de Outubro de 1969 e publicado no Diário do Governo n.º 254 (1.ª série), na mesma data, especificava, precisamente, as razões que justificavam a categoria de Vila, a saber:

«O crescente incremento industrial da referida freguesia, factor que, aliado à sua situação geográfica, lhe granjeou posição de excepcional relevo no conjunto portuário de Aveiro»; e «O progresso social registado na povoação da Gafanha da Nazaré, o qual se traduz na existência de diversas instituições de interesse público, entre as quais Casa dos Pescadores, Posto Médico da Previdência, Grupo Desportivo, Cinema e Mercado.» 
Na altura, como sempre, não faltaram os “Velhos do Restelo”, que Camões tão bem retratou. Que ganharia a Gafanha da Nazaré com tal promoção? Que condições tinha para ostentar esse título? — questionavam eles. 
A resposta que mais ouviam sublinhava que o título de Vila serviria para, com mais veemência e razão, se reclamar, junto dos poderes constituídos, o que faltava a uma terra que acabara de ser promovida. 
A Gafanha da Nazaré, com tal categoria, encheu de brio os gafanhões, que outros sonhos começaram a alimentar. Depois de Vila há-de vir a Cidade. Como veio. 
Também outros começaram a alimentar o sonho da criação do concelho da Gafanha da Nazaré, havendo os que contestavam tal propósito, a par dos que lutavam sem medir consequências. Falava-se menos da transferência para o concelho de Aveiro e mais da criação de um concelho próprio que, previsivelmente, seria o concelho da Gafanha, numa óptica de incluir todas as Gafanhas ou parte delas. 

Decreto n.º 49332

«Considerando o acentuado desenvolvimento demográfico da freguesia da Gafanha da Nazaré do concelho de Ílhavo, designadamente da povoação sede da mesma freguesia;
Considerando o crescente incremento industrial da referida freguesia, factor que, aliado à sua situação geográfica, lhe granjeou posição de excepcional relevo no conjunto portuário de Aveiro;
Considerando o progresso social registado na povoação da Gafanha da Nazaré, o qual se traduz na existência de diversas instituições de interesse público, entre as quais Casa dos Pescadores, Posto Médico da Previdência, Grupo Desportivo, Cinema e Mercado;
Tendo em vista os pareceres concordantes da Junta Distrital e do Governador Civil do Distrito de Aveiro;
Nos termos do Art.º 12.º do Código Administrativo;
Usando da faculdade conferida pelo n.º3 do Art.º 109.º da Constituição, o Governo decreta e eu promulgo o seguinte:
Artigo Único – É elevada à categoria de Vila a povoação da Gafanha da Nazaré, sede da freguesia do mesmo nome, do concelho de Ílhavo.

Marcelo Caetano e António Manuel Gonçalves Rapazote
Promulgado em 15 de Outubro de 1969

Presidência da República, 29 de Outubro de 1969
Américo de Deus Rodrigues Thomaz»

segunda-feira, 28 de outubro de 2019

Silêncio fora do mundo mas no mundo



O Mosteiro de Santa Maria Scala Coeli, mais conhecido por Convento da Cartuxa, já fechou portas em Évora. Foi o único mosteiro contemplativo masculino de Portugal e não tem vocações, num país cuja origem foi marcada pelo cristianismo. Afinal, a razão é fácil de compreender: Os residentes eram dois octogenários e dois nonagenários. Foram transferidos para a Cartuxa espanhola, perto de Barcelona. Imagino quanto seria difícil viver na prática o silêncio contemplativo uma vida inteira, por opção. Fora do mundo mas no mundo. 
Contaram-me que não faltaram pedidos de orações pelas mais variadas causas ou situações, na busca da ajuda divina, mas no fundo essa opção de vida assinalada no dia a dia pela oração tem raízes na alma de muitos crentes e na sensibilidade de muitos não crentes ou ligados a outras espiritualidades próximas das mais diversas culturas. 
O silêncio faz parte da essência do ser humano, sobretudo quando procura vias para outras vidas abertas a novas descobertas de realização pessoal. Quantas vezes desejamos estar sós na agitação quotidiana que não conduz a parte nenhuma. 
Admiro profundamente os que são capazes de cultivar o silêncio apostando na contemplação que nos eleva ao divino.

F. M.

NOTA- Morre, no dia 15 de Fevereiro de 2007, Frei Gabriel Manuel Rei de Oliveira, padre que fora do clero de Aveiro, natural de Vagos (1925), e que desde 1970 era monge cartuxo. Conheci-o  pessoalmente no Seminário de Aveiro. Era uma pessoa dinâmica, falava com desenvoltura e nunca imaginei que fosse capaz de viver no silêncio. Mas foi. FM

Maria do Céu

Maria do Céu, sem qualquer apelido, fez parte dos primeiros passos da Rádio Terra Nova da Gafanha da Nazaré. A sua voz e desenvoltura eram inconfundíveis. A sua gargalhada, fruto da boa disposição, era contagiante. As suas conversas com outros profissionais ou convidados eram símbolo de uma rádio próxima dos ouvintes. 
Depois, aspirou a outros voos e foi passando por outros órgãos da comunicação social, mas jamais senti a vivacidade da Maria do Céu que conheci na Terra Nova. 
Quando nos cruzávamos na vida do jornalismo ou noutras circunstâncias nunca esmoreceu o seu sorriso, a sua palavra amiga e a sua saudação solidária, quantas vezes ilustrada por marcas de um passado que dia a dia se foi perdendo no tempo, como tanta coisa da vida.
Esta noite, soube do falecimento da Maria do Céu. Fiquei muito triste. Sei que Deus já a acolheu no seu colo maternal. Ela bem merece. Até um dia, Maria do Céu. 

Fernando Martins

domingo, 27 de outubro de 2019

As sestas

Estou a criar o hábito da sesta. Se o corpo ma pede é porque dela necessito — dita-me a alma. E sinto-me muito bem com este hábito já com algumas raízes. Sei que muitos passam pelas brasas num qualquer recanto, que a sesta é curta. 
Já lá vai o tempo sem tempo para sestas. A vida impunha leis de acordo com as obrigações profissionais, sociais, familiares. Era um corre-corre constante, sem poder olhar para o lado, esquerdo ou direito. Para trás não dava jeito e era perda de tempo. A frente era sempre a meta a alcançar, porque só na frente estava o futuro a atingir, antes que ficasse preso ao presente e a cair no passado. 
Agora que tenho o tempo que a vida me dá sei quanto vale uma sestinha depois do almoço. E quando acordo sinto-me outro e até  acho graça a certos sonhos. Quando puderem, façam a experiência. E verão que tenho razão.

F. M. 

Bento Domingues - Sínodo Pan-Amazónico: o debate continua


Aconteça o que acontecer, 
o tabu em torno dos ministérios ordenados 
perdeu o seu prestígio, o prestígio da ignorância.

1. O Sínodo Pan-Amazónico começou no passado dia 6 e termina hoje. Já é possível o acesso ao resultado dos debates dos diferentes grupos que nele participaram. Também já foi comunicada a proposta do documento final. No momento em que escrevo, ainda não a conheço. A sua discussão foi o trabalho da passada semana.
Lendo os textos dos diversos grupos, fica-se com a sensação de que o sínodo não foi mais do mesmo. Houve livre, verdadeira e corajosa discussão, como tinha pedido o Papa. Por sua natureza, o Instrumentum laboris era um documento “mártir”, destinado a ser destruído nos debates sinodais. Poder-se-á dizer que as propostas mais novas já vinham sendo debatidas em vários grupos e movimentos, sobretudo depois do espaço aberto por João XXIII e pelo Concílio Vaticano II. O que agora parece óbvio e urgente, do ponto de vista teológico e pastoral, foi a cruz de alguns teólogos e, em especial, de Edward Schillebeeckx, O.P., desde os anos 80 até à sua morte. Considerava-se um teólogo feliz. Nunca o conseguiram condenar, mas o cardeal Ratzinger perseguiu-o até ao fim.
Os três temas mais salientes nos grupos de trabalho, para além da questão básica e incontornável da ecologia, são: a autorização de um rito católico amazónico para viver e celebrar a fé em Cristo; mais responsabilidades para as mulheres na comunidade eclesial; e a possibilidade de ordenar homens casados [1]. Quanto ao primeiro ponto, faz parte de um longo trabalho de inculturação da liturgia ensaiado, com mais ou menos êxito, em vários países, embora a pluralidade de ritos não seja uma novidade na história da Igreja. No entanto, a proposta é mais abrangente. Sublinha o aspecto espiritual, teológico, litúrgico e disciplinar para exprimir a riqueza singular da Igreja Católica na Amazónia. Quanto ao segundo, as propostas não são muito ousadas. Infelizmente, ficam pela possibilidade da ordenação de mulheres diaconisas, uma ocasião perdida para não se discutir, em sínodo, uma outra possibilidade: a da ordenação presbiteral de mulheres. Ainda nos dias 16 e 17 deste mês se reuniu, em Lisboa, um movimento mundial a exigir este reconhecimento [2]. No terceiro, discutiu-se a possibilidade de ordenar homens casados, o que não aconteceu para as mulheres, sejam solteiras ou casadas. Na Igreja dos primeiros tempos, a condição mais frequente já era a de homens casados. O que mais se teima em desconhecer é o que está mais claro nos textos no Novo Testamento: foram elas, as Mulheres, as encarregadas por Jesus ressuscitado de evangelizar os próprios apóstolos, desanimados com a morte horrorosa do Mestre.

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