segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Na Linha Da Utopia


SERINGAS E CAUSAS

1. Este mundo não é mesmo o melhor dos mundos, é o mundo possível. Mas as soluções para os problemas sociais, tanto não poderão perder o contacto “cru” com as realidades como não se poderá decidir na base de um pragmatismo que se esquece de iluminar as razões das problemáticas existentes. O caso do Programa Específico de Troca de Seringas (projecto-piloto, experiência), aprovado no Parlamento há meses ao fim de 15 anos de discussão é o espelho desta mesma ansiedade da história e da gestão do bem comum.
2. Não sabemos se se deve ou não realizar esta troca de seringas nas prisões (se será o mal menor ou não), mas o que nos parece é que vivemos um tempo em que a gestão do que é comum (e nisto, mesmo os dinheiros públicos) são aplicados talvez mais nas consequências (e por isso nas coisas) que nas “causas”. É certo que, com realismo, todas as palavras dos bons costumes pouco valem em contextos onde a própria humanidade pessoal está, porventura, deteriorada, sem capacidade de fortalecer uma vontade libertadora do pesadelo da droga. Mas, persistimos que o investimento fundamental – mesmo como “sinal social” - deverá ser na formação.
3. Os ecos não se fazem esperar. Das perto de 13 mil pessoas presidiárias em Portugal, quase um terço vive o contacto com o flagelo da droga. Nestes dias, testemunhos de antigos reclusos viventes desse ambiente sublinham tanto o erro da troca de seringas, como, por semelhança, a bebida ao alcoólico e a cada um a sua dose de vício. E ainda, a tão simples pergunta habitual: as pessoas que toda a vida sempre lutaram e vêm-se na necessidade de esperar anos por cirurgia, que sentem destes prontos investimentos em seringas, no aborto,…?
4. É certo, cada coisa no seu lugar, cada problema a sua decisão; e talvez ser um país moderno seja assim mesmo! Mas se este investimento propagador existe, então haverá que olhar mais e melhor, em coerência, para os investimentos fundamentais, tanto da acção social (dos pobres aos desempregados que têm famílias para alimentar), como para aprofundar sobre a função educativa e pedagógica dos espaços presidiários. Enquanto “isto” não agarrarmos continuamos pela rama, em feitiços (de droga) que se podem virar contra os feiticeiros. O terreno é pantanoso!

Alexandre Cruz

Postal ilustrado


MAR DE BUARCOS
- Apanha de marisco
Há hábitos que permanecem nos nossos genes. Penso que a pesca é um deles. Quando a maré baixou, os veraneantes, que antes estavam a apanhar um pouco de sol, no areal ainda escaldante, correram para as pedras, na ânsia de recolherem qualquer coisa que se comesse, na hora da merenda de um dia de Verão. Não seria, decerto, por fome, mas pelo prazer da apanha. E então lá andavam, atarefados, a ver quem mais enchia o saco de plástico de marisco.

domingo, 23 de setembro de 2007

Jacinta na RTP2

PARA SE GOSTAR DE JAZZ,
É PRECISO OUVIR…OUVIR… OUVIR

No domingo, 23, no Jornal da RTP2, Jacinta, cantora de jazz de projecção internacional, falou do seu novo disco, uma homenagem a Zeca Afonso.
A música do Zeca “encanta” e nela estão bem patentes raízes árabes e africanas que a enformam, disse Jacinta, que se encontra na fase de lançamento do seu novo disco, em nova editora. A riqueza da estrutura melódica daí extraída fala por si, referiu Jacinta, adiantando que a beleza do jazz está em pegar num tema famoso, para o levar mais longe. “Estamos a fazer isso com o Zeca”, afiançou.
Com este trabalho, garantiu que está a apostar num estilo mais moderno, num estilo “mais frio e seco”, saindo um pouco do jazz clássico americano, para outras abordagens, "mais madura e com muita consistência". Acredita que este disco a vai lançar mais em Portugal, acrescentando que nele estão as raízes portuguesas, com o fado sempre presente, de mistura com a “frescura” da música do Zeca.
Para os portugueses começarem a gostar mais do jazz, é preciso “ouvir… ouvir… ouvir”, já que só se pode gostar daquilo que se conhece. E para conhecer é preciso ouvir.
Com a música clássica no coração, pois foi por aí que começou na Universidade de Aveiro, Jacinta mantém projectos para a composição, decerto para um futuro próximo. Aliás, confessou que já tem trabalhado nessa área, sobretudo em arranjos de músicas que canta.

Um artigo de Anselmo Borges, no DN


DIFICULDADES DA IGREJA
NO MUNDO ACTUAL

Tudo começa com um equívoco. Hoje, quando se fala da Igreja, é numa gigantesca instituição e nos seus altos e médios hierarcas que de facto se pensa: Papa, bispos, padres. Já se esqueceu que, no princípio, não era assim, pois Igreja significava a reunião das Igrejas, entendidas como assembleias dos cristãos congregados em nome de Jesus.
Foi com Constantino e Teodósio que tudo se modificou, quando o cristianismo se tornou religião oficial do Estado e a Igreja acabou por transformar-se numa instituição de poder. Desde então, de um modo ou outro, espreitou o perigo de esquecer a Igreja enquanto comunidade dos fiéis a Cristo, que caminha na fé e na tentativa de actualizar no mundo o reinado de Deus a favor de todos os homens e mulheres, sobretudo dos mais pobres e abandonados, para sublinhar sobretudo uma Igreja-instituição, hierarquizada e poderosa. Quem congrega é menos Jesus do que a hierarquia, e a fé está mais dirigida ao dogma do que à pessoa de Jesus e ao Deus salvador.
:
Todo o artigo em DN

LIBERDADE - Vieira da Silva

epois de ter permanecido em depósito durante mais de uma dezena de anos, Liberdade, a pintura que Maria Helena Vieira da Silva doou ao Estado português por alturas do 10º aniversário do 25 de Abril, vai voltar a estar, em breve, ao alcance do olhar do público. A peça será exposta no Teatro Aveirense, por ocasião das comemorações do Congresso Republicano de 1957, no próximo dia 6 de Outubro.
Datada de 1984, a pintura alusiva à revolução dos cravos integra o acervo artístico que a Direcção-Geral das Artes do Ministério da Cultura entregou à guarda da Câmara Municipal de Aveiro e da Universidade de Aveiro - em regime de comodato - e tem vindo a ser alvo de trabalhos de restauro. "Estava em muito más condições, mas, juntamente com o centro de conservação e restauro da Câmara de Comércio Italiano, temos conseguido fazer um bom trabalho", nota Maria da Luz Nolasco, directora do Teatro Aveirense (TA).
Leia o artigo de Maria José Santana, na página CULTURA

ARES DO OUTONO


OUTONO

Outono
Quem diria que viria
num domingo
de alegria
e de ternura

Outono
Quem diria que me traria
logo hoje
a saudável bonomia
que não esperava

Outono
Veio de mansinho
pé ante pé
a dizer devagarinho
que é hora de chegar

Outono
Veio como esperado
para a folha caída
para o sorriso desmaiado
de quem está sem norte

Outono
Reflexo de vida
no sol poente
na manhã sofrida
no entardecer

NOTA: Por lapso, não indiquei a autoria deste poema. Se alguém souber, agradeço informação.

Na Linha Da Utopia

O calcanhar do Chelsea 1. Factos são factos. O famoso treinador saiu e um novo treinador entrou. Nada de especial nestas lides do futebol comércio (escândalo com espectáculo), não fosse todo o historial de vitórias inéditas a par da estratégia mediática sempre no fio da navalha, mantendo (em polémicas ou não) cada dia a chama acesa. Assim, muito mais que um simples treinador, este caso envolve tudo o que se poderá considerar como comunicação, inteligência e emoção pública, num país onde o futebol é a própria metáfora original da nação inglesa. 2. O milionário presidente russo do clube londrino é que não compreendeu o jogo onde se meteu. Talvez melhor fosse que o seu jogo económico também fosse mais “limpo” (pelo que parece a sua fortuna petrolífera não lhe permite voltar à justiça da Rússia). A certa altura, quem só sabe lidar com milhões de dinheiro acaba por nada entender do que são as emoções mediáticas, não sabendo ler como actuar. É o caso. Os adeptos adoram (é isso mesmo, é mau, mas é verdade, “adoram”) o treinador que por sua vez sabe lidar com eles e com todos; o treinador que se demite. É o fim! 3. E o futuro? É incrível mas é mesmo assim, o treinador “special” que sai continua a somar milhões, ora no bolso próprio ora na algibeira dos apostadores da (e do) capital. O treinador que entra, aflito, diante de adeptos que querem o seu “pescoço”, aguarda pelos golos dos jogadores que já não querem jogar à bola. Até onde irá o jogo do presidente do clube ex-campeão? Mais que o treinador, o presidente mudo concluirá que em todo este processo ele escolheu ser a vítima favorita dos adeptos. Quanto mais José Mourinho se mostra “livre”, mais Avram Grant (novo treinador) treme e mais ainda o riso do presidente Abramovich se converterá em fuga. Enquanto é tempo e os adeptos deixarem!
Alexandre Cruz

sábado, 22 de setembro de 2007

ERA DO SENTADO



DEPOIS,
QUEIXEM-SE…


Depois da já longínqua era industrial, veio a era da comunicação. De permeio outras surgiram. E de há uns anitos para cá temos a era do sentado.
Pois é verdade. A era do sentado leva-nos a passar grande parte do dia abancados em qualquer canto. Haverá sempre quem, por temperamento ou por profissão, tenha que andar de um lado para o outro. Mas a norma, que está a generalizar-se, é passarmos grande parte do dia sentados.
Logo de manhã, tomamos o pequeno-almoço à mesa, sentados. Depois, de carro, sentados, arrancamos para o emprego, onde nos espera, a grande maioria das vezes, uma actividade que nos obriga a estar numa (des)confortável cadeira. A seguir vamos almoçar a casa ou a outro sítio qualquer, de carro, mesmo que esse sítio fique a escassas dezenas ou centenas de metros. Comemos sentados e apressados saltamos para o volante. No emprego repetimos a dose da cadeira. E no fim do dia de trabalho, cansados de tanta cadeira, regressamos a casa, onde um sofá nos convida a descansar das agruras do trabalho exaustivo que tivemos durante umas boas horas. Um lanchezito, talvez sentados, e logo a seguir a televisão, sentados, porque noutra posição não se vê bem. Na janta, abancamos mais uma vez e o serão, na televisão, outra vez, ou na Net, vai ser bem vivido na posição já habitual de sentados. Ainda há quem passe pelas brasas num convidativo sofá. Na cama é que estamos, de facto, deitados.
Toda a gente entendida em questões de saúde (cada um de nós tem um pouco de médico e de louco) garante que precisamos de caminhar. O coração, os músculos e os nossos pulmões, que gostam do ar puro, convidam-nos a caminhar. Porém, poucos aderem a essa necessidade.
O Dia Europeu Sem Carros, que hoje se vive, é um convite à mobilidade. Temos, realmente, de caminhar. Quem não caminha arrisca-se a sofrer disto e daquilo. Se não o fizermos, depois não nos podemos queixar.
Boa saúde
F.M.

DIAS POSITIVOS

O PODER DE SCOLARI Mário Soares um dia disse que era patriota sem ser nacionalista. A distinção é tão simples quanto necessária e luminosa. Ser patriota sem ser nacionalista é como alguém reconhecer que os seus pais são os melhores do mundo, sem excluir que outros pais também o sejam para outros filhos. Disse pais, não país. Mas “pátria” vem de “pater”, pai. Depois veio Scolari, e fez o que nenhum político conseguiu, em parte, penso eu, porque estava do outro lado do Atlântico antes de 1974. Quando cá chegou, pôde invocar os símbolos da nação sem ver pairar sobre si próprio os fantasmas da ditadura. Pôs o país a vestir-se de verde e vermelho (apesar de serem “cores que não combinam bem”, como dizia a minha professora primária) e reconciliou-nos com o Hino e Bandeira. O que ele fez na passada quarta-feira, a agressão ao jogador sérvio, mesmo que só tentada, mancha qualquer currículo, embora a memória colectiva seja cada vez mais curta e o povo português esteja disposto a perdoá-lo em troca da qualificação e de uma boa figura na Áustria em 2008. De qualquer forma, gostava de adiantar um elemento em defesa de Scolari. Poucos dias após o Euro 2004, num bairro lisboeta, vi quatro ou cinco crianças de origem africana a cantar o Hino Nacional enquanto brincavam. Pareceu-me evidente: “O poder da selecção na era Scolari”. J.P.F.
:
In CV

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Dia Mundial Sem Carros

Casa de Ílhavo. Foto da HERA

À DESCOBERTA
DE PEQUENOS E GRANDES TESOUROS
:
Amanhã, sábado, 22 de Setembro, Dia Mundial Sem Carros, será inaugurado mais um percurso realizado no âmbito da parceria CMI-HERA-GEMA. Trata-se do percurso urbano "Cidade de Ílhavo". Um agradável passeio de cerca de seis quilómetros (duas horas de passeio), que será efectuado com o acompanhamento de um guia da HERA, pelas ruas da Cidade, à descoberta dos grandes e pequenos tesouros históricos, artísticos e naturais. O local de encontro será a Rua Direita, em Ílhavo, pelas 16h30.

Para mais informações: http://www.heraonline.org/

Fórum::UniverSal

No CUFC – 10 de Outubro,
às 21 horas


MARÇAL GRILO NO CUFC PARA FALAR SOBRE A EDUCAÇÃO E A UNIVERSIDADE QUE TEMOS E QUEREMOS

Eduardo Marçal Grilo, ex-ministro da Educação e actual admi-nistrador da Fundação Calouste Gulbenkian, vai estar no CUFC (Centro Universitário Fé e Cultura), no próximo dia 10 de Outubro, pelas 21 horas, para falar sobre o tema “Que Educação/Universidade(s) temos e queremos?”. A moderação é do Prof. Catedrático da UA José Manuel Moreira. Trata-se de uma iniciativa aberta a toda a gente, em geral, e a universitários, em particular.
Esta acção insere-se no projecto Fórum::UniverSal, que se desenvolve todas as primeiras quartas-feiras de cada mês, sendo a organização do CUFC e da Fundação João Jacinto de Magalhães / Editorial UA.

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