segunda-feira, 20 de abril de 2020

IDOSOS: GENTE QUE AINDA QUER SER GENTE

A propósito do Covid-19


«O que não é normal é o discurso da clausura dos idosos por tempo indeterminado como se gente acima de certa idade, que vive em contextos muito diferenciados, não tivesse autonomia individual, autodeterminação, capacidade de tomar decisões, incluindo a capacidade de escolher quais os riscos de saúde que quer ou não assumir.
Não se pode esperar com enorme tranquilidade que homens e mulheres acima de 65 anos fiquem fechados em casa ou em lares por meses e meses, sem direito ao mundo exterior, sem direito ao afeto, sem direito a escolher. Quando estivermos em período de regresso à normalidade, as pessoas idosas não podem ser condenadas a morrer da precaução. Pelo contrário, temos de as respeitar enquanto cidadãos e cidadãs capazes de fazerem as suas escolhas, livres naquilo que não afete terceiros, gente que ainda quer ser gente.»

no EXPRESSO 

domingo, 19 de abril de 2020

GAFANHA DA NAZARÉ - CIDADE HÁ 19 ANOS

Recanto no Oudinot com navio-museu Santo André e Forte da Barra à vista 
A Gafanha da Nazaré celebra hoje, 19 de abril, o 19.º aniversário da sua elevação a cidade. Sendo certo que esta efeméride evoca um crescimento a vários níveis, não podemos ignorar que a valorização duma cidade segue um processo sem fim à vista... 

Recordemos um pouco de história

Criada freguesia em 23 de Junho de 1910 e paróquia em 31 de Agosto do mesmo ano, a Gafanha da Nazaré é elevada a vila em 1969. A cidade veio em 2001 por mérito próprio. O seu desenvolvimento demográfico, económico, cultural e social bem justifica as promoções que recebeu do poder constituído no século XX, a seu tempo reclamadas pelo povo.
A Gafanha da Nazaré é obra assinalável de todos os gafanhões, sejam eles filhos da terra ou adoptados. De todos os pontos do País, das grandes cidades e dos mais pequenos recantos, muitos chegaram e se fixaram, porque não lhes faltaram boas condições de vida.
A Gafanha da Nazaré é, hoje, uma mescla de muitas e variadas gentes, que, com os seus usos e costumes e muito trabalho, enriqueceram, sobremaneira, este rincão que a ria e o mar abraçam e beijam com ternura.
O Decreto-lei n.º 32/2001, publicado no Diário da República de 12 de Julho do mesmo ano, foi aprovado pela Assembleia da República em 19 de Abril de 2001, registando em 7 de Junho desse ano a assinatura do Presidente da República, Jorge Sampaio.
O povo comemorou a elevação a cidade com muita alegria, precisamente no dia da aprovação, pelo Parlamento, do desejo das autoridades e de quantos sentem esta terra como sua. A legitimidade popular consagrou essa data, 19 de Abril, como data de festa, sobrepondo-se à assinatura do Presidente da República. 
O título de cidade colocou a nossa terra com mais propriedade nos mapas e roteiros. Mas se é verdade que o hábito não faz o monge, temos de reconhecer que pode dar uma ajuda. Como cidade, passou a reivindicar infraestruturas mais consentâneas com esse título, podendo os gafanhões assumir este acontecimento como marco histórico da sua identidade, como cidadãos de pleno direito.

Do livro "Gafanha da Nazaré - 100 anos de vida"

A VIDA TEM DE VOLTAR À NORMALIDADE


Habituados que estamos ao confinamento, nem sei como vai ser quando retomarmos a normalidade, isto é, quando pudermos fazer uma vida com liberdade, dentro dos parâmetros estabelecidos há tantas décadas, como é o meu caso. A ideia que já expressei de que tudo será diferente depois do Covid-19 não me sai da cabeça e tenho dificuldades em compreender como é possível aceitar uma vida sem liberdade plena de sair de casa, de passar por um café, entrar num restaurante, assistir a um espetáculo, visitar amigos ou participar numa cerimónia religiosa... 
Diz-se que a máscara passa a ser peça obrigatória do nosso dia a dia, que evita males maiores, que é fundamental para impedir contágios ou para os provocar... Também se diz que é complicado visitar ou receber amigos porque desconhecemos quem é portador de vírus ou de doenças facilmente transmissíveis. 
Realmente, o futuro é uma incógnita, mas a inteligência humana, que tem resolvido obstáculos aparentemente intransponíveis, saberá dar a volta por cima... E a vida tem de voltar à normalidade. Temos mesmo de acreditar e lutar por isso. 
Bom domingo. 

F. M.

ANTROPOLOGIA DA ESPERANÇA ACTIVA

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

Frei Bento Domingues
«O ser humano é estruturalmente desejo. A antropologia, antes de o tentar explicar, deve saber reconhecê-lo.»

1. De uma descendência de animais, hoje desaparecidos, na qual se incluíam geleias marinhas, vermes rastejantes, peixes viscosos, mamíferos peludos, este neto de peixe, este sobrinho-neto de lesma, tem direito a um certo orgulho de alguém bem sucedido. De uma certa descendência animal, que em nada parecia votada a um tal destino, saiu o animal extravagante que viria a inventar o cálculo integral e a sonhar com a justiça [1].
A este delicioso texto do biólogo Jean Rostand (1877-1977) junto outro mais recente – situado em plena crise provocada pela covid-19 – e um pouco menos eufórico de Arlindo Oliveira, professor do IST:
“A espécie humana tem, do seu lado, uma capacidade única para perceber os mecanismos usados pelas outras espécies. É essa capacidade, a inteligência, que nos distingue dos outros animais e dos outros organismos. É essa capacidade que nos permitirá ultrapassar, sem danos significativos para a civilização, mais esta batalha pela sobrevivência. Que não será a última, nem a mais severa. Outros vírus, outras bactérias e outras doenças, potencialmente mais letais, continuarão a ameaçar a nossa sobrevivência como indivíduos e, no caso mais dramático, como espécie. Mas a inteligência humana coloca do nosso lado um arsenal de capacidade inigualável, que permitirá combater qualquer ameaça desta natureza.

O CONTÁGIO DA ESPERANÇA

Crónica de Anselmo Borges
no Diário de Notícias 

Anselmo Borges
1. Naquele fim de tarde escuro do passado dia 27 de Março, quando a chuva começava a cair, o Papa Francisco, sozinho, concentrado, em passos lentos, quase alquebrado como se transportasse aos ombros a cruz da Humanidade toda, atravessou, em silêncio, uma Praça de São Pedro deserta e subiu os degraus para uma plataforma fragilmente iluminada e rezou, sozinho. Uma imagem que fica na memória de todos quantos assistiram àquela caminhada lenta, uma das imagens marcantes desta catástrofe. A apontar para a solidariedade mundial de todos e para a esperança. E disse: “Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair da noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo de um silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem; pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos.” Aludindo à imagem do Evangelho, acrescentou: “Fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda”. Constatando que “nos demos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados, mas ao mesmo tempo importantes e necessários”, continuou, sublinhando o que desde a deflagração da pandemia tem sido uma constante sua: “Somos todos chamados a remar juntos, todos carecidos de encorajamento mútuo.” “Estamos juntos neste barco”, ninguém poderá vencer a tempestade sozinho, “só conseguiremos todos juntos”. E incutiu esperança e abençoou o mundo: “Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus.” 

sábado, 18 de abril de 2020

MONUMENTOS E SÍTIOS HISTÓRICOS

Farol da Barra de Aveiro
Forte da Barra 
Celebra-se hoje, 18 de Abril, o Dia Internacional dos Monumentos e Sítios Históricos, com o objetivo de alertar as pessoas para a importância dos mesmos, a partir da história que lhes deu e continua a dar vida. É que, como é normal, nem sempre valorizamos os monumentos e os sítios que existem desde há muito, por tão preocupados andarmos com as nossas tarefas quotidianas. No caso concreto da nossa terra, sabemos da existência do nosso Farol e do nosso Forte da Barra, mas passamos ao largo sem ao menos os fixarmos com atenção. E muito menos pensamos na sua divulgação por diversas formas. 
Penso que este Dia Internacional dos Monumentos e Sítios nos deve sensibilizar para a importância da sua conservação e embelezamento circundante, mas também para a necessidade da sua divulgação, pois tudo isso contribuirá para a valorização. 

sexta-feira, 17 de abril de 2020

CARAVELA VERA CRUZ NA GAFANHA DA NAZARÉ


O confinamento dá nisto: Perdemos os habituais horizontes, dando-nos a sensação de nos sentirmos isolados neste mundo que nos tem dado tantos anos de sonhos, alegrias e ânsias de viajar. Não podendo fazê-lo, limitamo-nos aos desejos de dar umas voltas. Quando pudermos...
Viajar é o sonho de muitos de nós, ou não fosse isso uma forma de nos sentirmos parte integrante do universo. Mas deixemos por ora estas minhas deambulações de uma pessoas confinada às paredes de sua casa e aos muros do seu quintal. 
Hoje, ao tentar pôr em ordem o meu principal computador, que me tem incomodado com avaria que me dá cabo da cabeça, já que de informática não percebo nada, encontrei esta foto da caravela Vera Cruz que fez escala na ria de Aveiro a convite da CIRA, em 2009, para formação das crianças das nossas escolas. Recordo que foram lições vivas direcionadas para as viagens oceânicas dos portugueses de há séculos. E aqui fica a Caravela que ainda deve permanecer na memória dos alunos e professores que a visitaram.

F. M. 

JESUS ESTÁ VIVO NO MEIO DE NÓS

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Domingo da Divina Misericórdia

Jesus ressuscitado realiza várias iniciativas para desvendar aos discípulos, e por eles, a toda a humanidade, a novidade do seu ser e do seu agir: Encontros pessoais e comunitários, marchas e refeições, diálogos e provações. Presenças surpreendentes, ausências súbitas e apresentação das cicatrizes da paixão. Hoje, o relato do Evangelho oferece-nos uma “amostra” de algumas destas iniciativas que realçam a sua divina misericórdia. (Jo 20, 19-31).
A desolação dos discípulos contrasta fortemente com a coragem de Jesus ressuscitado. Eles, amedrontados, estão refugiados em casa trancada, a temerem o que lhes podia acontecer na sequência da condenação do seu Mestre. Este, destemido, apresenta-se no meio deles, sereno e ousado, e saúda-os amigavelmente, desejando-lhes a paz. O contraste não pode ser mais radical e provocador. A atitude de Jesus surpreende-os completamente e deixa-os expectantes. Eles ainda não o haviam reconhecido. Que carga de medo inibidor! Que urgência da “purificação” do coração e da mente para iniciar o caminho da fé no ressuscitado! Que importância atribuída à jovem comunidade reunida em assembleia neste “arranque” decisivo!
“Normalmente vemos e cremos. Esse é o nosso processo de encontro com a realidade, afirma o Cardeal Tolentino de Mendonça no comentário a este Evangelho. O Ressuscitado, inaugura uma nova metodologia. Devemos crer para poder ver. Devemos não tocar para poder tocar. Devemos aceitar o silêncio e a distância para viver de verdade a nova relação que nos traz a Páscoa”.

quarta-feira, 15 de abril de 2020

A CHUVA E O FRIO


Eu aceito a chuva como fundamental à vida. Sem ela, os campos ficariam tristes, desolados, ressequidos, estéreis. Chuva, sim, com conta peso e medida, nas épocas próprias, um pouco, se fosse possível, ao jeito do velho ditado que diz “Sol na eira e chuva no nabal”. Mas do frio tenho um medo que me pelo. Com ele, sofro imenso e fico sem saber que pensar e dizer. 
Hoje, chuva agora e logo um ar do rei sol, lembrei-me dos tempos em que, de bicicleta ou motorizada, normalmente de regresso a casa, apanhava molhas de tal monta que só com a ajuda da minha saudosa mãe conseguia livrar-me da roupa encharcada. A velha estrada de Aveiro à Gafanha da Nazaré era desabrigada e não havia qualquer hipótese de escapar da chuva, muitas vezes tocada por ventos fortes próprios do inverno. Só por sorte conseguíamos um deficiente abrigo encostados aos palheiros das marinhas. E mesmo entre a Cale da Vila e a Cambeia, lugar onde morava, não havia forma de sair ileso. Hoje, seria quase impensável. Muitos alunos, presentemente, podem contar com o apoio dos pais, sobretudo dos que possuem carro próprio. 

F. M. 

GAFANHA DA NAZARÉ NA CAPA DO CORREIO DO VOUGA



A capa do "Correio do Vouga", órgão oficial da Diocese de Aveiro, ofereceu aos seus leitores um conjunto de fotografias tiradas nas ruas da Gafanha da Nazaré, dando a informação de que «as famílias foram convidadas a pôr uma cruz nas suas casas a partir do Domingo de Ramos.» Há gestos que merecem ser sublinhados, como foi o caso. E o responsável pela edição do semanário diocesano mostra que é um jornalista atento e sensível.
Como é notório, o meu digitalizador não foi capaz de apanhar toda a capa. 

DEUS JÁ ACOLHEU EDUARDO RODRIGUES

O diácono permanente Eduardo Rodrigues foi ordenado em 15 de Agosto de 1993, com 68 anos, por D. António Marcelino, juntamente com mais sete colegas. Era o mais idoso dos ordenados nesse dia. 
Natural e residente em Tamengos, dedicou toda a sua vida de diácono a servir as paróquias do Arciprestado de Anadia. Foi colaborador do Padre Rei na paróquia da Moita, além de ser o grande timoneiro das paróquias confiadas ao Padre Vilarinho, durante a prolongada doença deste, que o obrigou a ausentar-se para a Gafanha da Nazaré, onde faleceu. 
Colaborador incansável do Pároco de Arcos, Tamengos e Aguim — Padre Torrão —, tinha ainda a responsabilidade do cartório destas paróquias, além de ser o responsável da pastoral sócio-caritativa do Arciprestado. 
Até ao momento em que a falta de vista e de equilíbrio o obrigou a deixar as funções pastorais, por volta de 2012, era um dos diáconos mais assíduos à formação permanente, sendo apreciado pela partilha das suas reflexões escritas, bem elaboradas, pois tinha muito gosto em escrever numa prosa bastante erudita. 
Confinado à sua residência até que, há mais ou menos cinco anos, teve de ir para o Lar da Moita com a esposa. O seu estado de saúde foi-se agravando com Alzheimer, mas quis voltar para a sua residência, onde foi assistido pelo Lar cerca de dois anos. 
Faleceu na sua casa com 95 anos no dia 13 de Abril e o seu funeral, com a presença do nosso Bispo, D. António Moiteiro, realizou-se no dia 15 para o cemitério de Tamengos. 
Que o Senhor o recompense com a Sua glória, por tudo o que fez pelas gentes das terras de Anadia, onde era muito considerado.

Manuel Carvalhais, 
Diácono Permanente

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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