sexta-feira, 5 de abril de 2024

Luís Gomes de Carvalho: um herói esquecido


Em 1800, a Gafanha era já bastante povoada, na sua maioria por foreiros, e em 1808, a 3 de Abril, Luís Gomes de Carvalho abre a Barra, escancarando a porta à purificação da laguna e ao progresso da região. Estávamos a sofrer as consequências das Invasões Francesas, que tanto devastaram pessoas e bens no nosso país.

O comandante Silvério Ribeiro da Rocha e Cunha, numa conferência que proferiu em 14 de Junho de 1930 — AVEIRO: Soluções para o seu problema marítimo, a partir do século XVII — descreve com alguma poesia a forma como Luís Gomes de Carvalho, genro e continuador dos projetos do engenheiro Oudinot, inaugurou a nova Barra de Aveiro, depois de ela andar de Anás para Caifás durante séculos. 

Diz assim:

«Em 3 de Abril, domingo, [Luís Gomes de Carvalho] verificou que o desnível era de dois metros do interior para o exterior. Às 7 horas da tarde, em segredo, acompanhado por Verney, pelo marítimo Cláudio e poucas pessoas mais, arrancam a pequena barragem de estacas e fachina que defendia o resto da duna na cabeça do molhe, cortam a areia com pás e enxadas, e Luís Gomes de Carvalho, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota no frágil obstáculo que separava a ria do mar, dá passagem à onda avassaladora da vasante para a conquista da libertação económica de Aveiro depois de uma opressão que durara sessenta anos.»

Se hoje recordo este acontecimento de suma importância para a nossa terra e região, e até para o país, é porque considero oportuno lembrar que Luís Gomes de Carvalho acabou por ser vítima de ódios políticos. Liberal por convicção, em plena guerra das Invasões Francesas, sofreu implacáveis perseguições dos absolutistas, tendo sido violentamente afastado da direcção das obras em 1823, vindo a falecer em Leiria em Junho de 1826, como refere o comandante Rocha e Cunha na obra citada.

Porque a sociedade não tem alma, facilmente ostraciza os seus heróis. Os que ontem aplaudiu hoje condena ao esquecimento. A Gafanha da Nazaré deve-lhe uma homenagem significativa, por mais simples que seja.

Fernando Martins

NOTA: Depois deste meu registo, há anos,  Luís Gomes de Carvalho foi contemplado com o seu nome atribuído a uma rua da nossa terra. 

quinta-feira, 4 de abril de 2024

É hora de voltar





Retomo hoje o meu blogue depois de uns dias de descanso. Feitas as contas, andei afastado da blogosfera apenas uns quatro dias,  que pareceram uma eternidade. Hábitos são hábitos e não podemos fugir deles, e eu nem quero pensar que um dia nem serei  capaz de alinhavar umas notas, ao jeito de quem conversa consigo próprio sobre o mundo sem fim que nos envolve.

E entretanto temos Governo 

As mudanças podem ser benéficas. Espero que sim. Novos dirigentes, novas cores políticas, novos desafios. Esperanças num mundo melhor não faltam. Todos terenos de dar uma ajuda.

domingo, 31 de março de 2024

Adiante os seus relógios uma hora



Já pode começar a preparar os relógios para amanhã, quando acordar, não ficar baralhado. Os relógios terão de ser adiantados uma hora para ficarmos na chamada hora do verão.

sábado, 30 de março de 2024

Sexta-Feira Santa, Sábado Santo, Páscoa

Crónica Semanal de Anselmo Borges
Padre e professor de Filosofia

Deus é radicalmente questionado quando se é confrontado com a realidade brutal dos holocaustos da História e concretamente com a tortura e a morte dos inocentes. Neste domínio, é sempre incontornável a passagem célebre de Os Irmãos Karamázov, de Dostoiévski, em que Ivan Karamázov refere precisamente a crueldade exercida sobre as criança inocentes. "A ciência toda não vale as lágrimas das crianças", proclama. O que faremos com o sofrimento dos inocentes? Como se pode alguma vez justificar o injustificável? É tal a revolta de Ivan Karamázov que ele devolve respeitosamente a Deus o bilhete de entrada na harmonia final da história do mundo.
Em última análise, é o sofrimento e a morte que nos obrigam a pensar. Mas precisamente o sofrimento e a morte são o que a razão nunca entenderá, concretamente quando se trata do sofrimento e da morte das vítimas inocentes. É por isso que Miguel de Unamuno escreveu: "O mais santo de um templo é que é o lugar onde se vai chorar em comum". E acrescentava de modo dramático: "Um Miserere cantado em comum por uma multidão, açoitada pelo destino, vale tanto como uma filosofia."
O paradoxo é este: face ao calvário do mundo, Deus comparece perante o tribunal da razão. Por outro lado, para haver salvação, também e sobretudo para as vítimas inocentes, ela só pode vir de Deus. Deus tem de justificar-se, e, ao mesmo tempo, só ele pode justificar, isto é, salvar.

Festa da Páscoa — Tradições da minha infância



Limitado pela fragilidade dos anos que passam apressados, talvez tocados pelos ventos marinhos, não posso ficar indiferentes à Festa da Páscoa, símbolo maior da nossa fé e da nossa civilização. Os bolares desafiam e afinam os nossos gostos e culturas e a fraternidade anima-se em  horas de partilhar lembranças entre padrinhos/madrinhas de batismo e seus afilhados. Também havia reciprocidades. 

E lá íamos, pequenos e mais crescidos, pedir a bênção aos padrinhos e madrinhas de batismo. Alguns até lhes beijavam as mãos, ajoelhados, enquanto recebiam a bênção. Diziam os padrinhos e madrinhas: Deus te abençoe e faça de ti um santo/a.

terça-feira, 26 de março de 2024

Testemunho de um emigrante nos EUA

JACINTO FIDALGO RESPEITA MUITO AS NOSSAS TRADIÇÕES

Jacinto Fidalgo e Helena Clara

Jacinto Manuel Merendeiro Fidalgo e Helena Clara Rola Sarabando Fidalgo, sexagenários, casados em 1984 na nossa paróquia pelo saudoso Padre Ruben, emigraram para os Estados Unidos da América (EUA) há 36 anos, à procura de uma vida melhor, como decerto muitos outros.
Antes da emigração, construíram uma casa com dinheiro emprestado por familiares, porque não tinham “acesso ao crédito bancário”, regras daqueles tempos. O Jacinto era eletricista/canalizador e a esposa educadora de infância.
Em Portugal, entretanto, para além dos ordenados, viram-se obrigados a vender tremoços e pevides no Mercado da Gafanha, no Grupo Desportivo da nossa terra, na Feira de Março e no Beira Mar. Mais tarde, em 2007, remodelaram toda a moradia, mas gostavam de comprar um automóvel, porque o seu transporte normal era a bicicleta. E pelas dificuldades da vida decidiram emigrar.
Hoje tem nos EUA uma empresa de canalização com 90 empregados, enquanto sua esposa exerceu a sua profissão durante 25 anos na América. Presentemente, “trabalha como empregada no nosso escritório", disse o Jacinto.

domingo, 24 de março de 2024

RECORDAÇÕES - Budismo

BUDA

O primeiro desafio para se perceber o Budismo partiu de um convite, original entre nós, lançado pela palestrante, Margarida Cardoso, da União Budista Portuguesa, há anos, em Aveiro.

“Sentados comodamente, mãos sobre os joelhos, olhos fechados; vamos sentir o ar a entrar e a sair pelas narinas; vamos ouvir o barulho da sala… e agora o silêncio; deixemos entrar os pensamentos…”. Isto, porque o Budismo é essencialmente uma filosofia de vida, uma prática enriquecida por experiências de meditação, um estado de consciência límpido, luminoso, de compaixão e de sabedoria, frisou Margarida Cardoso. A convidada do CUFC recordou que Buda, meio milénio antes de Cristo, abandonou os prazeres para procurar a iluminação, que só será conseguida através da atenção que prestarmos a grandes verdades, as quais nos conduzem à libertação interior absoluta. Disse que o sofrimento tem origem no desejo, que a eliminação do desejo leva ao fim do sofrimento, e que, quando atingirmos esta fase, ao longo de uma caminhada de intenções, ações, recolhimento e concentração puros, alcançaremos o nirvana, ausência total da dor, meta perseguida pelos budistas."

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Animais das nossas vidas

O Toti e a Tita foram animais das nossas vidas. Aqui estão no relvado com a Lita. Descontraídos e excelentes companheiros, cada um com o seu...

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