quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Só à volta da fogueira


Diz-se que falamos do tempo quando não temos mais nada para falar. Porém, eu tenho o tempo por tema somente quando ele me agrada muito ou me desagrada. No caso de hoje, tenho mesmo de falar dele porque sofro  muito com o frio. Talvez seja pela idade que tenho dito e redito, cá por casa, que nunca senti tanto frio na minha vida como este ano. É facto que já sou octogenário e isso deve ser a causa do frio que me tolhe os movimentos.
Contudo, não será novidade para ninguém que há imensa gente no nosso país e até à nossa volta que tem de suportar as consequências do mau tempo, sem meios para se defender. Enquanto eu e muitos outros temos possibilidades de recorrer a diversas formas de criar condições para debelar o frio, muitíssimas famílias têm mesmo que sofrer as consequências deste  e doutros invernos agrestes. E que fazemos nós? Só à volta da fogueira, se houver lenha para manter a chama acesa. 

terça-feira, 26 de janeiro de 2021

Recanto da Colónia Agrícola da Gafanha

 
Escola Municipal de Educação Rodoviária para recreio e formação. Um espaço limpo e arejado. 

Aproveitar o confinamento saudavelmente

Eu e a Lita na zona da muralha 
Três filhos com a Lita junto à Estátua de D. Afonso, 
Conde de Barcelos e Duque de Bragança 
Nas termas, a Lita prova a água com a Aidinha e o Paulinho

O desânimo não leva a parte nenhuma de sentido positivo. Em maré de confinamento necessitamos veementemente de optar pela via positiva. E como é preciso variar, hoje voltei-me para as  fotografias antigas de muitas que tenho por aqui, algumas em caixas e muito poucas em álbuns. O tempo para as arrumar tem escasseado ao longo dos anos. Mas hoje consegui rever umas tantas, que me trouxeram bastantes e agradáveis recordações. 
Começo por Chaves onde passei férias em casa de amigos e no parque de campismo, banhado pelo Tâmega com cidade à vista. Foram tempos de descoberta não apenas da cidade de Chaves, com montras vocacionadas para turistas espanhóis, mas com restaurantes a apostar no que é regional. Pastéis de Chaves e presunto eram reis para os flavienses, para os aquistas e para os veraneantes. Eu engrossava a lista dos dois últimos grupos. 
Com alguma frequência dávamos um salto a Espanha, clandestinamente, que a União Europeia ainda nem sequer sonhada estava. Não ousávamos passar a fronteira, mas seguíamos tranquilamente por carreiros entre terras agrícolas. Chegámos, contudo, a ir de carro com a concordância dos guardas fronteiriços. E na cidade de Chaves, com a sua ponte romana entre outros sinais que atestavam a sua antiguidade, sempre soubemos apreciar o passado no meio do presente que nos envolvia.

Fernando Martins

Rua Eng. Luís Gomes de Carvalho





O Eng.º Luís Gomes de Carvalho nasceu na Atalaia (Vila Nova da Barquinha), a 15 de abril de 1771. Frequentou a Real Academia de Fortificação, onde foi um aluno laureado. Este Engenheiro militar ingressou depois no Real Corpo de Engenheiros, figurando na toponímia ilhavense devido ao seu papel na abertura da Barra de Aveiro, a 3 de abril de 1808, e pelas obras do Porto. 
A abertura da Barra foi uma obra de extrema importância, uma vez que o seu assoreamento estava a causar elevadíssimos prejuízos às salinas da ria e à agricultura da região. Assim, e após diversos apelos das autoridades locais, em 1802, o Ministro do Reino, D. Rodrigo de Sousa Coutinho, encarregou os Engenheiros Coronel Reinaldo Oudinot e o Capitão Luís Gomes de Carvalho de procederem a estudos para abertura da nova Barra. Estes revelaram-se muito semelhantes entre si, tendo sido aprovados pelo Príncipe Regente D. João VI. 
Em dezembro de 1803, o Eng.º Oudinot foi destacado para a Madeira, ficando a obra a cargo do seu genro, o Eng.º Luís Gomes de Carvalho, mantendo-se este até 1823, devido a divergências políticas. 
Luís Gomes de Carvalho foi membro da Real Sociedade Marítima, Militar e Geográfica. Além das obras que possibilitaram a abertura da Barra, foi também responsável por diversos estudos e obras de elevada importância. Destas destacam-se os levantamentos topográficos de Trás-os-Montes, que deram origem à Carta Topographica da parte da provinicia de Trás os Montes compreendida entre o Douro e o Sabor até Bragança, e o plano de melhoramento das condições de acesso à Barra do Douro, chegando mesmo a dirigir as obras do dique na extremidade norte do Cabedelo. 
Faleceu a 17 de junho de 1826, em Leiria. 

NOTAS:

1. Este trabalho foi elabora pelo CDI, no âmbito do projeto "Se esta rua fosse minha";
2. A Rua Eng.º Luís Gomes de Carvalho situa-se mesmo à entrada da Praia da Barra. Foi uma proposta da Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, a 20 de junho de 2013, na Comissão Municipal de Toponímia (Ata nº. 12/2013); 
3. Em 1947 foi editado pelo Arquivo do Distrito de Aveiro a Memória Descritiva ou notícia circunstanciada do plano e processo dos efectivos trabalhos hidráulicos empregados na abertura da barra de Aveiro segundo as ordens de S. A. R. o príncipe regente nosso senhor: ou notícia circunstanciada do plano e processo dos efectivos trabalhos hidráulicos empregados na abertura da barra de Aveiro.  Esta obra é prefaciada por Francisco Ferreira Neves. Nela podemos encontrar não só o estudo para a abertura da Barra de Aveiro, como diversa correspondência do Engenheiro. Destacamos o Mapa da Ria de Aveiro que acompanha a obra;
4. Se alguém possuir ou souber da existência de alguma busto em monumento ou registo fisionómico de Luís Gomes de Carvalho, agradeço informação. 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

ATO ELEITORAL: Servidores da democracia

O ato eleitoral decorreu neste edifício escolar, na Alameda Prior Sardo 

Ontem, domingo, foi dia de eleições para a Presidência da República. Apesar do confinamento, não faltei ao cumprimento de um dever cívico, atitude que assumi desde a instauração da democracia em Portugal. Receoso de qualquer contacto físico com pessoas infetadas ou em situação de assintomáticas, cuidei-me mentalmente. 
À chegada percebi que havia um movimento normal, bom sinal, em resposta às perspetivas de grandes abstenções. À entrada, com os devidos distanciamentos, foi-me indicado o caminho para a minha mesa de votação. Caminhos bem definidos e com setas bem visíveis, mas nunca faltaram colaboradores da organização, com predominância de jovens, na ajuda a quem ia chegando. Exercido o cumprimento do meu dever, enquanto cidadão, regressei a casa. 
Este meu escrito tem por finalidade agradecer aos responsáveis pela organização, nomeadamente à Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, mas ainda a todos os que colaboraram neste ato democrático, e muitos foram, pela forma gentil, eficiente e disponível como serviram a nossa comunidade. 
Um bem-haja a todos. 

F. M. 

O Presidente Marcelo foi reeleito



Marcelo Rebelo de Sousa venceu as eleições presidenciais. Era o esperado e desejado pela maioria dos portugueses. Sem se preocupar muito com a campanha eleitoral, sem despesas de maior, sem cartazes nem preocupações e muito tranquilo deixou a léguas os outros candidatos. Ganhou muito mais poder para a sua intervenção política e mais simpatias para voltar ao seu mundo de afetos. Há quem não goste, mas eu gosto bastante de um Presidente que sabe, como poucos, viver a proximidade. 
O Presidente Marcelo é um homem bom, culto, solidário, inteligente, humanista, sensível ao sofrimento, capaz do diálogo a toda a hora, espontâneo nos afetos, natural nos relacionamentos institucionais  e em representação de Portugal, no estrangeiro, dignifica o país e a nossa gente. 
Deste meu recanto, desejo ao Presidente Marcelo as maiores venturas com muita saúde. 

Fernando Martins 

domingo, 24 de janeiro de 2021

A força de um boletim de voto

"Um boletim de voto tem mais força que um tiro de espingarda."

Abraham Lincoln (1809-1865), 
16.º Presidente dos Estados Unidos

Publicado em Escrito na Pedra no PÚBLICO de hoje

Nota: Por esta razão, mas não só, hoje saí de casa para votar, apesar de levar à risca a norma do confinamento. A ideia de alguns candidatos vencerem as eleições para ocuparem o mais alto cargo da hierarquia do Estado justificou o meu esforço.

Vivemos no tempo, não na eternidade

Crónica de Bento Domingues 
no PÚBLICO


«É na Igreja, a comunidade dos baptizados, que tanto homens como mulheres podem ser convocados para determinados serviços e encargos. Não são nem as mulheres nem os homens que podem atribuir-se, a si próprios, essas funções como se fosse um direito.»

1. Algumas pessoas telefonaram-me para dizer que o 3.º ponto da minha crónica do Domingo passado não respeitava nem o Papa Francisco nem João Paulo II. Chamava bilhetinho desnecessário e, por isso, irónico à Carta Apostólica, Spiritus Domini, do Papa Francisco. Insinuava que Bergoglio recorria a esse estilo por causa da Carta Apostólica de João Paulo II, Ordinatio Sacerdotalis (22.05.1994), da qual deixei apenas a conclusão: “A ordenação sacerdotal, mediante a qual se transmite a função confiada por Cristo aos apóstolos, de ensinar, santificar e reger os fiéis, foi reservada sempre, na Igreja Católica, exclusivamente aos homens.”
Poderia ter sido útil avisar que esta referência se inscreve nas declarações de Paulo VI, de João Paulo II e nos comentários dos Prefeitos da Congregação para a Doutrina da Fé, J. Ratzinger e L. Ladaria. No entanto, o sentido eclesial das minhas intervenções exige o exercício responsável da liberdade, sem o qual o debate teológico não tem qualquer sentido.
Exprimi uma preocupação que é também um desafio. As mulheres lutam, na sua diferença, por um estatuto igual ao dos homens na vida familiar, profissional, cívica, cultural e política. Muitas queixam-se de que, no interior da Igreja católica, a sua diferença é afirmada pela exclusão. Por serem mulheres não são chamadas para exercer os ministérios ordenados que, na organização actual, resultam do sacramento da Ordem e do qual dependem os diáconos, os presbíteros e os bispos.

sábado, 23 de janeiro de 2021

Um sábado para esquecer


Este sábado é um dia para esquecer. O tempo até parece que me bloqueia o cérebro, deixando-me obviamente apático, mas não indiferente à vida. Tenho os pés assentes na terra e estou compenetrado sobre as minhas obrigações cívicas, mas não só. Amanhã, apesar de confinado, quero contribuir para a eleição do Presidente da República (PR). E face à campanha eleitoral que já acabou, felizmente, não terei dúvidas sobre a importância do meu voto. 
Confesso que fiquei muito incomodado com o baixo nível do comportamento de alguns candidatos. Não quero perder tempo com o que alguns exibiram de falta de educação, de ódios pessoais, de desconhecimento das funções do PR, de promessas utópicas, de irrealismo quanto ao país que somos e que desejamos mais desenvolvido a todos os níveis, sem descurar o apoio urgente aos mais desfavorecidos. 
A abstenção elevada pode ser um trampolim para os menos capazes, a serem eleitos,  nos representarem com dignidade e saber. Eu, por isso, quero mesmo votar. 

Fernando Martins

Prior João Ferreira Sardo

Ruas e alamedas da Gafanha da Nazaré


Homenagem do Povo ao seu  primeiro Prior,  
no Jardim 31 de Agosto



João Ferreira Sardo nasceu na Gafanha da Nazaré, filho de João Ferreira Sardo e Clara de Jesus, a 1 de setembro de 1873. 
Frequentou o Seminário Maior de Coimbra, onde, segundo o Padre José Fidalgo, seu sobrinho-neto, foi um aluno notável. Ordenado, a 30 de julho de 1898, foi logo nomeado Capelão da comunidade da Gafanha da Nazaré, funções que exerce até 10 de setembro de 1910, data em que é nomeado Pároco Encomendado da nova freguesia da Gafanha da Nazaré. Esta comunidade pertencia a S. Salvador, tendo a ação e o grande empenho do Prior Sardo sido fundamentais no processo de criação da nova freguesia. 
A sua ação evangelizadora não se ficava pelo plano meramente espiritual, desempenhando um papel fundamental no progresso da vida quotidiana da sua comunidade. São inúmeros os testemunhos que encontramos nos sermões religiosos, onde incitava a hábitos de vida mais saudáveis por parte da população, fundamentando que uma casa limpa significava uma alma purificada. 
Para auxiliar nesta missão de construção de uma Gafanha próspera fundou, em 1902, a Irmandade de Nossa Senhora da Nazaré e, em 1904, o Apostolado da Oração. 
A sua ação ao serviço da Gafanha e da sua população não se restringiu unicamente ao serviço religioso, sabemos que era proprietário e gerente de uma empresa de bacalhau e que foi autarca. 
Politicamente, exerceu o cargo de Vice-presidente da Câmara Municipal de Ílhavo, tendo mesmo assumido a Presidência interinamente nos períodos de 27 de março de 1909 a 2 de janeiro de 1910 e depois de 4 de julho de 1910 a 4 de setembro de 1910. Neste seu período, enquanto autarca, é de notar a construção da antiga estrada que ligava o Matadouro Municipal da Gafanha de Aquém à Cale da Vila, tendo assumido o pagamento desta obra quando esteve à frente da edilidade. 
Em 1910, inicia a dinamização da construção da Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré, que, segundo a sua opinião, deveria ocupar o centro geográfico do lugar. Esta será inaugurada a 14 de janeiro de 1912. 
Antes do seu falecimento, a 25 de julho de 1921, benzeu o Cemitério, onde veio a ser sepultado, após a sua morte a 20 de dezembro de 1925.

Informação Memorial sobre o Topónimo

O Prof.º Fernando Martins, refere num artigo que assina no blog da Paróquia da Gafanha da Nazaré, que a «A Alameda Prior Sardo é uma justa homenagem ao primeiro gafanhão que concluiu um curso superior e que desempenhou, nesta sua e nossa terra, um papel relevante a nível religioso, social, cultural, administrativo e até político».


Informação Histórica do Topónimo


1. Trabalho elaborado pelo CDI (Centro de Documentação de Ílhavo), integrado no projeto "Se esta rua fosse minha";

2. Na Gafanha da Nazaré, uma das muitas homenagens que encontramos ao primeiro pároco da freguesia, é a Alameda Prior Sardo. Encontra-se referida no Plano Geral de Urbanização das Gafanhas (1984).

O Papa Francisco e o desporto. 3

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

'Mais vale uma derrota limpa do que uma vitória suja.' Desejo isto para toda a gente, não só para o mundo do desporto. É a forma mais bela de jogar a vida com a cabeça erguida. Que Deus nos conceda dias santos. Por favor rezem por mim, para que não desista de treinar com Deus."


Os jornalistas da Gazzeta dello Sport perguntaram-lhe se tinha pensado em escrever uma encíclica sobre o desporto. Francisco: "Explicitamente não, mas há muitos elementos dispersos nas minhas intervenções, sugerindo, por exemplo, como o desporto pode ajudar ou pelo menos dar um contributo para a globalização dos direitos. A cada quatro anos há os Jogos Olímpicos, que podem servir de farol para os navegantes: a pessoa no centro, a pessoa orientada para o seu desenvolvimento, a defesa da dignidade de todas as pessoas. Contribuir para a construção de um mundo melhor, sem guerras nem tensões, educando os jovens através do desporto praticado sem discriminações de nenhuma espécie, num espírito de amizade e de lealdade."
Jogos Olímpicos. "O lema olímpico Citius, Altius, Fortius (Mais veloz, Mais alto, Mais forte) é belíssimo. Com os cinco círculos e a chama olímpica é um dos símbolos dos Jogos. Não é um convite à supremacia de uma equipa sobre a outra, ainda menos a uma espécie de incitamento ao nacionalismo.
É uma exortação aos atletas, para que tendam a trabalhar sobre si mesmos, superando de modo honesto os seus limites, em ordem a construir algo de grande, sem se deixar bloquear por eles. Tornou-se uma filosofia de vida: o convite a não aceitar que alguém assine a vida por nós."

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