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Excepcionalismo islâmico

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Crónica de Anselmo Borges  no Diário de Notícias 1.Na religião, como tentei tornar claro no Sábado passado, o decisivo é a experiência religiosa, mística, do encontro pessoal com Deus, com todas as consequências de comprometimento com o amor ao próximo, também na política. Mas, num mundo pluralista, em ordem à convivência e à paz, há condições essenciais, nomeadamente o Estado aconfessional. De facto, sem a separação da religião e da política e sem um Estado laico, não se vê como é possível garantir a tolerância e a liberdade religiosa de todos. Evidentemente, a laicidade nada tem a ver com o laicismo pelo qual, desgraçadamente, muitos sectores, sobretudo da esquerda política e cultural, se batem. 2 Quando a laicidade não foi garantida, imensos atropelos foram cometidos no âmbito do mundo cristão, como mostrei no Sábado. De qualquer forma, o fundador, Jesus, tem aquelas palavras decisivas: "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus". O crist...

Da janela do meu sótão

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Os horizontes da janela do meu sótão não são muito desafiantes. Ou serão? A torre da igreja à esquerda, o casario a encher o espaço e a mata da Gafanha ao longe. Ainda telhados, uns gastos pelo tempo e outros novos ou rejuvenescidos, postes e cabos que se cruzam e entrecruzam da energia elétrica e redes sociais, chaminés para gostos diversos, ruas que se persentem e estórias  que me enchem a alma. Pelas novas que vêm do lado das Finanças, não será por esta paisagem que o IMI subirá. Mas se fisicamente o horizonte é, realmente, limitado, já o mesmo não digo das memórias que me chegam, dia a dia, quando olho através da janela. Aí, haverá sempre algo a partilhar, trazendo até ao presente gente e cenas de mais de meio século de vivências neste recanto sereno da Gafanha da Nazaré. Depois, porque nas lembranças há tantos horizontes sonhados, idealizados, ouvidos, contados e recontados, cujo prazer de os partilhar, revivendo quotidianos, me obrigam a agradecer à vida. P...

OBRIGADO JESUS, ÉS O MEU SALVADOR

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Reflexão de Georgino Rocha Jesus encontra-se com leprosos numa aldeia situada entre a Samaria e a Galileia, no caminho para Jerusalém. Pode parecer um encontro fortuito, mas não é pois os protagonistas mutuamente se desejavam: Os leprosos, por necessidade; Jesus por imperativos da sua missão, de que faz parte integrante a atenção sanadora aos excluídos da sociedade e amaldiçoados da religião judaica. Lucas concentra a narração na atitude do samaritano leproso que é curado em contraste com os outros nove. Evita pormenores ou derivas que distraiam o discípulo leitor. E fá-lo com grande acerto descritivo.

A paz com o olhar na ria

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Fiquei com a sensação de que o mais importante para este pescador desportivo está na tranquilidade que da ria vem para a sua alma. Ali, sem vivalma que o incomode, sem sono nem azedume, sem rádio e sem TV, sem vizinhos e sem ventos que o perturbassem, percebi que a laguna tranquilizante é remédio para muitos males: stresse, angústias, depressões. cansaço, tristezas. Fiz, então, uma curta experiência e concluí que nem sempre aproveitamos as benesses da natureza, 

Ser atleta é correr para o «mistério»

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Papa pede desporto para todos,  apela ao fim da corrupção  e diz que ser atleta é correr para o «mistério» Na presença do secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, e do presidente do Comité Olímpico Internacional, Thomas Bach, Francisco realçou que «é importante que todos possam participar nas atividades deportivas». «Neste momento penso também em muitas crianças e jovens que vivem às margens da sociedade. Todos conhecemos o entusiasmo das crianças que jogam com uma bola furada ou feita de trapos nos subúrbios de algumas grandes cidades ou nas ruas das pequenas vilas.» (...) «Seria triste, para o desporto e para a humanidade, se as pessoas deixassem de confiar na verdade dos resultados desportivos, ou se o cinismo e o desencanto levassem a melhor sobre o entusiasmo e a participação alegre e desinteressada. No desporto, como na vida, é importante lutar pelo resultado, mas jogar bem e com lealdade é ainda mais importante» Papa Francisco Ler mais aqui

A Nossa Gente: Licínio Amador

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Licínio Amador (foto do meu arquivo) Neste mês de outubro, em que se comemora o Dia Mundial do Professor e o 15.º aniversário da ampliação e remodelação do Museu Marítimo de Ílhavo, dedicamos a rubrica “a nossa gente” a Licínio Ferreira Amador, professor aposentado e um curioso por certos episódios da História de Portugal e da temática marítima.  Licínio Amador nasceu na freguesia de S. Salvador, em Ílhavo. Depois da Instrução Primária, ingressou na Escola Comercial, Secção Preparatória para o Instituto Comercial, atual Escola Secundária Dr. Mário Sacramento, em Aveiro. Seguiram-se mais dois anos letivos, desta vez no Liceu José Estêvão, igualmente em Aveiro, que lhe deram equivalência para concorrer ao ensino superior.  Em 1975, ingressou na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, que frequentou com o estatuto de trabalhador-estudante, pois durante a sua vida académica sempre deu o seu contributo à atividade comercial da família.

Filarmónica Gafanhense celebra o seu 180.º aniversário

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No próximo dia 23 de outubro, a Filarmónica Gafanhense, também conhecida por Música Velha, vai celebrar o seu 180.º aniversário, com um programa simples mas expressivo. Para assinalar o facto, sobressai a apresentação de um fardamento novo, que importou em 15 mil euros, comparticipados por diversas entidades públicas e privadas, bem como pelo resultado de eventos levados a cabo pela associação musical que ao concelho de Ílhavo muito tem dado ao longo da sua história. As cerimónias iniciam-se com uma romagem ao cemitério da Gafanha da Nazaré, pelas 10h, na qual se integram os corpos sociais, membros da Filarmónica e amigos, para assim prestarem singela mas significativa homenagem aos que, dando o melhor de si à Música Velha, não podem nem devem ser esquecidos nesta data marcante. Às 11h15 a Filarmónica Gafanhense participa na Eucaristia dominical e pelas 16h haverá um concerto no Centro Cultural da Gafanha da Nazaré, com a apresentação do novo maestro. Às 19h, no Stella Maris...

Dona Luz Rocha já descansa no seio maternal de Deus

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FUNERAL Igreja Matriz da Gafanha da Nazaré Amanhã, Quarta-Feira, 5 de Outubro 16h30 Se há notícias que tenho muitas dificuldades em escrever e divulgar, o falecimento de Dona Maria da Luz Rocha é, seguramente, uma delas, porventura a mais dolorosa, emparceirando ao lado dos meus familiares e amigos mais próximos. Dona Luz, como era conhecida entre nós e muito para além das nossas fronteiras, recolheu-se há momentos no seio maternal de Deus, o mesmo Deus que durante a vida a guiou e lhe deu capacidades para estar, animar, ajudar, aconselhar e indicar caminhos de bem, de verdade e de vida digna a todos quantos com ela conviviam ou dela se aproximassem em momentos de fragilidades humanas ou de pobreza extrema.  A Dona Luz, que tive a felicidade de acompanhar na vida, dando-lhe o meu apoio incondicional quando alguns lho recusavam, foi, para mim e para imensa gente, um pouco de todo o país, uma mãe solícita, uma crente fervorosa, uma católica empenhada na comunidade e, sob...

A verdadeira religião é crítica

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Crónica de Frei Bento Domingues no PÚBLICO   1. Tinha recomendado a um amigo, enfastiado com as produções açucaradas de espiritualidade pós-moderna e com as passerelles de diálogo inter-religioso, o último livro de Anselmo Borges, o questionador das manifestações da religiosidade, da religião e das religiões[1]. É um agrupamento de textos essenciais acerca do essencial. Avisei o potencial leitor de que não são as razões que encontramos para crer em Deus e as que temos para não crer que nos fazem crentes ou ateus. Virou-se para mim apreensivo: mas, então, em que ficamos? Não podemos ficar. Os que repousam nas suas convicções continuam o mesmo sono dogmático. Os despertos são peregrinos. É normal que, na presente condição humana, precisem de “estações de serviço” para continuar a viagem. Mas quando se diz que o nosso coração não conhecerá quietude a não ser quando repousar no infinito, imagina-se, de forma ilusória, o infinito como termo de uma caminhada.

Excepcionalismo

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Crónica de Anselmo Borges  no Diário de Notícias 1. Sempre que se fala em religião tem de se atender a uma distinção essencial. Sem ela, todo o debate se anula em confusões. Há a religiosidade, que consiste naquele movimento de transcendimento que se defronta com o Mistério, a que os fenomenólogos da religião chamam o Sagrado. Religioso é aquele que se entrega confiadamente a esse Mistério-Sagrado, do qual espera salvação. Depois, neste enquadramento religioso, entende-se que apareçam as religiões institucionais, que são construções humanas enquanto mediações entre o Mistério ou o Sagrado, Deus, e os homens e mulheres, e entre estes e aquele. Nas religiões, encontram-se concretamente quatro dimensões: a dimensão teológico-doutrinal, a litúrgico-celebrativa, a ético-moral e a organizacional. Nesta distinção entre religiosidade, religiões e Sagrado-Mistério, entende-se que as religiões estão referidas ao Sagrado, Deus, mas não são Deus, o Sagrado, o Mistério, que todas...

Uma Bíblia que “não esconde as realidades inconvenientes”

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ANTÓNIO GUERREIRO no PÚBLICO  «Frederico Lourenço lançou-se sozinho num empreendimento que, pela sua grandeza, foi muitas vezes resultado de um trabalho de equipa: a tradução, do grego, dos 80 livros da Bíblia, o Velho e o Novo Testamento, oferecendo a mais completa tradução da Bíblia que alguma vez foi feita em língua portuguesa. O primeiro volume, contendo os quatro evangelhos, de Mateus, Marcos, Lucas e João, acaba de ser editado. A este seguir-se-ão mais cinco volumes, com os quais se completará a tradução integral da Bíblia Grega.» Ler texto aqui