quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Emigrantes no "Pela Positiva"

Professor Fernando Os meus respeitosos comprimentos O meu nome é Alberto Margaça e queria daqui do Canadá mais precisamente da cidade de Toronto saudá-lo e ao mesmo tempo dizer-lhe que aprecio muito o trabalho que vem fazendo no seu blogue, na Internet, “Pela Positiva”. Sempre atento ao que se passa na nossa terra, e não só, para assim a poder divulgar mais. E nós, que estamos longe, sabemos melhor que ninguém apreciar e valorizar tão excelente trabalho. Os meus parabéns e muito obrigado. Há já algum tempo atrás, na minha consulta ao blogue “Pela Positiva”, chamou-me a atenção o seguinte: “Escola da Ti Zefa - Antigos alunos querem encontrar-se.” Bem que eu gostava de ter sido um desses antigos alunos da escola da Ti Zefa, mas infelizmente não fui; e ainda hoje estou sem entender a razão de me mandarem a mim, e só a mim, daquela área, para a escola da Chave; porque todos os meus irmãos foram para a escola da Ti Zefa: a minha irmã Rosa, mais velha do que eu, e os meus irmãos mais novos, o Dimas, o João José, a Maria e a Regina, todos foram para a escola da Ti Zefa. E só eu é que fui para a escola da Chave e tinha que fazer essa caminhada todos os dias quatro vezes por dia, da casa dos meus pais até à escola, porque vínhamos comer a casa ao meio-dia. E é essa mágoa que eu carrego comigo toda a minha vida e que nunca esqueci. E devo-lhe dizer que ainda agora em Setembro, quando estive em Portugal, eu fui de propósito fazer essa caminhada da casa dos meus pais até à escola da Chave, só para ver o tempo que eu demorava e o sacrifício que naquele tempo me fizeram passar, quer estivesse sol, frio ou chuva, durante cinco anos. Nunca me vou esquecer destas coisas. Perdoar, sim; mas esquecer não consigo, nunca na vida. Senhor professor Fernando, desculpe este meu desabafo mas são coisas de outros tempos que eu não percebi, não percebo e nunca vou perceber. Coisas muito complicadas. Desculpe também o meu português, mas sabe que já estou fora de Portugal vai fazer trinta e sete anos e também os nossos computadores não tem os acentos e as cedilhas. Se quiser publicar esta carta no seu blogue “Pela Positiva”, por mim pode-o fazer. Não há problema. Um abraço Alberto Margaça Ramos NOTA: O Alberto, que tive o prazer de encontrar nas últimas férias que passou na Gafanha da Nazaré, escreveu-me esta carta, via e.mail, com a naturalidade de quem continua com saudades de todos nós. E vejam os meus amigos como ele recorda facetas da sua vida, que estão, como decerto tantas outras, bem guardadas num cantinho do seu coração e num saco grande das suas memórias. Claro, meu caro, que eu não iria publicar a tua carta sem pôr os acentos e as cedilhas nos seus lugares. Também corrigi uma ou outra gralha, substituindo letras maiúsculas por minúsculas e vice-versa. O que importa, Alberto, é partilhar vivências, sentimentos e emoções com os amigos, porque só partilhando aprendemos a ser solidários e fraternos. Aqui, no meu blogue, todos os emigrantes, e não só, têm o seu lugar à espera de ser preenchido, desde que venham até mim, sempre Pela Positiva. A foto reproduz, como facilmente se vê, a capa de um CD. É que o Alberto gosta mesmo de música. E como podia ele pôr de lado uma paixão de tantos anos?
Um abraço FM

Diáconos Permanentes celebram 20 anos de ordenação



1 – Introdução No dia 22 de Maio de 1988, os primeiros diáconos permanentes de Aveiro foram ordenados na Sé, por D. António Marcelino, estando presente D. Manuel de Almeida Trindade, Bispo Emérito. Duas décadas depois, esse acontecimento foi recordado, por iniciativa dos diáconos permanentes, em três momentos, que proporcionaram outras tantas reflexões.
Em Recardães, a 11 de Maio, Dia de Pentecostes, com uma vigília de oração, seguida de jantar de confraternização. Associaram-se as esposas e outros diáconos permanentes, também com suas esposas, bem como alguns amigos. D. António Francisco dos Santos e o Padre Georgino Rocha, Delegado Episcopal para o Diaconado Permanente, participaram, tendo, com a sua presença, contribuído para valorizar o encontro e estimular quantos, há 20 anos, se dispuseram a servir.
As celebrações continuaram em 22 do mesmo mês, Dia do Corpo de Deus, com a participação na eucaristia e na procissão, cerimónias presididas pelo Bispo de Aveiro, tendo culminado no dia seguinte, no Caramulo, por gentileza do diácono permanente Joaquim Simões. Aí, na eucaristia de acção de graças, foram recordados os diáconos permanentes falecidos, Carlos Merendeiro, do primeiro grupo, e Arnaldo Almeida, do segundo. Ainda foram evocadas as esposas do Carlos, Maria Helena, e do Afonso Henriques, Maria Cândida, também falecidas.
Celebrar uma efeméride é motivo de regozijo dos que a protagonizaram, de reflexão sobre a caminhada que lhe deu origem e sobre as perspectivas de futuro. Daí este texto, que mais não é do que um ponto de partida para a descoberta, neste caso, da importância do diaconado permanente na Igreja Católica, agora mais do que nunca tendo em conta a urgência da nova evangelização, face a uma sociedade cada vez mais secularizada e mais indisponível, na opinião de muitas, para assumir, na vida, os valores da Boa Nova de Jesus Cristo.

Fernando Martins

Um Poema de Madona

Sátira A Natureza se enganou E fez de mim um jardim, Pois cravos, em mim, plantou E tão bem os adubou Que eles crescem ‘inda assim! Flores, nas jarras, gosto E no jardim a crescer, Mas juro e até aposto Que ninguém tem este gosto, Tão bizarro, a meu ver! Alguns maus-tratos, lhes dou E ácido até lhes ponho! Mas o cravo que vingou, Como remédio o tomou E alimentou o seu sonho! Essas mãos tão veneradas, Numa anterior situação De novo são solicitadas E decerto apreciadas, Nesta botânica operação! Que estes cravos decapite, Atenda esta prece minha!, E o Doutor não hesite, Que eu vou tendo o palpite Que lhos deixo numa jarrinha! Madona

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Gafanhas com tantas histórias por contar

Em dia de descanso
As Gafanhas são terra rica, onde se entrecruzam as mais variadas gentes de todo o país e até do estrangeiro. Rica em tradições e histórias com marcas um pouco de toda a região. Mais as que nos legaram os que por aqui se estabeleceram. Bem gostaria eu de as poder oferecer aos meus leitores, mas já não tenho tempo e saúde para isso. Há um outro campo que tem sido descurado pela grande maioria da população, nomeadamente, pelos que estão ligados à ciência histórica. Refiro-me às histórias, muitas vezes dramáticas, de quantos participaram nas guerras coloniais. Sei que um ou outro gafanhão vai registando o que passou, de bom e de mau, nas ex-colónias, durante o serviço militar obrigatório. Era o tempo em que nos ensinavam o Portugal multicultural, multi-racial e multicontinental. Com o objectivo de acordar os que podem ajudar no relato dessas vidas, em que tanta juventude perdeu a vida e abafou sonhos que nunca mais pôde concretizar, sugiro hoje a leitura do blogue Pangalacity, onde escreve o meu amigo e conterrâneo Ângelo Ribau.
FM
Nota: Foto do Pangalacity

O Fio do Tempo

O espírito das Leis
1. A consumada aprovação da tida moderna Lei do Divórcio, mesmo com as temerárias reservas presidenciais, sugere uma continuada reflexão sobre o papel das leis na sociedade actual. É debate antigo, tanto quanto as leis fazem parte do caminho humano. Após tantas vozes que apressadamente aplaudem a aprovação prática do divórcio e outras que a sabem questionar e renegar lendo nela um menor sinal social dado à comunidade, tem sentido lançarmos as questões que nos podem ajudar a perceber para onde caminhamos. Dá a sensação que chegámos ao tempo em que tratamos de questões humanas como se de coisas práticas se tratassem. Nestes cenários a óptica da necessária corresponsabilização tem tendência a diluir-se… 2. O filósofo francês Montesquieu (1689-1755) no ano de 1748 publicou a obra Do Espírito as Leis. Aí sugere as suas concepções sobre as formas de governo, o exercício da autoridade política e as doutrinas básicas da ciência política que viriam a exercer profunda influência no pensamento moderno, inspirando a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789. Pelos frutos de nacionalismos europeus vindos da Revolução Francesa claramente nos apercebemos que o “espírito” subjacente à Lei foi-se orientando mais numa busca pragmática que pedagógica. Temos, em diversos quadrantes, observado que as leis têm vindo mais legitimar práticas de maiorias (do que seja…) que estimular perspectivas apelativas e éticas de vida em sociedade. 3. Sucedem-se, por um lado, as lógicas criminalistas, de produção legislativa para tudo; por outro, em termos de educação e formação prefere-se um neutralismo que acaba por representar o avançar no vazio que esvazia. Sabe-se que nem tudo o que é legal é eticamente consistente e plausível. Sente-se estas fronteiras a serem esbatidas, será pela urgência de resolver as coisas práticas, como que secando as raízes existenciais. Preocupante? Ou já nem sequer?

Crise de Valores

No Diário de Notícias de ontem, Mário Soares, referindo-se à crise que todos estamos a sentir, diz que o mais grave está na "crise moral, crise de valores ou melhor: da falta deles, a negação da ética, omitida nos comportamentos, pelo capitalismo especulativo, crise civilizacional, de fim de ciclo, dado o enfraquecimento do Estado, a impunidade da corrupção, a desvalorização do serviço público, numa sociedade individualista, egoísta e consumista, por excelência, em que conta, acima de tudo, o dinheiro - como supremo valor - sem importar como se adquire nem qual a sua origem. Se vem do tráfico ilegal da droga, da prostituição, da compra e venda de armas, incluindo nucleares, do crime organizado ou das especulações feitas através dos offshores, que têm por detrás deles "respeitáveis" senhores que gerem bancos, seguradoras e grandes empresas, auferem vencimentos multimilionários, prémios e indemnizações e são os mais próximos responsáveis - não os únicos - até agora impunes, da grande crise global e complexa com que nos debatemos."

Ler e Reler

HÁ LIVROS QUE MERECEM BEM UMA RELEITURA
Gosto de ler e gosto de reler. Mas se leio um livro, nem sempre o releio. Coisa que nem sei explicar, já que há livros que merecem bem uma releitura, pela sua posição no pedestal das obras mais expressivas, nacionais ou universais. Por vezes, porém, sou levado à reler um livro, pela simples razão de alguém me falar dele sob outro ângulo, que não o que me levou à sua leitura. Um dia destes, na revista ÚNICA do EXPRESSO, Saramago afirmou que HÚMUS, um romance de Raul Brandão, é, sem sombra de dúvidas, uma obra-prima da literatura nacional. Não resisti. E fui logo pegar no livro, agora para o saborear com mais atenção. Com mais cuidado, procurando descobrir o que distingue uma obra-prima de uma outra obra qualquer. Na badana da sobrecapa diz-se que HÚMUS, publicado em 1917, “supôs a confirmação de Raul Brandão como modernizador da ficção portuguesa”. Se a classificação atribuída por Saramago a este livro não fosse o suficiente, aquela proposição justificaria a releitura. E confesso que, de facto, HÚMUS merece perfeitamente o tempo que lhe estou a dedicar. FM

Concurso Literário Jovem

SEM O EMPENHAMENTO DA COMUNIDADE
EDUCATIVA NADA SERÁ POSSÍVEL
A Câmara Municipal de Ílhavo avançou com a 8.ª edição do Concurso Literário Jovem, destinado a alunos das escolas da área do concelho. A notícia está aqui, no meu blogue, um pouco atrás. Falar da sua importância será, à partida, desnecessário. Ninguém contesta o concurso, penso eu. Hoje e aqui venho somente alertar as comunidades educativas (professores, pais e responsáveis pelos diversos sectores da sociedade, directa ou indirectamente ligados às escolas) para a obrigação que têm, no sentido de estimularem a participação dos nossos jovens. Sem incentivos, muitos continuarão alheios a estas iniciativas. Venho com este alerta pelo seguinte: há tempos fiz parte do júri de um concurso de contos e, perante o reduzido número de concorrentes, um responsável garantiu-me que a organização se empenhou a fundo, junto das escolas, para que os alunos escrevessem contos e os enviassem. Recebeu a promessa de que a mensagem seria levada a todas as turmas. No fim, verificou-se, com tristeza, que a grande maioria das escolas ficou completamente alheia ao concurso. As conclusões são fáceis de tirar: os recados, a terem sido dados, não levaram a marca de um envolvimento condigno. Despacharam a “coisa” e está tudo dito. É pena. FM

SÍNODO DOS BISPOS LANÇA 53 PROPOSTAS

Homilias, diálogo com outras religiões, liturgia e estudo do texto bíblico entre as principais preocupações da assembleia sinodal.
As 53 propostas que a XII Assembleia Geral do Sínodo dos Bispos vai apresentar a Bento XVI, no final dos trabalhos sinodais, vão ser votadas no próximo sábado, dia 25. Destinam-se a todos os católicos, que são convidados a ter em sua posse uma Bíblia. Uma palavra particular é deixada aos estudiosos do texto bíblico. Aos exegetas, é dito, que “devem ter em conta, como teólogos, que a Palavra tem uma dimensão ulterior que não pode ser esgotada com a mera pesquisa filológica, histórico-crítica, mas que exige um outro itinerário, uma outra aproximação que está no espírito de Deus, ou seja, a aproximação teológica em sentido estrito”. Num olhar mais virado para o interior, deseja-se que “os fiéis cresçam na consciência acerca da Palavra de Deus, da sua força salvífica” e também que a Igreja reforce a sua vocação missionária.
Fonte: Ecclesia

terça-feira, 21 de outubro de 2008

O Fio do Tempo

O retorno das filosofias
1. Foi uma agradável surpresa de há dias o facto de no Brasil haver uma forte aposta, em termos educativos, na área de filosofia. Nas escolas dos vários níveis ela pertence aos programas dos sistemas (abertos) educativos, sabendo-se da importância do pensar para melhor compreender e agir. As próprias ciências sociais, humanas, políticas, psicológicas e neurociências, todas as abordagens da própria analítica tipológica dos comportamentos humanos precisa do horizonte interpretativo que a profundidade sistemática da reflexão filosófica propicia. Dos lados orientais do planeta esse potencial filosófico está garantido como inalienável património cultural. No ocidente fomos querendo instrumentalizar tudo, colocando na prateleira esta face pensante e reflectida da vida. 2. Ainda que tenha lugar um olhar crítico de suspeita sobre as visões metafísicas da filosofia, o facto é que tanto a ansiosa busca de sentido como sucessos literários semelhantes ao livro de Lou Marinoff (2002), Mais Platão, Menos Prozac, são bem reflexo dos desafios da realidade do tempo actual. O castelo social precisa de alicerces, a humanização dos sistemas de um fundamento condigno, a subsistência das éticas, a plataforma das religiões e das políticas… tudo o que move precisa do pensar e repensar como atitude filosófica espontânea comum que, para alguns, atingirá a capacidade sistemática de organização como pensamento a ser proposto. A urgência de pensar o agir é premência contínua mas ganha tanto mais pertinência quanto mais acelerada for a vida pessoal-social. 3. O desafio da quantidade dos tempos presentes precisa da garantia de qualidade. Esta, como dinâmica inspirada de reinvenção, provém do rasgo e da capacidade indispensável do pensamento. Não admira que países como o Brasil apostem na tecla certa para um desenvolvimento valorativo e uma humanização social de futuro. A tecnologia vai estando garantida. A filosofia, que lugar (nos) ocupa?
Alexandre Cruz

Emigrantes no “Pela Positiva”

É sempre com muita alegria que recebo notícias dos nossos emigrantes. Elas são a prova de que lêem os meus blogues e a certeza de que continuam sensíveis aos que se passa na nossa terra. Hoje ofereço parte de um e.mail do João Rodrigues, um gafanhão que não vejo há anos. “Gostava de fazer uma proposta... Frequentemente se fala no seu blogue acerca dos barcos bacalhoeiros, das secas, etc. Mas pouco se fala da ciência da construção de tais barcos. Os que sabiam construir tais embarcações estão a morrer, quase com a mesma frequência de grandes "símbolos"da nossa terra, e com eles toda uma ciência que bem poucos conhecem... Quantos contos e narrativas daí se poderiam tirar... Seria um grande favor para a história da Gafanha se alguém se propusesse a documentar tais factos. E segundo parece não há melhor qualificado de que o professor Fernando. E [outras pessoas], que tanto bem fizeram a muitos... será que as poderia entrevistar? Por favor, continue a falar da nossa gente com o mesmo brio e orgulho de sempre. Tal proposta vem ao encontro dos muitos artigos no blogue "Galafanha", que, para gente como eu, são um elo muito forte que nos une par além dos continentes. Obrigado, uma vez mais, pelo grande trabalho que está fazendo para benefício de todos os gafanhões.”
Um abraço João Rodrigues
NOTA: O João Rodrigues vive e trabalha num país sem acentos. Por isso, tive de fazer as devidas correcções. Diz o João que eu sou o "melhor qualificado" para escrever sobre o tema que sugere. Não é verdade. Há muita gente nas Gafanhas que sabem muito mais do que eu sobre esse assunto e sobre outros. Pode ser que eu convença algum a colaborar no meu blogue. Mas tens razão, João Rodrigues, quando dizes que há "símbolos" que começam a desaparecer, sem que alguém se preocupe com isso. Há tanto que fazer...
Um abraço
FM

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Propriedade agrícola dos nossos avós

Pe. Resende Sobre a propriedade agrícola diga-se que nos primeiros tempos do povoamento desta região ela era razoavelmente extensa. Porém, à...