quinta-feira, 29 de abril de 2021

Juntos podemos fazer muito

Helen Keller 

“Sozinhos faremos pouco; juntos podemos fazer muito”

Helen Keller
(1880-1968), educadora

A frase que transcrevi do PÚBLICO de hoje, pensada e dita por Helen Keller, uma mulher surda e cega desde tenra idade, deve fazer-nos pensar sobre as capacidades que possuímos e que tantas vezes desperdiçamos. Uma manina surda e cega, educada por Ana Sullivan, conseguiu "dialogar", estudar e ensinar, tornando-se escritora, conferencista e ativista social no seu país, os Estados Unidos da América.

Ler a sua biografia aqui 

Parcialidade face à pobreza


Acácio Catarino
É bastante parcial o nosso combate à pobreza; tal parcialidade verifica-se no tipo de conhecimento desta realidade ancestral e nas respostas para a sua atenuação ou eliminação. Tal conhecimento processa-se, frequentemente, através de informação estatística, por vezes bastante complexa, baseada em recenseamentos, inquéritos e outras fontes; ele ignora ou menospreza habitualmente os dados estatísticos do atendimento social de proximidade e os dinamismos locais de procura de soluções.
Por outro lado, as respostas mais reconhecidas, para a atenuação e eliminação da pobreza, acham-se concentradas no Estado, em instituições diversas e no funcionamento da economia; menosprezam os esforços das pessoas empobrecidas, a entreajuda de proximidade e os processos de desenvolvimento local.
Se fossem tidos em conta os dados estatísticos do atendimento social de proximidade, não se conheceriam todos os casos de pobreza nem todos os esforços das pessoas empobrecidas para a vencer, uma vez que nem todas recorrem a esse atendimento; mas, provavelmente, atingir-se-ia um número considerável das mais graves, que complementaria os dados obtidos por inquérito; e, quanto mais estas estatísticas fossem consideradas, mais pessoas pobres recorreriam aos serviços de atendimento social. Se, para além disso, existissem processos de desenvolvimento sociolocal em cada freguesia, aumentaria o conhecimento das situações de pobreza conjugada com os respetivos processos de atenuação e eliminação.
O Papa Francisco, na encíclica «Fratelli Tutti», abordou este assunto chamando a atenção para a complementaridade da ação básica ou popular, da institucional e da estatal; defende que todas são necessárias para que se atinjam dois objetivos estratégicos: não excluir nenhuma pessoa necessitada; e aproveitar todas as potencialidades de solução (cf., em especial, os n.ºs. 78,169 e 186).

Acácio F. Catarino
Sociólogo, Consultor Social

NOTA: Transcrito de o "Correio do Vouga"

terça-feira, 27 de abril de 2021

25 de Abril - Discurso do Presidente da República



Assisti, via televisão, ao discurso do Presidente da República na cerimónia comemorativa do 25 de Abril no Parlamento. Gostei de tudo quanto disse, assimilando os desafios que lançou a todos os portugueses, porque todos somos Portugal.  O discurso fez história ao ser aplaudido por todas as bancadas, mas também fez história pelos aplausos que recebeu de todos os quadrantes do nosso país. Na impossibilidade de dar aos meus leitores uma boa síntese do que ouvi e li, optei por publicar neste meu espaço  todo o discurso do Presidente Marcelo, que é uma grande lição para todos nós.

FM 

As camarinhas

Praia da Torreia - Há nove anos

A Lita em conversa com a vendedeira  de camarinhas

As camarinhas foram, há anos, um bom pretexto para um passeio aos domingos, no tempo em que as diversões não abundavam. Ou, melhor dizendo, abundavam, mas eram diferentes. Um passeio para apanhar camarinhas era uma festa.
Talvez por isso, a Lita ficou encantada quando, num passeio à Torreira,  há nove anos, deparou com uma vendedeira de camarinhas apanhadas nas matas que se estendiam até São Jacinto. Os gafanhões lá iam também em dias de folga, em especial aos domingos. Atravessava-se na lancha da carreira, a partir do Forte da Barra, com alguma euforia, e regressava-se com o mesmo espírito. Escusado será dizer que não faltavam os namoricos no ambiente saudável dos pinheiros refrescados pelas águas do oceano e da ria. Belos Tempos.

domingo, 25 de abril de 2021

25 de Abril


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia


Para quem escreve Hans Küng?

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO

Hans Küng (1928-2021) realizou-se como o teólogo mais católico, o mais universal, pela amplidão e profundidade da sua obra.

1. Para a colecção Nova Consciência do Círculos de Leitores, escolhi um livro muito belo do grande historiador católico, Jean Delumeau, com um título sem originalidade, Aquilo em que acredito [1]. É obra de um avô, muito sábio e atento que, perante as perguntas das suas netas de cinco e sete anos, se esforçou por lhes deixar uma herança: as razões da esperança cristã de que vivia e de que tinha vivido, mas em bases que já não podiam ser as do passado e muito menos as adequadas à orientação das novas gerações. Continuo a recomendá-lo com fervor.
O conhecimento da problemática eclesial dos anos oitenta e noventa do século passado, que esse livro expõe, é absolutamente essencial. Por não se ter querido ouvir as vozes que reclamavam mudanças urgentes, acumularam-se atrasos e perderam-se forças para responder aos novos desafios. Parece-me que alguns sectores da Igreja continuam cegos e guias de cegos, com uma exibida pretensão de guardas da autêntica ortodoxia católica. Como o próprio Jesus diz, no Evangelho segundo S. João, os cegos que teimam em dizer que vêem não têm cura [2].
Foi também no Círculo de Leitores (Temas e Debates) que surgiu uma obra de Hans Küng com um título muito parecido: Aquilo em que creio [3]​.

D. Dinis - Falem com as flores




Ai flores, ai flores do verde pino,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai Deus, e u é?

Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs conmigo?
Ai Deus, e u é?

Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi há jurado?
Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo voss'amigo
e eu bem vos digo que é san'e vivo.
Ai Deus, e u é?

Vós me preguntades polo voss'amado
e eu bem vos digo que é viv'e sano.
Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é san'e vivo
e será vosco ant'o prazo saído.
Ai Deus, e u é?

E eu bem vos digo que é viv'e sano
e será vosc[o] ant'o prazo passado.
Ai Deus, e u é?

D. Dinis

Nota: Estava eu na doce tranquilidade da minha casa a ouvir a chuva que caía persistente lá fora. O tempo estava  fresquinho e eu sonhava com a Primavera acolhedora e florida que haveria de vir. Entra a Lita com flores do nosso quintal. Coloca-as numa jarra e os meus olhos brilharam. Neste primeiro dia da semana, aqui ficam os meus votos de muita paz com saúde e poesia. D. Dinis dá o mote. Falem com as flores.

sábado, 24 de abril de 2021

Jesus e a Igreja. 2

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias



«Como poderá ser a Igreja Católica, se se deixar orientar pelo Evangelho, por aquilo que Jesus anunciou e queria?»

A interpretação da Eucaristia como sacrifício teve várias consequências perniciosas. A maior foi a da ordenação sacra sacerdotal. Mas o Novo Testamento evitou a palavra hiereus - o sacerdote sacrificador de vítimas para oferecer à divindade e aplacá-la e pedir os seus favores. Jesus, que era leigo, foi vítima dos sacerdotes do Templo e, citando os profetas, colocou estas palavras na boca de Deus: "Ide aprender: eu quero justiça e misericórdia e não sacrifícios; os vossos sacrifícios aborrecem-me." Evidentemente, com a ordenação sacra, a mulher, ritualmente impura ficou excluída de presidir à Eucaristia.
O Novo Testamento diz que, pelo baptismo, todos formam um povo de sacerdotes, profetas e reis. Mas, com a ordenação sacerdotal, surgiu a distinção, essencial e não de grau, entre o "sacerdócio comum" dos fiéis e o "sacerdócio ordenado" e, com ela, o estabelecimento de duas classes na Igreja: o clero e os leigos. E entrou "a lepra do clericalismo", na expressão do Papa Francisco: de facto, a "hierarquia" (poder sacro) fica com todos os poderes - julgo que não se pensa suficientemente no que significou ser padre ou bispo, com o poder de "trazer Cristo à Terra, com a consagração", perdoar os pecados, decidindo da salvação eterna ou da condenação das pessoas... -, usando e abusando do poder..., até à tragédia da pedofilia, privilégios de toda a ordem...

sexta-feira, 23 de abril de 2021

Dia Mundial do Livro

Neste Dia Mundial do Livro, 23 de Abril, haveria muito que dizer sobre a importância dos livros e das bibliotecas, como depósitos de saberes e fontes de cultura. A partir deles, calcorreamos caminhos de sonho e magia, encontramos outros povos e culturas, damos asas à nossa imaginação, ocupamos tempos livres, abafamos mágoas, recriamos alegrias.
Os livros são os nossos melhores amigos. Estão à nossa espera e sempre disponíveis, levam-nos a viajar no tempo e no espaço. São, para mim, companheiros fiéis de muitas horas e nunca me cansam.  
Com livros nas estantes nunca estamos sós e imensas vezes nas releituras conseguimos descobrir pormenores que nos haviam escapado. Boas leituras nas horas vagas, nos momentos de descontração, nas alturas de desânimo, nos tempos livres. Leiam e sugiram leituras. 

FM

Mini Feira Popular foi um sucesso

Uma evocação

 Este foi um cartaz da Mini Feira popular que se realizou no salão da nossa Igreja matriz, nos tempos do Pe. Miguel Lencastre. Recordo esses eventos com muita saudade, ao mesmo tempo que lembro esta iniciativa que teve como propósito unir o povo residente nos lugares da freguesia e paróquia da Gafanha da Nazaré: Cale da Vila, Chave, Cambeia, Bebedouro, Marinha Velha, Forte e Barra. Cada fim de semana ficaria responsável por um lugar.  A barraca da quermesse foi desenhada pelo artista Zé Penicheiro, amigo pessoal do Pe. Miguel. Vejam só! Os mais antigos hão de ter agradáveis reações.
Num apontamento que registei no verso deste cartaz diz assim: Podemos contar por sucessos todos os anteriores fins de semana, em que a palavra CONVÍVIO tem sido íman a atrair multidões. Ainda no passado domingo calculámos que se encontravam na sala, a dado momento, nada menos de 600 pessoas, e que teriam passado pela Mini Feira mais de 1200 pessoas nesse dia. 
A atuação do conjunto tem sido sucesso e tem revelado verdadeiros valores regionais da canção. 

Nota: Texto reeditado 

Ruy Belo - A flor da solidão


Vivemos convivemos resistimos
cruzámo-nos nas ruas sob as árvores
fizemos porventura algum ruído
traçámos pelo ar tímidos gestos
e no entanto por que palavras dizer
que nosso era um coração solitário silencioso
silencioso profundamente silencioso
e afinal o nosso olhar olhava
como os olhos que olham nas florestas
No centro da cidade tumultuosa
no ângulo visível das múltiplas arestas
a flor da solidão crescia dia a dia mais viçosa
Nós tínhamos um nome para isto
mas o tempo dos homens impiedoso
matou-nos quem morria até aqui
E neste coração ambicioso
sozinho como um homem morre cristo
Que nome dar agora ao vazio
que mana irresistível como um rio?
Ele nasce engrossa e vai desaguar
e entre tantos gestos é um mar
Vivemos convivemos resistimos
sem bem saber que em tudo um pouco nós morremos

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