segunda-feira, 21 de junho de 2010

Faleceu Marcos Cirino: um amante da nossa terra



Ontem, quando à noite me dirigia para a inauguração do Centro Cultural, soube do falecimento do senhor Marcos Cirino, que tive o gosto, há meses, de  entrevistar para o Timoneiro. E não pude deixar de pensar quanto ele apreciaria estar nesta festa, como amante da sua e nossa terra que sempre foi.
Embora nem sempre concordasse com a forma como enfrentava as injustiças contra a Gafanha da Nazaré, tenho de reconhecer que a paixão que nutria pela nossa terra e suas gentes era sinal evidente de um amor acrisolado.
Na entrevista que me concedeu, quiçá a última da sua vida, teve a oportunidade de falar, com entusiasmo, daquilo de que gostava: Gafanha da Nazaré, sua história, seus usos e costumes, muitos dos quais caíram em desuso, mas sobretudo dos barcos da ria, de caravelas dos descobrimentos, de pessoas. A sua casa, qual museu lagunar, estava cheia de modelos por si executados e que haviam sido expostos em diversas localidades. Ostentava um natural orgulho não disfarçado, face aos elogios legítimos que eu lhe dirigia. A falar de barcos estava nas suas sete quintas.
Se é verdade que dissertar sobre o seu mundo, de barcos, velas, remos, salinas e gentes, o entusiasmava, logo a seguir saltava para as injustiças, bem registadas na sua alma e provenientes de quem não compreendia a importância da Gafanha da Nazaré no contexto regional e nacional.
Frequentemente me alertava para a premência de se lutar pelo que considerava fundamental para o nosso progresso. Mas não o fazia de ânimo leve, pois que me exibia de imediato a documentação e legislação em que sustentava as suas teses. Que ao menos o seu amor à Gafanha da Nazaré deixe seguidores.
Que Deus o receba na sua glória.

Fernando Martins


domingo, 20 de junho de 2010

Festa no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré



Mais um bom momento aplaudido na festa da inauguração do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré.

Gafanha da Nazaré: Festa no Centro Cultural

Fogo na noite escura


Neves Vieira, Ribau Esteves e Fernando Caçoilo
Aspecto exterior do Centro Cultural


Padre Francisco Melo e Manuel Serra, respectivamente, Prior e Presidente da Junta de Freguesia

Mais fogo na festa

Um bom ponto de encontro entre as pessoas

Reabriu hoje as portas, depois de profundas obras de requalificação levadas a cabo pela Câmara Municipal de Ílhavo, o Centro Cultural da Gafanha da Nazaré. Em festa e sob os olhares felizes do nosso primeiro Prior, Padre Sardo, que, do seu pedestal no Jardim 31 de Agosto, pôde descer para estar com o seu povo.
Centenas de pessoas participaram na inauguração, ou reinauguração, presidida pelo presidente da Câmara Municipal de Ílhavo (CMI), Ribau Esteves, que não escondeu a sua satisfação pela prenda que a autarquia entregou aos gafanhões, neste ano do centenário da criação da freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré.
A obra, que importou em 2,4 milhões de euros, foi comparticipada pelo Programa Operacional Regional do Centro com 1,2 milhões, vai proporcionar uma actividade cultural em complementaridade com os demais espaços concelhios vocacionados para esta área, nomeadamente com o Centro Cultural de Ílhavo.
Referindo-se a este novo equipamento, o presidente da CMI salientou a sua «qualidade estética e funcional», desejando ainda que este Centro Cultural seja «um bom ponto de encontro entre as pessoas», fortalecendo a nossa comunidade.
A festa multimédia, com fogo, música, luz e imagens, gerou uma envolvência humana bastante significativa, no Jardim 31 de Agosto, que é, de per si, uma homenagem à criação da freguesia e paróquia, que ocorreu precisamente há um século.

FM

Regata dos Portos do Centro


Êxito para o primeiro dia da Regata dos Portos do Centro


A embarcação Mike Davis/Porto de Aveiro (de Delmar Conde, Aveiro) venceu na classe IRC, com FUSIB (de Sérgio Fernandes, Aveiro) a conquistar o primeiro posto na classe AMC e ARPEGE (de Carlos Santos, Figueira da Foz) a vencer na classe OPEN.

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O arroz faz dos portugueses os mais asiáticos da Europa




O segredo do arroz seco

O PÚBLICO, na sua revista PÚBLICA, apresenta hoje um trabalho de Francisca Gorjão Henriques sobre o arroz, em que revela que aquele cereal «faz dos portugueses os mais asiáticos da Europa». Diz que «somos loucos por arroz» e que cada «português come em média 17,5 quilos de arroz por ano». «Provavelmente porque o cozinhamos de todas as maneiras e feitios», adianta.
Confesso que não sabia. Sabia que um bom gafanhão tem de gostar e de comer batatas todos os dias. Aliás, nos princípios do século XX e por aí adiante as batatas da Gafanha eram as preferidas nos mercados de Aveiro e Ílhavo.
Quanto ao arroz, que não terá entrado nos nossos hábitos alimentares por essas alturas, não caía bem. Porém, depois passou a reinar na cozinha portuguesa e, naturalmente, na gafanhoa. De tal modo que hoje quase não há refeição sem arroz.
Nos meus tempos de estudante, estranhei que no Porto o arroz estivesse sempre na mesa, para qualquer comensal se servir, fosse qual fosse a base da refeição diária. Com carne ou com peixe, com cozidos ou estufados, assados ou fritos. O arroz era rei.
Também é verdade que o cozinhamos de todos os modos e feitios. Pessoalmente verifico isso mesmo e quase até identifico quem o faz cá em casa. Esposa ou filha, filhos e eu próprio. Cada um com seus gostos e com seu segredo. E também é verdade que a habilidade de preparar um bom prato de arroz se aprende e se treina.
Há muitos anos participei numa boda de casamento em que a cozinheira foi a senhora Esperança Merendeiro, exímia em preparar bons pratos. De arroz e de outros produtos. O arroz que apresentou, saboroso e seco, despertou-me a atenção. E um dia perguntei-lhe qual era o seu segredo. E ela lá foi explicando com o seu sorriso permanente. E no fim, para não revelar tudo, jurou: «Isto está tudo na mão da cozinheira.»
Aqui fica a minha singela homenagem a uma gafanhoa a quem muitos de nós devemos alguma coisa.

Fernando Martins


Saramago visto por Eduardo Lourenço


Humanidade unicamente humana

Em todos os sentidos, como destino e como autor, [José Saramago] é um caso paradoxal. Aparece tarde no horizonte da ficção portuguesa, quando já ninguém o esperava, provavelmente nem ele. E isso é já em si um paradoxo e sobretudo um milagre cultural. À sua maneira, era uma versão nossa da Gata Borralheira.
Para imitar Saramago, também ele se levantou do chão, de um sítio sem memórias eruditas canónicas, apoiado na sua extraordinária experiência dos homens, sonhando e ressonhando que foi para ele matricial. Refiro-me à Bíblia.
Quase todos os seus livros célebres são um diálogo com a mitologia bíblica, que ele vai submeter a uma estranha desmitologização, fazendo com ela um mundo às avessas ou antes um mundo onde as mais famosas histórias bíblicas se tornam a história mesma da humanidade unicamente humana.
Provavelmente com a queda da utopia que foi assumidamente a dele, essa espécie de diálogo dramático com a mundovisão religiosa de raiz bíblica foi o que o salvou, não só literariamente, do traumatismo ideológico e ético.
Deportou o essencial da sua utopia para paragens onde esse autêntico apocalipse político fosse substituído pelos sonhos de uma humanidade que pudesse ter perdido uma guerra mas nunca a ilusão que a faz viver.

Eduardo Lourenço


PÚBLICO: Crónica de Bento Domingues

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