sábado, 28 de fevereiro de 2015

Sobre sexo e género. 1

Crónica de Anselmo Borges 

Anselmo Borges


No contexto dos debates sobre a família no Sínodo e de alguns pronunciamentos oficiais de responsáveis da Igreja, pouco adequados, sobre o feminismo e teorias de género, deixo algumas reflexões sobre o tema, retomando ideias expandidas no prefácio que escrevi para Vagina, de Naomi Wolf, uma feminista considerada da terceira vaga

1. Os seres humanos são o que são enquanto produto inextirpável de uma herança genética e de uma cultura em história. Será muito difícil destrinçar exactamente o que pertence à natureza e o que pertence à cultura. A questão agrava-se no que se refere à tentativa de definir o masculino e o feminino.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

2.ª Mostra de Robertos e Marionetas



No Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, está patente, até 26 de abril, a 2.ª Mostra de Robertos e Marionetas. Durante a mostra houve oficina de construção de marionetas em esponja, palestra sobre a marioneta como terapia e espetáculos, de que destacamos "O Barbeiro e A Tourada", "Para que servem as mãos", "Dom Roberto e a Namorada", "O Burro Teimoso" e "Robertos e Outras Marionetas", como se lê no desdobrável promocional.
O piso 0 foi «dedicado às companhias de teatro de marionetas, com atividade regular, numa abordagem contemporânea», sendo que  os  conteúdos expostos «refletem a atualidade das Marionetas em Portugal, descendentes da sua primeira forma: o Teatro Dom Roberto».
No piso 1,  há Robertos em exposição (espólio de marionetas), com realce para o espólio das peças “O Barbeiro” e a “Tourada à Portuguesa” das Marionetas da Feira. 
É oportuno sublinhar que uma exposição deste género não se destina apenas a crianças, porque os adultos também saberão apreciá-la. Não é verdade que em cada adulto habita uma criança?


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

“O Lado de Dentro do Lado de Dentro”



“O Lado de Dentro do Lado de Dentro” é uma coletânea de poemas e outros textos editada pela Associação de Ideias para a Cultura e Cidadania e coordenada por Filipe Lopes, um voluntário junto dos reclusos, integrando o projeto “A Poesia não tem grades”, que existe desde 2003. O seu voluntariado apoia-se essencialmente em levar literatura aos reclusos, recolhendo deles, também, poesia e outros textos. 
A venda deste livro, que inclui colaborações de Afonso Cruz, Alice Vieira, Catarina Fonseca, Duarte Belo, Filipa Leal, Richard Zimler, Rowan Schelten e Nuno Garcia Lopes, entre outros, vai traduzir-se num precioso contributo para que o projeto “A Poesia não tem grades” continue em todos os Estabelecimentos Prisionais do nosso país. As fotografias do interior são de Duarte Belo e a foto da capa é de Rowan Schelten.


A tua alma começará
a sentir a sua profundidade 
quando deixares de fugir do silêncio.

Despe-te dos teus medos, lágrimas, sonhos,
desejos, esperanças, regras e ressentimentos;
Deus recebe-te nu.

Pensa melhor antes de pedir a Deus
que ele faça por ti 
o que tu próprio tens de fazer.

As mãos de que Deus precisa
Para alterar este mundo
Estão a segurar este livro!

Richard Zimler


Tradução de Ricardo Marques

Um poema de Miguel Torga



CORDIAL

Não pares, coração!
Temos ainda muito que lutar.
Que seria dos montes e dos rios
Da nossa infância
Sem o amor palpitante que lhes demos
A vida inteira?
Que seria dos homens desesperados,
Desamparados
Do conforto das tuas pulsações
E da cadência surda dos meus versos?
Não pares!
Continua a bater teimosamente,
Enquanto eu,
Também cansado
Mas inconformado,
Engano a morte a namorar os dias
Neste deslumbramento,
Confiado
Em não sei que poético advento
Dum futuro inspirado.

Coimbra, 30 de Janeiro de 1991

 In “Miguel Torga – Poesia Completa”

Palmeiras do Oudinot



As palmeiras sempre me atraíram desde pequeno, talvez por serem raras nos meus horizontes de miúdo gafanhão, que nunca chegaram longe. Quando muito, até Aveiro e Ílhavo, na companhia dos meus pais. Havia uma que até veio dar nome a um café, o Café Palmeira. Ficava junto ao estabelecimento comercial do senhor Zé da Branca, que, além de comerciante, foi industrial das pescas e proprietário de marinhas de sal, segundo creio.
À sombra dessa palmeira ou à volta dela se juntava a malta, em especial aos domingos, sobretudo quando ele resolveu montar uma aparelhagem sonora com um altifalante de corneta, para se ouvir à distância. O pessoal mais novo ou de espírito mais gaiteiro, como então se dizia, dançava que se fartava. E a palmeira ainda lá continua.
Hoje, porém, para satisfazer este meu gosto, aqui deixo aos meus leitores palmeiras do Oudinot, perfiladas, ao jeito de quem está a proteger alguém das investidas dos ventos.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Farol da Barra de Aveiro

Uma evocação para avivar memórias

Farol em construção
O Farol da Barra de Aveiro, situado em pleno concelho de Ílhavo, na Gafanha da Nazaré, é um ex-líbris da região aveirense. Imponente, não há por aí quem o não conheça como o mais alto de Portugal e um dos mais altos da Europa. Já centenário, faz parte do imaginário de quem visita a Praia da Barra.
Quem chega, não pode deixar de ficar extasiado e com desejos, legítimos, de subir ao varandim do topo, para daí poder desfrutar de paisagens únicas, com mar sem fim, laguna, povoações à volta e ao longe a dominar os horizontes, os contornos sombrios das serras de perto e mais distantes.
À noite, o seu foco luminoso, rodopiante e cadenciado, atrai todos os olhares, mesmo os mais distraídos, tal a sua força. Mas são os navegantes, os que podem correr perigos ou desejam chegar à Barra de Aveiro em segurança, os que mais o apreciam, sem dúvida.

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Padre João Gonçalves — O Padre das Prisões

Padre João Gonçalves 

Participei no sábado à tarde, no edifício da Assembleia Municipal de Aveiro e antiga Capitania, na apresentação do documentário “O Padre das Prisões”, que retrata o trabalho do Padre João Gonçalves, capelão do Estabelecimento Prisional de Aveiro e Coordenador Nacional da Pastoral das Prisões, junto dos reclusos. O documentário resulta de um desafio do Padre João lançado às irmãs Inês e Daniela Leitão, argumentista e realizadora, respetivamente, que há bons meses foram recebidas pelo Papa Francisco, a propósito de “O meu bairro”, documentário que mostra a ação pastoral de Missionários da Consolata.
O Padre João Gonçalves é um sacerdote de causas, que não se fica pelas meias tintas. Anda há 40 anos nesta missão de assistência espiritual e não só aos reclusos na Cadeia de Aveiro, sem descurar outros trabalhos eclesiais e sociais, bem conhecidos de todos os aveirenses, a par da coordenação nacional da pastoral direcionada para os que se encontram privados da liberdade, por crimes que a sociedade não perdoa. E nesses 40 anos, depois de tanto falar, de tanto procurar sensibilizar pessoas, paróquias, entidades particulares e oficiais, para além de empresas e serviços religiosos, sociais e culturais, sem nunca desanimar, sentiu que era preciso abanar a comunidade nacional, em geral, e a Igreja Católica, em particular, para a urgência do apoio incondicional aos presos e ex-presos e suas famílias. Fê-lo em boa altura, quando bateu à porta certa. As irmãs Inês e Daniela, com toda uma equipa agora alargada, puseram mãos à obra e o documentário foi divulgado pela comunicação social com grande profusão. Nestes últimos dias, “O padre das prisões” saltou as grades e anda na rua, recebendo aplausos e palavras amigas de toda a gente. Será preciso não se ficar por aí.
Os reclusos têm de ver reconhecida a sua dignidade de seres humanos; os ex-reclusos não podem mais carregar o ferrete do desprezo e da indiferença; os empresários devem acolhê-los com sinais de confiança; todos precisamos de levar à prática, junto deles, sentimentos de partilha e de esperança.

NOTA: Tenho acompanhado a ação do Padre João Gonçalves há décadas. Aprecio imenso a sua generosidade e disponibilidade ao serviço do Reino, com prioridade dada aos feridos da vida. Entrevistei-o diversas vezes e hoje até repesquei um texto que publiquei no jornal Solidariedade em 2004 e que pode ser lido  aqui.



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