domingo, 15 de outubro de 2006

Um poema de Eugénio de Andrade

NÃO SABEMOS Não sabemos nada, e o que temos é pouco: um nome, um nome em prosa correntia; tão pequeno que nem sequer alcança o ramo em flor de tília; menos ainda a estrela do pastor; um nome comum, Joaquim António João, bom para dizer quando o frio é mais duro; nome que bebe o orvalho nos olhos dos amigos mortos tão cedo; ou perdidos.

In “O Sal da Língua”

Gotas do Arco-Íris – 35

AI A COR, A COR!...


Caríssimo/a: Brincar, jogar, viver a vida e aproveitar tudo o que de bom a Natureza nos oferecia para crescer. Assim era quando a correr nos atirávamo à água com o nosso “barco”. Tudo nos servia para as nossas corridas e regatas: bacias, alguidares, gamelas, pneus de camionetas, grandes troncos. E como nós nos esticávamos da ponte da Cambeia à entrada do Esteiro Grande, se éramos dos grandes; porque os mais pequenotes contentavam-se com as águas mais calmas do Esteiro Pequeno. Com remos ou com as mãos, lá havia um que chegava à meta e muitos riam e folgavam com a água que os 'afundou'.
Quando apareceu uma 'jangada', a festa foi de arromba – agora, além dos mergulhos, ouviam-se os berros do “arrais-construtor” que via a sua obra desmantelar-se e também só lhe restava mergulhar e deixar-se ir com a corrente... Grande animação, muita sementeira de amizade e de saudade. Nesses tempos, outros barcos os homens governavam e dispunham ao longo da Ria, junto das secas. 
Paisagem de postal vivo e com pujança. Mudaram-se as correntes. Que é dos barcos? E dos homens que os governavam? Outros barcos vão surgindo; outros lemes traçam rotas alternativas; os sonhos vão e vêm... Porém, e foi destes que parti, outros há que levantam o ferro, recolhem as amarras, fazem-se aos ventos e às marés mas nunca encontram o farol; seja, talvez alguns dos barcos cheguem mas deixando, espalhados pelo sal das ondas do mar, os sonhos que os olhos povoavam na hora da despedida. E quantos acompanharam os restos dos barcos? E dos que conseguiram a bóia quantos saltaram para bom bordo? E o que dói, mas dói a valer, é vermos que a cor marca a diferença, tal como há quinhentos anos; ou há sessenta em que a raça traçava a fronteira da vida... 
Quase apetece perguntar ainda e uma outra vez: E tu Senhor a dormir e a permitir tal horror!? Não, não respondas, custa-nos voltar a ouvir: Tu, sim tu, que fizeste ao teu irmão? Onde está o Abel? 

Manuel

sábado, 14 de outubro de 2006

AS MINHAS REPORTAGENS

CENTRO PINTO DE CARVALHO, EM OLIVEIRA DE AZEMÉIS
'Quando a gente não diz
o que faz, os outros dizem
o que não fazemos'
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Quem chega ao Centro de Apoio Familiar Pinto de Carvalho (CAFPC) não pode deixar de ficar surpreendido pelo dinamismo que ali se vive e pelo ar moderno que se respira. Mais ainda: o respeito pelos fundadores e pelos beneméritos que ao longo de 150 anos deram corpo e apoiaram esta obra é marca bem visível em quantos a dirigem e nela trabalham, mas também, decerto, em muitíssimos que por ela passaram, e continuam a passar, durante século e meio.
Porque celebrar vida tão longa não acontece com frequência, ao nível das instituições sociais, o CAFPC recebeu a visita do Presidente da República, Cavaco Silva, durante a presidência aberta dedicada à inclusão. O facto está assinalado em lápida bem visível e a instituição, pela voz do professor António Magalhães, sentiu-se honrada com esse gesto do mais alto magistrado da Nação, até porque a comunicação social divulgou a acção social do Centro Pinto de Carvalho na área da família, abrangendo várias frentes, qual delas a mais importante.
“Nós não andamos pela praça pública a dizer o que fazemos, mas a visita do Presidente da República serviu para se falar de nós e do nosso trabalho”, afiança o primeiro responsável da instituição. E acrescentou: “Quando a gente não diz o que faz, os outros dizem o que não fazemos.”
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Foto: Professor António Magalhães
:: Pode ler a reportagem em SOLIDARIEDADE

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

GAFANHA DA NAZARÉ ANTIGA

GAFANHA DE HÁ DÉCADAS
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Mesmo a preto e branco, dá para perceber que a Gafanha da Nazaré tem sofrido, nas últimas décadas, grandes transformações. Quem conhece a zona central da actual cidade, não pode deixar de reconhecer que a evolução urbana tem dado saltos significativos. Para os mais saudosistas, aqui fica uma foto antiga, cedida por Marcos Cirino e digitalizada por Ângelo Ribau, dois gafanhões muito interessados, desde sempre, pelas coisas da Gafanha da Nazaré.
A igreja matriz e o cemitério, rodeados de terra de cultivo, casario disperso, ruas sem trânsito visível e as sombras que povoam a memória dos mais velhos aí estão para recordar.
Aqui fica mais um desafio a quantos me lêem, para que me enviem fotos que nos digam como foi ou é esta terra que nos viu nascer. Já tenho algumas em arquivo que mostrarei regularmente.

EUTANÁSIA

O AMOR PODE AJUDAR
OS DOENTES TERMINAIS
A SENTIREM
UMA CERTA FELICIDADE
Há dias passou na SIC uma reportagem dramática. Uma doente terminal, mas aparen-temente lúcida, reclamava o direito de morrer. Melhor dizendo: o direito de provocar, voluntária e conscientemente, a morte; o direito de alguém lhe aplicar uma injecção letal. Alguns entrevistados alinharam pela mesma opinião, admitindo os direitos de morrer e de viver. Calculo que uma pessoa numa fase dessas terá muita dificuldade em lidar com o sofrimento e que deseje a morte. Mas também sei que, enquanto há vida, tem de haver esperança. E ainda sei que a medicina, hoje, tem recursos que não tinha há anos. Importa, a meu ver, que os serviços de saúde saibam apostar em ajudar os desanimados e os desesperados, aplicando-lhes os cuidados paliativos, de que tanto já se fala. Contudo, não devem ser só os serviços médicos a olhar com olhos mais atentos para quem tanto sofre, numa busca constante de lhes proporcionar o bem-estar possível, uma qualidade de vida digna, mesmo nos momentos mais dolorosos. Porque eu penso que a vida, por muito agreste que ela seja, por muito sofrimento que ela provoque, tem de ser vivida na esperança de que amanhã tudo pode melhorar. Aqui cabe, penso eu, um papel fundamental à família, próxima ou afastada, na perspectiva de ajudar os seus doentes em fase dolorosa, em especial na descoberta de um sentido para a vida, curta ou mais longa. Sendo certo que os crentes terão outras razões para enfrentar o sofrimento, enquanto caminho de purificação interior e de abertura à redenção oferecida por Cristo, não posso deixar de acreditar que os não crentes também na dor saberão encontrar razões para dignificar a vida até ao fim. Dignificar, neste caso, significa saber estar com a realidade, testemunhando com coragem o valor da vida, mesmo durante sofrimento atroz. Há sempre momentos de amor, de ternura, que podem ajudar doentes terminais a sentirem uma certa felicidade. Fernando Martins

Um artigo de Alexandre Cruz

Afirmações Nucleares
1. Parece que andamos para trás, que a história se repete ou que o panorama das afirmações dos países agora tem um nome, “afirmações nucleares”. Por outro lado parece que está a ficar na moda a afirmação das nações começar pelo incumprimento dos acordos da comunidade internacional, por “pisar o risco” da irreverência de distinção militar para fazer parar o mundo obrigando a reunir à mesa aflita das Nações Unidas os representantes dos povos. O ensaio nuclear realizado há dias atrás pela Coreia do Norte, as suas sublinhadas condenações e as incertas consequências de todo este processo delicado (mais um!), provam que a instabilidade é a regra e que vivemos num “barril de pólvora”. Como o mundo é global, então os significados e repercussões de mais esta afronta acabará por atingir a todos... Pelo andar da carruagem, neste despique nuclear de potências que (pela negativa) querem aparecer no mapa da importância estratégica, até onde irão os testes nucleares?!... 2. Vivemos tempos que aliam a distracção e o medo; a vida que corre todos os dias está aí, tantas vezes na sua pressa, não dando oportunidade para conhecer e compreender tudo o que acontece à nossa volta… Sabemos, sim, que o regime comunista da Coreia do Norte, com um milhão de militares escravos a “marchar” dentro de um sistema fechado… está a atemorizar a comunidade internacional. Todos condenaram o que parecia impensável de um dia para o outro; todos, as grandes potências também no mapa da gestão da sua importância, querem condenar pois caso não consigam fazer parar os testes nucleares pelos acordos da “não-proliferação nuclear” então acabam por ganhar argumento para também fazer os seus… Pyongyang (regime da Coreia do Norte) é agora a “palavra-chave nuclear”; motivo de orgulho nacional para um povo escravo que precisa de símbolos, Pyonyang é também razão de profunda inquietação para países vizinhos e Nações Unidas na gestão de mais esta situação. Todos, comunidade internacional, exigem resposta das Nações Unidas; mas às vezes parece que com um esquecimento de que, afinal, boa parte das potências nucleares pertence ao conselho de segurança da ONU. O poder das armas e as paradas de arsenais militares continuam, infelizmente, a ser o melhor BI de tantas nações e da gestão da sua importância; tudo tão diferente, e parece que cada vez mais longe, do ideal proclamado a meados do Século XX, no espírito da Declaração Universal dos Direitos Humanos. 3. Agora as energias, em vez de serem aplicadas para terminar com a fome e a sede no mundo, movem-se para a gestão estratégica das reacções ao histórico ensaio nuclear. Tão longe que andamos!... Se a Coreia do Norte proclamou a ridícula heroicidade do sucesso do ensaio nuclear subterrâneo, considerando “um grande salto em frente na edificação de uma nação poderosa e próspera”, já a Coreia do Sul no seu Instituto de Geo-Ciência detectou um tremor de terra com uma magnitude de 3,5 graus na escala de Richter. Diante de todas as reacções (“uma provocação”, EUA; “é imperdoável”, Japão), destaque-se a inquietação do director geral da Agência Internacional de Energia Atómica ao sublinhar que “este ensaio ameaça o regime de não-proliferação nuclear e representa um défice de segurança grave, não apenas para o Extremo Oriente, mas também para a comunidade internacional” (Mohamed El Baradei). Dos apelos à resposta em conformidade (a visão da generalidade chinesa), até à condenação mas no tomar consciência de que “devemos reunir-nos e analisar mais informação sobre o assunto com a cabeça fria” (Shinzo Abe, primeiro-ministro do Japão), todos os apelos e todas as esperanças estão voltadas para a ONU. 4. Como poderá responder uma entidade que representa os povos ora em incumprimento, ora a apontar o “dedo” ao incumpridor? Que capacidade, sem uma reestruturação efectiva e dinâmica que tarda, tem a ONU para estes novos “atentados” que precisamente usam as Nações Unidas para afirmações nacionalistas? Da parte da Coreia do Norte os dados parece que estão lançados; para além de tudo, quando da Coreia do Norte se diz que qualquer pressão americana será interpretada como “declaração de guerra”…está tudo dito! Da Coreia do Norte é a estratégia da “fuga para a frente” (num país débil em si mesmo) e a afirmação da ameaça de realizar um novo teste nuclear face às pressões… 5. Quem diria que este início de Século XXI, na era pós-11 de Setembro, iria ter já tantos filmes e jogos de guerra! Chegará o mundo ao Século seguinte? Talvez valha a pena ver o documentário ecológico “Uma verdade inconveniente” de Al Gore; se calhar umas chuvas seriam bem vindas para refrescar as ideias e apagar o fogo da intolerância que reina em muitas mentes sem senso! É que temos mesmo de aprender a “viver juntos”; caso assim não seja, então não haverá mesmo que viva! Nem as plantas do nosso jardim… Que bom seria que as nações se afirmassem pelas razões positivas!... Talvez as neuro-ciências aplicadas nos ajudem a entender os “porquês” destas “menoridades”… para assim conseguirmos construir pontes em vez de levantar mais muros!

quinta-feira, 12 de outubro de 2006

Um artigo de Manuel Oliveira de Sousa

Ponta de Lança
Corrupção?!
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E todos os portugueses começam a desconfiar que é muito provável ser verdade; corre-se sério risco de ver arruinada parte da nossa cultura, da arte (de desenrascar) nacional. Querem ver que é mesmo verdade, há corrupção em Portugal?! Não, não é possível! … Num país de costumes tão sérios!... Isto é algo de insofismável!?... Será o fim do império!?... Será que é mesmo verdade? Haverá corrupção em Portugal?
A sequência de acontecimentos é perturbadora.
Do Discurso do Presidente da República, no dia 5 de Outubro:
“São por isso de saudar todas as iniciativas que, de uma forma séria, contribuam para debelar o fenómeno da corrupção. (…) Existem sinais que nos obrigam a reflectir seriamente sobre se o combate a esse fenómeno tem sido travado de forma eficaz e satisfatória, seja no plano preventivo da instauração de uma cultura de dever e responsabilidade, seja no plano repressivo da perseguição criminal».
Do discurso de tomada de posse do novo Procurador-Geral da República (PGR), 9 de Outubro. De acordo com o substituto de Souto Moura, a corrupção é, «pela sua especial gravidade» e «enorme repercussão», um crime que necessita «de uma maior colaboração entre os vários órgãos do Estado».
Do discurso de tomada de posse de Hermínio Loureiro como Presidente da Liga de Clubes:
“No respeito institucional que a Procuradoria-Geral da República merece, aguardarei apenas alguns dias para que o novo Procurador tome também posse do cargo (para o qual desde já lhe desejo as maiores felicidades – o seu sucesso será, com toda a certeza, o sucesso do País) e nesse mesmo dia solicitarei, em nome da Liga, uma audiência. A Liga não vai eximir-se de nenhum dos seus direitos e deveres legais. Tem de ser um agente activo e, sobretudo, não pode permitir que constantemente se atire lama para uma ventoinha que a todos inunda de suspeição.”
Querem ver que há corruptos em Portugal?!
Não pode ser!
Desculpe, caro leitor, hoje ficamos por aqui; é necessário ir acudir a um pedido que nos fizeram para acelerar uma resposta… um pedido de um amigo, sabe… se não formos uns para os outros… nada se resolve! Mas…estamos todos perplexos!?
Corrupção! É lá possível!
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Nota: A burocracia, a inoperância e a desresponsabilização – nada se resolve sem o favor de pessoa amiga – são as principais causas dos favorezinhos, provavelmente fomentadores de corrupção passiva, que conduzem à corrupção activa e colossal!
Desportivamente… pelo desporto!
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Fonte: Correio do Vouga

JACINTA NO AVEIRENSE

UMA VOZ LUSITANA

QUE SE PROJECTA

PARA LARGOS VOOS

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A cantora de Jazz Jacinta, uma gafanhoa na senda da fama, actuou ontem no Aveirense, com casa cheia. Familiares, amigos e admiradores aplaudiram a artista de voz rara, uma voz lusitana que se projecta para largos voos.

Jacinta encheu o palco com a sua alegria, com a sua arte e com uma segurança enorme. Começou serenamente, como que para aquecer a voz, de timbre único e expressivo, e logo começou a crescer e a merecer os aplausos calorosos do público, sempre bem acompanhada pelos músicos que a completam nesta digressão pelo País. Músicos que estabelecem com a cantora um diálogo intenso, em desafios estimulantes que emprestaram ao concerto momentos únicos.

Foi um espectáculo para quem gosta de música, da boa música que nos enche a alma e nos conduz aos limites da beleza. A sua voz, perfeito instrumento musical, mostrou-se na sua plenitude e é um convite permanente para a termos connosco, nas nossas casas, em momentos de intimidade.

Hoje, voltarei a ouvi-la, graças à tecnologia que nos dá, no dia-a-dia, horas inesquecíveis de música, outrora apenas experimentadas nas salas dos concertos.

Jacinta é para se ouvir com frequência, numa busca constante da arte que a anima, na procura metódica das suas qualidades vocais, na apreciação da sensiblidade com que mostra famosos intérpretes, na leitura melódica do que canta.

F.M.

Um artigo de D. António Marcelino

O APAGAR DA MEMÓRIA


A memória, porque nela se guarda o repositório da história vivida, com êxitos e fracassos, fidelidade e desvios, é uma faculdade indispensável e do maior interesse em relação ao presente e futuro das pessoas e da sociedade. Os que, a pretexto de serem doutos e actuais, a baniram ou dispensaram no processo educativo ou mesmo no seu dia a dia, poderão ver o malogro em que caíram. 
A revolução de Abril, para além do que trouxe de bem, escreveu, também, pela acção imediata e impensada de alguns dos seus mentores e executores, uma página triste e lamentável, ao apagar a memória de séculos de história. Numa euforia emocional queimaram-se livros e documentos, apagaram-se sinais, implementaram-se projectos, exorcizaram-se factos. Assim se empobreceram os mais novos na sua formação e aos mais velhos se retiraram importantes referências. 
Recordo, como nos fins de 1975, numa escola primária que pude visitar na zona de Alcobaça, ao falar às crianças, por qualquer razão de momento, da importância da história, a professora interrompeu-me, com a autoridade de mestra sabedora, para dizer que isso de estudar história era uma perda de tempo. Agora só se falava, dizia ela, de coisas passadas há mais tempo se houvesse na região algum monumento famoso que o justificasse. Se não houvesse, não fazia falta e era perder tempo. Tal qual assim. Menos mal que alunos presentes viviam na zona de um grande monumento. Pena ser um mosteiro frades, mas era o que havia… 
Vejo agora, com interesse, que nasceu uma associação com nomes sonantes, empenhada em que não se apague a memória. Mas qual? A do fascismo salazarista, com todos os horrores das prisões, perseguições, pides, tarrafais e caxias… É preciso que as gerações jovens, de hoje e de amanhã, saibam o que durante quarenta anos de travas se passou em Portugal, para se prevenirem de desvios futuros. Tudo bem. Mas Portugal não começou como nação, nem como país, na década de trinta do século XX, nem em Abril de 1974. Parece, porém, não haver igual solicitude para defender a memória de uma história nacional, longa de séculos, com grandes portugueses como protagonistas e em que aconteceram muitas coisas boas e outras menos boas, que é preciso não esquecer. 
A história não é mestra da vida só quando nos traz factos do nosso agrado ou colados a uma ideologia que nos é querida e simpática. História é história e há que saber lê-la sem preconceitos, para que nos possa ensinar transmitir não apenas cultura, mas também valores e sentido para a vida. Ora vê-se um apagamento programado de valores e uma ignorância crassa de pessoas e de acontecimentos que nos empobrecem cada vez mais.. 
Assiste-se à destruição de instituições, como a família, que constituíram e constituem a fibra resistente do tecido social e humano. Assistimos ao esvaziamento humano e relacional da escola, espaço e tempo indispensáveis como alfobre das gerações que deram alma ao país. Ridiculariza-se o conceito de Pátria, destruindo laços de esperança e de compromisso social. Faz-se contraponto desafinado à acção secular da Igreja, que ainda ninguém igualou na sua diária e decisiva missão humanizadora e espiritual. 
Salvo melhor e mais justificada opinião, tudo isto comporta uma memória que não se pode apagar e é preciso avivar, para que a comunidade tenha alma e alargue os horizontes do saber e do viver. O apagamento da memória, tal como a memória curta, empobrece sempre. Normalmente andam atrelados a interesses que denunciam mais teimosia que sabedoria, e só persistem mais tempo se o vento da história sopra a favor. Mas, até o vento muda…

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

UM POEMA DE ORLANDO FIGUEIREDO

SE MORRER Se morrer num dia de chuva cantai a chuva Se morrer num dia de sol cantai o sol cantai as nuvens as estrelas cantai cantai Se morrer e houver luar fazei do mundo uma planície verdejante com estrelas penduradas nas árvores todas as manhãs

PONTE DA GAFANHA

QUEM SE LEMBRA
DA ANTIGA PONTE?
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Quem se lembra da antiga ponte da Gafanha, que nos ligava a Aveiro? E do que a circundava? Quem se lembra de caminhar por ela, sentindo-a tremer toda com a passagem de um ou outro carro mais pesado? Quem se lembra de ter de sair do autocarro, passar a pé, para depois voltar a entrar no mesmo ou noutro autocarro, porque o peso de tudo era muito?
Quem se lembra do seu envelhecimento e do receio que havia com medo de ela cair? Quem se lembra da sua substituição por uma de pedra e cimento, e da alegria que isso trouxe ao povo? E quem se lembra de essa mesma, a de pedra e cimento, ter caído com o peso de um camião?
Coisas para recordar. Porque recordar é viver.
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Fernando Martins
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Foto cedida por Ângelo Ribau

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O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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