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A Igreja e a Política: que Igreja e que política? (2)

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Crónica de Frei Bento Domingues  no PÚBLICO 1. Continuando, como prometemos, na temática do Domingo passado, lembro o que escreveu José M. Mardones [1]:   depois das revoluções norte-americana e francesa, do século XVIII, marcos da modernidade, a religião abandonou o campo da política. Tinha deixado de ser necessária para legitimar o que podia ser perfeitamente legitimado pela razão humana. Ergueu-se, então, um muro entre Igreja e Estado, muito fino na América e uma separação abrupta e violenta na Europa. A partir daí, os crentes sentiram muitas vezes a tentação, não de trabalhar no âmbito da política, mas de politizar a religião e de religiosizar a política. Emilio Garcia Estébanez estudou, de forma crítica, o percurso ocidental, desde Platão até aos nossos dias - passando por Aristóteles, os Estoicos, Sto. Agostinho, S. Tomás e Maquiavel, etc. - das relações entre ética e política [2]. Procurou esclarecer a ambiguidade da noção de bem-comum, muito celebrada na I...

Todos os santos e fiéis defuntos

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Reflexão de Georgino Rocha     FELIZES OS MISERICORDIOSOS Jesus inaugura a sua missão pública com o manifesto da felicidade proclamado com a maior solenidade: Sobe à montanha, rodeia-se dos discípulos, tendo a multidão ao alcance da sua vista. Fala com autoridade, semelhante à de Moisés. Mateus e Lucas retratam a cena e emolduram-na com vários elementos de grandiosidade. O discurso inaugural condensa-se nas bem-aventuranças de quem aceita e vive esta mensagem. E Jesus vai enumerando situações concretas de felicidade: ter um coração aberto e disponível, de pobre, como Maria de Nazaré a quem a prima Isabel saúda dizendo: “Feliz és tu porque acreditaste”; aceitar a verdade do seu ser, a humildade, sem falsas aparências, como Zaqueu que acolheu Jesus em casa e repartiu os bens; chorar lágrimas de dor e de arrependimento como a pecadora pública que reconheceu Jesus em casa do fariseu e o distinguiu com o perfume do amor; ter fome da justiça que faz brilhar a dignid...

Políticos capazes de mentir

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«Há mais uma polémica com licenciaturas falsas a assombrar o governo. Desta feita, o protagonista é Nuno Félix, chefe de gabinete do secretário de Estado da Juventude e Desporto que se demitiu do cargo depois da divulgação de que terá declarado duas licenciaturas que afinal não concluiu.» Li aqui   e aqui NOTA: Como é possível que políticos e outros tenham a desfaçatez de mentir, sabendo que, mais tarde ou mais cedo,  acabarão por ser descobertos? Que gente é esta que vai para cargos de responsabilidade governamental sob a capa de licenciaturas que não possui? Não seria mais correto, mais decente e mais transparente assumir o que é  e como é? Ou será que, neste país de doutores, não há gente, políticos ou outros, capaz de desempenhar tarefas de responsabilidade, sem o Dr. antes do nome? 

O sol destes dias...

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O sol destes dias, aconchegante e luminoso, embora com prenúncio de alguma chuvada, trouxe-me à lembrança os dias bonitos que lavam a alma e despertam sorrisos. Vi isso mesmo nesta foto em que a Lita sorri para a vida no Jardim Oudinot. Bom fim de semana para todos

As últimas palavras de gente ilustre

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Crónica de Anselmo Borges  no Diário de Notícias Tenho muitas vezes um sonho: que a todos, antes do instante supremo da morte, fosse dada a possibilidade de responderem a estas perguntas ou parecidas: "O que é que eu vi da vida? Que digo sobre o mistério de ser, de existir?" Isto resultaria na grande biblioteca da humanidade. Philippe Nassif publicou Ultimes, resultado da sua investigação sobre as últimas palavras de gente ilustre, antes de morrer, que fez acompanhar de um comentário. O que aí fica, em vésperas do Dia dos Defuntos, é uma selecção. 1. Anton Tchékhov. "Há muito que não bebia champanhe." Médico e escritor russo, comprometido com o alívio do sofrimento e o amor do próximo. Tuberculoso, manda chamar um médico e pede-lhe... champanhe. "Ich sterbe" (estou a morrer). Vira-se para a mulher, pronuncia as suas últimas palavras e esvazia tranquilamente a taça. 2. Luís XIV. "Porque é que chorais? Pensáveis que eu era imortal?...

Em casa, recebe Jesus com alegria

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Reflexão de Georgino Rocha Jesus vive a paixão intensa de dar visibilidade ao rosto de Deus Pai. Recorre aos meios facilitadores indispensáveis: atitudes de proximidade e encontro com as pessoas, sobretudo excluídas da sociedade e da religião oficial, estilos de comunicação como as parábolas, as sentenças e os discursos, as caminhadas por cidades e aldeias, o “rebuliço” da multidão, o convívio de amigos, a visita a famílias. Esta paixão sobrepõe-se a tudo: ao descanso, ao alimento, às apreciações críticas, aos protestos públicos. Mostra-nos assim a força do desejo, a determinação da vontade, a persistência na decisão. Mostra-nos o projecto de que está incumbido e nos deixa como legado de missão a realizar, aqui e agora, ao longo da história. 

O Homem e o seu Sonho

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"O HOMEM é do tamanho do seu SONHO" Fernando Pessoa Num bloco de notas oferecido pela Visão Sonhar é preciso, com os meus votos de excelente fim de semana, que começa amanhã, sexta-feira, à noitinha.

Andanças com ria à vista - 2

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Gafanha de Aquém Gafanha de Aquém com igreja de São Salvador à vista Engenho e arte do homem lagunar Engenho e arte com terra à vista A laguna espelha o céu Quem nasce entre ria e mar, jamais deixará que lhe arranquem da alma este gosto que dá vigor para viver. Mar e ria, ondas e marés, bordas e praias que se inclinam e nos convidam a olhar as águas mansas onde se espelha o céu, estão no ADN do homem da ria e do oceano.  Nas minhas andanças com laguna à vista, há sempre motivos a registar e pormenores que sobressaem nos quotidianos que vivemos. E mesmo quando as águas do mar e da ria se tornam encapeladas, com ondas e correntes impetuosas e destruidoras, nem assim ficaremos revoltados porque a bonança não tardará. Hoje, mais uma vez, a juntar a imensas vezes, a laguna convidou-me a olhar enternecido para ela, levando-me a sonhar numa viagem de ponta a ponta, entre a entrada da barra e o Furadouro, com passagem pelos inúmeros canais, na esperança de que a ma...

A Igreja e a Política: que Igreja e que política? (1)

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Crónica de Bento Domingues  no PÚBLICO de hoje 1. A Igreja Católica está em alta! Foi a exclamação de um amigo ao mostrar-me, numa rua do Porto, a primeira página do jornal, Le Monde. No Vaticano, está o Papa Francisco, António Guterres no topo das Nações Unidas e o episcopado francês surge, na praça pública, com um grito de alarme para que os responsáveis da direita e da esquerda reencontrem o verdadeiro sentido da política. A laicidade do Estado é um quadro jurídico que deve permitir a todos - crentes de todas as religiões e não-crentes - viverem juntos, com as suas diferenças. Não deitei água fria naquela euforia. Ele tinha vivido, desolado, o inverno da Igreja desde os anos 80 do séc. XX e com melancolia a mediocridade das lideranças do catolicismo português. Fomos conversar. É um facto que o Papa Francisco é uma figura mundialmente respeitada. Não apenas pelo seu empenhamento na reforma da Igreja, mas sobretudo porque esse esforço não se destina a fixar-se em ...

Utopias, distopias, retrotopia

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Crónica de Anselmo Borges  no Diário de Notícias Coube-me a honra de um convite para participar no magno evento cultural Folio, na bela Óbidos, com uma fala sobre utopias e distopias, a que acrescentei retrotopia, pelas razões que direi. 1. Foi Thomas More que cunhou o termo utopia, com a publicação, há 500 anos, de A Utopia, cujo título em latim é mais longo: De Optimo Reipublicae Statu Deque Nova Insula Utopia (sobre o melhor estado de uma República e sobre a nova ilha da Utopia). Ele sabia do que falava, concretamente do poder, pois foi chanceler. A Igreja canonizou-o em 1935. A Utopia é uma ilha imaginada lá longe no oceano (utopia tem o seu étimo no grego: ou, que se lê u, que significa não) e tópos, com o significado de lugar. Portanto, Utopia é um não lugar; de qualquer forma, um ideal que indica o caminho. A utopia supõe a distopia (também do grego: dys, que significa mau, duro: portanto, um mau lugar, o oposto a utopia). Assim, na primeira parte, Mor...

Gafanha da Nazaré — Movimento de Schoenstatt

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Registos da visita de hoje   Um símbolo de acolhimento com a âncora da nossa terra O Santuário abraçado por árvores, arbustos e flores Casa José Engling  sempre  florida As pedras vivas neste arranjo decorativo Uma explicação oportuna As flores sempre presentes Jovem entra no Santuário Como faço periodicamente, passei hoje com a Lita pelo Santuário de Schoenstatt. Sentimos que ali se respira um ambiente acolhedor, marcado pelo silêncio e pelo culto da natureza. Arvoredo com bons anos, mas com zonas de reflorestação, denotando que alguém sabe que os espaços que nos envolvem precisam de atenção e cuidados. Pouca gente, que a hora era de trabalho para quem trabalha. Mesmo assim, registámos que era constante a passagem de pessoas. Chegavam, olhavam à volta como que a reconfirmar que Schoenstatt se caracteriza por ser um recanto “onde é bom estar”. Entravam... pelo tempo de estada, simplesmente para uma curta e  porventura habitual o...