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Ares do Verão

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A SOMBRA DAS ÁRVORES É SEMPRE... : A sombra das árvores é sempre um convite a um descanso, por pequeno que seja, a quem passa afogueado com o calor. O mês de Julho deste ano, que não foi muito quente, teve, no entanto, um ou outro dia que nos obrigava a parar a caminhada à sombra de uma árvore. Aqui me lembro das redacções de pequeno, quando nos pediam os benefícios das árvores. Além dos frutos e da madeira que elas nos davam, lá aparecia sempre, inevitavelmente, a sombra saborosa em dias de calor. Estas árvores, como outras, podem ser apreciadas e usufruídas no parque das Abadias, na Figueira da Foz.

Os meus contos

A TITA Estar no quintal, em dias de sol ou de chuva, é um dos prazeres que cultivo, como quem cultiva uma flor para desabrochar na Primavera. Olhar as árvores na hibernação, ver as plantas que nascem sem que alguém as tenha semeado, cheirar o verde ora viçoso ora mortiço da vegetação espontânea, experimentar o prazer de deitar a semente à terra e de ver as novidades, mais tarde, ferirem a crosta areenta e estrumada, tudo isto me encanta.  Numa dessas tardes em que a contemplação me deixava voar ao sabor da maré que os ventos envolviam, a Tita surgiu apressada, como quem deseja chegar o mais depressa possível à meta que o seu instinto alimenta desde que nasceu. Passa por mim ostentando uma alegria inusitada e corre, corre, sem aparente explicação. Depois cheira tudo, em busca não sei de quê. Dou comigo a pensar que isso já nasceu com ela. Chama o companheiro Tótti, grita mesmo por ele, em jeito de quem quer alguém com quem possa partilhar a alegria de uma liberdade conquistada...

Ares do Verão

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Costa Nova, com velas à vista VERÃO UM POUCO TRISTE, MAS... : O Verão ainda não chegou verdadeiramente... Há muito vento e o calor, aquele calor que nos obriga a procurar o fresco das sombras ou da brisa da ria ou do mar, ainda não se dignou aparecer com aquela força que gostaríamos. De qualquer forma, sabe sempre bem estar ali ao lado da laguna que enche os nossos sonhos. E se houver velas ao vento, tanto melhor... Boas férias de Verão para todos, mesmo que sem muito calor.

TECENDO A VIDA UMAS COISITAS - 34

O MORTO QUE MATOU O VIVO Caríssima/o: Há outro grupo de imigrantes que demandou a Gafanha e que terei de mencionar: o de S. Pedro do Sul; e não só pelo seu número mas ainda mais por um dos seus membros ter passado para a minha Família. Rabuscando a lenda, contudo aconteceu o inesperado e “o morto que matou o vivo” fez-me reapreciar a figura bondosa e cativante de um Amigo que todos os sábados me entrava pelo portão do quintal e me trazia uma estória nova. Foi da sua boca que ouvi pela primeira vez este retrato do nosso povo. E como ria e nos fazia rir o bom do Padre António Nédio! Vamos então partilhá-la e dedicá-la a todos os Antónios que se têm cruzado nos caminhos por mim trilhados. Se quiserem podem não ler as outras duas. 1. «Lá para Covas do Rio, a cinco léguas de S. Pedro do Sul, conta-se a lenda do morto que matou o vivo. Dizem que foi entre a aldeia da Pena, que na altura ainda não tinha cemitério, e a aldeia de Covas, que o tinha. E o trajecto era forçosamente feito a pé...

Um artigo de António Rego

FÉRIAS EM FILOSOFIA A vida são dois dias, o Carnaval, três. Diz-se a brincar, como um hábil jogo de palavras e números, como se nada, de facto, se quisesse dizer. Estes três dias acabam por ter algo de religioso. Três dias de festa estridente que precedem a quarentena de cinzas e penitência. Ou a alusão aos três dias de Paixão de Cristo que terminaram na Ressurreição. Ou escondendo ainda um outro conceito: a vida dura pouco, menos que um divertimento de Carnaval e por isso não vale a pena perder tempo com o que não é aprazível. Indo mais fundo parece insinuar-se uma filosofia de vida retintamente epicurista que valoriza antes e acima de tudo o prazer. As viagens ideológicas demoram o seu tempo e as mudanças, por muito velozes que pareçam, operam-se com leis rígidas que não permitem que a história evolua aos saltos. Entremos um pouco mais no concreto. Vivemos uma sociedade de progresso, trabalho, produção, eficácia, rendimento. Mesmo com o apoio da técnica e da tecnologia, nunca o home...

Um livro de Hélder Ramos

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"AO PÉ DAS PALAVRAS" No próximo sábado, 28 de Julho, pelas 18.30 horas, na Gafanha da Nazaré, no Navio-Museu Santo André, vai ser apresentado um livro de poesia de Hélder Ramos, com prefácio de João Alberto Roque, ambos gafanhões. “Ao pé das palavras”, assim se chama a obra, vai, por certo, merecer a atenção não apenas dos amantes da poesia, mas, fundamentalmente, de todos os que gostam da arte de bem escrever. Hélder Ramos começou muito jovem a escrever poesia, sou eu disso testemunha, pois me recordo bem de o ter ajudado a publicar alguns poemas numa revista (Boletim Cultural da Gafanha da Nazaré) de que apenas foram editados três números. A Gafanha da Nazaré, terra de poetas e de outros cultores das artes literárias, mas também de artistas de várias correntes estéticas, bem merecia uma publicação periódica, se, para tanto, houvesse coragem de avançar com ela, para bem do enriquecimento cultural dos gafanhões e dos que assumiram esta terra como sua. Hélder Ramos, agraciado ...

Museu Marítimo de Ílhavo

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Monumento ao Homem do Mar. À esquerda está o Museu de Ílhavo EXPOSIÇÃO: A DIÁSPORA DOS ÍLHAVOS No próximo dia 8 de Agosto, o Museu Marítimo de Ílhavo comemora 70 anos de vida. Para recordar e celebrar essa efeméride vai haver festa, com um programa que durará 70 horas. Os ílhavos vão poder apreciar exposições, música, teatro, poesia, cinema, visitas guiadas e dança contemporânea. Mas ainda poderão saborear a rica gastronomia da região. Diz o Diário de Aveiro que Álvaro Garrido, director do Museu, “destaca a exposição «A Diáspora dos Ílhavos», uma narrativa ancorada numa investigação inédita que versa um dos principais imaginários da história local, mitos e realidades. Desde a segunda metade do século XVIII, os ilhavenses fizeram um movimento migratório ao longo da costa continental portuguesa motivado por factores, como a sazonalidade da pesca, o assoreamento da Ria de Aveiro e a escassez de outros recursos económicos. Esta exposição compõe-se de discursos vários, de onde ressalta um...

FIGUEIRA DA FOZ: História na cidade

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TEATRO PRÍNCIPE D. CARLOS Passear por qualquer povoação, desde a mais humilde aldeia até à mais sonante e cosmopolita cidade, exige de nós uma atenção especial, para descortinarmos sinais ou vestígios da história local e até nacional. Há dias vi, na Figueira da Foz, um símbolo do que digo: Uma lápida, perto da Câmara Municipal, recordava um edifício e acontecimentos a ele ligados. Diz assim: Memória Neste local esteve edificado o TEATRO PRÍNCIPE D. CARLOS Inaugurado em 8 de Agosto de 1874, sede do Ginásio Clube Figueirense desde 1896 até 25 de Fevereiro de 1914, data em que foi destruído por um incêndio. Erigido pelo Ginásio Clube Figueirense em 28 de Fevereiro de 2000

Aprender até morrer

Texto de D. António Marcelino Li, com interesse e sem especiais preconceitos, a entrevista de José Saramago ao DN (5.7.2007). Deixo a outros, que já começaram a fazer os seus comentários e vão continuar por certo, os aspectos opináveis de ordem nacional e política, para me fixar apenas nos religiosos, a que dogmaticamente o escritor se referiu. As suas palavras e opiniões não constituem novidade, uma vez que José Saramago, pelo menos em determinados assuntos, nunca reviu nem actualizou a tradicional cassete, esquecendo, não sei se de propósito, por inércia ou por acinte, que também neste campo, sem mudar o essencial da fé cristã, muitas coisas mudaram. Actualizar conceitos, aprofundar conhecimentos, rever critérios de discernimento crítico é próprio de pessoas intelectualmente honestas, que, enquanto vivas, não dão por completado, em nenhum aspecto, o seu saber. Um Prémio Nobel, qualquer que seja o campo em que foi galardoado, não é, por esse motivo, um poço sem fundo nem de ciência ...

Um poema de Antero de Quental

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À VIRGEM SANTÍSSIMA Num sonho todo feito de incerteza De nocturna e indizível ansiedade, É que eu vi teu olhar de piedade E (mais que piedade) de tristeza… Não era o vulgar brilho da beleza, Nem o ardor banal da mocidade, Era outra luz, era outra suavidade Que até nem sei se as há na natureza… Um místico sofrer… uma ventura Feita só do perdão, só da ternura E da paz da nossa hora derradeira… Ó visão, visão triste e piedosa! Fita-me assim calada, assim chorosa… E deixa-me sonhar a vida inteira! In SONETOS, da colecção Clássicos da Língua Portuguesa, nº 1, da editora Ulmeiro. NOTA: A Leitura, em férias, de “Antero ou a Noite Intacta”, de Eduardo Lourenço, livro editado em Maio deste ano, suscitou-me a releitura dos Sonetos de Antero de Quental, obra maior da nossa literatura. A edição é de 1985 e tem prefácio de Nuno Júdice, de grande actualidade, mas ainda é oferecido ao leitor um outro prefácio de Oliveira Martins, grande amigo do poeta e do pensador, em cuja casa estava sempre pronta...

Cultura da Vida

COMUNICAÇÃO SOCIAL DEVE DEDICAR TANTO ESPAÇO À DEFESA DA VIDA COMO O QUE DEDICA AO ABORTO  A propósito da declaração do Presidente do Governo Regional da Madeira, Alberto João Jardim, de que a legislação sobre o aborto não seria aplicada naquela região autónoma, o Presidente da República, Cavaco Silva, adiantou que, “quando a legislação não é aplicada, os cidadãos podem recorrer a instâncias próprias, ao sistema de justiça”.  Às destemperadas afirmações do Presidente madeirense costumam os governantes nacionais responder com um silêncio cúmplice e inquietante. Tanto os ligados ao PS como ao seu próprio partido, o PSD. Do mesmo modo se têm comportado os Presidentes da República, que lhe têm tolerado, ao longo dos anos, as ameaças, as pressões, as indelicadezas e as bizarrias.  Alberto João Jardim diz o que quer e o que lhe apetece, muitas vezes dando a entender que a Madeira saberá escolher o seu caminho, se continuar a ser prejudicada pelos políticos do continente. Embora...