domingo, 19 de janeiro de 2020

Despoluir a natureza e a Igreja

Crónica de Bento Domingues no PÚBLICO

Sem o sentido do sagrado, do mistério, sem sabedoria e ética, 
consentimos, dia a dia, em degradar a natureza que nos degrada a todos.

1. O poema bíblico da criação, ao celebrar a vitória sobre o caos e ao exaltar a harmonia humana e divina do universo, é fundamental para não desesperarmos dos trabalhos que exige a sua urgente recriação [1].
O desequilíbrio ecológico tem muitas causas. Mas as crenças que exaltam o individualismo, o progresso ilimitado, a concorrência irracional, o consumismo, o mercado sem regras movido apenas pela ganância, tendem a ignorar que não vale tudo. Esquecem que não dispomos de outro universo suplente como alguma imaginação delirante supõe.
Sem o sentido do sagrado, do mistério, sem sabedoria e ética, consentimos, dia a dia, em degradar a natureza que nos degrada a todos. Dispomos, no entanto, de recursos científicos e técnicos para poder dizer que, hoje, pode ser mais harmonioso do que ontem.
As televisões encheram-se de imagens do fogo que, em Portugal no longo verão de 2017, dizimou a floresta em grande escala associada à tragédia da morte de dezenas de pessoas. A destruição em curso da Amazónia, pulmão da humanidade, foi ridicularizada pelo próprio Presidente do Brasil. A Austrália em chamas tornou-se irreconhecível. Como se tornou hábito repetir, sem grande convicção, a crise climática tornou-se a questão incontornável. O próprio Papa a propôs na Encíclica Laudato Si’, que explicita contributos fundamentais sobre a educação ambiental e a conversão ecológica [2]. Lamentavelmente, ainda não penetrou na pastoral constante das paróquias e dos movimentos da Igreja Católica.

Ir visitar os outros é que é o Colégio Diaconal

Gafanha da Encarnação
Encontro anual 
de Diáconos Permanentes de Aveiro 


São Vicente
“Ir visitar os outros, tentar perceber como se encontram e convidar para o evento a viúva e filhas do diácono permanente Arnaldo Almeida, isto é que é o Colégio Diaconal”, referiu o Pe. Manuel Joaquim Rocha, Vigário Geral da Diocese, no encerramento do almoço-convívio dos Diáconos Permanentes, que se realizou na Gafanha da Encarnação, no domingo, 19 de janeiro. O encontro, ano após ano repetido,  evoca o padroeiro dos diáconos, São Vicente, que é, também, padroeiro de Lisboa.
O Vigário Geral valorizou o facto de o segundo grupo dos diáconos da Diocese de Aveiro ter visitado os colegas doentes e idosos, frisando a importância de os outros grupos procederem do mesmo modo. Disse que há alguns homens em escola de formação, programada para três anos, de onde poderão eventualmente surgir vocações para o ministério diaconal. Ainda informou que o nosso Bispo, D. Manuel Moiteiro, não pôde marcar presença nesta celebração por razões pastorais, já programadas.
A Eucaristia, presidida pelo Vigário Geral, foi concelebrada pelo pároco da Gafanha da Encarnação, Pe. Gustavo Fernandes, e pelo assistente dos diáconos, Pe. José Manuel Pereira, e nela participaram 16 diáconos permanentes e esposas, bem como membros da comunidade local. Foram evocados os diáconos já falecidos, os doentes e impossibilitados por outras razões.
No momento próprio, os diáconos permanentes renovaram as promessas diaconais, assumindo “viver mais intimamente unidos a Cristo”, configurando-se “com Ele que veio para servir e não para ser servido”. Comprometeram-se, entretanto, a permanecer fiéis ao serviço da Igreja, “na proclamação do Evangelho, no serviço do altar, no exercício da caridade verdadeira e na solicitude por todas as formas de pobreza”.
O almoço, num restaurante local, culminou com algumas notas históricas referentes à Gafanha da Encarnação, incluindo a Costa Nova do Prado, parte integrante daquela freguesia, sob o ponto de vista civil. 
O diácono António Delgado, que organizou o encontro-convívio, com colegas e esposas  do segundo grupo,  mostrou-se agradado pela forma como tudo decorreu, louvando a colaboração do seu pároco, Pe. Gustavo, que até conseguiu uma imagem de São Vicente para estar connosco nesta celebração.

Fernando Martins

A pessoa e a dinâmica religiosa. 2

Crónica de Anselmo Borges 

"A vida é exaltante, mas também é terrível por vezes - traz exigências, dificuldades, opções que exigem algo de heróico"


O Homem tem uma constituição paradoxal. Por vezes, constata que fez aquilo de que se espanta negativamente, erguendo, perplexo, a pergunta: como foi possível eu ter feito isso? - aí, não era eu. Há, pois, o "isso" em nós sem nós, de tal modo que fazemos a experiência do infra ou extrapessoal em nós. Talvez fosse a isso que São Paulo se referia quando escreveu: "Que homem miserável sou eu! É que não faço o bem que eu quero, mas o mal que eu não quero, isso é que pratico." Por outro lado, o Homem dá consigo como sendo mais do que o que é: ainda não é o que quer e há-de ser. Ainda não sou o que serei. Uma das raízes da pergunta pelo Homem deriva precisamente desta experiência: eu sou eu, portanto, idêntico a mim, mas não completamente idêntico, porque ainda não sou totalmente eu. Então, o que sou?, o que somos?, o que é o Homem? O Homem não se contenta com o dado. Quer mais, ser mais, numa abertura sem fim. Exprimindo esta abertura ilimitada, há uma série de expressões famosas: citius, altius, fortius (mais rápido, mais alto, mais forte), o lema olímpico; o Homem é bestia cupidissima rerum novarum (animal ansiosíssimo por coisas novas), dizia Santo Agostinho; Max Scheler definiu-o como "o eterno Fausto", e Nietzsche, como "o único animal que pode prometer"; Unamuno escreveu: "Mais, mais e cada vez mais; quero ser eu e, sem deixar de sê-lo, ser também os outros." Mesmo na morte, o Homem não está acabado, pois é o animal do transcendimento e sempre inconcluído.

sábado, 18 de janeiro de 2020

Av. Lourenço Peixinho - Rostos conhecidos de gente anónima

Avenida (foto dos meus arquivos) 
Ontem fui a Aveiro sem pisar os trilhos habituais — grandes superfícies e equiparados. Andei pela Avenida Dr. Lourenço Peixinho, que já foi a sala de visitas da cidade, onde noutros tempos havia as novidades, que não foram nem são, aliás, o meu forte. Há imensos vestígios do passado, mas a modernidade persiste em se impor. E gostei, apesar de tudo. Porém, muito se fala da modernização da Avenida para a restituir ao esplendor de antigamente, mas tudo tarda. 
Contudo, o que mais me impressionou não foram as modas, nem os prédios antigos, nem as lojas modernas, nem a gente moça que por ali caminha apressada. O que me suscitou mais atenção foram os rostos  de gente anónima e de alguns conhecidos que, sem darem por mim, passavam encasacados com o frio e indiferentes a quem está ou vai de viagem à cata de um café quentinho em qualquer esquina. 
Rostos de outrora que mantêm os traços essenciais: os mesmos sorrisos, os mesmo olhares, os mesmos tiques, porventura menos expressivos, mas vivos. É pela avenida que os aveirenses da minha geração mais passeiam; é nos cafés, pastelarias e bares que conversam; outros, olhos perdidos, dão uma vista de olhos ao passado. Regresso a casa com a promessa de que tenho de voltar. 

Fernando Martins

O bacalhau tradicional já merece uma comenda

No PÚBLICO
Texto de José Augusto Moreira



«Não é saudosismo, mas antes uma questão de qualidade e sabor. Para ser bom e ter aquele gosto que identifica a tradição portuguesa, o bacalhau tem as suas regras. “Quer-se bem seco. De cor amarela palha. Deve ter a forma de uma asa e o tradicional corte em três bicos que mostra que a cabeça lhe foi retirada mal foi pescado”, como nestas páginas explicou David Lopes Ramos, naquela sua inconfundível pedagogia do bem comer.
Não é saudosismo, mas antes uma questão de qualidade e sabor. Para ser bom e ter aquele gosto que identifica a tradição portuguesa, o bacalhau tem as suas regras. “Quer-se bem seco. De cor amarela palha. Deve ter a forma de uma asa e o tradicional corte em três bicos que mostra que a cabeça lhe foi retirada mal foi pescado”, como nestas páginas explicou David Lopes Ramos, naquela sua inconfundível pedagogia do bem comer

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Monumentos - Obelisco

OBELISCO
Praceta Carlos Roeder
Praia da Barra

Gafanha da Nazaré


Silhuetas de Aveiro, há anos...


Estando no sítio certo, à hora certa, foi possível registar o pôr do sol momentos antes de mergulhar no mar, lá para a banda da Costa Nova e Barra. A preto e branco, com toda a naturalidade, e as silhuetas denunciam a fonte da minha atenção, há anos. 

A Vista Alegre continua a impor-se no mundo



Claudia Schiffer desenhou jarras e fruteiras para a Vista Alegre. As peças estão a ser exibidas num salão em Paris, como constatou a correspondente da RTP na capital francesa, Rosário Salgueiro.
(...)
A Vista Alegre, uma instituição com projeção internacional, continua a impor-se no mundo da arte das porcelanas. 

Rir ainda não paga impostos

Dia Internacional do Riso 









Hoje, 18 de janeiro, celebra-se o Dia Internacional do Riso. Rir faz bem à saúde, afugenta o stresse, alivia o cansaço, cria bom ambiente, diverte, atira para trás a timidez, consola os tristes,  Etc... Etc... Etc. Riam-se hoje e sempre e façam rir os outros, grandes e pequenos, novos e velhos, felizes e infelizes... Rir ainda não paga impostos! 

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Jesus, é Ele o Filho de Deus

Reflexão de Georgino Rocha
para o Domingo II do Tempo Comum

Georgino Rocha

“Estamos no mesmo barco e vamos para o mesmo porto… Não deixemos que nos roubem o ideal do amor fraterno!"

Papa Francisco 

A Igreja, após o ciclo das festas natalícias, inicia uma nova fase na celebração da sua Liturgia. Designa-a por tempo comum e vai repassando de forma global a realização do projecto de salvação da humanidade que Deus tem em curso. Hoje, centra-nos no testemunho de João, após o baptismo de Jesus.
No dia seguinte ao baptismo, narra o Evangelho, viu João que Jesus ia ao seu encontro. E dá voz ao que antes tinha vivido no Jordão. Liberta as energias acumuladas e, sem rodeios, confessa: “Eu vi e dou testemunho de que Ele é o Filho de Deus”. Jo 1, 29-34.
Esta declaração manifesta a convicção profunda a que chega João Baptista, após um processo lento de busca e reconhecimento. Processo que fica como exemplo de quem se sente peregrino na fé e assume o desafio de procurar resposta para as interrogações do coração humano. Processo que revela, de modo especial, a inter-acção fecunda de Deus com o homem/mulher e a qualidade do encontro pleno desejado.

quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

GAFANHAS - Deserto enorme de areias soltas

Para os mais novos ficarem a saber 


«[A Gafanha] Era um lençol desolador de areia branca, de dúzias de quilómetros quadrados, que os braços da laguna debruavam a norte, a leste e a poente, isolando do contacto da vida a solidão árida do deserto. 
Lá dentro, longe das vistas, bailavam as dunas, ao capricho dos ventos, a dança infindável da mobilidade selvagem dos elementos em liberdade. 
Brisas do mar e brisas da terra, ventos duráveis do norte em dias de estabilidade barométrica, e rajadas violentas de sudoeste a remoinharem no céu enfarruscado de noites tempestuosas, eram quem governava o perfil das areias movediças cavadas em sulcos e erguidas em dunas de ladeiras socalcadas a miudinho. 
Era assim a Gafanha do tempo dos nossos bisavós: deserto enorme de areia solta, a bailar, ao capricho dos ventos, o cancan selvagem de uma liberdade sem limites. 
Um dia, não longe ainda, um homem atravessou a fita isoladora da Ria e pôs pé na areia indomável. Não sabe a gente se o arrastava a coragem do aventureiro, se o desespero do foragido. De qualquer modo, ele fez no areal a sua cabana, à beira da água, e principiou a luta de gigantes do Gafanhão contra a areia.» 

Joaquim Matias, 
Arquivo do Distrito de Aveiro, 
vol IX,1943, página 317

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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