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Transhumanismo e pós-humanismo (1)

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Crónica de Anselmo Borges  no DN "Não se pode compreender nada actualmente,  passando ao lado das revoluções tecnológicas." Embora pouco debatido, está em marcha todo um projecto para modificar o homem, no limite, pensando até na imortalidade, e cientistas trabalham nele, com o apoio financeiro de grandes grupos, como o Google, que tem em Raymond Kurzweil, um génio informático, autor de The Singularity Is Near: When Humans Transcend Biology, o seu mais afirmado profeta. É, pois, relevante que o filósofo Luc Ferry, que já foi ministro da Educação em França, venha, numa obra exigente e pedagógica, La Révolution Transhumaniste, alertar para a urgência da reflexão sobre tão complexa temática: "Não se pode compreender nada actualmente, passando ao lado das revoluções tecnológicas." 1. O transhumanismo, explica Ferry, é um filho da terceira revolução industrial, a do digital e das NBIC: nanotecnologias, biotecnologias, informática, ciências cognitivas...

A água de Jesus sacia a nossa sede

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Reflexão de Georgino Rocha O encontro de Jesus com a samaritana contém uma riqueza admirável de ensinamentos. Pelo que mostra e pelo que simboliza. Para todos os tempos. Centrado nas sedes humanas, envolve outras dimensões pessoais e colectivas, conjugais e familiares, étnicas e religiosas, espirituais e transcendentes. Centrado em dois protagonistas – o judeu Jesus e a anónima samaritana – decorre em ambiente de diálogo pedagógico esclarecedor. Quem necessita passa a dar ajuda e quem dispõe de meios acolhe os que lhe são oferecidos. João, o evangelista encenador e narrador do episódio do poço de Jacob, em Sicar da Samaria, elabora uma excelente catequese que a Igreja integra na preparação dos candidatos ao baptismo, início da vida cristã. (Jn 4, 5-42). Era cerca do meio dia, hora avançada para quem madruga. Jesus anda em missão pelas terras áridas da Samaria. Sente-se cansado e aproxima-se de Sícar. Senta-se à beira do poço de Jacob. Fica só, pois os discípulos vão à proc...

Márcio Walter: Minhas andanças por Portugal

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Texto e fotos partilhadas por Márcio Walter   Márcio Walter e Fernando Martins na Costa Nova O título do livro “Viagens na minha terra”, de Almeida Garrett, sempre me chamou a atenção por dois motivos: a ação (viagens são coisas que sempre gostei de fazer desde pequenino) e o lugar (“na minha terra”). Obviamente, Garrett falava sobre sua jornada entre Lisboa e Santarém, dentro do Portugal do século XIX, num período de guerra entre liberais e miguelistas. Todavia, no meu imaginário, essas viagens seriam atemporais e sem dissensões.  Como bisneto de portugueses por ambas as partes de minha família, Portugal sempre foi uma memória presente para mim – memórias tidas por outros num passado próximo e contadas por terceiros que as narravam vividamente como se tivessem feito parte delas. Daí, minha sensação de que as terras das quais Garrett falava também eram minhas. Por isso o desejo de um dia entrar num comboio (ou trem, como dizemos pelas bandas de cá do Atlântico) e de ...

Passagem pelo Parque Infante D. Pedro

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Hoje fui matar saudades ao Parque Infante D. Pedro, onde não ia há anos. De carro e mesmo a pé passei várias vezes, mas nunca me ocorreu entrar para apreciar a vegetação, o lago, os painéis cerâmicos com motivos aveirenses e a Casa de Chá que já serviu vários fins. Hoje estava com sinais de algum abandono. Não subi as escadarias para apreciar o jardim superior, porque as pernas não davam mais. E então contornei o lago de águas esverdeadas, dois patitos marrecos ou de raça desconhecida, o arvoredo variegado. Mas nada de cisnes como antigamente. Um pombal no meio do lago servia de hotel aos pombos que decerto se deleitavam com árvores e arbustos para todos os gostos. Pouca gente por ali andava. Alguns estudantes à conversa, um grupo de idosos de chapéu amarelo lanchava sob os cuidados atentos de funcionárias, um ou outro, como eu, fotografava e nada mais. As passadeiras superiores não estavam a ser muito frequentadas para conduzir as pessoas para o outro lado...

Tempos de Pesca em Tempos de Guerra no El Correo Gallego.es

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A notícia  chegou-me há momentos. Xosé Cermeño publicou no El Correo Gallego.es uma reportagem sobre o livro "Tempos de Pesca em Tempos de Guerra" de Licínio Amador. O livro do nosso amigo Licínio está a chegar longe. E não ficará apenas pela Galiza.   Submarino alemán U-94 del tipo VII C. Ofciais observan á tripulación de a bordo da nave Licínio Ferreira relata como a II Guerra Mundial chegou ata os barcos bacalloeiros cando un submarino alemán afundiu o pesqueiro Maria da Glória. Posiblemente as persoas poidan dividirse en dúas clases: a xente común e os homes que navegaron nos barcos bacalloeiros polos mares do norte. A pesca do bacallau no século pasado era en si mesma unha tarefa épica, máis propia de deuses mitolóxicos que de xentes normais. O frío, os temporais, a soidade no mar, os meses de reclusión en barcos inhóspitos, o traballo en durísimas condicións, a complicada convivencia en espazos reducidos... marcaron unha actividade de características...

Saudades destes ambientes

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Praia da Barra com data incerta Peço desculpa por vir para aqui com as minhas saudades. Não sou muito exigente. Gosto de coisas simples, normalíssimas, muito terra a terra, Gosto sobretudo do sossego, da serenidade envolvida por horizontes largos e arejados. Sou assim. Tenho andado por aqui com azáfamas que me envolvem o tempo quase todo. De modo que, se precisar de espairecer, não tenho, como nunca tive, dificuldades em me imaginar longe dos bulícios, sem sair de casa. Abro as janelas da imaginação e parto à aventura. Como hoje fiz.

Um conselho oportuno de Mandela

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“Eu aprendi que a coragem não é a ausência de medo,  mas o triunfo sobre ele.  O homem corajoso não é aquele que não sente medo,  mas aquele que conquista por cima do medo.” Nelson Mandela Li aqui 

Complexo Desportivo da Gafanha

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Os mais pequenos em competição Em boa hora batizaram uma rua da nossa terra com o nome de Complexo Desportivo da Gafanha. Esse gesto reflete a importância de uma estrutura desportiva que, presentemente, acolhe centenas de atletas de todas as idades, ligados ao Grupo Desportivo da Gafanha (GDG). Mas ainda reflete o esforço que diversas pessoas e entidades empreenderam para que o Complexo Desportivo fosse uma realidade. Em 20 de Março de 1976 o Secretário de Estado da Estruturação Agrária assina e autentica o Alvará de Cedência Gratuita à Junta de Freguesia da Gafanha da Nazaré, para usufruto do Grupo Desportivo da Gafanha, de uma parcela agrícola com 8,5 hectares. As datas de 6 de Agosto de 1982, Outubro de 1983, 1988, finais de 1989 e Abril de 1991 foram importantes para um trabalho insano, entre os responsáveis do GDG, CMI e Junta de Freguesia, tendo em vista a concretização do velho sonho de substituir o campo de futebol do Forte da Barra. No dia 11 de Fevereiro de 1986, ...

A cada ano a sua Quaresma

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Crónica de Frei Bento Domingues  no PÚBLICO 1. A Quaresma deste ano está marcada por dois movimentos opostos: o da intensificação da Reforma da Igreja, anunciada no programa do Papa Francisco e o da contra-reforma, organizada e com sinais visíveis que mostrem quem está com uma e quem está com outra. Sabíamos que o hábito não faz o monge, agora querem convencer-nos que o cabeção e a batina fazem o padre. Quem se apresentar sem estes sinais não sabemos se está com o caminho aberto por Bergoglio ou não. Terá de o mostrar pelas suas opções pastorais e de vida pessoal. Quem exige que os fiéis se ajoelhem na missa durante a consagração e para receber a comunhão parece que não gosta muito do Vaticano II nem das ousadias do Papa Francisco. Dizem-me que certos párocos tentam resgatar a memória de lugares marcados na igreja, anteriores ao Concílio, mediante genuflexórios forrados para joelhos delicados. Parece que ainda não está previsto dividir o espaço das celebrações colo...

Oito razões a favor do Papa

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Crónica de Bárbara Reis  no PÚBLICO Francisco fala dos problemas de hoje  com a linguagem de hoje e, para isso,  nem precisa de ver televisão. Uns dias depois do atentado contra o Charlie Hebdo, o Papa Francisco disse que “não se pode provocar, não se pode insultar a fé dos outros, não se pode ridicularizar a religião dos outros”. Na altura, escrevi aqui as oito razões que me levavam a discordar do Papa . Hoje, chegou o momento de fazer a crónica-espelho prometida ao Hugo Torres , então nosso editor de comunidades, que teve de gerir os leitores indignados. Crentes ou ateus, temos oito grandes razões para aplaudir este Papa. 1. Francisco é um reformista e enfrenta os católicos retrógrados. Com elegância e sem medo. Três exemplos. a) Abriu a possibilidade de os católicos divorciados e recasados poderem receber a comunhão , uma forma de reconhecer as novas família e não alienar (ainda mais) católicos. Para um ateu, os sacramentos são uma abstracç...

Costa Nova e Gafanhas no dia 10 de março

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Ponte e  Barra Ponte e Forte da Barra Igreja da Gafanha da Encarnação Gafanha da Encarnação e Estufa Estive hoje algum tempo na Costa Nova, de seu nome completo Costa Nova do Prado. Eu sei que os nomes das povoações vêm do povo, que as batizaram  para se fazerem entender. Com o tempo, porém, a lei da simplificação dita as suas ordens. E hoje toda a gente diz Costa Nova.  Fui lá com a Lita para encher este dia 10 de março em sua homenagem. Celebrar aniversários é norma cá de casa e de muitas outras casas. Apesar de se encontrar em convalescença, lá fomos em jeito de passeio com almoço de permeio. Porém, os incómodos da deslocação, tanto mais que a Lita se desloca com auxílio de “canadianas”, aconselharam-nos a regressar.  Da Costa Nova vislumbrei as Gafanhas do outro lado do canal de Mira, que exibia, neste dia claro, a sua função de espelho do céu . Um céu luminoso que fez gala em nos segredar que a primavera vem a caminho com as suas cores, t...