sábado, 24 de junho de 2017

A UA explica... como podem as florestas resistir aos incêndios?


A história repete-se todos os anos. Sobem as temperaturas e o tema dos incêndios regressa às capas dos jornais e às aberturas dos noticiários. Desaparece o verde que dá colorido às nossas paisagens e as cinzas tomam conta das nossas matas. A pergunta fica a pairar no ar. Pode a nossa floresta resistir a tantos incêndios? Pode. Como? O professor Jan Jacob Keizer, no Departamento de Ambiente e Ordenamento, avança com algumas pistas para podermos contornar este flagelo.


Deixa-me dar-te o verão


O verão é feito de coisas
que não precisam de nome
um passeio de automóvel pela costa
o tempo incalculável de uma presença
o sofrimento que nos faz contar
um por um os peixes do tanque
e abandoná-los depressa
às suas voltas escuras.

José Tolentino Mendonça
In "A Noite Abre Meus Olhos"

Pergunta Henrique Raposo: Como é que Deus permite isto?


«Como é que se articula a evidente imperfeição da cidade dos homens com a ideia de um Deus misericordioso? Ou seja, como é que Deus permite desgraças como a de Pedrógão Grande? Se Deus nos ama, porque é que permite que uma família de quatro morra sufocada e queimada num Renault ou num Opel numa estrada à vinda da praia? Como é que Deus permite uma aflição assim? Como é que Deus permite que um pai veja o seu bebé morrer queimado? Como é que Deus permite que o corpo de um bebé se funda com o alcatrão? Como? É o drama de Job e Eclesiastes, dois dos grandes romances da Bíblia.»

Para ler tudo aqui 

sexta-feira, 23 de junho de 2017

ANTÓNIO CAPÃO — PROMOTOR DA CULTURA POPULAR

Texto de Cardoso Ferreira 

«António Capão foi, desde muito novo, um defensor da preservação e valorização da cultura popular, dedicando muito do seu saber e tempo a essa tarefa, o que fez dele um profundo conhecedor das tradições, dos usos e costumes e da etnografia da região, tanto da Bairrada como também de Aveiro.Dos utensílios agrícolas e de uso rural, até aos moinhos, passando pelos teares e pelos jogos infantojuvenis de outros tempos, tudo isso foi pesquisado e registado por António Capão em textos que publicou em livros e na imprensa.»

FRANCISCO NÃO TEM RAZÃO? (2)

Crónica de Anselmo Borges no DN


1.Não é exactamente o mesmo o mundo visto do lado dos vencedores e o mundo visto do lado dos vencidos. Afinal, a história que conhecemos e lemos é em princípio a história dos vencedores, até porque são os vencedores, sabem escrever e puseram por escrito os seus feitos e glórias; os vencidos são os vencidos, desapareceram e, mesmo que quisessem narrar o seu lado da história, não sabiam ou não podiam escrever. Não é exactamente o mesmo o mundo visto a partir do centro do poder e o mundo que se vê a partir das periferias. Não é exactamente o mesmo o mundo visto lá do alto da janela mais famosa do mundo, que é a janela do Palácio Apostólico no Vaticano donde os Papas dão a bênção urbi et orbi, e o mundo que se vê a partir de um apartamento modesto da Casa de Santa Marta. Não é exactamente o mesmo o mundo que se vê a partir do Deus omnipotente, significando omnipotência Poder enquanto dominação e não Força infinita de criar, e o mundo que se vê quando se vê a partir do Deus cujo nome é Amor, Misericórdia.
Não tem razão o Papa Francisco quando, sem excluir ninguém, vê o mundo a partir do Deus-Misericórdia, a partir de Santa Marta, a partir das periferias, a partir dos vencidos, que são isso mesmo, os vencidos, os colonizados, os derrotados, os pobres, os excluídos, os explorados, as mulheres, as crianças, os doentes? Para ser completa e toda, é preciso que a história também seja lida e escrita a partir do seu reverso, isto é, do lado dos vencidos. Porque todos têm de ascender ao palco da história, com a sua igual dignidade de homens e mulheres livres, todos filhos de Deus.
Não tem razão Francisco quando, na exortação "A alegria do amor", partindo dos dois Sínodos sobre a família e no quadro da atenção à voz da consciência e de um discernimento sério, abre a porta à comunhão dos recasados? Aliás, já em 1972, o antecessor Bento XVI, ainda professor, tinha escrito um ensaio académico manifestando abertura à admissão à eucaristia dos divorciados recasados, no caso de a nova união ser sólida, haver obrigações morais para com os filhos, não subsistindo obrigações do mesmo tipo em relação ao primeiro casamento, "quando, portanto, por razões de natureza moral é inadmissível renunciar ao segundo casamento". É evidente que não vale tudo. Mas os católicos também não podem continuar a ser infantilizados nas suas decisões morais, no quadro de uma obediência cega à autoridade que por todos decide. Sobre a dignidade da consciência moral, Joseph Ratzinger também escreveu: "Desde Newman e Kierkegaard, a consciência está no centro da antropologia cristã com renovada insistência. Nos escritos de Newman, a consciência representa a interna complementaridade e limite do princípio Igreja: por cima do Papa, como expressão da pretensão vinculativa da autoridade eclesiástica, está a consciência própria de cada um, que deve ser obedecida antes de qualquer outra coisa, inclusivamente, se for necessário, contra a exigência da autoridade eclesiástica." É o cardeal Blase Cupich, arcebispo de Chicago, que tem razão quando, recentemente, referiu a "Amoris laetitia" como convite a passar de "uma espiritualidade adolescente a uma espiritualidade adulta", espiritualidade que "responsabiliza o indivíduo, em vez de ser uma autoridade externa a dizer às pessoas o que têm que fazer, como se fossem crianças".
Não tem razão o Papa Francisco ao manifestar, na atenção à pastoral da família e apelando à dignidade, nova compreensão e respeito para com os homossexuais, os casamentos civis, as uniões de facto? Não tem razão Francisco quando, fazendo a síntese de franciscano e jesuíta, prepara, com a simplicidade da pomba e a prudência da serpente, como manda o Evangelho, a Igreja para o século XXI: uma Igreja pobre para os pobres, que combate a favor da justiça e da paz num mundo globalizado, desclericalizada, sinodal, onde leigos e, nomeadamente, as mulheres têm o seu lugar, uma Igreja que não tem medo da razão crítica, sem triunfalismos nem intolerância, respeitadora da consciência, ecuménica, dialogante, audaz, com novos ministérios, ao serviço do Evangelho e das pessoas, que antepõe à doutrina rígida e imobilizada? Há quem objecte que lentamente se conclui que tudo é permitido. Mais uma vez, a grande questão do Papa Francisco e para o Papa Francisco são os mediadores: bispos e padres que esclarecem ou não os fiéis e ajudam ou não na formação da consciência esclarecida e adulta.
Não tem razão o Papa Francisco quando quer a laicidade do Estado, mas condena o laicismo e o secularismo, que "fecham as portas à transcendência" e pretendem retirar a religião do espaço público? Não tem razão quando se levanta cedo, para poder rezar e ouvir o silêncio, "escutar o silêncio e sentir e ouvir o sussurro desse fio de silêncio sonoro no qual Deus nos fala"?

2. O problema fundamental da Igreja é que na sua essência ela é a assembleia de assembleias de homens e mulheres que se entregam confiadamente ao Deus de Jesus, esperando dele salvação e sentido último para a vida e para quem Jesus Cristo é determinante na sua vida e também na morte, mas, de facto, na sua maior parte, os católicos dizem-se não praticantes. Esquece-se a fé e a conversão e põe-se o centro na instituição como organização de poder, de que tantos tanto se servem.
Assim, sendo a instituição um serviço da fé e da prática da vida autenticamente cristã, o que se impõe é a conversão. Esquece-se frequentemente que a Igreja é de voluntários e para voluntários, isto é, só está nela quem quer, embora, por outro lado, quem está tem direito à participação activa na sua vida, porque, como o Papa Francisco tantas vezes repete, a Igreja somos nós todos. Sem esta conversão, pessoal e institucional, para onde caminha a Igreja?


DECRETO REAL DA CRIAÇÃO DA FREGUESIA


“Tendo subido à Minha Real Presença a representação em que muitos habitantes do logar da Gafanha, freguesia d’O Salvador, de Ilhavo, no concelho d’esta denominação, distrito administrativo de Aveiro, e diocese de Coimbra, pedem a creação de uma freguesia no referido logar da Gafanha, tendo ali a sua séde; Considerando que se mostra do processo ser a providencia reclamada de grande conveniencia para o bem espiritual dos requerentes, sem prejuizo para a conservação d’aquella freguesia; Considerando que no dito logar da Gafanha, segundo as informações havidas, ha pessoal suffeciente para o exercicio dos cargos parochiaes; Considerando que é justo arbitrar a congrua do parocho da nova freguesia em cem mil reis, de derrama annualmente; Considerando que na circunscripção parochial deve attender-se a commodidade dos povos; Conformando-me com os pareceres das superiores auctoridades, ecclesiastica e administrativa, e com a consulta do Supremo Tribunal Administrativo; e Usando da auctorização concedida na lei de quatro de Junho de mil oitocentos cinquenta e nove, e no artigo terceiro, paragrapho quatro, numero terceiro do Codigo Administrativo: Hei por bem Determinar que pelos meios competentes se proceda à creação de uma nova parochia com a séde no logar da Gafanha, que será desanexada da referida freguesia d’O Salvador de Ilhavo. O Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretario d’Estado dos Negocios Ecclesiasticos e de Justiça o tenha assim entendido e faça executar.
Paço em vinte e tres de Junho de mil novecentos e dez (assignado) Rei

- Francisco António da Veiga Beirão
- Está conforme o original
- Secretaria d’Estado dos Negocios Ecclesiasticos e de Justiça em 30 de Junho de 1910.”

TENDE CONFIANÇA. NÃO TEMAIS

Reflexão de Georgino Rocha


A missão confiada por Jesus aos discípulos comporta muitos riscos. E os ouvintes não demoram a reagir. Surge toda a espécie de atitudes: abandono, descrédito, difamação, perseguição, morte. Mateus que narra o discurso missionário deixa perceber o ambiente em que viviam as comunidades cristãs hostilizadas pelos judeus. E a previsão anunciada é já comprovada pelos factos. O texto será possivelmente dos anos 70. E mantém toda a actualidade. Não faltam situações a testemunhá-lo.
“Não tenhais medo dos homens”, repete a narrativa hoje proclamada na liturgia. E aduz várias razões, das quais se salientam as seguintes: toda a verdade virá a ser conhecida e nada ficará oculto; os segredos de todas as espécies serão desvendados em público; a temível morte do corpo não é o pior, mas a perdição definitiva da vida plena a que estamos chamados; a certeza confiante e serena de que Deus é Pai solícito que sempre vela por nós, a afirmação clara de Jesus que garante estar sempre com aqueles que envia em missão e lhe são fiéis. Razões a lembrar, sobretudo em tempos de acontecimentos que provocam medos tremendos. Como o nosso.
Em 2009, o Papa Bento XVI visita Angola e tem um encontro com jovens no estádio dos Coqueiros, em Luanda, e diz-lhes: “Coragem! Ousai decisões definitivas, porque na verdade são as únicas que não destroem a liberdade, mas lhe criam a justa direção, possibilitando seguir em frente e alcançar algo de grande na vida. Sem dúvida, a vida só pode valer se viverem com a coragem da aventura, a confiança de que o Senhor nunca vos deixará sozinhos”. “Juventude angolana, liberta de dentro de ti o Espírito Santo. Confiai nele como Jesus, arriscai este salto no definitivo. Assim, serão criados, entre vocês, ilhas, oásis e grandes superfícies de cultura cristã onde se tornará visível aquela cidade santa que desce do céu”, acrescentou. Agora, na celebração do Congresso Eucarístico celebrado na Festa do Corpo de Deus em Huambo (ex-Nova Lisboa) foram proclamados apelos igualmente significativos.
“A mensagem que desperta a esperança dos pobres e descartados é revolucionária para a ordem social e religiosa do judaísmo… A ordem da religião judaica baseava-se na desigualdade: uma minoria dominava a maioria inculta e amedrontada”, afirma San Román, padre jesuíta. E continua: “A mensagem de Jesus desestabiliza a falsa paz. Proclama que não há razão para ter medo à liberdade”. Os seres humanos são donos da sua vida e, juntos, devemos construir uma sociedade mais livre, mais harmoniosa, mais cuidadora da natureza, como pede o Papa Francisco na encíclica Louvado sejas (Laudato Si).
Jesus convida-nos a não ter medo, a colocar a nossa confiança em Deus Pai que deseja o melhor para todos/as. Não ter medo de nós mesmos, nem das ocorrências, nem dos outros, nem de presumíveis forças nefastas ou de surpresas malévolas. O medo paralisa e impede a construção de um futuro apetecível, assente na esperança que dá consistência a toda a realidade vindoura. A ameaça que pende sobre a nossa condição humana, frágil e limitada, faz-nos sentir o peso do temor. É natural. A educação para o equilíbrio emocional e a prática de uma espiritualidade positiva ajudam a minorar as repercussões que as emoções nos criam e as imagens que nos chegam provocam.
“O que pode fazer um padre numa tragédia como a de Pedrogão” é o título de uma reportagem da Renascença na segunda–feira, dia 19. A radio entrevista o bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes que faz eco de conversas com padres da região atingida e de desabafos das populações que visita. Pelo seu realismo e vivacidade, transcrevem-se apenas breves parágrafos.
Muitos dos que sobreviveram, de uma ou de outra forma, aos fogos que estão a destruir parte da zona Centro do país usam expressões de religiosidade popular para manifestar o que lhes vai na alma. Numa tragédia como esta, a espiritualidade é também uma dimensão importante da vida das populações. Mas o que podem fazer os padres numa altura tão difícil, em que muitos também perdem a fé?
O bispo de Coimbra, D. Virgílio Antunes, ajuda a Renascença a encontrar algumas respostas. “Há um campo muito grande para a Igreja, que é o de acompanhar. A Igreja não precisa de vir com muitos discursos nem com muitas palavras nem raciocínios nem explicar tudo. Precisa de estar presente, acompanhar e rezar com as pessoas. Precisa de as ajudar a despertar a dimensão espiritual e despertar fé”, salienta. Esta é uma região em que as pessoas “têm um sentido da fé muito humilde por um lado, mas muito apurado por outro.” Não tenhais medo. Eu estou convosco. Confiai e trabalhai. O Pai do Céu cuida de nós, repete a fé cristã

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