domingo, 7 de dezembro de 2014

Avé-Maria de Fernando Pessoa

AVÉ-MARIA



Avé Maria, tão pura
Virgem nunca maculada
Ouvi a prece tirada
No meu peito da amargura.

Vós que sois cheia de graça
Escutai minha oração,
Conduzi-me pela mão
Por esta vida que passa.

O Senhor, que é vosso Filho,
Que esteja sempre connosco,
Assim como é convosco
Eternamente o seu brilho.

Bendita sois vós, Maria,
Entre as mulheres da Terra
E voss'alma só encerra
Doce imagem d'alegria.

Mais radiante do que a luz
E bendito, oh Santa Mãe
É o fruto que provém
Do vosso ventre, Jesus!

Ditosa Santa Maria,
Vós que sois a Mãe de Deus
E que morais lá nos céus,
Orai por nós cada dia.

Rogai por nós, pecadores,
Ao vosso Filho, Jesus,
Que por nós morreu na cruz
E que sofreu tantas dores.

Rogai, agora, oh Mãe qu’rida
E (quando quiser a sorte)
Na hora da nossa morte
Quando nos fugir a vida.

Avé Maria, tão pura
Virgem nunca maculada,
Ouvi a prece tirada
No meu peito da amargura.

Fernando Pessoa

12-4-1902

sábado, 6 de dezembro de 2014

Um visita natalícia

A MELHOR PRENDA DE NATAL

Olha, filho! Pensando bem, 
a tua visita foi a melhor prenda de Natal 
que me podias oferecer…

O Albano acordou na segunda-feira com o firme propósito de resolver de uma vez por todas o problema das prendas de Natal. Todos os anos sentia o mesmo dilema, sem saber o que oferecer na noite de consoada aos seus familiares. A esposa, essa sim, tinha jeito para tais coisas. Sempre estava mais disponível e não tinha preocupações que a incomodassem. O Albano era diferente. A empresa ocupava-o todos os momentos de todos os dias, ou não o obrigassem a isso a crise económica que domina o país e alguns conflitos com um ou outro trabalhador, que há sempre quem esteja insatisfeito com o ordenado que recebe, como ele tantas vezes dizia. Por isso, escasseava-lhe o tempo para pensar em prendas. Mas o Natal ainda o motivava para se mostrar generoso com quem mais o ajudava nos negócios e com os familiares mais próximos. Restos de uma educação cristã que havia recebido em criança e do ambiente solidário que a época natalícia propicia.
As prendas dos mais diretos colaboradores eram fáceis de encontrar. Mais uns dinheiros, para além do subsídio do Natal e do habitual salário mensal, e não era nada mau.

Adversidade e prosperidade

"A adversidade restitui aos homens 
todas as virtudes que a prosperidade lhes tira"

Eugéne Delacroix 
(1798 - 1863)

A avó Europa de Francisco

Crónica de Anselmo Borges 
no DN

A Europa mítica é uma princesa de Tiro. Como que a lembrar que é a Eurásia, a Europa ecuménica, de fronteiras imprecisas. Zeus disfarçado de touro aproximou-se da bela princesa fenícia, deixando que o acariciasse e trepasse para o seu dorso. Entrou então pelo mar, dirigindo Eros o casal para Creta, onde fizeram amor. Foi a esta Europa, ao mesmo tempo divina e terrena, e agora em crise, envelhecida e sem confiança, que o Papa Francisco se dirigiu na semana passada com dois discursos: ao Parlamento Europeu e ao Conselho da Europa.

1. Francisco quis deixar "uma mensagem de esperança e de alento" a uma Europa que, num mundo cada vez mais global, é cada vez menos "eurocêntrica" e dá a impressão de "cansaço e envelhecimento", a ponto de "os grandes ideais que a inspiraram parecerem ter perdido força de atracção".

NOTA: Para ler na íntegra na segunda-feira



Espera Vigilante e Activa

Uma reflexão de Georgino Rocha

Georgino Rocha


João, homem íntegro e consistente, anuncia uma mensagem libertadora: Vai chegar quem é mais forte do que eu. (Mc, 1, 1-8). Mais forte no testemunho do amor e do serviço; na denúncia da riqueza que “amarra” o coração e a disponibilidade; na defesa da vida e dos seus direitos e deveres humanizados; na frontalidade serena com que se opõe aos exploradores dos humildes e simples do povo; na entrega, sem reservas, à missão que o Pai lhe confia.

Mais forte do que eu pelo Espírito que transforma e anima, que lembra as maravilhas do passado e ajuda a “tirar” lições do presente, que abre as “portas” do futuro para onde todos peregrinamos. A boa nova é Jesus, o Filho de Deus que se faz humano para nos ensinar a viver e apreciar a nossa comum humanidade e nos desvendar a sua fonte inesgotável: o amor de Deus Pai, fundamento da nossa confiança filial.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

O nosso Menino Jesus



O nosso Menino Jesus já está preparado para nos receber. Ele e sua mãe, Virgem Maria, e seu pai adotivo José. A minha Lita organizou a chegada do Menino, que vai ficar numa sala por onde passa toda a gente. Lareira acesa para aquecer o ambiente e sem grandes ornamentos, porque o mais importante é o espírito de ternura que nos deve animar nesta quadra e sempre.
O Menino Jesus está vestido de modo a não sentir o frio, com roupinhas de lã concebidas e feitas pela Lita. Na sala vai ter, por companhia permanente, para além de sua mãe e de seu pai, que o foi como um pai normal, o Toti e a Tita,
o cão e a cadela que nesta altura dormem como justos, mas não o burro e a vaquinha, pois estes não são os animais das nossas preferências, embora a tradição os tenha imposto através dos séculos.
Quando olhei para o Menino bem agasalhado, fixando-o olhos nos olhos, até parece que percebi dele uma recriminação, como que a lembrar-me que, afinal, há à nossa volta tantos meninos com fome, frio e sede de justiça a paz. E concordei. E prometi-lhe que a família, toda a família, vai ter em conta a sua proposta, que é muito simples: O presépio, no fundo, é para nos levar a olhar para os que mais precisam do nosso carinho, da nossa solidariedade e do nosso amor.
Bom Natal para todos, na alegria de Jesus renascido no coração de homens e mulheres de boa vontade.



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Das nuvens negras cai água límpida

"Jamais desesperes, mesmo perante as mais sombrias aflições 
de tua vida, pois das nuvens mais negras 
cai água límpida e fecunda"

Provérbio chinês





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quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

A Ria de Aveiro na Literatura

"O São Paio da Torreira, 
a Romaria dos Pescadores"

Torreira em 2014

«Mas a ria enche-se de asas brancas, garças reais que coalham o azul, além sobre a barra, onde a névoa fumega indecisa e lenta, e do outro lado, sobre Pardelhas, Estarreja, até Ovar bolinando ao vento.
É uma verdadeira esquadra, embandeirada em festa, porque hoje é dia de São Paio, na Torreira. Cada barco traz a sua povoação, a sua aldeia, a sua canção, as suas guitarras e adufes. A ria torna-se melodiosa, e sussurra, vibrante nas suas ondas de água, finas como cabelos de mulher, que os ventos represados percutem como uma arcada de violino. Durante muito tempo embala-nos aquela música aquática, dolente e enlanguescedora. As tonalidades mudam. Já não há azul. Os longes tornaram-se brumosos, e a água oleosa, baça, não tem uma vaga, uma crispação. Dir-se-ia um lago imobilizado por um silêncio astral. Um cinzento de agonia envolve esta paisagem de além mundo, prostrada na morte, se o sol não acordar antes da tarde.

O Menino e Sua Mãe

Tela do pintor recascentista italiano Rafael (1483-1520)


O MENINO E SUA MÃE 


Vi há tempos um quadro feito por mão inspirada:
Os traços eram perfeitos
do Menino Jesus e sua Mãe.
Causava enlevo, fazia ternura,
o olhar que se desprendia de Nossa Senhora,
Que tinha seguro nos braços o seu Menino. 


Este deixava ver bem
Seu grande afecto, Sua divina paixão
por Aquela que tão estreito 

o trazia ao peito:
A cabecita de encontro, bem encostada,
entre a face e o ombro de Sua Mãe
e a carita de criança voltada para nós…

Mais que tudo, porém, impressionou-me o ar,
o ar de desafio, cheio de divina meiguice
um ar (Deus me perdoe!) quase gaiato
que parecia dizer a quantos o quisessem entender:
“É minha, só minha a Virgem Maria!”
De tão estreito e apertado que cingia com os bracitos
Nossa Senhora…

Confesso que estranhei,
por me ver quase defraudado por esta divina avareza.
Mas no olhar sorridente da Virgem bondosa
li logo a resposta, a bonança que me vinha:
“Deixa-O, meu filho, são primeiros tempos
que goza a novidade de ter… Mãe:
Eterno que é, só isto Lhe faltava, no céu…

Não tarda que no Calvário te dê a Sua vida
(pouca coisa para Ele!) e o que é mais ainda:
que te dê Sua Mãe, tua Santa Maria”.


In “Livro de Ritmos” de Cardeal Alexandre do Nascimento

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Decálogo para o Natal



Se tens tristeza, alegra-te!
O Natal é alegria.
Se tens inimigos, reconcilia-te!
O Natal é paz.
Se tens amigos, busca-os!
O Natal é encontro.
Se tens pobres ao teu lado, ajuda-os!
O Natal é dádiva.
Se tens soberba, sepulta-a!
O Natal é humildade.
Se tens pecados, converte-te!
O Natal é vida nova.
Se tens trevas, acende a tua lâmpada!
O Natal é luz.
Se vives na mentira, reflete!
O Natal é verdade.
Se tens ódio, esquece-o!
O Natal é amor.
Se tens fé, partilha-a!
O Natal é Deus connosco.


Nota: De apontamentos pessoais guardados, mas cuja autoria não consigo recordar. Se alguém souber, agradeço informação.

Centenário da 1.ª Grande Guerra

Homenagem devida aos combatentes 
do município de Ílhavo



No dia 25 de outubro, a Câmara Municipal de Ílhavo (CMI)  promoveu uma cerimónia evocativa do centenário da 1.ª Grande Guerra em parceria com o Núcleo de Aveiro da Liga dos Combatentes, na qual foram homenageados os portugueses que morreram nesse conflito. E se a oportunidade da homenagem é de louvar, é justo reconhecer a importância de um outro projeto, presentemente em curso, que pretende lembrar, para memória futura, os ilhavenses e gafanhões que participaram na guerra de 1914-1918, quer na Europa quer nas colónias portuguesas em África.
Com o objetivo de chegar o mais longe possível, chegou-nos ao conhecimento que o Centro de Documentação da autarquia tem estado a proceder ao levantamento dos nomes de todos os combatentes, através de pesquisas junto das mais diversas fontes, nomeadamente, nos Arquivos Geral do Exército e Histórico Militar.
Para além das recolhas já feitas naqueles arquivos, porventura constituídos por nomes e números, que a vida dos soldados não cabe neles, torna-se imperioso buscar as memórias dos nossos bravos soldados, com alguns dos quais nos cruzámos há bons anos nas ruas da nossa terra. Nesse sentido, importa sensibilizar os herdeiros e descendentes dos combatentes para que cedam elementos, contem histórias dos seus antepassados, emprestam fotografias, fardas ou restos de fardas, cartas, insígnias, cédulas militares e tudo o que, ligado à 1.ª Grande Guerra, jaz guardado ou esquecido em malas, baús e álbuns.  
O projeto deve envolver toda a gente, em especial alunos a partir do 9.º ano, inclusive, mas ainda a chamada terceira idade, porque talvez sejam os idosos os que mais de perto privaram com os bravos combatentes do nosso município.
É óbvio que o projeto não pretende estudar o mais desenvolvidamente possível o tema em causa para guardar os elementos recolhidos numas tantas gavetas da CMI, porque temos a certeza de que dele nascerá uma grande exposição de homenagem aos combatentes da 1.ª Grande Guerra.
Os interessados em colaborar podem dirigir-se Centro de Documentação de Ílhavo, através do telef. 234 329 686 ou do endereço eletrónico cdi@cm-ilhavo.pt

Fernando Martins

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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