sexta-feira, 18 de abril de 2014

Falar e ser entendido

Editorial  de José Tolentino de Mendonça 




Durante muito tempo o desafio da renovação eclesial esteve centrado na necessidade de encontrar uma nova linguagem. Um dado era (e continua a ser) evidente: a linguagem habitual não só dos documentos, mas até da pregação da Igreja, já não é entendida pelos nossos contemporâneos. Podemos simplesmente cruzar os braços e denunciar a falta de uma formação cristã de base. Contudo, o desencontro entre a mensagem e os seus destinatários continua lá. E o “desencontro” não é só “ad extra”: dentro das nossas próprias comunidades contam-se pelos dedos os que resistem a uma leitura integral de um texto mais longo do magistério. Ora isso gera uma desarticulação e uma incomunicabilidade que só acentuam a fragmentação do corpo eclesial. Não funcionamos como arquipélagos, mas como desagregadas ilhas.

ÍLHAVO: Feriado Municipal

Segunda Feira da Páscoa



No próximo dia 21 de abril, segunda-feira de Páscoa, comemoramos o Feriado Municipal de Ílhavo com um conjunto de atividades, que têm início às 10h00 com a visita do Sr. Ministro da Defesa Nacional, Dr. José Pedro Aguiar-Branco, ao Museu Marítimo de Ílhavo (MMI), onde se procederá à assinatura do Protocolo de Cedência Temporária de Espólio Físico e Documental dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo ao MMI.
Seguir-se-á às 10h45 a Cerimónia do Hastear das Bandeiras junto aos Paços do Concelho e a Sessão Solene Evocativa do Feriado Municipal, no Salão Nobre da Câmara Municipal de Ílhavo, na qual serão entregues Condecorações Municipais a um conjunto de entidades e individualidades. A Sessão Solene será este ano presidida pelo Sr. Ministro da Defesa Nacional, Dr. José Pedro Aguiar-Branco.
As comemorações do Feriado Municipal constituem um momento de festa e partilha, assumindo uma condição diferente pela homenagem que vamos realizar ao Poder Local no Município de Ílhavo.

Fonte: CMI


A NOSSA GENTE: Baltasar Casqueira

Baltasar e esposa 

Com a 4.ª classe saltou para o mundo do trabalho

Baltasar Ramos Casqueira, 77 anos, casado com Madalena Caçoilo, cinco filhos e 12 netos, está reformado há bons anos. Começou cedo a luta pela vida. Aos 11 anos, concluída a 4.ª classe da então chamada instrução primária, entrou para os serviços de limpeza da EPA (Empresa de Pesca de Aveiro), durante o inverno, nos arrastões Santa Joana e Santa Princesa. No verão, a vida mudou de figura na marinha de sal de que o pai era marnoto. Trabalho difícil, como osso duro de roer, debaixo de sol escaldante e pisando a moira que lhe roía os pés. «Era a marinha Fornos, do proprietário José Vieira», disse. E assim andou, «durante seis safras», saltando depois para um dóri, como verde, aos 17 anos, para a pesca do bacalhau, no lugre Lousado, da praça de Alcochete. «Foi o meu irmão António que me levou», afirmou. «Pesquei no primeiro ano 226 quintais de bacalhau à tábua [era numa tábua que o oficial de bordo pousava a folha onde registava, por estimativa, o peixe pescado por cada pescador], tendo recebido 11 mil e 200 escudos, que trouxe escondidos nas meias, com medo dos carteiristas», afiançou o Baltasar.
Depois emigrou para os Estados Unidos, onde chegou a exercer o cargo de encarregado numa firma de obras de águas e saneamento. Como reformado, regressou às origens deixando lá os filhos e netos.
Homem dado ao trabalho desde sempre, sem tempo para ser menino e brincar, não sabe estar parado, «sem nada fazer». Reconhece que «não se pode parar na vida» e não é de seu feitio estar «sentado num qualquer banco de café ou jardim». E se já não consegue trabalhar na agricultura, por dificuldades físicas, já que foi operado a uma perna, gosta de se entreter a fazer aquilo de que gosta. Também deixou a pesca na ria. Mas nem por isso se sente diminuído e lá se vai ocupando com o artesanato, não para vender, mas pelo prazer de fazer. Quando o visitei, tenha acabado de pintar um navio em miniatura. «O resto virá a seguir», adiantou. 
Para os seus trabalhos, aproveita pedaços de madeira, restos de troncos, ramos ou raízes de árvores. A imaginação faz o resto. No meio da sala tem muitas cabaças de diversos tamanhos e feitios. Semeia-as, colhe-as, saca-lhes o miolo, pinta-as e usa a técnica do guardanapo. Apreciei búzios, pinhas de anel três e de retenida, usadas nos navios, vertedouros, garrafas e garrafões de vidro, revestidos de fios coloridos. Estes com a preciosa colaboração da esposa, a quem ele ensina a técnica que aprendeu ao longo da vida. 

Fernando Martins

quarta-feira, 16 de abril de 2014

DIGNIFICAR A PESSOA PRESA

Em entrevista ao Correio do Vouga, o coordenador nacional da pastoral penitenciária, padre João Gonçalves, afirmou que "´É terrível a pessoa continuar presa mesmo depois de sair da cadeia". E acrescenta que "a situação dos presos tem a ver com toda a sociedade e muito especialmente com a comunidade cristã".

NOTA: Logo que possível, publicarei aqui a entrevista


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terça-feira, 15 de abril de 2014

A fé alimenta-se de poesia


«Cada poema é um início. Como o estar sempre perante o branco, perante o silêncio, perante o não saber. E recomeçar. A fé alimenta-se muito disso, porque a fé não é o acumulado do ontem, mas é viver no aberto da esperança e do corpo, do nascer e do morrer, do amor e da fragilidade. E no fundo a escrita treina-me para a sucessão de começos que a vida é nas suas várias dimensões.»

José Tolentino Mendonça

De uma entrevista publicada na revista ESTANTE, para ler aqui

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Um texto lindo sobre os gafanhões


«Falou-se de marnotos, falou-se de pescadores e mareantes, faltando, apenas, falar dos gafanhões que vieram, por fim, tratar da moldura afeiçoando a terra que debrua laguna substituindo a desolação da duna e da flora quaresmal que, a medo, aflorava, por uma verdura indizível de milheirais frescos e viçosos e de batatais que lhe corroboraram os tons abertos com gradações sublinhantes que parecem oriundas de uma paleta de pintor.»

Frederico de Moura

No Livro "Ressonâncias"

Nota: Conferência lida, no salão Municipal da Cultura, de Aveiro, integrada no número do programa que, com aquele mesmo título [PAISAGEM DE AVEIRO - O Ambiente e o Homem], fez parte dos actos culturais das Festas da Cidade. Em 11 de Maio de 1970.

REFORMADOS RICOS PASSAM À FRENTE NAS IPSS

UM ESCÂNDALO!

"Em nome da sustentabilidade, algumas Misericórdias e Instituições de Solidariedade Social contornam a ordem da lista de entrada nos lares e deixam passar à frente quem tem reformas mais altas. Responsáveis negam perversão do sistema, antes um meio de evitar falências e conseguir acolher mais utentes de pensões baixas
Os reformados com uma pensão alta têm mais facilidade em encontrar um lugar num lar da Misericórdia e de outras Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), onde a lista de espera chega a ser de vários anos. Há provedores que contornam a ordem de inscrição na lista das vagas dos seus lares e permitem que um idoso de pensão choruda passe à frente de quem apresente uma situação económica fragilizada.
A situação é conhecida e até incentivada pelo presidente da União das Misericórdias, Manuel Lemos, em nome da sustentabilidade daquelas instituições do sector solidário, a que o Estado delegou quase tudo (73%) do que em Portugal se faz a nível de proteção social a idosos, crianças e deficientes, pagando por essa "delegação" de funções cerca de 1,3 mil milhões de euros."

Li no DN


NOTA: Misericórdias e IPSS são, na sua grande maioria, de inspiração cristã ou mesmo da Igreja Católica. Por isso, esta notícia choca-me imenso. Nem sei que possa dizer mais sobre esta realidade, que julgava ultrapassada. Os pobres, afinal os que mais precisam, ficam muitas vezes no fim da lista.


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