terça-feira, 14 de julho de 2009

Uma Encíclica que irrita

Lembro-me muitas vezes da banda-desenhada cheia de humor de Quino, em que a irrequieta e incisiva Mafalda está com um ar abstracto e imperscrutável e diz que está a parecer-se com uma Encíclica Papal. É uma forma engraçada de pôr o dedo na ferida, pois o grande risco é, de facto, o da recepção "abstracta e imperscrutável"que fazemos de textos que são afinal de uma impressionante concretude, agudeza e profecia. Por vezes sinto que fazemos das "Encíclicas Papais" um género literário, altamente respeitável, mas inofensivo. A vida continua a correr com o pragmatismo do costume, indiferente quanto baste ao horizonte ideal que a tradição cristã nos aponta. Talvez por isso, me apeteça saudar um pequeno texto de Henrique Raposo, que me incomodou muito, mas que, não posso negar, me tornou mais atento no acolhimento da Encíclica ("Expresso" -11/07/2009). Diz o seguinte: «Não tenho problemas com o Papa, e até gosto de católicos. Mas há uma coisa que me irrita no Papa: é quando ele se põe a trazer Marx para o Evangelho. Aquilo que o Papa tem dito sobre a - suposta - falta de ética do capitalismo não ficaria mal na colectânea dos Summer hits de Francisco Louçã. Não vou aqui desconstruir a falácia antiliberal que está presente na Igreja Católica. Deixo somente uma pergunta: no "Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus" qual é a parte que o Papa não entende?». É evidente que este autor entende muito pouco do cristianismo. Em vez de Marx, ele deveria perceber que o Papa liga-se à tradição bíblica e Evangélica mais genuínas, aos Padres da Igreja e a todo o extraordinário património de pensamento e acção no campo da solidariedade humana de que a Doutrina Social da Igreja tem sido esteio. Mas numa coisa Henrique Raposo tem razão: Bento XVI irrita e esta sua encíclica, "Caridade na Verdade" é um texto altamente irritante. É isso mesmo: um manual para o desassossego. José Tolentino Mendonça

17 maneiras de rezar

Ouvir música Ouvir música A Missa em Si menor de Bach, por exemplo, especialmente Incarnatus, Crucifixus, Resurrexit ou então outra coisa não necessariamente música religiosa mas escutar na profundidade escutar o canto do novo Orfeu presente em toda a música humana incarnação, crucifixão, jubilação Se pudermos cantar nós mesmos e tocar um instrumento, é ainda melhor! Ler mais aqui

Descobrir a música com os bebés

No próximo sábado, dia 18, pelas 14.30 horas, vai haver, no Centro Cultural de Ílhavo, a apresentação de caminhos para descobrirem o prazer de fazer música. Esses caminhos passam por um ateliê, onde se pode aprender a fazer ritmos, a cantar, a dançar, a brincar com rimas infantis… e a imaginar momentos de festa e de repouso para uma interacção musical entre adultos e bebés. Trata-se de uma acção destinada a pais, tios, avós, educadores-de-infância e professores de música.

Confraria Gastronómica do Bacalhau assina protocolo para aquisição da nova sede


No dia da apresentação pública da Regeneração Urbana do Centro Histórico de Ílhavo, feita pelo Presidente da Câmara, Ribau Esteves, no Centro Cultural, realizou-se, nas antigas instalações da Música Nova, a assinatura do protocolo entre a Confraria Gastronómica do Bacalhau, Câmara Municipal e Música Nova, no qual esta última cede à Confraria a sua anterior sede, situada nos Sete Carris, enquanto a Autarquia se compromete a manter a Música Nova nas antigas instalações da Escola Preparatória, junto ao Museu Marítimo, até à construção da Casa da Música, na antiga Escola Primária n.º1, na Rua Ferreira Gordo, onde ficará definitivamente a banda Ilhavense. Presentes nesta cerimónia elementos da Direcção da Música Nova, dirigentes da Confraria Gastronómica do Bacalhau e o Presidente da Câmara.

O mundo em reinvenção

Amin Maalouf
1. Recentemente esteve em Portugal um autor que tem merecido uma redobrada atenção, Amin Maalouf. Pensador libanês de 60 anos, reside em França há longa data. Na condição de ocidental e de árabe escreveu o livro: «Um mundo sem regras». Maloouf destaca que estamos no final de um tempo de modos de vida anteriormente padronizados pelas culturas fechadas sobre si próprias. E que algo de novo está a chegar, já sentido no mundo on-line, num tempo global único, numa consciência universal que se vai expandido. Diante deste novo cenário abrem-se diversas encruzilhadas a que ninguém pode escapar, quer se esteja em Portugal quer do outro lado do mundo. Os problemas da humanidade (como a grande questão ambiental) revelam-se “comuns”, sendo as soluções obrigação de todos…
2. O autor defende claramente uma reinvenção do mundo, tarefa não fácil nem linear. No seu olhar, existe hoje apenas “uma civilização e ou morremos juntos ou nos salvamos juntos”. Podendo ser de questionar, como em todas as opiniões, a elaboração do pensamento e mesmo da opção literária de unidade global, a verdade e que salta à vista de todos é que estamos diante de um encontro de civilizações, sendo o maior desafio da humanidade actual a harmonização das diversidades de pensamento e de cultura; «preservar as culturas, mas unificar os valores», defende Maloouf. A mudança de cenários no mundo que se vive dia-a-dia não poderá, assim, ser algo comandado pelas tecnologias; elas simplesmente colocam-nos em comunicação. O desafio é humano.
3. Talvez por essa costela errante e intercultural (Maloouf compara a Líbia a Portugal no sentido universalista), o autor ergue «o primado da cultura e uma relação com as comunidades imigrantes» como algumas das suas chaves de leitura do mundo. Pensar global e agir local, o desafio provindo das águas ecológicas hoje conduz-nos a uma capacidade inevitável de interagirmos para, de facto, nos compreendermos e nos salvarmos.
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Alexandre Cruz

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Cultura popular


No próximo domingo, dia 19, pelas 15 horas, no salão paroquial da igreja matriz da Gafanha da Nazaré, vai ser apresentado um espectáculo por um grupo de seniores, do “Espaço de Convívio”, apoiado pela Junta de Freguesia, alusivo a tradições da cultura popular portuguesa, de conteúdo socioeducativo. Convidam-se todos os gafanhões, de todas as idades. A entrada é livre.

XXVI Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré

Miguel Almeida, à esquerda, cumprimenta o Grupo Etnográfico
"Os Esparteiros de Mouriscas", Abrantes
O século XXI vai ser uma grande desafio para a nossa identidade cultural
Miguel Almeida é visiense e conselheiro técnico da Federação do Folclore Português (FFP). Há 26 anos que apresenta o Festival Nacional de Folclore da Gafanha da Nazaré. Tantos quantos os festivais organizados pelo Grupo Etnográfico da Gafanha da Nazaré, que nasceu, oficialmente, em 1 de Setembro de 1983. Miguel Almeida é habitualmente convidado para em palco falar das danças e cantares dos mais diversos festivais de grupos e ranchos folclóricos e etnográficos, denunciando um conhecimento muito grande da cultura popular do nosso País. Ouvimo-lo, no sábado, antes do XXVI Festival Nacional da Gafanha da Nazaré. E do muito que nos disse aqui deixamos algumas respostas a perguntas que lhe fizemos. - Qual a importância dos Festivais de Folclore no século XXI? - Estes festivais servem, sobretudo, para mantermos vivas as nossas tradições. Nós estamos inseridos numa aldeia global, que é a Europa, e somos um ponto no meio de uma imensidão de pontos. Mas este ponto pequenino pode ser um ponto grande, se mantivermos a nossa cultura. Penso que no século XXI se abrem perspectivas do alargamento da UE, que se torna mais globalizante, ainda. - Ficam mais diluídas as culturas… - Exactamente. Por isso, no século XXI, os grupos folclóricos têm de se manter unidos para mostrarem a esses países que nós somos diferentes. Estamos todos dentro do mesmo saco, mas somos diferentes e com direito a essa diferença. Mas essa diferença só será possível através dos grupos folclóricos que organizam estes festivais, que são encontros de culturas. - Culturas diversas dentro do mesmo País… - O nosso País, tão pequeno, tem culturas muito diferenciadas e essa diferenciação tem de se manter viva. Penso que o século XXI vai ser um grande desafio para a nossa identidade cultural. - Seremos uma reserva da Europa, a esse nível? - Somos, de facto, uma reserva da Europa, porque ainda estamos, neste aspecto da cultura popular, diferentes dos outros povos. Por exemplo, para dançar o Vira ou o Fandango, só gente portuguesa o faz. - Qual é a dança genuinamente portuguesa? - Para mim, o Vira é a dança que melhor caracteriza o povo português. É uma dança espontânea, que pode ser dançada apenas por um par e por todos os pares. Até pode ser dançada por uma multidão. - Onde nasceu essa dança? - O Vira nasceu em terras de Entre Douro e Minho, mas logo passou por Portugal abaixo. E por onde passou foi aculturado, isto é, as pessoas pegaram nele e adaptaram-no à sua maneira de ser. - Então há muitos Viras… - É verdade. Há o Vira de meia volta e de volta inteira, há o rodado e trespassado, há o falseado e outros. Tantos quantas as regiões de Portugal. - Para mostrarmos a nossa identidade, é importante, então, que os nossos grupos apresentem no estrangeiro o nosso folclore? - Pois é verdade. Mas nem sempre o Estado apoia essas saídas. De vez em quando patrocina uma ou outra. Contudo, nem sempre apoia os melhores grupos, os que se apresentam com coerência, com autenticidade, o que temos de bom. - Mas a FFP não dá o seu parecer? - Dá o seu parecer quando lho pedem. A FFP não é, infelizmente, parceira do Estado para a cultura; é um parente pobre. - E os grupos que andam nestes festivais são mesmo genuínos? - A FFP tem os seus grupos, que são a sua imagem de marca. Isto cria a concha, isto é, guardam as costas uns dos outros. Num festival de um grupo federado, normalmente, não entram grupos não federados, porque não têm, à partida, aquela segurança para entrar num festival de qualidade, com garantia de autenticidade do povo que representam. Fernando Martins

Uma Ideia para Portugal

“Nesta época em que muito se fala de identidade, de ser português, para quando um Tratado de Amizade com a CPLP para facilitar a ponte nos dois sentidos? Ou seja, quando é que os povos da CPLP terão o estatuto de igualdade similar ao que se fez com o Brasil? Isso iria mudar muita coisa. Há um grande número de pessoas da CPLP que têm interesses iguais e que se identificam com Portugal mas que, no entanto, não conseguem a nacionalidade.” Jorge Andrade, Jogador de Futebol No jornal i

Centro Cultural da Gafanha da Nazaré: obras de remodelação continuam

Obras no Centro Cultural

Inauguração provavelmente em Janeiro

As obras de remodelação do Centro Cultural da Gafanha da Nazaré continuam. Hoje passei por lá e registei a azáfama que por ali anda, no sentido de nos oferecer um espaço cultural mais amplo e mais funcional. Também, obviamente, com mais dignidade. A garantia que há aponta para a sua inauguração no primeiro trimestre de 2010, provavelmente ainda em Janeiro, inserindo-se, assim, nas festas comemorativas do centenário da freguesia.

A Campanha do Argus em Roterdão

Museu de Roterdão

.Foi inaugurada no passado dia 4, no Museu Marítimo de Roterdão, a exposição "A Campanha do Argus", mostra itinerante do Museu Marítimo de Ilhavo, que assim se internacionaliza, com outras exposições, que irão decorrer em Espanha e Canadá. O Museu Marítimo de Roterdão é um dos mais visitados da Europa.

Foto de Afonso Duarte

domingo, 12 de julho de 2009

Diocese de Aveiro com mais um presbítero e seis diáconos permanentes

Na Sé de Aveiro
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Crê o que lês;
ensina o que crês;
e vive o que ensinas
Participei hoje, na Sé de Aveiro, na ordenação de um presbítero e de seis diáconos permanentes, em cerimónia presidida por D. António Francisco dos Santos. Com o templo repleto de fiéis, vindos um pouco de toda a diocese, em especial das paróquias dos ordinandos, senti que a Diocese vai ficar mais rica para enfrentar os desafios pastorais do futuro. Ali estavam pessoas de Nossa Senhora da Assunção de Espinhel, S. Miguel de Oliveira do Bairro, S. Tiago de Vagos, Santo António de Vagos, Nossa Senhora do Bom-Sucesso e de S. Paio da Torreira e de Santa Marinha de Avanca. Experimento sempre alguma emoção em cerimónias destas, ao confrontar-me com testemunhos, concretos, de pessoas que assumem, com a radicalidade da sua entrega, o serviço de anunciar e viver a Boa Nova de Jesus Cristo, aos homens e mulheres do nosso tempo. Jovens e menos jovens aceitam o desafio de não se deixarem seduzir pelas interpelações de um mundo sem Deus ou à margem de Deus, dando-se em plenitude à Igreja e aos seus projectos de construir uma sociedade alicerçada na verdade, na justiça, na liberdade, na paz e no amor. Partindo do princípio de que é preciso construir o “bem comum” para um “mundo melhor”, o Bispo de Aveiro pediu aos que iam ser ordenados que fossem “humildes, constantes e generosos”, nesta igreja diocesana que tem de ser “formadora da fé e construtora da esperança”, em “espírito de comunhão, com bispo, presbíteros, diáconos permanentes e leigos”. Referindo que a ordenação de um presbítero constituiu, entre nós, o “primeiro momento do Ano Sacerdotal”, D. António recomendou a todos os presentes que sensibilizassem “as comunidades cristãs para a importância deste ministério ordenado”, enquanto lembrou o Santo Cura de Ars, que o Papa Bento XVI nos apresenta como modelo para este ano. No ritual da ordenação dos diáconos permanentes, na altura da entrega dos Evangelhos, há uma frase que sintetiza, de forma expressiva, um programa de vida muito rico: “Crê o que lês; ensina o que crês; e vive o que ensinas.” Para os diáconos permanentes, mas também para os presbíteros, para os bispos e para os leigos. O Bispo de Aveiro ainda manifestou votos de louvor para todos os que trabalharam, “generosa, dedicada e assiduamente” para que este dia acontecesse. FM

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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