terça-feira, 3 de março de 2020

A Natureza precisa de nós – Nós precisamos da Natureza

Notas do meu diário

Aldeia caramulana 
Falo muito da natureza, mas não sinto o seu pulsar como gostaria com frequência. Houve tempo em que acampava em aldeias, com serras à vista, em margens de rios os nos arredores de vilas e cidades com história, conheci pessoas de diversas origens e estratos sociais, apreciei marcas de séculos e arejei as ideia... no encontro e reencontro de paisagens de milénios. 
A natureza envolvia-me sobremaneira com a sua pureza alheia à mão do homem e endurecida por calores tórridos e invernos rigorosos, oferecendo a quem ousa embrenhar-se nela água pura e ar lavado, deixando convites para novas visitas, nunca admitindo que um dia o progresso poderia estragar tudo. 
Conviver com a natureza é comungar paz e fraternidade no dizer do Santo de Assis, reconhecer a beleza da harmonia, beber o sentido do divino e perceber que está em nós o dom de receber o bem que urge partilhar. E se nós precisamos da natureza também a natureza precisa de nós. 

F. M. 

segunda-feira, 2 de março de 2020

Salinas - Espelho do céu?



Há anos, olhando as salinas de qualquer ângulo, elas eram, de facto, as janelas do céu, com cabanas cobertas de colmo e cones de sal cristalino a embelezarem as nossas paisagens. No sábado, do comboio a correr para o Porto de Aveiro, em dia de inauguração, a objectiva do João Marçal captou esta imagem que reflecte desolação. Não será de ter pena?

Março de 2010

domingo, 1 de março de 2020

O Douro fica sempre na alma de quem o visita

De um passeio ao Douro 
11 de Setembro de 2008



“Nenhum outro caudal nosso corre em leito mais duro, encontra obstáculos mais encarniçados, peleja mais arduamente em todo o caminho…
Beleza não falta em qualquer tempo, porque onde haja uma vela de barco e uma escadaria de Olimpo ela existe.”

Miguel Torga, 
in “Portugal”

Ler o que então escrevi aqui 

Ares de Inverno - O triste-belo


Os ares de inverno, com frio e chuva, ofereceram-me esta imagem com o seu quê de expressivo. Sinto a invernia, que tarda em desaparecer, mas é possível perceber o triste-belo, 
Bom domingo.

Não bastam palavras


"O documento do Papa é longo e magnífico em quase tudo. Para não ficar só em palavras, precisava de uma decisão urgente que não aconteceu."

1. As concepções de Igreja que deformaram o Evangelho de Cristo, durante séculos, foram muito alteradas no Vaticano II (1962-1965), mas não foram apagadas. Tiveram muitas reaparições depois, como aliás já comecei a referir no Domingo passado. Por exemplo: o cardeal Jan Pieter Schotte (1928-2005) foi, no pontificado de João Paulo II, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos de 1985 até 2004. Ao falar do Direito Canónico já revisto, declarou: “Não vos enganeis, na Igreja católica, um pároco não tem de prestar contas a ninguém salvo ao seu bispo; um bispo não tem de prestar contas a ninguém salvo ao Papa; o Papa não tem de prestar contas senão a Deus.” Uma declaração destas justifica a observação de Bergoglio, segundo a qual “o clericalismo engendra uma divisão no corpo eclesial”.
O citado cardeal continuou, mesmo depois do Vaticano II, dependente da ideologia do Papa Pio X que, em 1906, descreveu a Igreja como uma “sociedade de essência desigual que compreende duas categorias de pessoas: os pastores e o rebanho. (…) Essas categorias são tão claramente distintas entre si que só no corpo pastoral residem o direito e a autoridade necessários para promover e dirigir todos os membros rumo às finalidades sociais; e que a multidão não tem outro dever senão o de se deixar guiar e de seguir, como um dócil rebanho, os seus Pastores”.

O Sagrado e suas configurações (2)

Crónica de Anselmo Borges 
no Diário de Notícias

Dou continuação à crónica da semana passada.
A pessoa religiosa refere-se sempre ao Sagrado, à Ultimidade, que, pela sua própria definição, não pode alcançar, menos ainda dominar ou possuir. Percebe-se, pois, que o Sagrado seja figurado e representado de múltiplas formas.

1. Uma das figuras ou representações é a de o Ser supremo. Aparece, portanto, como o Deus celeste, criador e senhor das criaturas.

2. Quanto ao politeísmo (vários deuses e deusas), houve quem o interpretasse como uma degenerescência ou queda do monoteísmo. De facto, é preciso saber que o monoteísmo em sentido estrito é recente, mas isso não significa que haja religiões propriamente politeístas. Penso que o politeísmo é sobretudo a atribuição da Força divina originária a várias divindades, que aparecem como suas "personificações". Atente-se, por exemplo, no politeísmo grego e romano, talvez os mais conhecidos.

3. No quadro de tentativas de compreensão do mal, surgiram representações dualistas - pense-se no mazdeísmo, gnosticismo e maniqueísmo. Mas dificilmente se poderá dizer que haja um verdadeiro dualismo no sentido de dois princípios simétricos e supremos. Pode é dar-se uma espécie de luta no interior do Uno, com expressão no mundo e na História, que seriam a continuação desse combate a caminho da reconciliação e da vitória do Bem. No fim, o Bem triunfará.

Gafanha da Nazaré - Pesca do Bacalhau



Fonte: Arquivo do Distrito de Aveiro - 1935

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

Teresa Machado deixou-nos o seu exemplo de tenacidade

Teresa Machado com seu filho e Rosa Mota na Junta de Freguesia, onde foi homenageada
Faleceu hoje a atleta olímpica Teresa Machado. Todos ficámos mais pobres, mas o seu exemplo de tenacidade e espírito de vitória permanecerão connosco, os que tivemos o privilégio de a conhecer e admirar. Perdemos nós e perdeu o desporto nacional, porque uma campeã deste nível não surge todos os dias... Apesar dos limitados apoios e dos parcos recursos de treino, Teresa Machado atingiu pódios só alcançáveis pelos maiores do mundo. Valeu-lhe, garantidamente, também, o saber e o incitamento do seu treinador, Júlio Cirino, que soube indicar-lhe as portas dos grandes êxitos. 
Neste momento de luto, sentimos ser nossa obrigação desejar que a semente dos seus triunfos crie raízes e cresça nesta terra, e não só, onde nasceu para a vida e para o atletismo, apostando forte em atingir altos voos à custa de uma determinação cujos limites só estariam ao alcance dos atletas privilegiados. 
Aos familiares, em especial seu marido e filho, apresentamos sentidas condolências.

NOTA: O funeral realiza-se no domingo, 1 de março, na Gafanha da Nazaré, pelas 11 horas.

Ler entrevista que me concedeu em 2009

Ler sobre a homenagem

A CAMINHO DA PÁSCOA

Reflexão de Georgino Rocha 
para o Primeiro Domingo da Quaresma 


DE CORAÇÃO PURIFICADO, ACOMPANHEMOS JESUS

“A Páscoa de Jesus não é um acontecimento do passado: pela força do Espírito Santo é sempre atual e permite-nos contemplar e tocar com fé a carne de Cristo em tantas pessoas que sofrem”, afirma o Papa Francisco na mensagem para a Quaresma que estamos a viver.
Ao longo dos próximos domingos iremos meditando diversos passos do percurso feito por Jesus até Jerusalém onde é condenado como malfeitor pela autoridade romana e, na manhã de Páscoa, ressuscitado por Deus Pai como o vencedor da morte por amor.
Hoje, a liturgia apresenta-nos o Evangelhos das tentações. Mt 4, 1-11. Após o baptismo, ainda antes de iniciar a missão pública, Jesus vê confirmada a sua dignidade de Filho de Deus que o Tentador questiona e pretende comprovar.
Mateus – o narrador do episódio – elabora um diálogo atraente, que é uma verdadeira catequese, sobre como proceder perante as tentações. O Papa Francisco diz que com o diabo não se dialoga, mas responde-se com a Palavra de Deus. Assim faz Jesus.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Turismo: Casas flutuantes na Ria de Aveiro


A Ria de Aveiro é um rincão sedutor para o turismo. Sempre a conheci atraente para os residentes nas suas margens, mas também para visitantes e turistas com olho para o diferente. O espelho de água, sereno por norma, e os ventos à medida para velas de embarcações típicas, com moliceiros a comandar as frotas, mais as paisagens que tudo rodeiam são desafios para os empreendedores turísticos e para o povo que gosta de ver valorizada a laguna. 
Há projetos em marcha para breve, como dá conta o PÚBLICO. Então, em Abril, os amantes da Ria já poderão passar uns dias numa casa flutuante, com tudo o que ela poderá oferecer, penso eu: dormida com jeito do balancear de berço para um descanso mais tranquilo e o sabor a maré dos petiscos regionais. 

Ler aqui e aqui

As amizades são para a vida

Sinto-me muito bem com as minhas amizades, até porque as vou assumindo para a vida. Algumas vêm da infância e juventude e outras vão surgindo ao sabor da maré ou dos ventos que nos refrescam as ideias. Algumas, porém, são levadas pelas ventanias sem me aperceber… e muitas resistem a todos os temporais. 
As amizades, quando o são na sua plenitude, resistem a tudo e, mais do que isso, vão-se consolidando com o passar dos anos. E eu gosto muito de sentir que tenho inúmeros amigos. 
Nas minhas amizades, não há políticas que as perturbem nem cores clubistas, por mais “fanáticas” que sejam, que as toldem, nem opções religiosas que possam suscitar controvérsias. Aceito os amigos como são: cultos ou iletrados, artistas ou nem por isso, intelectuais os semianalfabetos. Exijo apenas que sejam sérios, tolerantes, compreensivos, leais, autênticos no seu pensar e viver, fraternos. 
As amizades são riquezas que devemos cultivar, regando-as com a franqueza, com a verdade, com o respeito mútuo. 
As amizades, as autênticas amizades, são mesmo para a vida. 
Um abraço para todos os amigos… 

Fernando Martins

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