terça-feira, 18 de agosto de 2020

É o tempo que temos

Praia do Farol (foto do meu arquivo)

Acordei hoje com o tempo chuvoso e algum frio a compor o ramalhete de um Agosto nada gostoso. É o tempo que temos neste Verão de confinamentos e ameaças à nossa ânsia de viver. Um amigo disse-me há dias, quando saudei, ao que julgo, as férias a que tínhamos direito na época estival, que, quanto a estações do ano, por cá, apenas temos duas: O Inverno e a da CP, em Aveiro. Realmente, é o que estamos a sentir. É claro que nós ainda temos capacidades para aproveitar uns dias de sol, de vez em quando, levando os outros dias a pensar na forma de lhes dar a volta. Cá por mim, refugiado nos meus cantos e recantos, fico na expetativa de ver o sol a brilhar, aproveitando-o ao máximo para retemperar o ânimo. Venha ele que eu cá estarei para o saudar, se Deus quiser.

AVEIRO: Rotunda do Marnoto

 

Quem sai da Gafanha da Nazaré, tendo por destino a cidade de Aveiro, não pode deixar de contemplar a rotunda dedicada ao Marnoto, figura ímpar da paisagem lagunar. Era ele quem superintendia no amanho da salina ou marinha de sal, contratando, para isso, os moços, na abertura da Feira de Março. O marnoto chegava, olhava quem andava por ali à espera de ser contratado para a safra, apreciava a eventual capacidade física dos candidatos e com um aperto de mão selavam o acordo. Outros tempos. 

segunda-feira, 17 de agosto de 2020

São Salvador: 110 anos de actuação


«Junta de Freguesia de São Salvador, em Ílhavo, lançou-se, no ano passado, num projecto de recuperação, conservação e organização do seu arquivo e de outra documentação que se encontra na sua posse, dos finais do século XIX até à actualidade. O projecto, que teve o seu início em Maio de 2019 e foi recentemente apresentado, tem como objectivo colocar ao serviço da comunidade um conjunto de fontes históricas que “de outro modo permaneciam desconhecidas ou perdidas definitivamente”. O Diário de Aveiro falou com Hugo Calão, que está à frente do projecto, e que deu conta de que há muito trabalho por fazer nesta área no distrito.

Diário de Aveiro: Como surgiu a ideia de recuperação, conservação e organização do arquivo e outra documentação da Junta de Freguesia?

Hugo Calão: A ideia surgiu da preocupação da Junta de Freguesia de Ílhavo, e do seu presidente, João Campolargo, em estabelecer um projecto de organização arquivística com o propósito de conhecer e salvaguardar o espólio documental, uma preocupação de longa data. O seu principal objectivo seria colocar ao serviço da comunidade, científica e cultural, actual e vindoura, as fontes históricas da sua actuação na freguesia que, de outro modo, ficariam desconhecidas ou possivelmente perdidas definitivamente.»

Nota: Texto e foto do Diário de Aveiro online. 

Ler  no Diário de Aveiro em papel 

Um profeta do contágio - David Quammen

Carlos Fiolhais recomenda


«Como é que Quammen previu, no seu livro de há oito anos, a actual pandemia? No seu website diz com alguma modéstia que não foi ele, mas sim os especialistas com quem falou. Tem razão. Mas o seu mérito foi ter estado com as pessoas certas nos lugares certos. Sim, a probabilidade era grande de haver uma nova pandemia causada por um vírus passado de animais para humanos, uma mensagem, bem clara no livro, que o autor resume no seu site do seguinte modo: “Sim, haverá uma Próxima Grande Pandemia. Será causada por um vírus. Esse vírus será novo para os seres humanos, saindo de um animal selvagem. Que tipo de animal? Muito possivelmente um morcego. Que tipo de vírus? Muito possivelmente, um vírus influenza ou um coronavírus. Sob que circunstâncias o vírus entraria nos seres humanos? Alguma situação de contacto próximo e desastroso entre humanos e animais selvagens - como no interior ou perto de um mercado de animais vivos na China, por exemplo.”»

Ler o texto de Carlos Fiolhais (Físico) aqui  ou aqui 

Morreu o nosso “Mascarilha”



Talvez por distração, um dos nossos gatos, o “Mascarilha”, morreu atropelado numa das ruas da Gafanha da Nazaré. Talvez por distração, porque era um gato vadio, daqueles que dificilmente dão a mão porque preferem andar de um lado para o outro, sem lei nem roque. Mas o “Mascarilha”, assim batizado pela nossa filha Aidinha, por ter os olhos rodeados de sombras, tipo máscara, talvez próprio da raça, já estava um pouco familiarizado com a Lita, que diariamente lhe dava comida sadia e água límpida. Gostava de dormir a sua soneca num recanto qualquer, dentro de casa ou arredores, brincava que se fartava e trepava as árvores com uma velocidade estonteante. Mas era um animal muito sensível, pois vomitava quando comia o que não devia. 
No fundo, apesar de vadio, o “Mascarilha” criou raízes por aqui e todos gostávamos de o ver, de lhe dirigir piadas, de o estimular a viver em sociedade, convivendo com os demais. Porém, às vezes irritava-se com algum gato de quem não simpatizava. Depois de andar por aí, regressava ao seu poiso habitual. Mas há dias não veio e a Lita bem o procurou e chamou, correu arredores e buscou em zonas menos acessíveis... e nada. E garantiu com o dom de quem conhece hábitos e manias dos gatos que acolhe:
— O “Mascarilha” desapareceu... se calhar morreu ou roubaram-no, por ser bonito e ter bom porte. 
Não acreditámos e até dissemos que o gato devia aparecer mais dia menos dia. Mas nada. 
Vai daí, a Lita foi à cata dele pela vizinhança e acabou por ficar a saber que um gatinho tinha sido atropelado não muito longe da nossa residência. 
— Seria ele?...
A vizinha já o tinha enterrado no seu quintal, convencida como estava de que era um puro vadio. 
A Lita quis identificar o gato enterrado  com os seus próprios olhos. Os vizinhos e amigos, percebendo o seu desgosto, resolveram desenterrar o gato. Era, realmente, o “Mascarilha”. Entregaram-lhe o seu cadáver para ser sepultado no “cemitério” de animais que temos no nosso quintal. A Lita ficou mais tranquila, mas muito dorida. E  já se virou para os demais gatos que vivem por aqui. Mas o “Mascarilha” não sairá da sua e nossa memória tão cedo. 

Fernando Martins

Sinaleira atenta




A palmeira, firme e com sinais de vida, ali está como sinaleira atenta e delicada para anunciar aos automobilistas que é preciso circular com redobrada atenção porque a pressa pode ser perigosa. Devagar que tenho pressa, diz o velho ditado. E um outro garante que Devagar se vai ao longe... 

domingo, 16 de agosto de 2020

Câmara de Ílhavo prepara livro de receitas de bacalhau



«No dia em que começaria a edição deste ano do Festival do Bacalhau (12 de agosto), entretanto cancelada, a Câmara Municipal de Ílhavo regista o avanço de um projeto que mantém o fiel amigo no centro das atenções, nesta altura do ano. Isto porque está em desenvolvimento um livro de receitas de bacalhau e, hoje, chega ao fim um mês de gravações em vídeo da confeção de pratos e petiscos de bacalhau, preparados pelas 14 associações, que todos os anos participam no Festival do Bacalhau.
Este projeto, que inclui o livro de receitas e a coleção de 14 vídeos, está a ser realizado em parceria com as 15 associações, que são responsáveis pelos espaços de restauração do evento (restaurantes, bares e padarias), com bacalhau fornecido pelas sete empresas oficiais da edição de 2019.» 

Fonte: CMI 

NOTA: Ora aqui está uma iniciativa interessante sobre receitas de bacalhau... Diz-se que há imensas maneiras de preparar a degustação do "fiel amigo". Pois a nossa autarquia concelhia não se ficou pela conversa e vai avançar com mais umas tantas receitas que serão, obviamente, diferentes, por isto ou por aquilo, ou seja, bem ao gosto das instituições que costumam participar no Festival do Bacalhau. Depois veremos... 

RETALHOS: Eça de Queiroz


«Jacinto, bondoso, acudiu:
— Não, tudo se arranja, Melchior. Por uma noite!... Até gosto mais de dormir em Tormes, na minha casa da serra! Saímos ao terreiro, retalho de horta fechado por grossas rochas encabeladas de verdura, entestando com os socalcos da serra onde lourejava o centeio. O meu Príncipe bebeu da água nevada e luzidia da fonte, regaladamente, com os beiços na bica; apeteceu a alface rechonchuda e crespa; e atirou pulos aos ramos altos de uma copada cerejeira, toda carregada de cereja. Depois, costeando o velho lagar, a que um bando de pombas branqueava o telhado, deslizámos até ao carreiro, cortado no costado do monte. E andando, pensativamente, o meu Príncipe pasmava para os milheirais, para os vetustos carvalhos plantados por vetustos Jacintos, para os casebres espalhados sobre os cabeços à orla negra dos pinheirais.» 

Eça de Queiroz, 
"Cidade e as Serras”, 
página 141 da edição que possuo

NOTAS:  

1. Com esta nova rubrica, pretendo sugerir leituras de livros que fazem parte da minha biblioteca e que, ao longo da vida, me deixaram marcas indeléveis;
2. Eça de Queiroz faleceu neste dia, 16 de Agosto, do ano  1900, em França. 

ANDANÇAS - Padeira de Aljubarrota

14 de agosto de 1385



A história da Padeira de Aljubarrota fascinou-me na minha infância, época em quer éramos educados para a aceitação dos heróis, reais ou imaginados. A Padeira de Aljubarrota, que liquidou uns tantos castelhanos que, fugindo da batalha de Aljubarrota, onde foram derrotados pelas tropas do futuro rei D. João I e do seu grande aliado, Nuno Álvares Pereira, ficou na minha memória para sempre. Quando passei por lá, há bons anos, registei a façanha de Brites de Almeida, mulher barbuda, muito feia e com seis dedos em cada mão, que, com determinação, exibe, no monumento que lhe foi erguido, uma senhora pá...

NOTA: Evoco hoje, 16 de Agosto, aquela efeméride, por só nesta data retomar a minha intervenção na blogosfera. 



A VIDA CONTINUA PELA POSITIVA



Hoje, domingo, reconheço a necessidade de ter uma vida ocupada, que o tédio não é aconselhável para ninguém, muito menos para um homem de idade avançada, que é o meu caso. Há dias, na intimidade da celebração do 55.º aniversário do meu matrimónio com a Lita, surgiu a hipótese de encerrar algumas atividades ligadas ao meu modo de viver, já com alguns anos. Contudo, depois de refletir e de trocar impressões com quem me cerca, cheguei à conclusão de que ganharei mais saúde se me mantiver atento ao mundo e nele envolvido. Prescindi, portanto, de levar por diante a ideia, fugaz embora, de nada fazer. 
O corpo e o espírito precisam realmente de trabalho, de preocupações, de vida com ritmo, de projetos e de desafios fundamentais aos sentidos, ao gosto pela novidade, ao prazer de conhecer e de descobrir, à sede de saber e à vontade de prosseguir viagens que alimentem a alma. Assim, o meu blogue continuará ativo por minha decisão. A caminhada prossegue...
Boa semana para todos.

Fernando Martins

sábado, 15 de agosto de 2020

BENTO XVI. UMA VIDA. 2

Crónica de Anselmo Borges 



Como estudante de Teologia, J. Ratzinger destacou-se entre todos e viveu esses anos mergulhado na grande ebulição teológica que se seguiu à Guerra, preparando um novo futuro para a Igreja. A orientação era o diálogo entre a fé e a razão, a racionalidade e a beleza, o diálogo ecuménico, a “Nova Teologia” ..., seguindo a verdade, porque “a renúncia à verdade não resolve nada, pelo contrário, leva à ditadura do arbitrário”.
Foi ordenado padre com o irmão no dia 29 de Junho de 1951. Tornou-se capelão, ouvindo confissões aos Sábados durante 4 horas e aos Domingos celebrando duas Missas e duas ou três pregações. Doutorou-se em Julho de 1953 com uma dissertação sobre “Povo e Casa de Deus na doutrina de Agostinho sobre a Igreja”. Ficou uma palavra marcante de Santo Agostinho, ao definir a Igreja como “Povo de Deus espalhado pela Terra”.
Para poder realizar o seu sonho de fazer carreira como Professor de Teologia, preparou uma tese de habilitação (Habilitationsschrift) sobre a revelação: Offenbarung und Heilsgeschichte nach der Lehre des heiligen Bonaventura (Revelação e história da salvação segundo a doutrina de São Boaventura). Os dois exemplares exigidos foram entregues na Faculdade de Teologia Católica da Universidade de Munique no Outono de 1955. Aí, começou um drama de abismo. Michael Schmaus comunicou de modo seco, “sem qualquer emoção”, que tinha de rejeitar a tese. Foi tal o choque que da noite para o dia o cabelo de Ratzinger ficou grisalho. Teria de deixar a Universidade e, pensando sobretudo nos pais, “seria uma catástrofe, se tivesse de deixá-los na valeta”. Razões para a rejeição, por parte de Schmaus e outros professores: Ratzinger sabe “ligar fórmulas floridas, mas onde está o cerne da questão?”, “evita definições precisas”, é “demasiado emocional”; mais: foi considerado “quase perigoso”, “um modernista”, “progressista”, acabando numa “compreensão subjectivista da revelação”... 

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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