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Festa na Obra da Providência

Celebrou-se ontem, como recordei, os 50 anos da aprovação dos Estatutos da Obra da Providência, instituição que nasceu, como lembrou D. António Marcelino, Bispo Emérito de Aveiro, na homilia da eucaristia de acção de graças, “para apoiar quem era espezinhado” pela sociedade. Na urgência, indicada por Cristo, de olharmos para os mais carentes. D. António Marcelino frisou que as fundadoras, cuja história bem conhece, agiram como vicentinas e desde sempre foram ao encontro dos que mais precisam, descobrindo aí os “caminhos de Deus”, caminhos que contribuem para que “as pessoas se sintam mais amadas”. No jantar de convívio que se seguiu, com dirigentes e funcionárias, foi bom sentir o espírito de fraternidade que a todos anima. Uma fundadora, Rosa Bela Vieira, também participou na festa. Ausente, apenas, por indisposição que vai passar, assim creio, Maria da Luz Rocha, a outra fundadora da Obra da Providência e alma mater da instituição desde a primeira hora. Faltou pela primeira...

QUANDO SERÁ DE NOVO O NATAL QUE JÁ FOI?

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Há pessoas maravilhosas e gestos lindos que não o seriam se não tivesse havido Natal. O Natal que houve, é o Natal que há. Cada dia, se eu e tu quisermos. No coração humilde de um crente, a fé do Natal é força explosiva e dinamismo imparável. Muito além do que se pensa. Natal que enche a vida e a faz sair de si, para dizer a todos que a minha vida, a tua vida, também é vida dos outros. De todos. Vivência de Natal não se encontra em qualquer canto, não se espelha em qualquer rosto. Hoje, como ontem, o Natal passa-se fora de portas, em campo aberto, povoado por gente humilde, gente de coração limpo e sensível. Gente desinstalada que vem, de longe ou de perto, à procura de amor. Gente que acredita que a luz vence as trevas, e onde o sol penetra pelas frestas das portas e janelas, já nada pode impedir que ele ilumine a noite de tantas casas habitadas de pessoas, desabitadas de ternura, de beleza, de paz. Só onde estiver alguém que se julgue sol, as trevas persistirão.

Natal de 1962

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EU DORMIA PROFUNDAMENTE E... SORRIA! Poucos dias antes do natal de 1962 havia grande azáfama na nossa Companhia. Tínhamos recebido informações de que o IN iria aproveitar a época natalícia para meter grande quantidade de armas e munições no território angolano. A passagem seria pela já nossa conhecida picada do Quelo. Ficámos admirados com tanta e concisa informação! Seria mesmo verdade? Ou isto seria mesmo contra-informação? Pelo sim pelo não ficou resolvido pelas altas esferas da Companhia que até ao dia 23 haveria sempre dois pelotões em movimento, fazendo emboscadas, patrulhando as picadas prováveis para a passagem do IN. No dia 23 houve que ir ao abastecimento a São Salvador para a consoada! Que diabo de abastecimento seria esse? Batatas haveria, mas… e o bacalhau? E as couves? Para mim uma boa feijoada com dobradinha brasileira era o suficiente! Para quê sonhar tão alto? Não querias mais nada: - bacalhau com couves! Estamos em Africa, dizia-me o Costa Pereira em ar de gozo. O n...

SERRALVES VIRTUAL

O Museu de Serralves, no Porto, abriu as portas a todo o mudo virtual. Com um simples clique, fica ao nosso alcance tudo quanto a este museu diz respeito. Em http://www.serralves.pt/ podemos recriar uma visita e passar por todos os seus espaços museológicos e jardins, ficando, assim, com apetite para o conhecermos ao vivo. Cada visita, cada momento, cada recanto, enfim, tudo quanto ele tem para nos brindar ali está, gratuitamente, para nos dizer que merece ser apreciado e acarinhado por todos os amantes da arte. Hoje de manhã, nos noticiários radiofónicos, ouvi a nova da sua abertura ao mundo virtual. E já lá fui. Por isso aqui deixo o recado: passem por lá, que vale a pena.

OBRA DA PROVIDÊNCIA

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Primeiros estatutos aprovados em 20 de Dezembro de 1957 Oficialmente, a Obra da Providência, instituição particular de solidariedade social, completa hoje meio século de vida. Foi fundada por duas vicentinas da Gafanha da Nazaré, Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira, antes dessa data, continuando, ainda hoje, a prestar à comunidade diversos serviços, tendo sempre em conta os mais pobres. Neste dia de festa e de acção de graças, promovido pela direcção, a que se associam as fundadoras, aqui ofereço um excerto do livro em preparação, sobre a vida desta instituição, com sede na Gafanha da Nazaré: Primeiros passos A Conferência de Nossa Senhora da Nazaré, da Sociedade de S. Vicente de Paulo, foi criada na paróquia da Gafanha da Nazaré em 16 de Fevereiro de 1953, depois de um tempo de preparação, animado pelo prior Abílio Saraiva. Dela faziam parte, entre outras, Maria da Luz Rocha e Rosa Bela Vieira, que logo se envolveram no apoio aos mais carenciados de amor e de pão. Nessa qualidade, a...

Na Linha Da Utopia

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PUTIN, ANO 2007! 1. Na eleição simbólica de todos os anos, que vale o que vale mas que fica para a história, a revista Americana Time elegeu o presidente russo, Vladimir Putin, ficando à frente do Nobel da Paz ambiental, Al Gore, e da escritora das aventuras de Harry Potter, J. K. Rowling. Não se pense que, logo à partida, tal eleição represente o mérito das obras valorosas ao serviço da comunidade. Desde 1927 que a revista elege uma personalidade e nem sempre pelos melhores motivos; na lista “menor” dos eleitos estão, por exemplo, Hitler ou Estaline. Assim, o critério, mais que o mérito do bem realizado, sublinha a influência da acção sobre a comunidade, pois pela revista na eleição trata-se de "um reconhecimento do mundo como ele é e dos indivíduos e forças que determinam esse mundo – para melhor ou para pior". 2. Nos últimos tempos muito se tem falado da falta de liberdade de expressão na Rússia, da crise social que permanece, de situações de repressão e mesmo de liquidaçõ...

FÁBULA DE VEADOS

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Dois veados pobres juntam-se para sobreviver: um pede esmola e outro vende sucata. Tinham descoberto a amizade. Certo dia, encontram outro veado pobre e solitário. Convidam-no a andar com eles. Haviam descoberto a fraternidade. E assim fazem a outros veados perdidos que vagueiam nos caminhos da vida. São já um conjunto admirável com seus destacados adornos. Tinham descoberto a solidariedade. Numa bela ocasião, celebram uma festa com os seus pobres meios. Haviam descoberto a alegria. Juntos, fazem planos quase sempre utópicos. Tinham descoberto o sonho, o entusiasmo. Vão aonde querem, sem horários nem chefes, desfrutam do sol e das estrelas quanto lhes apetece. Haviam descoberto a liberdade. Dormem quase todos a céu aberto, alguns num curral e outros numa cerca sem portas. Sentem cada vez menos a solidão e a companhia dá-lhes grande alegria, enche-os de satisfação. Tinham descoberto a felicidade. Porquê – perguntam uns aos outros – não vamos oferecer à sociedade este “saco” de valores p...

MEMÓRIAS DE NATAL

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Naquele tempo … O Natal, pelas vilas e aldeias do norte da Bairrada e Baixo Vouga, entre as décadas médias do século XX, era vivido no aconchego da família… com pouco de interacção comu-nitária. Quando muito, esta manifestava-se nas celebrações litúrgicas da noite de Natal, em tempo restrito. Melhor explicando, globalmente, naquele tempo… era assim, conforme a memória me vai recordando… Começadas as novenas do Advento, mais ou menos monótonas e repetitivas – e, por isso, pouco frequentadas - ia-se fazendo, gradu-almente, por párocos e professores do ensino primário, a sensibilização da “pequenada” para a “festa” do Natal. Porém, nada de novo se notava que fizesse supor que ia haver festa, salvo a lembrança deixada pelo senhor prior, alertando para a necessidade de “armar o presépio na igreja”. Nada mais! Mas, como se calcula, esse convite, em zonas onde raramente acontecia algo de diferente, despertava alguma curiosidade. Por isso, marcado o dia e hora, formava-se um pequeno grupo para...

Imagens de S. Jorge, Açores

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Ilhéu, freguesia do Topo Freguesia do Topo, Calheta Parque Natural, Calheta Calheta, vista da doca NOTA: Fotos gentilmente cedidas pela professora Susana, docente em S. Jorge

UMA PRENDA DE NATAL

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Vale a pena voltar à esperança. Tenho alguma dificuldade em chamar-lhe docu-mento papal. Mas é mais que a medi-tação ascética, dissertação teológica ou resto de sebenta duma aula longín-qua. Penso que esta escrita é como uma tenda onde todos nos podemos al-bergar, fatigados de caminhos percor-ridos e temerosos pelos que há a percor-rer. Raramente um documento pontifício tem uma dimensão tão profunda, huma-na, próxima, interessante, sem deixar de ser teológica, ascética, subtil e frater-na. O Papa envolve-se na nossa aven-tura de fé recheada de perguntas mas com uma saída muito para além dos trilhos convencionais da doutrina, e das exortações. Parece que uma plêiade de homens e mulheres, crentes ou não, foi evocada com textos profundos e próximos, mitológicos e reais, divinos e humanos. Não é tarefa fácil viajar no meio desta espécie de labirinto onde nunca se perde o sentido do homem, da história, da fé e de Deus. Sempre com a espada da palavra no corte certeiro de cada indecisão. Estr...

Na Linha Da Utopia

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Agricultores e pescadores 1. As notícias desta área da sociedade continuam a não ser animadoras. Efectivamente, não conseguimos fazer uma transição saudável e justa de um modelo de sociedade tipicamente agrícola (de onde vimos) para o modelo industrial e de conhecimento tecnológico (para onde caminhamos). Um modelo poderia ser compatível com o outro. Mas, abandonámos as terras e o mar. País de larga costa e de sol quase durante todo o ano, muitos estrangeiros entre nós (estudantes ou não) admiram-se como não conseguimos tirar partido das potencialidades admiráveis que temos nas nossas condições naturais. Os dados de 2007 estão aí: o rendimento líquido da actividade agrícola cai mais de 12 por cento. Não é uma quebra qualquer, é queda em cima de queda estrutural… 2. Mas, no meio de todo este cenário, quem se preocupa com os resistentes agricultores e pescadores? Como sentem os portugueses estas essenciais tarefas do cultivo da terra e das pescas do mar? Que lugar, na sociedade em geral ...